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De forma semelhante à teoria defendida por Peter Senge (1998) que trata do tema da organização que aprende; das idéias de Martinic (1997), sobre as mudanças organizacionais e estruturais que as instituições sofrem e de que necessitam se modificar; outros autores, como Bateman e Snell (1998, p. 33) defendem que uma organização “é um sistema”. As idéias defendidas pelos autores acima indicam metas a serem seguidas e, ao mesmo tempo, orientam, na organização, a cultura a ser promovida tanto no seu meio interno quanto no seu meio externo.

Considerando que toda organização constitui uma cultura, alguns autores (FLEURY, 1986, apud. BEYER; TRICE, p. 19) afirmam que “a cultura organizacional é tratada como rede de concepções, normas e valores, submersos na vida organizacional, entendidos como corretos e passados a todos os membros da organização através de ritos, rituais, mitos, estórias, gestos e artefatos”.

Neste sentido, Shein (1986 apud FLEURY, 1992, p. 20), destaca que a cultura organizacional “é um conjunto de pressupostos básicos, criado ou desenvolvido por um determinado grupo”.

A realidade mostra que toda a organização tem a sua cultura que faz funcionar a rede de relações que se estabelece. Uma cultura “forma-se a partir do consenso geral que ocorre no cotidiano das ações e relações e é repassada de geração a geração ao longo da sua vida organizacional” (FLEURY, 1986, apud. BEYER; TRICE, p. 19).

Em se tratando de uma instituição educacional, multicultural, isto é, que abrange todos os grupos sociais e está em constante processo de mudança, o que ocorre segundo Carvalho (1994, p. 94), “é uma contínua re-apropriação dos padrões de comportamento segundo interesses, necessidades ou debilidades dos grupos e dos indivíduos na vida cotidiana e, portanto, uma constante re-interpretação cultural”.

A instituição educacional, enquanto organização que gerencia relações entre indivíduos e saberes, produz um sistema de redes que são interligadas entre si e que busca a unidade através da sua multiplicidade cultural. Estas redes estabelecem forças que se encontram e buscam orientar uma prática organizacional que pode ser estabelecida através das relações de poder entre os diferentes grupos. Estas relações podem ser por níveis de participação ou não, dependendo do modelo institucional adotado pela organização. Muitas vezes, a participação é periférica e não interfere diretamente na substância política do sistema.

Os modelos organizacionais, em sua maioria, centralizadores, não permitem um espaço de participação maior, caracterizando-se dentro do referencial behaviorista, no qual a ênfase ocorre sobre as contribuições individuais e o rígido controle de gerenciamento; porém, há estudos e experiências que já modificaram suas concepções em relação às práticas participativas e colegiadas, abrindo maior espaço para a participação e para a escuta, o que vem a beneficiar esta rede de relações complexas, onde todos fazem e constroem coletivamente os objetivos e as metas a serem alcançadas.

Analisando o sistema educacional que vem ao encontro desta visão de conexidade e de participação, ressalta-se o momento atual do Centro Universitário Metodista, do IPA, que tem firmado seu propósito de crescimento e tem promovido ações inovadoras como organização que aprende e age democraticamente na sociedade.

Nas organizações em que o nível de participação é mais amplo, há maior oxigenação nas relações, o que facilita o processo de crescimento institucional. São nestes espaços que os sujeitos experimentam exercícios de reflexão e auto-reflexão sobre as ações. Geralmente, esta participação realiza-se por intermédio de colegiados que estabelecem relações de co- responsabilidade, além da contínua aplicação de negociação em busca de soluções. Funcionam como instâncias democráticas para a promoção dos processos na organização. Desse modo, quanto mais participativo, solidário e democrático o processo se estabelecer, maiores são as possibilidades para a promoção da qualidade de vida necessária.

Historicamente, as práticas de gestão escolar e acadêmica têm se caracterizado por serem burocráticas, isto é, por darem mais valor aos meios, enrijecendo-os, ao invés de colocá-los a serviço dos fins. A instituição educacional, como organização, requer harmonia entre seus meios e fins.

A busca de espaços de participação tem sido meta na gestão do Centro Universitário Metodista nesses últimos anos. A ampliação dos espaços para docentes, discentes e funcionários tem sido fundamental para a construção do projeto institucional e dos documentos que regulamentam e sistematizam o funcionamento do Centro Universitário. Os conselhos e os colegiados acadêmicos são realidade e facilitam o processo e a ação democrática desta instituição que deseja se tornar uma Universidade. A ação aberta e democrática que amplia os espaços de reflexão e do debate tem orientado a nova cultura organizacional que se estabeleceu. Esta cultura privilegia a participação, a proximidade nas relações e a democracia, proporcionando uma gestão mais aberta e sistêmica.

Para que a ação participativa e democrática se estabeleça em uma organização, o sistema de colegiados, ou conselhos, é uma alternativa que propicia a democracia. Um

exemplo são os Conselhos Escolares, considerados modelos de inclusão, de gerência e de tomadas de decisão, como propõe a Lei de Diretrizes e Bases – LDB. Constituem-se como espaços privilegiados para a efetivação de um processo formativo e de uma prática democrática. Assim, pode-se afirmar que o Conselho Escolar é um processo e um produto de construção coletiva, cotidiana e particular que pode auxiliar e contribuir em processos de construção e de crescimento coletivo.

Possibilita que a democracia deixe de ser, meramente, um conceito e passe a ser vivida como uma prática que lida com as diferenças entre os segmentos da comunidade – pais, alunos, professores e funcionários. Dessa forma, os Conselhos Escolares, constituem o espaço ideal no qual a aprendizagem prática da democracia e a descentralização da gestão escolar podem ter lugar (WERLE, 1998, p. 77).

Hoje, a dinâmica da prática democrática exige a constituição de Conselhos Escolares e Acadêmicos nas instituições educacionais e é, nesta configuração, que o Centro Universitário tem promovido a formação de colegiados para a elaboração e discussão do projeto de futuro da instituição, o que tem facilitado o entrosamento e a aproximação entre os colaboradores da comunidade acadêmica.

No Centro Universitário, colegiados foram criados, redimensionados e extintos. Todavia, a concepção de gestão colegiada, esta permanece sólida e absorvida na cultura dos processos e procedimentos institucionais. Atualmente, a Metodista do Sul dispõe de diversos grupos colegiados, tais como: colegiado da direção geral, com a participação da reitoria, suas pró-reitorias e coordenadorias, das direções das mantenedoras, suas gerências e coordenadorias; colegiado da reitoria; colegiado das lideranças, com a participação de mais de 80 pessoas, chefes de setores; colegiados acadêmicos; colegiados administrativos; entre outros setoriais e específicos que se estabelecem dependendo das demandas.

A democratização da gestão da educação no Brasil é uma exigência da Constituição Brasileira de 1988, que refere em seu Artigo 206, Inciso VI, “gestão democrática do ensino público”. Esta democratização aponta para alternativas de gestão compartilhada, para o exercício e para a construção da cidadania a partir da instituição escolar. Os processos participativos não são um objetivo em si mesmo, mas são entendidos como um meio de efetivação de mudanças e de melhorias para a educação.

Conforme Werle (1999. p. 86), a “participação age como um processo de constante desenvolvimento da organização e seus indivíduos, como avaliadores permanentes dos

caminhos pelos quais a participação se faz, por isso, cada vez mais, o caminho participativo está sendo relevante na superação dos problemas educacionais”.

Administrar uma organização educacional requer uma ação diferenciada em seus procedimentos, em suas metas e em seus objetivos, pois se trata de uma instituição que educa pessoas, que transmite valores e conceitos para a formação e estrutura de vida para cada sujeito. A responsabilidade e o compromisso dos dirigentes e educadores é a formação, que ocorre por meio das relações e do conhecimento, de pessoas capazes de enfrentar um mundo e de estabelecer espaços de vida no ambiente em que vivem e convivem. Portanto, no meio educacional, entende-se que todos que compõem este espaço são responsáveis pela formação integral de todos que fazem parte deste meio; considerando que a ética e a moral devem permear todos os níveis de relações que se querem autênticos e verdadeiros.

Este sistema funciona em rede, onde os seus organismos se relacionam entre si em busca de um mesmo objetivo. Por isso, os fios dessa teia, ou rede, devem estar interligados, buscando as interseções e encontros nas relações. Assim, toda organização educacional faz parte de um sistema maior de ligações e inter-relações que compõem uma rede.

Diante do exemplo acima, acredita-se que administrar uma organização não pode ser considerado uma tarefa fácil, principalmente, em se tratando da administração e da gestão da educação, que tem por objetivo principal coordenar a ação de diferentes componentes de um sistema, sem perder de vista a especificidade de suas características e de seus valores.

Quando a referência de uma organização é uma instituição de educação superior, esta remete a questões mais complexas, pois não se caracteriza por ser uma empresa comum, mas altamente diferenciada, complexa e específica porque é responsável por formar pessoas e promover educação. No caso do Centro Universitário Metodista, do IPA, pode-se dizer que a questão em discussão é maior, pois, além de ser uma instituição de educação que visa ao crescimento de seus espaços no contexto da educação superior, busca tornar-se sustentável para a formação da primeira Universidade Metodista do Sul do país.