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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GEOGRAFIA DO SEMIÁRIDO

Certo dia, eu, Marcos Roberto, fui surpreendido ao ler uma matéria sobre a Educação a Distância – EaD e em especial sobre a Universidade Aberta do Brasil – UAB. Perplexo fiquei pois, como filho de um agricul- tor e de uma professora, sempre residente no “polígono das secas” do sertão nordestino, estimulado a estudar logo cedo por meus pais, sempre fui aluno de escolas públicas.

Cursei os ensinos Infantil e Fundamental na zona rural do nosso município, na própria comunidade rural em que residia, com condições bem difíceis. Cursei Universidade Pública – UERN de forma presencial, tendo que me locomover 160 km diários em transportes escolares. Em seguida, as dificuldades continuaram ao passar numa seleção para cursar uma Pós-Graduação presencial, também tendo que me deslocar infinitos finais de semana a outro município. Tudo isso, custou-me muito esforço e sofrimento. Por isso, além de surpreso, feliz fiquei ao ler a referida matéria e mais ainda, ao saber que o nosso município estaria ganhando um Polo da citada Instituição de Ensino Superior, pois percebi que, a partir daquele momento, algo teria mudado com relação às oportunidades de sertanejos como eu, terem a chance magnífica de, sem sair de suas casas, poderem realizar seus sonhos de cursar uma universidade e ainda mais, um curso de pós-graduação. Isso me encantou tanto que logo decidi inscrever-me para a seleção de tutores presenciais que surgira, com a intenção de poder con- tribuir e de participar de um processo educacional tão importante, onde eu e tantos conterrâneos, não tivemos oportunidade no passado.

Ao ser selecionado entre outros colegas, logo iniciei meu trabalho em nosso polo, meio desconfiado é verdade, pois no interior do nosso es- tado ainda existia muito tabu com relação à Educação a Distância. Mas depois do nosso primeiro encontro e capacitação no IFRN, Campus Natal Central, logo percebi a seriedade, a organização e a qualidade dos cursos oferecidos. O mesmo foi notado pelos alunos da nossa primeira turma ini- ciada em 2009: material riquíssimo, atividades e provas presenciais que realmente exigiam uma grande dedicação e estudo para suas realizações.

Logo começamos a enfrentar as primeiras dificuldades. Entre as principais estavam: a maioria dos nossos alunos não tinham computador e nem cursos em informática; grande parte deles residiam em outros municípios e na zona rural, também não tinham transportes próprios para se deslocarem ao Polo. Mas, com muito esforço comecei a receber alunos no polo e, quando não dava certo o meu horário com o deles, trazia-os para minha casa, muitas vezes aos domingos e após as 22h. Alguns da zona rural, recebia-os na casa de meu pai (também na zona rural), aos domingos à tarde. De modo que, com a benção de Deus, as coisas foram se normalizando, os primeiros conteúdos sendo assimilados e as primeiras atividades concluídas.

A cada dia, nós (alunos, tutor e coordenador), nos “afinávamos” mais e mais. Surgiu uma relação muito boa, além de uma amizade imensa, que nos ajudou a superar todas as tantas dificuldades. É, e como surgiram dificuldades. Por exemplo, uma aluna foi mãe de gêmeas bem próximo da apresentação do TCC. Mesmo assim, conseguiu brilhar em sua apresen- tação, mesmo quando no dia da sua defesa, sua irmã passou por um sério problema de saúde, tendo sido hospitalizada, ainda assim ela retornou e no início da tarde defendeu seu TCC com louvor. Tivemos também alunos que se deslocaram para outros estados por motivo de trabalho. “Corremos atrás” e demos um jeito deles concluírem o curso. Outros passaram por cirurgias outros, ainda, trabalhavam na agricultura em projetos de assen- tamentos e ainda se deslocavam à cidade a noite para postar as atividades. Bem, foram muitos outros exemplos de perseverança, de força de vontade e de vitória. Durante toda jornada, esta tutoria esteve presente a lhes incentivar e a buscar soluções para seus problemas. Fato esse, recom- pensado com o término de uma turma de 40 alunos quase em massa. Foi a maior turma de toda UAB do nosso estado a concluir Pós-Graduação.

Em 2011, veio a segunda turma do nosso curso (Pós-Graduação em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido numa Abordagem Transdisciplinar). Seriam mais 40 alunos a enfrentar mais ou menos a mesma jornada dos alunos da turma anterior. A realidade seria a mesma, em termos de dificuldades, localização geográfica, deslocamento, situação financeira, entre outras. Porém, notamos um avanço: nessa turma já havia mais alunos que possuiam computadores e com cursos em informática básica, que na turma anterior. Nela, tínhamos alunas de idade bem avan- çadas, inclusive uma delas, com problema seríssimo de visão o que, para minimizar, fazíamos provas e atividades com fontes bem grandes para fa- cilitar sua visibilidade. Nem por isso, deixaram de brilhar. Foram umas das melhores da turma. O trabalho continuava.

Apesar das dificuldades em se deslocarem ao polo, sempre realizá- vamos encontros presenciais, tipo: assistir vídeos e filmes, discussões e comer pipoca com refrigerante. Enfim, todas as dificuldades foram supe- radas e chegamos ao final, felizes, com a convicção do dever cumprido e, acima de tudo, com a certeza de estarmos mais preparados para servir me- lhor a nossa comunidade, que aliás é uma das metas da nossa EaD/UAB, melhor preparados para atuarmos em nossas profissões. As apresentações

dos TCCs mais uma vez foram, em sua grande maioria, verdadeiros “sho- ws”, não só de conhecimentos, mas de superação e de luta com êxito, como podemos sentir no depoimento da aluna Vera Lúcia:

A especialização em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido pela EaD/IFRN foi de suma importância para minha vida pessoal e profissional, através da mesma adquiri novos conhecimentos que me permitiram refletir sobre novas práticas para o uso sustentável dos recursos naturais. O curso foi muito dinâmico e proveitoso, re- cheado de ideias inovadoras, com excelente metodologia, troca de experiência através dos fóruns e debates, e com um material textual de excelente qualidade. As exigências foram grandes e houve muito rigor na defesa dos TCCs, no entanto, diante de todas as dificuldades enfrentadas, sempre pudemos contar com tutores e professores bas- tante prestativos e com a excelente atuação do nosso tutor presencial, Wilton, que nos dava toda assistência possí- vel. Foi muito gratificante ser aluna da primeira turma da EaD/IFRN em Caraúbas, pois apesar de termos sido as “cobaias” dessa experiência em nossa cidade, fomos ca- pazes de superar as dificuldades e vencer este desafio da conquista do saber. Enfim, só tenho a agradecer a toda equipe da EaD/IFRN que proporcionou a realização do curso de especialização em educação ambiental e geo- grafia do semiárido, curso este que favoreceu a formação de muitos profissionais da educação potiguar, de forma a transformar cada um de seus alunos em um agente multi- plicador da importância da educação ambiental para a for- mação do indivíduo como cidadão (Francisca Vera Lúcia Nogueira – ex-aluna do curso).

Estamos na terceira turma: turma iniciada em 2013. Bem mais ex- perientes, é claro, e bem mais felizes, por percebermos o quanto o trabalho em nosso Polo vem crescendo e sendo reconhecido por todos os nossos “superiores” do IFRN e, principalmente, pelo nosso alvo principal: nossa sociedade.

Podemos dizer, portanto, que a cada dia nos sentimos mais felizes em poder contribuir para uma ação tão importante nas vidas de profissionais: a preparação para o exercício da cidadania mais eficaz, não só para eles, mas para toda a nossa sociedade. Pretendemos deixar um grande marco

para as gerações futuras: “Antes e depois do Polo Sertão das Caraubeiras. Antes e depois da Universidade Aberta do Brasil”.

4 OUVINDO O TUTOR PRESENCIAL DO CURSO