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5 MUSEU DO AMANHÃ

6.6 RETÓRICA

6.7.3 Cubo Vida (momento Terra)

Figura 11 – Recorte da planta baixa do projeto museográfico Museu do Amanhã, cubo Vida.

Fonte: CALATRAVA apud SANTIAGO (2015), destaques nossos (exceto pelos nºs em vermelho)

a) Diagramação do espaço:

No interior do cubo Vida o conteúdo é apresentando nas paredes do módulo. Telas em formato circular projetam uma animação na parte superior das paredes (Figura 12, círculos da parte superior, com imagens em tons de azul), já na parte inferior encontramos monitores de interatividade (Figura 12, a) e caixas de luz51 expõe textos (Figura 12, b) e fotografias de fauna e flora e textos (Figura 12, círculos na parte inferior com imagens em tons de verde). Todas as paredes do interior são revestidas dessa mesma forma. Diferente do módulo anterior, estando o conteúdo junto à parede, não há nada que interfira na circulação do público no espaço interno central cubo, apenas nos espaços próximos das paredes, onde visitantes param para olhar/ler fotos e textos.

51 Caixa de luz, do inglês Light Box, é uma “Caixa plana com um lado de vidro translúcido ou plástico e contendo luz elétrica, de modo a fornecer uma superfície plana uniformemente iluminada ou até iluminação, como em um estúdio” (LIGHT BOX, 2019, tradução nossa)

Figura 12 – Visão parcial do interior do cubo Vida.

Fonte: A Autora (2019).

Textos e monitores tem um espaçamento entre um e outro que permite àqueles que os estiverem utilizando fazê-lo sem atrapalhar a circulação de outros visitantes; as imagens em caixas de luz que ocupam do chão até aproximadamente metade da altura das paredes tem tamanhos e localizações distintas, permitindo a visualização de pessoas de diversas alturas – questionaríamos aqui somente a decisão de colocar algumas das menores fotos na extremidade inferior da parede, como pode ser observado na figura 12.

A área externa desse módulo é idêntica ao anterior, ao lado das portas de entrada e saída encontramos displays em formado de mesa (Figura 11, destaques c e d), com tampo angulado, em um espaço que permite livre circulação enquanto os visitantes param para ler o conteúdo proposto.

b) Posicionamento de portas:

A disposição das portas (Figura 11, destaques a e b) é idêntica ao do anterior, portas em lados opostos de paredes paralelas, minimizando os efeitos do princípio de inércia. Nesse módulo, no entanto, não há nada que impeça a visualização imediata da saída a fim de diminuir seu poder de atração.

c) Pontos de atenção:

Não identificamos a existência de um ponto de atenção específico no interior do módulo. Argumentamos aqui pela possibilidade de todo o interior do cubo ser percebido como um único ponto de atenção, já que todas as paredes têm luz e movimento na parte superior, iluminação e as cores vibrantes das caixas de luz e fotografias na parte inferior.

Nota-se também que as caixas de luz que apresentam textos e os monitores interativos, por apresentarem fundo preto, são as que menos se destacam no ambiente (Figura 12, destaques a e b). É possível que se tenha tentado chamar a atenção do público para elas justamente por destoarem do resto do espaço. Comprovar, ou não, a eficácia dessa estratégia demandaria estudos específicos e coletas de dados sistemática.

d) Textos e legendas:

Tal qual o módulo anterior, o cubo Vida utiliza suporte audiovisual e impresso para seus textos. No exterior do módulo, o display próximo à porta de entrada (Figura 10, destaque c) traz também um vídeo com depoimentos de pesquisadores colaboradores falando sobre temas relacionados ao abordado pelo cubo. No display próximo à saída, nos monitores interativos, os textos são apresentados em fonte de fácil leitura (INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2017, p. 63), na cor branca, sobre diferentes imagens de fundo. A visibilidade do texto é afetada pelas imagens de fundo (INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2017, p. 64), dificultando a leitura principalmente quando apresentam pouco contraste em relação ao branco da fonte.

No interior, podemos encontrar textos impressos e nos monitores interativos. Embora se utilizando de um meio digital, o conteúdo dos

monitores não se diferencia do impresso em questões gráficas nem de conteúdo, sendo sua única especificidade a possibilidade de escolha do conteúdo e mudança de tela. Ambos, impressões e monitores, tem o posicionamento adequado de acordo com a altura do olhar52, fonte de fácil leitura, branca sobre fundo preto – com exceção das legendas nas fotos – (SMITHSONIAN INSTITUTION, 1996, n.p.; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, p. 22-23; INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2017, p. 62-63), texto em blocos com menos de 100 palavras, segmentadas em sentenças que, em sua maioria, não excedem o total de 25 palavras, alinhados pela margem esquerda.

Novamente, embora não disponhamos da informação sobre os tamanhos específicos de fonte utilizados, ressaltamos que não há nada que impeça o visitante de se aproximar dos textos – com exceção daquele projetado nas telas na parte superior das paredes –, caso encontre dificuldade na leitura.

e) Volume de informação:

O recurso dos monitores interativos possibilita a apresentação de um volume considerável de informação sem o impacto visual de dispor todo o conteúdo de uma única vez, o que minimiza a possibilidade de uma sobrecarga informacional quando consideramos que dificilmente um mesmo visitante visualizará todas as telas disponíveis.

No entanto, apesar do volume de conteúdo textual exposto ao mesmo tempo não ser muito, a quantidade de estímulos sensoriais nessa sala é considerável. Há, na parte superior das paredes, luz, movimento e algumas palavras no vídeo animado; já na parte inferior, as luzes das caixas de luz e cores vibrantes das fotografias, além dos monitores interativos. Todos esses fatores combinados em um espaço limitado podem gerar a sensação de fadiga ou contribuir para sobrecarga sensorial do visitante

52 Aproximadamente 1,5m.