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Curva de Previsão de Resíduos Sólidos na Drenagem

A curva de previsão de Resíduos Sólidos na Drenagem – RSD proposta por esta pesquisa visa avaliar a possibilidade ou a inviabilidade de uma correlação entre o total precipitado e o acúmulo de resíduos sólidos carreados pelas águas de lavagem - RSD.

A produção de RSD deve possuir uma causa preponderante ou um conjunto de causas. O resíduo sólido carreado pela drenagem pode ser conseqüência de uma infra-estrutura precária de coleta de resíduos sólidos, que pode decorrer simplesmente da inexistência do serviço ou de uma operação deficiente do sistema de coleta. Outra causa pode estar associada a uma falta de processo de educação ambiental eficiente para as comunidades em cada região.

Muitas vezes pode-se ter um círculo vicioso onde a falta de infra-estrutura dificulta o processo de conscientização ambiental. Por outro lado a falta deste, pode levar a comunidade a não pressionar os gestores municipais por uma melhoria de infra-estrutura.

Neste contexto é que o presente estudo, num primeiro passo, se propõe a relacionar a quantidade de resíduos sólidos carreados com a precipitação pluviométrica - objetivando obter uma curva de produção de RSD - como instrumento de apoio à gestão por parte dos gestores municipais.

Uma vez avaliada a possibilidade efetiva desta relação, ela poderá constituir- se num valioso instrumento para analisar a efetividade de ações de gestão de uma prefeitura. Por exemplo, melhorias de trajetória do caminhão de coleta, um programa de educação ambiental, campanhas publicitárias, etc, poderão ter sua efetividade avaliada por meio da curva de previsão de RSD calculada por eventos pluviosos isolados. Se antes das ações, por exemplo, uma precipitação pluviométrica intensa de 50mm carreasse 500 Kg de resíduos na drenagem, após a implantação da ação de gestão, que diminuição de produção RSD na drenagem poderia ocorrer? Este impacto de redução de produção poderia ser significativo se a

mesma precipitação produzisse a metade de RSD. No caso hipotético, os mesmos 50 mm de precipitação produziriam 250 kg.

Esta curva foi proposta de uma forma bastante simplificada. Analogamente como se faz para sedimentos, a proposta foi avaliar a produção de RSD por eventos pluviosos isolados como fez Canali (1981) para sedimentos. Esta estratégia de se avaliar a produção por meio de eventos pluviosos isolados é aqui adaptada e proposta para ser usada para os RSD. Enquanto que a produção de sedimentos esta associada a processos inadequados de uso e manejo do solo, conforme avaliado por Canali (1981) e Silveira (1982), a produção de RSD poderá estar associada a processos inadequados de gestão de resíduos sólidos, restando saber qual o preponderante.

A curva foi construída, inicialmente, para relacionar - por eventos pluviosos isolados, o total precipitado como o volume de RSD carreado pelo escoamento superficial em uma bacia urbana.

A curva foi ajustada em planilha Excel após a organização dos dados dos eventos monitorados que associam o total de resíduos (kg) com a precipitação (mm) conforme mostrado na tabela 3.

Tabela 3 – Modelo de tabela para dados dos eventos monitorados

Data dos eventos Total de resíduos (kg)

Variável dependente (Y)

Precipitação (mm) Variável independente (X) 1 ... ... 2 ... ... ... ... ... n ... ...

A análise do comportamento de um ambiente hídrico por meio de modelagem, tanto em condições atuais quanto potenciais, é uma ferramenta fundamental no planejamento de uma bacia que também atua como instrumento de auxílio nos estudos de impactos ambientais (LIMA, 1998b).

A avaliação do modelo da equação de regressão de produção de RSD considera o coeficiente de correlação r conforme a Equação 2:

nΣx.y - (Σx) . (Σy)

r= _____________________________________ (2) [nΣx2 – (Σx)2] . [nΣy2 – (Σy)2]

Em que: “r” coeficiente de correlação; “x” e “y” valores aleatórios sendo aplicada no presente trabalho como precipitação e total de resíduos; “n” número de elementos.

O Coeficiente de Determinação r2 (Equação 3) deve ser interpretado como a

proporção de variação total da variável dependente que é explicada pela variação da variável independente X e é definido pela seguinte relação:

Σ (Y –Y’)2 Variação Explicada Σ (Y – Y)2 = _______________________ = r2 =

Σ (Y’–Y)2 Variação Total

Em que: “Y” é uma variável aleatória; “Y’” valores estimados de Y, sendo a parcela de y que é explicada por x.

Com isto, se obteve a reta de regressão linear y=f(x) que foi obtida em planilha excel por meio da reta de regressão linear gerada a partir dos eventos monitorados com a retenção dos RSD.

Com o uso da equação gerada, foi feita uma simulação da quantidade de RSD que supostamente atingiram a canalização do arroio Esperança em cada um dos meses e durante o período de um ano, de agosto de 2006 a julho de 2007, conforme tabela 4, sendo os dados de precipitação a variável independente X e a incógnita Y o possível RSD carreado. Os dados serão comparados com a pesquisa de Silveira et al. (2007) para o mesmo período.

Tabela 4 - Estimativa a ser calculada de RSD acumulado mensalmente e anualmente segundo a precipitação obtida no 8º DISME

Precipitação (mm) RSD (Kg) Mês e Ano X Y agosto-06 75,6 ... setembro-06 154,2 ... outubro-06 208,9 ... novembro-06 134,6 ... dezembro-06 84,2 ... janeiro-07 163,9 ... fevereiro-07 145,2 ... março-07 173,6 ... abril-07 122,0 ... maio-07 102,8 ... junho-07 131,6 ... julho-07 75,6 ... Total 1572,2 ...

O objetivo da simulação da quantidade de resíduos acumulada durante o período é para sensibilizar a população e informar os gestores municipais acerca do problema recorrente do grande acúmulo de resíduos urbanos na bacia hidrográfica, demonstrando o impacto causado pela ação antrópica no meio ambiente.

Os resíduos retidos na canalização do arroio interferem no fluxo natural do mesmo, além de causar um aspecto visual degradante, maus odores e a proliferação de vetores causadores de doenças infecto contagiosas que a deposição incorreta do RSD causa à população ribeirinha.

Os dados meteorológicos foram obtidos nos arquivos da Estação Meteorológica de Santa Maria, pertencente ao 8º Distrito de Meteorologia (8º DISME) do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizada no Campus da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM.

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