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As coletas de dados foram iniciadas após a aprovação do projeto pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília, e da Secretaria de Estado de Saúde do Governo do Distrito Federal em 25 de Abril de 2006 (Anexo I e J).

Na data de realização dos testes, inicialmente era lido e explicado termo de consentimento livre e esclarecido para cada voluntária que, depois de elucidada toda e qualquer dúvida, assinava o termo de consentimento livre esclarecido (Anexo E) e também o termo de acesso ao prontuário médico (Anexo F).

Antes da realização dos testes e medidas, foi reiterado a cada indivíduo, que os testes seriam interrompidos imediatamente com o aparecimento de algum

desconforto, risco à vida, ou pela solicitação do voluntário, e que essa atitude não traria nenhum tipo de prejuízo ou ônus aos voluntários.

5 RESULTADOS

A tabela 1 apresenta os dados demográficos dos indivíduos avaliados. Tabela 1: Freqüência (F) e percentual (%) das variáveis demográficas da amostra

GRUPO

Câncer (n=22) Controle (n=22) Total (n=44) VARIÁVEIS f % f % f % Estado civil Solteiro 5 22,7 4 18,2 9 20,5 União estável 1 4,5 3 13,6 4 9,1 Casado 10 45,5 11 50 21 47,7 Viúvo 2 9,1 1 4,5 3 6,8 Divorciado 4 18,2 3 13,6 7 15,9 Escolaridade Não-alfabetizado 1 4,5 - - 1 2,3 Alfabetizado 3 13,6 - - 3 6,8

Concluiu até a 4º série 1 4,5 1 4,5 2 4,5

Fundamental incompleto 3 13,6 5 22,7 8 18,2

Fundamental Completo 3 13,6 3 13,6 6 13,6

Médio incompleto 6 27,3 3 13,6 9 20,5

Médio Completo 5 22,7 5 22,7 10 22,7

Superior Completo - - 3 13,6 3 6,8

Pós-graduação latu senso - - 1 4,5 1 2,3

Pós graduação-strictu senso - - 1 4,5 1 2,3

Número de filhos

Não possui filhos 4 18,2 2 9,1 6 13,6

Um filho 5 22,7 2 9,1 7 15,9 Dois filhos 4 18,2 9 40,9 13 29,5 Três filhos 6 27,3 9 40,9 15 34,1 Quatro filhos 2 9,1 - - 2 4,5 Sete filhos 1 4,5 - - 1 2,3 Religião Não 2 9,1 - - 2 4,5 Sim 20 90,9 22 100 42 95,5 Qual Religião Católica 15 68,2 16 72,7 31 70,5 Evangélica 6 27,3 5 22,7 11 25 Espírita 1 4,5 1 4,5 2 4,5

Estado civil prévio

Não 4 18,2 - - 4 18,2 Sim 18 81,8 - - 18 81,8 Convênio Médico Não 20* 90,9 7 31,8 27 61,4 Sim 2 9,1 15 68,2 17 38,6 Total 22 100 22 100 44 100

De acordo com a tabela 1, a maioria das participantes era casada, cerca de 45,5% do total do grupo câncer e 50% do grupo controle. O nível de escolaridade para o grupo câncer, na sua maioria, encontrou-se entre o nível médio incompleto (27,3%) e o nível médio completo (22,7%); já, no grupo controle, a prevalência foi no ensino médio completo (22,7%) e o fundamental incompleto (22,7%). Quanto ao número de filhos, 27,3% das mulheres com câncer possuíam 3 filhos e 22,7% possuíam um filho, já no grupo controle 40,9% possuíam 2 filhos, e, também ,40,95% 3 filhos.

Cerca de 90,9% e 100% dos grupos câncer e controle, respectivamente, informaram possuir religião, sendo a religião católica a mais citada, 68,2% entre o grupo câncer e 72,7% no grupo controle. Com relação ao convênio médico, cerca de 90,9% das mulheres tratadas de câncer não possuíam convênio médico contra 31,8% do grupo controle. Através da análise do teste Exato de Fisherfoi encontrado um valor significativo (p=0,002), sugerindo que existem diferenças entre os grupos na variável convênio médico.

Na Tabela 2, foram listadas as variáveis relacionadas a hábitos de vida e outras variáveis relacionadas ao tratamento do câncer.

Tabela 2: Freqüência (F) e percentual (%) dos hábitos de vida e outras características relacionadas ao indivíduo submetido ao tratamento de câncer de mama.

GRUPO

Câncer (n=22) Controle (n=22) Total (n=44) VARIÁVEIS f % f % f % Tabagismo Não 19 86,4 20 90,9 39 88,6 Sim 3 13,6 2 9,1 5 11,4 Tabagismo pré Não 13 59,1 - - 13 59,1 Sim 9 40,9 - - 9 40,9

Atividade Física Pré- câncer

Não 15 68,2 - - 15 68,2 Sim 7 31,8 - - 7 31,8 Etilismo Não 19† 86,4 20 90,9 39 88,6 Sim 3 13,6 2 9,1 5 11,4 Etilismo Pré- câncer Não 16† 72,7 - - 16 72,7 Sim 6 27,3 - - 6 27,3 Uso de medicação Não 11* 50 21 95,5 32 72,7 Sim 11 50 1 4,5 12 27,3 Estágio Reprodutivo Pré-Menopausal 8 38,1% 16 76,19% 24 57,14% Pós-Menopausal 13** 61,90% 5 23,81% 18 42,86% Tratamento psicológico Não 20 90,9 18 81,8 38 86,4 Sim 2 9,1 4 18,2 6 13,6

Uso de droga psicoterápica 81,8

Não 21 95,5 21 95,5 42 95,5

Sim 1 4,5 1 4,5 2 4,5

Tratamento psicoterápico atual 18,2

Não 20 90,9 21 95,5 41 93,2

Sim 2 9,1 1 4,5 3 6,8

* efeito significante observado na variável uso de medicação entre os grupos CAT e CO (p=0,012); ** efeito significante observado na variável estágio reprodutivo entre os grupos CAT e CO (p=0,014). † efeito significanteobservado no grupo CAT nas variáveis etilismo e etilismo pré-cancer (p=0,015).

A maioria das mulheres entrevistadas relatou não ter o hábito de fumar, cerca de 86,4% do grupo câncer e 90,9% do grupo controle; e também de não consumir bebidas alcoólicas 68,2% do grupo câncer e 90,9% do grupo controle. A análise dos resultados do teste Exato de Fisher demonstrou, contudo, haver diferenças significativas entre os níveis de etilismo pré-câncer e o etilismo atual (p=0,015) no grupo câncer, entretanto o mesmo não foi observado entre os níveis de tabagismo antes e após o diagnóstico de câncer. Em relação ao uso de medicação, além da medicação destinada ao tratamento oncológico, o teste de Fisher demonstrou

diferenças significativas no uso de medicação (excetuando o tamoxifeno) e o estágio reprodutivo entre os grupos CAT e CO (p=0,014 e p=0,001 respectivamente), sendo que, no grupo CAT a maioria das mulheres (61,9%) encontravam-se no estado pós- menopausal. Não foram observadas diferenças entre as variáveis relacionadas a tratamentos psicológicos ao quais os indivíduos já haviam sido submetidos, uso de drogas psicoterápicas e se estavam sendo submetidos atualmente a algum tratamento psicológico.

A tabela 3 mostra os dados antropométricos agrupados em dois grupos (CAT e CO) e a tabela 4 entre 3 grupos (CA, CA+HAS e CO).

Tabela 3: Valores médios (x), desvios-padrão (SD) das variáveis antropométricas nos

grupos CAT e CO. CAT (n=22) CO (n=22) Variáveis x ±SD x ±SD Idade 48,86±8,98 45,55±7,49 Massa Corporal (kg) 67,97±11,39 62,17±9,14 Estatura (m) 1,6±0,03* 1,55±0,05 IMC (kg/m2) 26,96±4,09 26,47±4,23 PS (mmHg) 120,12±28,62 119,66±12,56 PD (mmHg) 82,29±9,6 77,57±8,2

IMC= Índice de Massa Corporal, PS= Pressão Sistólica, PD= Pressão Diastólica. * efeito significante observado na variável estatura entre os grupos CAT e CO (p=0,003)

De acordo com a tabela 3, o grupo CAT apresentou maior idade, massa corporal, maior estatura, pressão sistólica e diastólica quando comparado ao grupo controle. Contudo apenas a estatura e a pressão diastólica apresentaram valores estatísticos significativos, sendo que a estatura foi avaliada através do Teste T (p=0,003) e a pressão diastólica através do Teste U de Mann-Whitney (p=0,024). Essas diferenças também permaneceram significativas quando analisadas entre três grupos. Os níveis de significância foram p=0,024 para a pressão diastólica, avaliada através do teste de Kruskal-Wallis.

Tabela 4: Valores médios (x), desvios-padrão (SD) das variáveis antropométricas nos grupos CAT e CO. CA (n=11) CA+HAS (n=11) CO (n=22) Variáveis x ±SD x ±SD x ±SD Idade 42,36 ±5,71 55,36 ±6,62 45,55±7,49 Massa Corporal (kg) 67,53±7,76 68,41±14,75 62,17±9,14 Estatura (m) 1,61±0,03 1,56±0,05 1,55±0,05 IMC (kg/m2) 25,89±2,8 28,03±5 26,47±4,23 PS (mmHg) 117,27±9,04 132,72±19,54 119,66±12,56 PD (mmHg) 81,82±8,74 89,09±11,36** 77,57±8,2

A estatura, analisada através da ANOVA, mostrou diferenças entre o grupo CA e CA+HAS (p=0,024) e o grupo CA e CO (p=0,002). Além destas, a idade passou a ser significativamente maior no grupo CA+HAS quando comparada aos grupos CA e ao CO (p=0,001 e p=0,001 respectivamente).

Na tabela 5, estão demonstradas as variáveis clínicas do estudo. Foram observadas diferenças significativas entre os grupos apenas nas variáveis número de doses (p=0,018) e dose total da radioterapia (p=0,025).

Tabela 5: Freqüência (f) e percentual (%) dos dados clínicos analisados como um grupo

total (CAT Total n=22), e como subgrupos CA (n=11) e CA+HAS (n=11).

Grupos de Câncer

Variáveis clínicas CA CA+HAS CAT Total

Diagnóstico Histopatológico f % f % f %

Câncer ductal infiltrante 11 100 8 72,7 19 86,4

Câncer lobular infiltrante - - 2 18,2 2 9,1

Câncer Lobular pleomórfico infiltrante - - 1 9,1 1 4,5

Estadiamento IIA 2 18,2 5 18,2 4 18,2 IIB 5 45,5 4 36,4 9 40,9 IIIA 4 36,4 5 45,5 9 40,9 Classificação TNM T2N0M0 2 18,2 1 9,1 3 13,6 T2N1M0 3 27,3 3 27,3 6 27,3 T2N2M0 2 18,2 1 9,1 3 13,6 T3N0M0 2 18,2 3 27,3 5 22,7 T3N1M0 2 18,2 1 9,1 3 13,6 T3N2M0 - - 2 18,2 2 9,1

Número de sessões de quimioterapia

4 2 18,2 3 27,3 5 22,7 6 7 63,6 6 54,5 13 59,1 7 - - 1 9,1 1 4,5 8 2 18,2 - - 2 9,1 9 - - 1 9,1 1 4,5 Esquema quimioterápico AC 2 18,2 3 27,3 5 22,7 FAC 6 54,5 6 54,5 12 54,5 FEC 3 27,3 1 9,1 4 18,2 FAC+ TAXOTERE - - 1 9,1 1 4,5 AC+TAXANES 1 9,1 1 9,1 2 9,0 AC+TAXOL+TRAZTUZOMAB 1 9,1 - - 1 4,5

Número de frações de radioterapia

25 3* 27,3 7 77,8 10 50

28 8 72,7 2 22,2 10 50

Dose Total de radioterapia

5000 cGy 2** 18,2 7 77,8 10 45

5040 cGy 9 81,8 2 22,2 10 55

Total 11 100 11 100 22 100

AC= Adriamicina e Ciclofosfamida; FAC = 5- Fluorouracil, Adriamicina, e Ciclofosfamida; FEC= 5- Fluorouracil, Epirrubicina e Ciclofosfamida; cGy= centigray; * efeito significante encontrado na variável nº. de frações de radioterapia entre os grupos CA e CA+HAS (p=0,028), ** efeito significante encontrado na variável dose total de radioterapia entre os grupos CA e CA+HAS (p=0,025).

Através da análise dos dados clínicos, foi possível afirmar que a maioria das mulheres apresentou diagnóstico histopatológico de carcinoma ductal infiltrante, ou seja, 72,2% do grupo CA+HAS e 100% do grupo CA. De acordo com a classificação TNM e com o estadiamento da doença, a maioria das mulheres do grupo CA e do grupo CA+HAS apresentava câncer localizado (estádios I e II). Cerca 36,4% das mulheres do grupo CA e 45,5% do grupo CA+HAS apresentavam câncer localmente

avançado (estádio III). Quanto ao número de sessões quimioterápicas, a maioria das mulheres realizou 6 sessões. No grupo CA, a freqüência foi de 63,6% e no grupo CA+HAS, 54,5%. Em relação à quimioterapia, o esquema prevalente nos dois grupos foi o FAC com 54,5% em ambos os grupos. Não foram verificadas diferenças estatísticas significativas para nenhuma dessas variáveis.

Por outro lado, o número de frações da radioterapia e a dose total, analisadas através do Teste U de Mann-Whitney, apresentaram diferenças significativas entre os grupos; sendo que o grupo CA recebeu um maior número de frações, e, logo, uma maior dose total de radioterapia do que o grupo CA +HAS.

De acordo com os dados apresentados nas tabelas 5 e 6, obtidos através da aplicação do IPAQ, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos avaliados quanto ao nível de atividade física.

Tabela 6: Freqüência (F) e percentual (%) na classificação dos níveis de atividade física de

acordo com o IPAQ para os grupos CAT e CO.

CAT CO Variáveis f % f % Sedentário 4 18,2 5 22,7 Insuficientemente Ativo 7 31,8 8 36,4 Ativo 10 45,5 8 36,4 Muito ativo 1 4,5 1 4,5

Tabela 7: Freqüência (F) e percentual (%) na classificação dos níveis de atividade física de acordo com o IPAQ para os grupos CA, CA+HAS e CO

CA CA+HAS CO Variáveis f % f % f % Sedentário 1 9,1 3 27,3 5 22,7 Insuficientemente Ativo 3 27,3 4 36,4 8 36,4 Ativo 7 63,6 3 27,3 8 36,4 Muito ativo - - 1 9,1 1 4,5

A Tabela 8 apresenta os valores médios obtidos nas facetas do POMS para os grupos CAT e CO. De acordo com as análises estatísticas realizadas não houve diferença significativa entre os grupos.

Tabela 8: Valores médios (x) e desvios-padrão (SD) das facetas do POMS e humor

total para os grupos Câncer e Controle.

CAT CO Variáveis x ±SD x ±SD Tensão 14,68±5,16 12,68±7,38 Depressão 8,08±3,64 7,55±5,47 Raiva 8,82±6,25 8,27±5,89 Vigor 18,00±4,73 19,03±3,56 Fadiga 8,41±4,94 6,30±4,39 Confusão 8,55±3,62 7,00±4,36 Humor Total 34,41±24,64 24,77±28,38

A tabela 9 apresenta os valores médios do POMS para os três grupos CA, CA+HAS e CO. Não foi observada diferença significativa para nenhum dos grupos em nenhuma faceta e nem no humor total.

Tabela 9: Valores médios (x) e desvios-padrão (SD) das facetas do POMS e humor total

nos grupos CA, CA+HAS e CO.

CA CA+HAS CO Variáveis x ±SD x ±SD x ±SD Tensão 15,09±3,48 14,27±6,59 12,68±7,38 Depressão 6,20±1,18 10,45±5,97 7,55±5,47 Raiva 8,82±5,67 8,82±7,05 8,27±5,89 Vigor 17,90±2,16 15,55±8,20 18,95±3,51 Fadiga 8,64±5,08 8,18±5,04 6,22±4,30 Confusão 8,82±2,96 8,27±4,31 7,00±4,36 Humor Total 31,55±15,91 37,27±31,68 24,77±28,38

As tabelas 10 e 11 apresentam os valores de VO2pico obtidos através da ergoespirometria.

Tabela 10: Valores médios (x) e desvios-padrão (SD) do consumo de oxigênio

distribuído entre os grupos CAT e CO.

CAT CO

Variáveis

x ±SD x ±SD

VO2pico absoluto (STPD) (l.min-1) 1,27±0,3 1,39±0,25 VO2pico relativo (ml.kg-1.min-1) 19,30±3,86* 22,31±3,96

VO2pico relativo (MET) 5,51±1,10 6,37±1,13

VO2: Volume de Oxigênio; STPD: Standard temperature pressure and dry ;MET:Equivalente metabólico basal ;*

Tabela 11: Valores Médios (x), desvios-padrão (S.D) do consumo de oxigênio de acordo

com os três grupos CA, CA+HAS e CO.

CA CA+HAS CO

Variáveis

x ±SD x ±SD x ±SD

VO2pico absoluto (STPD) (l.min-1) 1,42±0,16 1,09±0,24* 1,39±0,25 VO2pico relativo (ml.kg-1.min-1) 21,71±1,24 16,15±3,35 a 22,31±3,96 VO2pico relativo (MET) 6,20±0,35 4,71±0,96 6,37±1,13

VO2pico: Volume de Oxigênio Pico; STPD: Standard temperature pressure and dry ; MET:Equivalente

metabólico basal * efeito significante observado na variável VO2 Absoluto entre o grupo CA+HAS e os grupos

CA e CO (p= 0,001); a efeito significante observado na variável VO

2 relativo entre o grupo CA+HAS e os

grupos CA (p= e CO (p= 0,001).

Na análise das variáveis ergoespirométricas, utilizando dois grupos (CAT e CO), observaram-se diferenças significativas apenas no VO2 relativo, que foi significativamente menor no grupo CAT (p= 0,014) quando comparado ao grupo controle. Já, na análise dos três grupos, houve uma diferença estatisticamente significante do grupo CA+HAS quando comparado aos outros dois grupos CA e CO (p=0,001 e p=0,001 respectivamente). Ou seja, o grupo CA+HAS apresentou valores de VO2pico significativamente menores quando comparados ao grupo CA e ao grupo CO. Além disso, foi verificada também uma diferença significante, não apresentada anteriormente na análise por dois grupos, no VO2 absoluto do grupo CA+HAS, que foi significantemente menor do que os outros dois grupos (CA p=0,005 e CO p=0,003). Não foram observadas diferenças significativas entre o grupo CA e CO para a variável VO2pico absoluto e nem para o VO2pico relativo.

As tabelas 12 e 13 demonstram os valores médios das variáveis selecionadas no SF-36.

Tabela 12: Médias (x) e desvios-padrão (SD) dos domínios avaliados pelo SF-36 para os

grupos Câncer e Controle.

CAT CO Variáveis x ±SD x ±SD Capacidade Funcional 67,27±23,18 70,91±22,07 Aspectos Físicos 31,82±31,03* 79,54±30,51 Aspectos Emocionais 50,00±36,73** 81,82±28,6 Saúde mental 54,73±13,03*** 64,76±9,26

* efeito significante observado na variável por aspectos físicos entre os grupos CAT e CO (p= 0,001); ** efeito

significante observado na variável aspectos emocionais entre os grupos CAT e CO (p=0,003);*** efeito

De acordo com esses dados, o grupo CAT apresentou, significativamente, valores menores nas variáveis aspectos físicos, aspectos emocionais e saúde mental, quando comparado ao grupo CO.

Tabela 13: Médias (x) e desvios-padrão (SD) dos domínios avaliados pelo SF-36 para

os grupos CA, CA+HAS e CO.

CA CA+HAS CO Variáveis x ±SD x ±SD x ±SD Capacidade Funcional 73,64±20,87 60,91±24,58 70,91±22,07 Aspectos Físicos 29,54±29,19* 34,1±34,04 79,54±30,51 Aspectos Emocionais 48,48±40,45** 51,51±34,52 81,82±28,6 Saúde mental 58,54±12,17 50,91±13,28 64,76±9,26

* efeito significante observado na variável aspectos físicos entre os grupos (p= 0,001); ** efeito

significante observado na variável aspectos emocionais entre os grupos (p=0,012).

Na análise dos três grupos, foram encontradas diferenças significativas apenas nas variáveis aspectos físicos e aspectos emocionais, analisados através do teste de Kruskall-Wallis. Esses dados sugerem que o grupo CA apresentou maiores limitações nos aspectos físicos e emocionais do que os outros grupos, e que tanto o grupo CA quanto o grupo CA+HAS obtiveram escores menores do que o grupo CO.

6 DISCUSSÃO

6.1 Hábitos de vida

Comparando os hábitos de vida e dados relacionados à saúde entre o grupo CAT e o grupo CO constatou-se que o grupo de mulheres submetidas ao tratamento de câncer fazia maior uso de medicação, não considerando a medicação antineoplásica. Tal fato deveu-se à metade da amostra de câncer utilizar drogas anti-hipertensivas. As interações entre câncer e hipertensão arterial ainda são bastante controversas. Diversos autores, que avaliaram pessoas com câncer, encontraram a HAS como a doença mais prevalente (FLEMING et al., 2005; JANSSEN-HEIJNEN et al., 2005; PICCIRILLO et al., 2004; NAGEL et al., 2004), estando associada ainda à recorrência do câncer, mortalidade por câncer e mortalidade por todas as causas após três anos. Piccirillo et al. (2004) afirmam que o impacto das comorbidades na sobrevida poderia ser explicado pela sobrecarga fisiológica da doença crônica e sua interação com o tratamento do câncer, e que a comorbidade pode ser agravada pelo tratamento oncológico e reduzir não só os benefícios da terapia antineoplásica como interferir na sobrevida. Em contrapartida, Nagel et al., (2004), afirmam que, mesmo com a presença de outra doença, o tratamento oncológico apresenta um valor substancial na sobrevivência.

Outro estudo que tratou de HAS e câncer foi o de Fleming et al. (2005). Nesse trabalho, os autores avaliaram a presença de comorbidades em 14.468 mulheres com câncer de mama e encontraram que a hipertensão arterial, de alguma forma, estava relacionada ao diagnostico em estágios inicias da doença. Uma das hipóteses que sustentam essa relação seria a maior freqüência de visitas médicas, em decorrência da condição crônica pré-existente, favorecendo, assim, as oportunidades de diagnósticos mais recentes.

Além do uso da medicação, o consumo de álcool foi significativamente diferente no grupo CAT pré e pós-diagnóstico de câncer. Esse fato pode estar relacionado à alteração de hábitos de vida depois da instalação do câncer. As pesquisas com álcool e câncer confirmam haver um aumento no risco de câncer

naqueles que têm um maior consumo de álcool, e que o risco aumentaria proporcionalmente ao consumo (McPHERSON, 2007; MORCH et al., 2007; TJONNELAND et al., 2007). Segundo Trentham-Dietz, et al. (2006) a redução do consumo de álcool é um fator favorável ao prognóstico das mulheres, uma vez que o consumo de álcool, após o diagnóstico de câncer de mama, foi associado ao surgimento de um segundo câncer.

Outra variável estatisticamente diferente foi o estado reprodutivo. As mulheres tratadas de câncer de mama, na sua maioria, já estavam no estado reprodutivo pós- menopausadas. Este fato pode estar relacionado, principalmente, à ablação ou supressão ovariana, à citotoxicidade uterina da quimioterapia e a alterações nos níveis de estrogênicos por parte da hormonioterapia (KNOBF, 2007; MARTIN et al.; 2003; EMENS; DAVIDSON, 2003; BURSTEIN, 2000). Segundo Bland e Copeland III (1994), os hormônios estrogênicos desempenham múltiplas funções na progressão do câncer de mama, como carcinogênios agentes permissivos, promocionais e indutores do crescimento tumoral. Embora seja um procedimento clínico necessário, a antecipação do estado menopausal submete as mulheres a um tempo maior de privação de hormônios, que ocorreria no ciclo natural somente em idades mais avançadas. E este fato acarreta, também, o inicio das alterações fisiológicas provocadas pelas modificações hormonais, como fenômenos vasomotores, secura vaginal e distúrbios ligados à sexualidade (ADJUVANT BREAST CANCER TRIALS COLLABORATIVE GROUP (ABCTCG), 2007; LYON, et al., 2006; SCHULTZ et al., 2005). Outras alterações que podem advir com a menopausa induzida seriam os prejuízos à parede vascular, redução da produção de óxido nítrico, causadas pela escassez de hormônios sexuais, e outras alterações vagais que podem elevar a morbidade por doenças cardiovasculares (MERCURO et al., 2006).

No presente estudo as análises estatísticas não revelaram interação significativa entre o estado menopausal o consumo de oxigênio, os estados de humor, o nível de atividade física e a qualidade de vida.

6.2 Variáveis antropométricas

A estatura, quando analisada por dois ou três grupos, foi significativamente diferente. Este dado pode estar relacionado ao fato de que estudos associam a estatura ao maior risco do desenvolvimento do câncer de mama (VELIE et al., 2006; GALANIS et al., 1998, VAN DEN BRANDT et al., 1997). Em seu estudo, Petrelli et al. (2002) demonstraram um aumento na mortalidade por câncer de mama em mulheres com estatura superior a 1,67 metros. Esta associação estaria relacionada ao estirão de crescimento, favorecido por uma dieta adequada, antes da menarca. Alguns autores afirmam que uma maior exposição ao hormônio do crescimento (GH), ao fator de crescimento relacionado à insulina (IGF), e aos hormônios sexuais combinados em meninas que tivessem um crescimento acentuado antes da menarca resultaria num efeito mitogênico sobre o desenvolvimento das glândulas mamárias e o concomitante aumento no risco de atipía epitelial e carcinogênese da mama (VAN DEN BRANDT et al., 2000; STOLL, 1992). Entretanto esses dados ainda são controversos (SWERDLOW et al., 2002).

Inversamente à estatura, na análise do IMC, não foram encontradas diferenças significativas. Porém os valores de IMC tanto do grupo CAT como do grupo CO, foram maiores do que 25 kg/m2, o que classifica as mulheres como sobrepesadas (WHO, 2000). De acordo com Carmichael (2006), os feitos adversos do excesso de peso no câncer de mama podem ser notados tanto em mulheres pré quanto pós-menopausadas. Tanto a mortalidade quanto a recorrência, o surgimento de câncer contralateral e mortalidade por todas as causas, tendem ser maiores em mulheres obesas.

De acordo com Tao et al. (2005), o índice de massa corporal 25 kg/m2 está inversamente associado à sobrevivência total e tempo livre da doença em cinco anos nas mulheres tratadas de câncer de mama, considerando o IMC como preditor independente da sobrevivência em câncer de mama. Entretanto Petrelli et al. (2002) em estudo com 676,306 mulheres acometidas por câncer de mama, constatou que a mortalidade elevou-se substancialmente e continuamente em razão da elevação do IMC.

O impacto negativo do IMC na sobrevida, recorrência e prognóstico do câncer estaria em fatores como a elevada concentração de estrona, estradiol e

testosterona, estradiol livre e testosterona livre em indivíduos sobrepesados e obesos, o que promoveria o crescimento de células malignas ou promoveria metástase. Esses hormônios estariam aumentados em indivíduos sobrepesados e obesos devido à aromatização aumentada de androgênios circulantes para androgênios pelo tecido adiposo (JOHANSSON et al., 2007; TAO et al., 2005; McTIERNAN et al., 2003; BALND; COPELAND III, 1994).

Outros mecanismos que podem estimular a angiogênese e determinar crescimento tumoral seriam a produção de fatores de crescimento pelo tecido adiposo como citocinas, e adipociticonas (leptina, fator- de necrose tumoral, interleucina-6, fator de crescimento vascular endotelial, etc). Além da presença de enzimas aromastase no próprio tecido adiposo, globulina ligada aos hormônios sexuais, insulina, progesterona e fator de crescimento ligado à insulina. Embora ainda não estejam estabelecidos os mecanismos de atuação (DEMIRKAN, et al., 2007; IRWIN et al., 2005; ROSE; KOMNINOU; STEPHENSON, 2004; DIGMAN et al., 2003).

Na analise da idade por três grupos, observou-se uma diferença significativa no grupo CA+HAS, sendo este grupo de uma idade superior aos dos outros dois grupos. Este fato poderia influenciar diretamente o VO2, visto que o consumo de oxigênio tende a declinar com o aumento da idade (HIGA et al., 2007; SCHILLER et al., 2001). Contudo, após análise estatística, constatou-se que a variável idade não influenciou na redução do VO2 entre os grupos.

6.3 Dados clínicos

Na análise dos dados clínicos, observou-se que as variáveis, número de frações e dose total de radioterapia, foram significativamente diferentes entre os grupos. Ou seja, mulheres com câncer e HAS receberam doses menores, em um menor número de frações, quando comparadas as mulheres que apresentavam apenas câncer. De acordo com diversos autores, a dose recomendada, para os estadios do presente estudo, seria de 5000 cGy, dividida em 25 frações, podendo haver alterações de acordo com a avaliação médica (WILLIAMS et al., 2006; BRASIL, 2001; WHO, 2006). Mesmo estando os dois grupos dentro do padrão de

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