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CULTURA POLÍTICA E PRESENÇA DE MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER JUSTIÇA E IGUALDADE

2 EPISTEMOLOGIA FEMINISTA NA PESQUISA AFETADA Resistiu a verdade e postou-se frente a mais uma

3 DÉFICIT DEMOCRÁTICO DE GÊNERO NA POLÍTICA – POUCAS MULHERES

3.2 CULTURA POLÍTICA E PRESENÇA DE MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER JUSTIÇA E IGUALDADE

A crescente incorporação de mulheres nos espaços de representação política tem suscitado expectativas, tanto sobre o desempenho das mesmas na esfera pública, quanto sobre as consequências disso para o cenário político no que diz respeito aos interesses das mulheres.

Paira uma grande esperança em torno de possíveis mudanças na cultura política predominante, que sempre atribuiu o espaço da esfera pública ao masculino. Inúmeras razões podem ser apontadas para o escasso número de mulheres eleitas em postos de representação política, tendo como principais barreiras: o sistema eleitoral, que só recentemente definiu cotas para mulheres; a dificuldade na escolha de candidatas no interior dos partidos, que quase sempre privilegiam homens em razão do capital político que majoritariamente acumulam; a falta de recursos orçamentários para as campanhas eleitorais; e a pouca motivação das mulheres para enfrentar o mundo competitivo da política, cujo espaço tem sido reservado prioritariamente aos homens, entre outros.

A reivindicação da incorporação de mais mulheres na política se justifica pela busca de mais igualdade frente ao desequilíbrio existente entre homens e mulheres como cidadãos e sua participação em

núcleos de decisão política. Justifica-se também pelo fato das mulheres, como cidadãs e sujeitos políticos, possuírem capacidade de falar com voz própria. Neste sentido, Marta González (2007, p. 18) lança as seguintes questões para refletirmos: “É possível falar de uma contribuição distinta das mulheres na política? Existem atitudes e valores na política próprios de mulheres?”

Historicamente a política se faz no âmbito público, este espaço construído como território masculino e que hoje conta com a presença de algumas mulheres. Excluídas inicialmente do status de cidadãs, juntamente com a população negra, as mulheres foram as últimas a serem aceitas como sujeitos políticos, depois do empenho das sufragistas em diferentes locais do mundo. De acordo com Astelarra (2003), o fato de as mulheres não serem consideradas cidadãs por 20 séculos advém da tradição da democracia grega:

Para os gregos o que dava as pessoas o acesso à cidadania era sua liberdade das ‘amarras produtivas e reprodutivas’. Esta liberdade os convertia em pessoas que podiam fazer as coisas acontecerem por que não estavam delimitados pelas necessidades sociais. Por isso tinham a capacidade de intervir e produzir projetos coletivos políticos. Já as mulheres e os escravos se dedicavam a trabalhar na satisfação das necessidades sociais da natureza: reproduzir e comer, e por isso eram dependentes e não podiam ser livres. A falta de liberdade lhes excluía da

Ágora, o espaço da política (ASTELARRA, 2003,

p. 30).

O advento do Cristianismo não alterou a situação das mulheres. Pelo contrário, talvez tenha até piorado consideravelmente, uma vez que as retratava como pecadoras e culpadas pelo fim do paraíso. Segundo Tânia Pinafi (2007), a partir desse entendimento elas deviam portar-se com passividade, obediência e submissão aos homens para que conseguissem sua salvação. Ou seja, os homens eram retratados pela cultura judaico-cristã como “seres de grande iluminação capazes de dominar os instintos irrefreáveis das mulheres (...). Assim a religião judaico-cristã foi delineando as condutas e a ‘natureza’ das mulheres e incutindo uma consciência de culpa que permitiu a manutenção da relação de subserviência e dependência” (Pinafi, 2007, p. 18).

A democracia moderna em seu início, por volta século XVII, retomou o entendimento grego e, fundamentando-se nos conhecimentos da biologia, reafirmou que as mulheres estavam destinadas a serem mães, a reproduzir e a se ocupar com o espaço privado – Oikos –, sendo estas funções incompatíveis com a cidadania. Deste modo, um homem não livre até poderia chegar a sê-lo com a aquisição da propriedade de terras, mas a mulher “não conseguia alterar sua natureza biológica” (Astelarra, 2003, p. 30). Essa natureza biológica que poderia ser um grande diferencial de poder para as mulheres se vista positivamente como uma qualidade, se tornou uma limitação.

A igualdade, enquanto uma meta das sociedades democráticas, afirma Marta Torres Falcón (2012), desde sua formulação, em meados do século XVIII, está calcada sob muitas exclusões, tanto que o sujeito central da democracia

é o homem adulto, branco, cristão, ilustrado, heterossexual, sadio, proprietário. Essa construção tão limitada tem diversas consequências tanto na definição de cidadania como na prática. Além disso, o principio de igualdade está vinculado estreitamente com o de universalidade; se considerarmos a variante gênero, a reformulação seria: todos os homens tem todos os direitos (FALCÓN, 2012, p. 93). Desta forma, primeiramente as mulheres eram completamente excluídas, não tinham nem direito ao voto, seus interesses e necessidades não eram consideradas legitimos. Falcón (2012) destaca que as primeiras conquistas foram os direitos políticos básicos como votar e ser votada. Depois os direitos civis, dentre os quais estão o casamento por sua vontade e a herança. Finalmente, os direitos sociais e econômicos como o acesso a educação, trabalho, moradia, dentre outros. No entanto, afirma a autora, ainda “persiste a ausência de mulheres em cargos de tomada de decisões em diferentes poderes e em órgãos de representação. Considerando nisso um componente quantitativo e outro qualitativo” (Idem, p. 94).

Hannah Arendt (2009) defende que a razão de ser da política é a liberdade e seu domínio de experiência é a ação. Por consequência, a

liberdade do espaço íntimo não teria significação política (p. 190-192). Sendo assim, assinala que liberdade, na origem de sua acepção pelo latim, liga-se ao entendimento de “iniciar/agir” (p. 214), e o reino da ação e do movimento histórico está na vida política (p. 217). Como consequência, a liberdade ou dominação só se concretizam através das inter-relações, na esfera pública, e não na interioridade da vida privada.

Essa reflexão de Arendt, que vê a esfera pública radicalmente separada da vida privada, é criticada por uma quantidade significativa de autoras que defendem a existência de relações e inter-relações políticas. Conforme afirma Anne Phillips (1996, p. 39), Hannah Arendt não contribuiu, com esse entendimento, para dissolver a separação entre público e privado. Pelo contrário, terminou por colocar ainda mais as questões do privado ao mundo oculto da esfera doméstica – o lugar das mulheres - e, sem sequer chegar ao debate de gênero, dos papeis de homens e mulheres em cada esfera, argumenta que no âmbito público estão a política e o social em ação, enquanto no âmbito privado estão as relações “não políticas”.

No final do século XX, segundo Anne Phillips, as feministas contemporâneas estão colocando à prova pontos de vista ortodoxos que distinguem os âmbitos público e o privado, uma vez que, “excluídas primeiro francamente e depois mais sutilmente das fileiras dos cidadãos plenos, as mulheres têm insistido em suas demandas não só como um problema de justiça, senão em nome de uma visão que transforma o mundo” (Phillips, 1996, p. 15).

Neste sentido, para Phillips (1996), democratizar os espaços políticos não significa apenas ter mais mulheres na política, mas também “a oportunidade de transformar o terreno político” (p. 16). Estudos têm demonstrado que, quanto maior a quantidade de mulheres nos espaços de tomada de decisões da política, mais conquistas do ponto de vista legislativo elas estão obtendo, pois se evidencia que os interesses das mulheres têm sido articuladso e considerados pela maioria das parlamentares mulheres. Isso nos levando a considerar que “existe uma maior tendência de que as mulheres pressionem em favor de agendas que contenham temas que são de interesse para as mesmas” (González, 2007, p. 26).

No entanto, ainda é bastante deficitária a participação feminina nos espaços políticos, considerando os séculos de exclusão, pois somente ao longo do século XX, com os movimentos sufragistas, as mulheres conseguem alcançar o status de cidadãs no contexto do espaço

público, ampliando suas chances de exercer outras atividades fora do mundo privado da família39. Conforme Astelarra,

Quando as sufragistas ganharam a batalha do voto para as mulheres garantindo-lhes acesso a condição de cidadania, colocaram por terra séculos de contra posição entre as mulher e

Ágora. Quando por fim se converteram em

sujeitos políticos, a envergadura da ruptura foi enorme (ASTELARRA, 2003, p. 30).

E mesmo passadas décadas da conquista do voto, persiste uma grande disparidade na participação de homens e mulheres no espaço da política. Aparentemente paira a ideia de que as mulheres estão em todos os lugares, trabalham em diferentes postos, são independentes financeiramente e “chefes” de famílias, podem ser líderes comunitárias ou ícones de sucesso, mas o mundo da política parece continuar sendo o limite. Este ainda é um local para homens e não para mulheres. Diz-se que “exige muita dedicação de tempo, e as mulheres tem crianças, a família, como prioridade, é difícil compatibilizar” (Astelarra, 2003), de maneira que o âmbito da vida privada, o Oikos, desde a democracia grega, prossegue sobre os ombros femininos, e o espaço da vida política, na Ágora, é o local de participação masculina. Para Susan Okin (2008) as feministas...

revelaram e analisaram as conexões múltiplas entre os papeis domésticos das mulheres e a desigualdade e segregação a que estão submetidas nos ambientes de trabalho, e a conexão entre sua socialização em famílias generificadas e os aspectos psicológicos de sua subordinação. Desse modo, a família se tornou, e vem se mantendo desde então, central à política do feminismo e um foco prioritário da teoria feminista (OKIN, 2008, p. 313).

39 Sabemos, no entanto, que as mulheres negras, diferentemente da maioria das

mulheres brancas, trabalham há muito mais tempo fora de suas casas. Essas mulheres trabalhavam tanto em atividades domésticas em outras casas que não as suas próprias ou juntamente com os homens negros em trabalhos pesados na lavoura e outros espaços.

Conforme entende Okin, “‘o pessoal é político’ está na raiz das criticas feministas à convencional dicotomia liberal público/doméstico” (2008, p. 312), pois os acontecimentos e a dinâmica na vida doméstica, nas relações no interior da família, estão permeados por relações de poder estruturadas socialmente, que não podem ser interpretadas isoladas do contexto das relações que se tem no espaço da vida pública propriamente. Segundo a autora,

as feministas afirmam que a distinção liberal existente entre público e doméstico é ideológica no sentido de que apresenta a sociedade a partir de uma perspectiva masculina tradicional baseada em pressupostos sobre diferentes naturezas e diferentes papeis naturais de homens e mulheres, e que, como concebida atualmente, não pode servir como um conceito central a uma teoria política que irá, pela primeira vez, incluir todas nós. (...) As pesquisadoras feministas têm argumentado que a divisão doméstica do trabalho, e especialmente a prevalência da mulher à frente da criação dos filhos, são socialmente construídas, e portanto questões de relevância política (OKIN, 2008, p. 315).

As esferas pública e privada, afirma Susan Okin, foram generificadas, ou seja, ambas com papeis construídos para o domínio e supremacia masculina e para a submissão e exploração feminina. A autora lança as seguintes questões: como seria o parlamento se tivesse sido pensado por ocupantes que dessem a luz e que fossem responsáveis pelos cuidados da vida doméstica? Será que as políticas públicas teriam os mesmos resultados se aqueles que decidem por elas também fossem pessoas com responsabilidades cotidianas de cuidado dos outros? Porém, com larga vantagem, quem ocupa os parlamentos e define as políticas são as pessoas que, em toda a sociedade, menos vivem essas experiências: os homens.

Marta González (2007) reflete que as mulheres possuem uma identidade distintiva que lhes aproxima enquanto grupo social, a partir de interesses comuns que variam desde a defesa da família, igualdade de oportunidades no trabalho, acesso a educação, até as questões da violência doméstica e direitos reprodutivos. Essa constatação de aproximação de interesses entre mulheres

não deve conduzir a outras de caráter essencialista a respeito da identidade das mulheres. Os homens e as mulheres se encontram atravessados por distintas identidades, cada uma das quais pode converter-se em dominante durante um tempo (...). Não obstante, a variedade de identidades das mulheres não invalida o fato de que parte de seus interesses venham marcados pelo sexo. O argumento dos interesses não se estabelece, portanto, de acordo com uns interesses unificados das mulheres, mas sobretudo, pelas diferenças entre os interesses das mulheres e os interesses dos homens (GONZÁLEZ, 2007, p. 23).

Nas sociedades modernas, argumenta María García Gossio (2012), apesar de serem minorias e ainda não exercerem plenamente sua cidadania, as mulheres estão compondo a cena política. Contudo esta justa reivindicação de acesso, permanência e ascensão aos espaços de tomada de decisões na política “implica assumir fatores identitários masculinos” (p. 152). Assim, por exemplo, cobra-se das mulheres que acessam postos de tomada de decisões um nível de competência desproporcional com aquele cobrado dos homens que estão nesses mesmos lugares. Muitas se vêem compelidas a não expressar suas emoções ou gestos afetuosos para não confundirem tais gestos a sinais de fragilidade. São traços associados diretamente aos papeis de gênero socialmente construídos no nível comportamental para as esferas pública e privada.

Não se pode partir de simplificações para encontrar justificativas que demonstrem, nos marcos de sociedades democráticas contemporâneas, a tão baixa presença das mulheres nos espaços de tomadas de decisões políticas. A complexa teia que envolve essas relações entre homens e mulheres, e interfere na participação delas no cenário político, segundo Astelarra,

não permite explicar a desigualdade entre os sexos nas instituições políticas, sem fazer referencias ao sistema de dominação global que exercem os homens. Se trata de uma forma de domínio que utiliza mecanismos específicos que regula as condições da presença ou ausência feminina no

mundo público. Como consequência, se produz a aceitação ou o rechaço das mulheres nas organizações, nas instituições e nos cargos políticos (ASTELARRA, 1987, p. 161).

Portanto é um equívoco abordar separadamente as atribuições diferenciadas para homens e mulheres nos espaços da vida privada e da vida pública, bem como a desigual presença de ambos, pois o sistema de gênero afeta as relações em todas as esferas. A expressão dessas desigualdades generificadas ocorre das mais variadas formas, indo, por exemplo, desde os sutis boicotes partidários para o êxito eleitoral das candidatas mulheres nas disputas por vagas no parlamento, até evidentes limitações encontradas pelas mulheres mães que se veem compelidas a assumir uma carga de responsabilidade muito maior no cuidado com as crianças.

Neste sentido, há outro entendimento equivocado nas relações dos espaços público e privado e que está relacionado à questão da privacidade inabalável da vida doméstica, conforme Okin nos traz:

A natureza patriarcal das noções liberais de privacidade doméstica tem sido significativamente desafiada pela defesa crescente, feita por feministas e defensoras dos direitos das crianças, no sentido de que os indivíduos, no interior das famílias, tenham direito à privacidade que muitas vezes precisam ser protegidos da própria unidade familiar. (...) O lar, com toda sua privacidade, pode ser o mais perigoso dos lugares (OKIN, 2008, p. 322).

Sabemos o quão necessário é não perder de vista o fato de existirem mulheres e crianças que precisam ser protegidas do perigo que correm estando em suas próprias famílias. E, portanto, a defesa liberal da privacidade e total ausência de qualquer regulação do Estado sob a vida privada, segundo Okin (2008) pode ser um sério risco para as pessoas que ainda vivem em condições de subalternidade – mulheres e crianças - nesse lugar. Passados séculos desde o inicio da democracia moderna no século XVII, a figura da mulher ainda perdura como referência de responsabilidade nas tarefas da esfera doméstica, sem, contudo, que essas atividades sejam consideradas trabalho. Busca-se

sempre desacreditar qualquer vinculação enquanto cenário de relações políticas que ali se estabelecem, minimizando o exercício da cidadania.

Não se trata de espaços com funções claramente diferenciadas e existências paralelas. Há uma lógica que os articula de maneira precisa. O âmbito público, onde se exerce cabalmente a cidadania, descansa em uma construção determinada de espaço privado. Na medida em que cada homem tem esse lugar de domínio absoluto, pode comparecer no outro espaço: das observações, da concorrência, do reconhecimento, da repartição de bens. O espaço privado iguala os homens no público (FALCÓN, 2012, p. 98). Por consequência, as atribuições do espaço privado enquanto responsabilidade unicamente das mulheres retira delas as potencialidades para que estejam exercitando sua cidadania também na esfera pública. É necessário que mudanças culturais aconteçam para que uma nova e democrática composição se torne realidade, de forma que,

as instituições e práticas de gênero terão de ser muito alteradas para que as mulheres tenham oportunidades iguais as dos homens, seja para participarem das esferas não-domésticas do trabalho, do mercado e da política, seja para se beneficiarem das vantagens que a privacidade tem a oferecer (OKIN, 2008, p. 327).

Apesar dessas constatações assertivas, chamamos a atenção para o fato de que têm havido mudanças comportamentais progressivas, mesmo que lentamente, com parcela dos homens, que passam a assumir mais encargos no âmbito privado, enquanto as mulheres de vários estratos sociais investem em suas carreiras profissionais. Apesar de ainda não ser uma prática recorrente na sociedade, é importante que consideremos a existência desse fator, cada vez mais comum nas famílias, sem deixar de lado a persistente reivindicação dos movimentos de mulheres para que realmente cheguemos à igualdade na responsabilização da divisão dos trabalhos domésticos entre as pessoas jovens e adultas da família, independente do gênero.

Foi a partir da década de 1970 que, marcadamente, os movimentos feministas no Brasil passaram a reivindicar o cenário privado, das relações íntimas, como um espaço político. Sob o lema “O pessoal é político”, enfrentaram coletivamente as violências sofridas no ambiente doméstico, inclusive os assassinatos “em legítima defesa da honra”, bastante comuns para a época, e deflagraram por todo o país um debate que problematizou a privacidade de questões que afetam a vida de um amplo contingente de mulheres, retirando-as das quatro partes para externalizá-las publicamente.

É, pois, nos anos de 1980 que essas e uma série de outras questões começam a ser mais debatidas no cenário legislativo brasileiro, como vimos, coincidindo com o processo eleitoral pós-ditadura e a eleição de algumas mulheres parlamentares em diversos estados - inclusive com a primeira vereadora titular em Florianópolis. No próximo item abordaremos o processo pelo qual passou cada uma das entrevistadas desta pesquisa para decidir se candidatar na disputa eleitoral a uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores.

3.3 ENFRENTANDO OS DESAFIOS DE UMA CULTURA