• Nenhum resultado encontrado

Apesar de se identificarem sectores económicos com maior peso nas emissões nacionais totais, uma das características da emissão de COVNM é a sua origem muito diversificada, não só no que respeita a sectores de actividade económica, como também relativamente às próprias actividades que originam as emissões, como descrito nas secções 3.2 e 3.3.

Consequentemente, a definição de políticas e medidas com vista à redução das emissões nacionais de COVNM é particularmente complexa, uma vez que não é fácil identificar um conjunto chave de sectores/actividades que sejam simultaneamente responsáveis por uma parte significativa das emissões e para os quais o potencial de redução das mesmas seja elevado.

Embora a adopção de legislação com vista ao controlo das emissões de COVNM seja mais recente do que para outros poluentes, como por exemplo o SO2, estão em vigor em Portugal instrumentos de política com este objectivo

já desde 1997 (ver secção 3.1). Estima-se que estes instrumentos de política ainda em implementação que integram o Cenário de Referência, cobrirão aproximadamente 59% das emissões de COVNM nacionais em 2010. Ao considerar também a implementação da Proposta de Directiva Produtos prevê-se que cerca de 71 a 72% das emissões totais nacionais de COVNM em 2010, sejam provenientes de actividades que já se encontram sujeitas a regulação com vista à redução de emissões (Quadro 11).

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM

Quadro 11 – Abrangência dos instrumentos de política em vigor e propostos relativamente às emissões totais nacionais em 2010

COVNM(kton) , em 2010 COVNM(%) , em 2010

Cenário

Baixo Cenário Alto Cenário Baixo Cenário Alto Emissões provenientes de actividades/instalações

abrangidas pelas Políticas e Medidas do Cenário de

Referência 111,68 123,47 59 59

Emissões provenientes de actividades não abrangidas

por nenhum instrumento em vigor 55.71 59.84 29 28

Emissões de Actividades abrangidas pela Proposta de

Directiva Produtos 22.86 27.31 12 13

Emissões totais de COVNM (Cen Ref + Dir Produtos) 190,25 210,62 100 100 Esforço [adicional] de redução de emissões face ao tecto

de emissão 10,25 30,62 5 15

Nota: os valores apresentados consideram já o impacte dos instrumentos de política em vigor e propostos.

Restam portanto cerca de 56 a 60 kt de emissões, que correspondem a 29 a 28% das emissões totais em 2010 que, de momento, são originadas por actividades sobre as quais não se prevê qualquer regulamentação com vista à redução de COVNM, como descritas no Quadro 8 e secção 5.2. Destacam-se neste grupo as seguintes actividades:

› Combustão de lenha no sector doméstico;

› Pavimentação de estradas com misturas betuminosas; › Queima de resíduos agrícolas;

› Combustão na indústria;

› Utilização de produtos diversos no sector doméstico.

Para estas actividades, que não se encontram actualmente sujeitas a opções de redução, foram pesquisadas opções de redução adicionais na literatura e efectuando consultas aos diversos agentes económicos (Secção 5). Concluiu- se que actualmente apenas se encontram disponíveis opções adicionais de redução aplicáveis à combustão de lenha no sector doméstico e à

pavimentação com misturas betuminosas.

Com a informação actualmente disponível, apenas é possível quantificar a redução de emissões respeitante à melhoria da tecnologia dos equipamentos para a combustão de lenha no sector doméstico, estimando-se que esta

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM

tenha um potencial máximo de redução de cerca de 70 a 80% das emissões. Utilizando uma abordagem conservadora, e considerando o valor mais baixo desta gama (70%), estima-se um potencial de redução máximo de 4,80 a 5,14 kt de COVNM em 2010 (Quadro 12). Estes valores devem ser encarados com reservas dado o desconhecimento das particularidades nacionais no que respeita aos quantitativos de lenha queimados em cada equipamento. Torna- se assim imprescindível aferir este potencial de redução após recolha de informação para Portugal.

Relativamente à queima de resíduos agrícolas, a opção a tomar será a minimização desta actividade encontrando outros destinos para os resíduos em questão ou promovendo a sua queima noutras condições. No âmbito deste documento não são desenvolvidas estas opções, uma vez que se encontra em consolidação o Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas (PERAGRI)

22

no âmbito do qual serão definidas metas e objectivos para a mesma.

Apesar de não terem sido identificadas opções tecnológicas específicas, deve- se ainda considerar que a utilização de produtos diversos no sector

doméstico é a actividade não sujeita a qualquer esforço de redução que

maior peso tem nas emissões nacionais em 2010 (cerca de 11% das emissões nacionais). Por uma questão de equidade e por forma a garantir o cumprimento com o tecto nacional de emissão de COVNM, deverá ser estudada a possibilidade de reduzir o teor de COVNM nos diversos produtos aqui incluídos (solventes, perfumes, ceras e materiais de polimento, detergentes e sabões), utilizando uma abordagem semelhante à da Proposta da Directiva Produtos e a ser desenvolvida para a União Europeia como um todo. Por forma a garantir a adequabilidade de uma iniciativa desta natureza à realidade Portuguesa, é essencial melhorar o conhecimento da utilização

22 No âmbito do PTEN foi considerado que a queima de resíduos agrícolas acompanha a evolução da agricultura portuguesa até 2010. Embora seja expectável que esta prática venha a ser controlada futuramente dado o seu impacte ambiental, não estão ainda definidas metas e objectivos para a mesma. Com efeito, o Plano Estratégico dos Resíduos Agrícolas (PERAGRI), cuja versão preliminar data de Junho de 1999, encontra-se ainda em fase de consolidação, pelo que as opções finais de gestão destes resíduos não estão ainda definidas. (Instituto dos Resíduos, 2004. Disponível em:

[http://www.inresiduos.pt/portal/page?_pageid=53,31723&_dad=portal&_schema=PORTAL&id_ doc=81&id_menu=55, Maio de 2004]

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM

destes produtos em Portugal (quantitativos utilizados e seu teor em COVNM, perfil dos utilizadores, fluxos de importação e exportação, entre outros). Por último, e apesar de o sector dos transportes já estar sujeito a um esforço de redução de emissões no âmbito do Cenário de Referência do PTEN (descrito na secção 3.1), recorrendo à implementação das medidas adicionais apresentadas no âmbito do PNAC, é possível reduzir ainda mais cerca de 5.7 kt de COVNM em 2010 emitidas pelos transportes rodoviários. Este valor corresponde a uma redução de cerca de 20% no sector dos transportes, em 2010. No entanto deve ter-se em atenção que estas medidas adicionais do PNAC não estão formalmente adoptadas e que a sua implementação representa um considerável grau de esforço para todos os agentes da sociedade Portuguesa.

Considerando todas estas possibilidades de redução (apesar da grande incerteza a elas associada), assim como a aplicação alargada das MTD

descritas no âmbito da PCIP à produção de polímeros (de acordo com

abordagem descrita na secção 3.1, verifica-se que, no Cenário Baixo, se consegue cumprir com o tecto nacional de emissão de COVNM (Figura 6 e Quadro 12).

Evolução das Emissões Nacionais de COVNM e diversas opções de redução 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 2000 2005 2010 E m issõ e s ( k t) BAU Cen REF Opções adic. & Dir. Prod

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM

Quadro 12 – Distância ao tecto nacional de emissão considerando as diversas opções de redução de COVNM adicionais Emissões de COVNM e eficácia dos

instrumentos em vigor/previstos Emissões (kt)

Contribuição de cada medida para esforço

de redução (%) Cenário Baixo Cenário Alto Cenário Baixo Cenário Alto

2000 2010 2010 2010 2010

Cenário Business as Usual 249.16 248.14 273.64 0.00 0.00 Redução devida à Portaria 646/97 -

Armazenamento e distribuição de

combustíveis 8.03 8.52 11 11

Redução devida ao Decreto-Lei 242/2001

- Utilização de solventes orgânicos 15.19 17.19 21 22

Redução devido ao Decreto-Lei 194/2000 -

PCIP 20.56 22.09 28 28

Redução devido a legislação aplicável ao sector dos Transportes e melhoria do

parque automóvel 3.71 3.92 5 5

Cenário de Referência sem Proposta de

directiva produtos 249.16 200.65 221.92 65 65 Redução devido à Proposta de Directiva

Produtos 10.40 11.30 14 14

Redução alargada da PCIP ao sector

químico 4.91 5.68 7 7

Redução devido às opções adicionais para

combustão no sector doméstico (-70%) 4.80 5.14 7 6

Redução devido às medidas adicionais do

PNAC para sector dos transportes 5.71 5.71 8 7

Cenário de Referência, Proposta Directiva

Produtos e Opções Adicionais 249.16 174.83 194.09 100 100

Tecto nacional (kt) 180

Distância cen ref ao tecto nacional (kt) 69.16 20.65 41.92 Distância cen ref ao tecto nacional (%) 27.76 10.29 18.89 Distância cen ref ao tecto nacional (kt)

com Dir. Produtos e opções adicionais 69.16 -5.17 14.09 Distância cen ref ao tecto nacional (%)

com Dir. Produtos e opções adicionais 27.76 -2.95 7.26

Embora, de acordo com a sensibilidade dos diversos agentes económicos relevantes para a emissão de COVNM, o cenário Baixo seja o que mais se aproxima da realidade nacional, deve continuar a considerar-se também o cenário alto segundo o qual, mesmo com a aplicação das diversas opções de redução adicionais, é ainda necessário reduzir cerca de 14 kt (cerca de 7%) por forma a cumprir com o tecto nacional de emissão.

Por último, deve ter-se em atenção o elevado grau de incerteza identificado para as estimativas de COVNM em 2000, e avaliado no sentido do decréscimo

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM

das emissões. Com efeito, não deve ser minimizada a importância das seguintes fontes de incerteza que condicionam o cumprimento com o tecto nacional de emissões de COVNM:

› incerteza associada às estimativas de emissões de COVNM em 2000 e suas projecções para 2010;

› incerteza associada à eficácia dos dois instrumentos de política em vigor que mais contribuem para a redução de COVNM em 2010 (PCIP e D.L. 242/2001);

› incerteza associada à estimativa do potencial de redução da Proposta de Directiva Produtos;

› incerteza associada à implementação das opções adicionais identificadas (combustão no sector doméstico e medidas adicionais propostas no âmbito do PNAC para os transportes rodoviários);

Em síntese, nesta fase e tendo em atenção o nível de incerteza associadas à estimativa das emissões de COVNM, em particular para 2010, é possível delinear genericamente um conjunto de áreas de actuação prioritárias:

› Melhorar a informação na base dos inventários nacionais de emissões de COVNM, por forma a minimizar a incerteza, com impacto significativo em 2010;

› Garantir a implementação eficaz dos instrumentos do cenário de referência, com especial relevância para PCIP e DL 242/2001, assim como a Proposta de Directiva Produtos;

› Recolher informação de base sobre a combustão de lenha no sector doméstico por forma a estudar a viabilidade da implementação das opções tecnológicas de redução identificadas;

› Desenvolver esforços, ao nível nacional, para que ao nível europeu se estude a possibilidade de reduzir, à escala Europeia, o teor de COVNM na utilização de diversos produtos no sector doméstico, utilizando eventualmente uma abordagem semelhante à da Proposta da Directiva Produtos;

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM

› Decidir quanto à adopção de medidas adicionais do PNAC aplicáveis ao sector dos transportes rodoviários por forma a clarificar a possibilidade de reduzir emissões de COVNM dessa forma.

PTEN: Medidas para o controlo das emissões nacionais de COVNM