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5 MUSEU DO AMANHÃ

6.6 RETÓRICA

6.7.4 Cubo Pensamento (momento Terra)

Figura 13 – Recorte da planta baixa do projeto museográfico Museu do Amanhã, cubo Pensamento.

Fonte: CALATRAVA apud SANTIAGO (2015), destaques nossos (exceto pelos nºs em vermelho).

a) Diagramação do espaço:

As paredes internas do cubo Pensamento são inteiramente revestidas com espelhos e o conteúdo é distribuído entre 40 colunas temáticas espalhadas por todo o ambiente. Entendemos que o excesso de colunas – e, consequentemente, de conteúdo – e o espelhamento das paredes possam ser soluções de design pensadas para refletir a imensa pluralidade cultural humana, e de fato o impacto visual é grande. No entanto, como mostram as figuras abaixo (Figura 14a e 14b) esse excesso em muito limita o espaço de circulação interno, além disso, os espelhos podem causar certa sensação de desconforto e/ou confusão no visitante, sendo potencialmente perigosos – em mais de um momento presenciamos visitantes indo de encontro aos espelhos, confundidos pelo reflexo.

Fonte: A Autora (2019).

Ao longo de nossas visitas notamos que, apesar da existência de um caminho livre ligando as portas de entrada (Figura 13, destaque a) e saída (Figura 13, destaque b), este raras vezes era tomado pelos visitantes como primeira opção. Sugerimos que alguns fatores, além do próprio posicionamento das portas, podem ser determinantes para provocar essa tendência no público: as colunas distribuídas no espaço impedem que vejamos da entrada, a porta de saída; o interior do módulo é talvez o mais escuro em toda a exposição, o que também dificulta a visualização deste caminho aberto; por último, as próprias colunas, iluminadas, coloridas, repletas de imagens e texto parecem exercer um forte poder de atração sobre os visitantes.

A área externa desse módulo é idêntica aos cubos anteriores, ao lado das portas de entrada e saída encontramos displays em formado de mesa (Figura 13, destaques c e d), com tampo angulado, em um espaço que permite livre circulação enquanto os visitantes param para ler o conteúdo proposto.

A disposição das portas (Figura 13, destaques a e b) é idêntica ao dos dois outros cubos: portas em lados opostos de paredes paralelas, minimizando os efeitos do princípio de inércia. A disposição das colunas no interior do módulo também impede a visualização imediata da saída, diminuindo seu poder de atração.

c) Pontos de atenção:

As colunas temáticas são os pontos de atenção no interior do cubo, no entanto, a quantidade e volume de espaço que elas ocupam no interior pode gerar uma leitura, tal qual no módulo anterior, de que todo o interior do cubo é um único ponto de atenção.

Notamos também neste cubo o uso do recurso já percebido no módulo anterior de destacar textos de introdução com o uso da cor preta, em contraste com a explosão de cores no resto do ambiente. Imediatamente à direita da porta de entrada, uma única coluna preta apresenta o texto que introduz o espaço, novamente, a comprovação da eficácia dessa estratégia necessitaria de uma coleta de dados sistemática.

d) Textos e legendas:

Como nos módulos anteriores, o cubo Pensamento apresenta textos em suporte audiovisual e impresso. No exterior do módulo, o display próximo à porta de entrada (Figura 13, destaque c) traz também um vídeo com depoimentos de pesquisadores colaboradores falando sobre temas relacionados ao abordado pelo cubo. No display próximo à saída, nos monitores interativos, os textos são apresentados em fonte de fácil leitura (INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2017, p. 63), na cor branca, sobre diferentes imagens de fundo. A visibilidade do texto é afetada pelas imagens de fundo (INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2017, p. 64), dificultando a leitura principalmente quando apresentam pouco contraste em relação ao branco da fonte.

No interior, diferentemente dos outros dois cubos, encontramos apenas textos impressos. São 54 textos distribuídos entre as 40 colunas, escritos em fonte de fácil leitura (INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS,

2017, p. 63) na cor branca, as cores de fundo dos textos variam de acordo com cada tema, identificados cada um por uma cor específica. Todos os textos apresentam menos de 100 palavras e são segmentadas em sentenças que, em sua maioria, não excedem o total de 25 palavras, alinhados pela margem esquerda.

Os textos que apresentam o tema de cada coluna estão posicionados no centro, de acordo com a altura no olhar, no entanto, a altura das legendas das fotografias que ficam acima e abaixo desses textos, somada ao tamanho pequeno de fonte utilizada pode dificultar ou até mesmo impossibilitar a leitura, de acordo com a altura e capacidade da visão do leitor. A figura abaixo (Figura 15) ilustra a altura das colunas e textos em relação a dos visitantes.

Figura 15 – Visitantes lendo os textos nas colunas do interior do cubo Pensamento

Fonte: A Autora (2019).

Novamente, embora não disponhamos da informação sobre os tamanhos específicos de fonte utilizados, ressaltamos que não há nada, além do próprio posicionamento mais acima ou abaixo da coluna ilustrado na figura acima (Figura 15), que impeça o visitante de se aproximar dos textos caso encontre dificuldade de leitura.

e) Volume de informação:

De todos os módulos da exposição, o cubo Pensamento é aquele onde o excesso de informação nos parece mais visível. Em um interior de dimensão limitadas encontramos 40 colunas, entre as quais se distribuem

54 textos e incríveis 825 fotografias, todos destacados em caixas de luz e multiplicados pelos reflexos nas paredes espelhadas.

Mesmo com textos curtos e legendas ainda mais reduzidas, o impacto da quantidade de informação no espaço é avassalador, aumentando as chances de uma sobrecarga informacional. Somados ao escuro pontuados por infinitas caixas de luz e cores vibrantes, aos espelhos e mesmo ao espaço de circulação reduzido este módulo pode não só gerar sensação de fadiga ou contribuir para sobrecarga sensorial, como causar a sensação de claustrofobia.

6.7.5 Momento Antropoceno – Totens Expansão Humana,