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Culturas econômicas

No documento Controle de Plantas Daninhas (páginas 78-83)

O consórcio entre duas ou mais culturas econômicas intensificam o uso da terra, no tempo e no espaço, melhora o aproveitamento dos recursos: água, nutrientes e radiação solar. Aumenta a estabilidade da produção das culturas frente ao estresse e proporciona diversificação de produtos e renda, principalmente para os pequenos agricultores. A maior cobertura do solo, proporcionada pelos policultivos, pode ainda auxiliar no controle das plantas daninhas.

Alguns trabalhos indicam que sistemas consorciados reduzem a infestação por plantas daninhas. Os consórcios feijão/girassol (quatro fileiras de feijão distanciadas entre si por 1 m, com onze plantas por metro, e quatro fileiras de girassol distanciadas entre si por 1 m, com espaçamento de 0,4 m entre plantas - 2,5 plantas por metro) e milho/girassol (quatro fileiras de girassol e quatro fileiras de milho, com 1 m de distância entre filas de uma mesma cultura, o espaçamento entre plantas na linha foi de 0,4 m) reduziram a produção de massa seca das plantas daninhas em relação a cada espécie em monocultivo. Esses consórcios também foram os que possibilitaram a maior cobertura do solo (Fleck et al., 1984).

Ronchi et al. (2008) ressaltam a importância da escolha das espécies no sistema consorciado. Para a cultura do mamoeiro, por exemplo, os autores destacam a importância do hábito de crescimento da cultura consorciada. O consórcio do mamoeiro com caupi (Vigna unguiculata) reduziu em 90% a biomassa das plantas daninhas, não sombreou o mamoeiro e aumentou a

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produtividade. Em contrapartida, outras culturas, como o milho e o feijão- vagem, sombrearam e reduziram a produtividade do mamoeiro. Lima et al. (2002) avaliaram o cultivo intercalar de feijão, milho e feijão-de-porco nas entrelinhas do maracujazeiro amarelo, e concluíram que a cultivo do milho e feijão favorece a produção de frutos, e quando associado ao controle químico reduziu a infestação de plantas daninhas.

Considerações finais

É inegável a necessidade da sistematização dos resultados e o desenvolvimento de novas pesquisas sobre métodos alternativos ao químico para o manejo das plantas daninhas. Tanto para atender a demanda dos sistemas orgânicos de cultivo, como, principalmente, minimizar os impactos gerados pelos métodos atuais de controle, que além de ineficientes para determinadas espécies daninhas vêm contribuindo na pressão de seleção de pragas e doenças.

Sintetizando o texto apresentado, a eficiência do cultivo intercalar, no manejo das plantas daninhas, depende de vários aspectos. Entre esses, destaca-se a escolha da espécie intercalar, seja essa adubo verde ou outra cultura econômica. Em geral, as espécies que apresentam porte baixo e rápido crescimento inicial são mais eficientes. Em áreas com culturas perenes, já instaladas, e que proporcionam sombreamento parcial de entrelinhas, plantas com metabolismo C4, por necessitarem de maior radiação solar, não apresentam bom acúmulo de massa seca e não exercem eficiente supressão das plantas daninhas. Ressalta-se que a espécie intercalar não deve concorrer com a cultura econômica pelos fatores de produção, e a competição pode ser manejada em função da época e densidade de plantio, espaçamento entre plantas, podas, roçadas e até mesmo subdoses de herbicidas.

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