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CUSTE O HUMOR QUE CUSTAR

No documento Custe o humor que custar (páginas 33-74)

Lançado há dois anos pela TV Bandeirantes, o programa CQC é veiculado às segundas-feiras, ao vivo, a partir das 22h15min. O material veiculado durante a programação do CQC mescla matérias jornalísticas com humor.

Ao contrário de outros programas de notícias como o Jornal Nacional e Jornal de Noticias da Bandeirantes, o CQC expõe sentidos que muitas vezes são deixados implícitos, intencionalmente ou não, nos intervalos das notícias. O CQC faz perguntas diretas sobre temas sérios, como por exemplo, em uma pergunta de política a um governador em que o entrevistador consegue a resposta desejada por meio do bom humor.

A bancada é formada pelos apresentadores: Marcelo Tas, Marco Luque e Rafinha Bastos. É importante destacar que o âncora2 do programa é Marcelo Tas. Ele tem o principal papel no programa chamando o conteúdo e as matérias, assim como liderando a condução das informações que serão divididas com os demais participantes da bancada. Os quadros veiculados no programa são responsabilidades de outros cinco participantes: Monica Iozzi, Oscar Filho, Felipe Andreoli, Daniel Gentili e Rafael Cortez.

O “Custe o Que Custar” é um programa criado originalmente na Argentina, onde é chamado de “Caiga Quien Caiga”. Produzido pela “Eyeworks – Cuatro Cabezas”, o programa já foi expandido para países como Chile, Espanha, Portugal, EUA e Itália. Cada país possui sua cultura própria, e por isso existem suas semelhanças e diferenças no padrão de cada programa. Para isso, é necessário que as adaptações sejam feitas de acordo com cada público para que o telespectador se aproxime mais do conteúdo. Apesar dessas diferenças, o programa CQC do Brasil e da Argentina segue o mesmo perfil editorial.

No Brasil e na Argentina, os apresentadores e repórteres se vestem de preto, usam óculos escuros e questionam temas sociais e de entretenimento como: político, esportivo, cultural e variedades, entre outros. Além dessas semelhanças, os dois programas se utilizam de efeitos visuais (gráficos), sonoros e exploram os elementos da própria linguagem audiovisual, através do enquadramento e movimento de câmera, de maneira distinta do jornalismo convencional. Pode-se dizer também que a maneira com que os apresentadores do CQC se vestem, pode ser uma paródia do filme “Man in Black” (Homens de Preto). No longa,

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O âncora é o apresentador de um telejornal. Cabe a ele narrar, anunciar ou comentar as notícias que serão exibidas, ou chamar repórteres que entram ao vivo na programação.

os personagens lutam para salvar o planeta, e no CQC parece haver uma tentativa de salvar o jornalismo do mesmo, da falta de ética, ou seja, os apresentadores e repórteres se projetam como heróis da informação.

Figura 2: Equipe do CQC 2010.

TOP FIVE

O quadro Top Five mostra, semanalmente, os cinco melhores vídeos da televisão brasileira. Estes vídeos são de acontecimentos engraçados ou, até mesmo, constrangedores, os quais foram veiculados em programas como por exemplo: Jornal Nacional, Jornal da Record, Jornal da Rede Bandeirantes, Raul Gil, Ana Maria Braga, entre outros.

Da forma que os vídeos foram veiculados em alguns programas jornalísticos, percebe-se que há uma voz em OFF do jornalista, narrando a reportagem. Antes de iniciar o vídeo seguinte, a câmera volta para a bancada onde Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque fazem comentários sobre o que acabou de ser veiculado. Estes comentários podem ser sérios ou até mesmo irônicos.

Marcelo Tas é o principal integrante da bancada. É também conhecido pelo seu trabalho na TV brasileira nos anos 80, quando encarnava o personagem Ernesto Varela, um repórter conhecido por fazer perguntas que incomodavam as autoridades. Alguns destes questionamentos eram bastante indiscretos, ninguém antes havia perguntado.

Já nos anos 90, ele era o professor do programa “Castelo Rá-tim-bum”. Tas, no CQC, reúne humor, ousadia e uma pitada de sarcasmo, sempre equilibrando a relevância de cada tema discutido durante o programa.

Tas também desempenha o papel de “pai” dos repórteres do CQC. Nota-se, durante o programa, que o seu papel pretende ser o mais “normal”, comparando aos demais integrantes. Quando uma brincadeira passa do limite, Tas imediatamente volta para a idéia inicial, retomando a “seriedade”.

Rafinha Bastos é formado em jornalismo e senta-se à direita de Marcelo Tas, na bancada do CQC. Marco Luque senta-se à esquerda de Tas. Bastos e Luque dividem a função de fazer comentários engraçados e sarcásticos durante o programa. Ambos possuem estilos diferenciados. Enquanto Rafinha Bastos é mais sério, Luque faz comentários mais engraçados. Durante um tempo, Bastos apresentou o quadro “Proteste Já”, que atualmente é apresentado por Danilo Gentili. Rafinha transforma suas falas em comentários críticos e sarcásticos por também desempenhar um papel de responsável no programa. Marco Luque desempenha um personagem “infantil” - o mais brincalhão dos três. O apresentador brinca o tempo todo e faz piadas, usa movimento de mãos e expressões faciais que “quebram” os

momentos sérios de Rafinha Bastos e Marcelo Tas. Luque atua mais na área humorística do que jornalística, no CQC.

O quadro Top Five é um programa que repassa informações e utiliza-se muito de humor, nas palavras de Lipovetsky (2005), o autor explica que o humor está mudando cada vez mais e que hoje já estaria muito generalizado e por isso, perdeu sua crítica social, ou seja, de primeiramente criticar e depois divertir.

O episódio escolhido mostra os melhores vídeos veiculados na televisão no período do dia 04 a 11 de outubro.

O quadro se inicia com os apresentadores da bancada falando:

Sequência 1

Tas: É a hora que a gente dar as mãos, é a hora que a gente faz uma concentração, é a hora que a gente faz uma oração a Santa Clara, é hora do Top Five!

Logo no início do bloco, o apresentador demonstra ironia com a maneira com quem introduz o quadro. Os apresentadores da bancada riem alto e Tas logo chama a atenção de todos gritando: “silêncio!” Ao mesmo tempo, não para de rir, mostrando seriedade e, ao mesmo tempo, humor. Uma dubiedade que provoca reflexão no espectador.

Sequência 2

Tas: Mais um presidente aqui no quadro do Top Five. Preste atenção na democracia da Bolívia.

Tas informa que mais um presidente esta aparecendo no quadro. Enquanto ele passa essa informação, Marcelo Tas utiliza-se do riso para demonstrar ironia por ter um presidente no vídeo do Top Five. A ironia não somente surge por Evo Morales ser um Presidente, mas também seria a pretensão democrática do país.

Pode-se dizer que este modelo de criticar com o uso do humor, conforme Thiago Luiz (2010), é um jeito de “criticar nas entrelinhas” do jornalismo. Durante o Regime Militar, os jornalistas se utilizavam do humor para passar informações críticas à sociedade. Neste caso, Tas utilizou o humor para criticar um Presidente. Ao fazer isto, Tas demonstra ser irônico e humorado, e diz:

Sequência 3

Tas: Vamos ver o que o Presidente da Bolívia, Evo Morales, fez no campo de futebol. Preste atenção!

Figura 3: Evo Morales chutando colega no jogo.

Na quinta posição do quadro, mostra o Presidente da Bolívia jogando futebol. No jogo, ele se irrita com um colega que cometeu uma falta por ter atingido o Presidente na perna, Evo Morales. Mesmo mancando, não se conformou e chutou o jogador.

Este vídeo foi veiculado no Top Five, por mostrar um Presidente da República chutando um colega em um simples jogo de futebol. Esta notícia acaba sendo irônica por apresentar um representante de um País, responsável por passar uma imagem correta de cidadania, chutando um colega em um jogo. Esta reportagem foi divulgada em alguns programas jornalísticos, e o CQC veiculou de uma forma cômica, utilizando-se do humor.

Durante o vídeo, uma voz em OFF diz:

Sequência 4

OFF: É claro que o juiz não pode fazer nada. Evo ficará de repouso por três dias, por causa da lesão na perna.

Quando o vídeo acaba de ser exibido, a câmera volta para bancada e o apresentador Tas diz que:

Sequência 5

Tas: Se ele é capaz de chutar alguém no jogo, imagina o que ele é capaz de fazer com o país.

Tas demonstra ser irônico por comparar Evo no jogo e na Presidência de um país, julgado que por ele ser capaz de chutar um jogador em um time de futebol, ele também seria capaz de agredir o país em que lidera. A sátira aparece nesta imagem, segundo Simões (2007),

como uma forma do riso interagir com a indignação da sociedade.

Em quarto lugar no Top Five, Marcelo Tas explica de forma irônica, que a família brasileira é muito criativa.

Sequência 6

Tas: Se tem problema com transporte, os caras inventam um transporte coletivo.

Tas narra o início do vídeo com humor e utiliza-se do riso para mostrar ironia. É uma notícia séria por ser uma situação de alto risco, mas no CQC, eles informam sem perder o bom humor.

A notícia foi veiculada pela Rede Record e mostra uma família inteira (pai, mãe e três filhos), andando na mesma moto. A voz em OFF, mostra o repórter descrevendo como a família esta andando na moto e a indignação por não terem consciência do perigo que estão correndo. No final na reportagem, o repórter diz com ironia:

Figura 4: Família inteira andando de moto. Sequência 7

OFF: A criança de trás esta sendo carregada pela cabeça. Ainda bem que o menino tem a cabeça grande, pois assim fica mais fácil de a mãe dele segurar.

A ironia aparece no comentário do repórter por descrever uma situação perigosa utilizando palavras que debocham da família, principalmente por falar do tamanho da cabeça de um dos meninos. O preconceito também pode ser identificado neste momento pois Tas ao falar do tamanho da cabeça do menino, demonstra que o humor também é usado “Custe o Que Custar”.

o país e afirma que esta é amaneira com que o país vem crescendo. A ironia que Tas utiliza vem em forma de crítica, segundo Catz (1978), ela é usada como uma ferramenta para mostrar os problemas que o país enfrenta.

Em terceiro lugar no ranking do Top Five, é mostrado o vídeo que foi veiculado no programa Raul Gil. Tas explica que o vídeo é sobre um momento religioso e diz:

Sequência 8

Tas: Estamos vivendo um momento religioso por causa da eleições, e em todo lugar. Vejam vocês uma criança descrevendo um momento de Jesus. Jesus descendo no programa de Raul Gil.

Figura 5: Criança chorando no Raul Gil.

O vídeo veiculado mostra uma criança falando sobre Jesus, e no final de sua apresentação, Raul Gil percebe que outra criança está chorando e pergunta o porquê dela estar triste. A criança que falou sobre Jesus pergunta para a criança chorando se ela tem Jesus no coração, e a menina responde que não.

Esta parte do vídeo mostra a ironia de receber uma resposta negativa, justamente sobre algo que a criança havia falado e emocionado naquele momento no programa. Os apresentadores na bancada brincam com a resposta que a criança recebeu e com a expectativa social de receber um “sim”.

Sequência 9

Rafinha Bastos: Ela tem o demônio

Tas: Falando nisso, vocês sabem quem foi criado no programa Raul Gil?

Rafinha Bastos: A Maísa! Só tem demônio no programa Raul Gil. Solta esse corpo que não te pertence!

Através do uso de sátira, Rafinha ridiculariza o momento em que a criança diz que não tem Jesus no coração e imita um pastor. Tas e Luque assistem Rafinha e riem da situação. Segundo Minois (2003), a sátira tem o poder de ridicularizar um indivíduo, que neste caso é a criança.

Em segundo lugar no quadro do Top Five, os apresentadores falam sobre um momento esportivo. Tas diz que é um vídeo sobre um jogo de futebol. O apresentador explica que na Europa muitas mulheres trabalham apitando o jogo.

Sequência 10

Tas: Vocês vão ver o que um jogador faz com sua mão ao se aproximar de uma juíza linda na Alemanha.

No momento em que Tas introduz o vídeo, pode-se dizer que ele já consegue tornar a notícia humorística pois ele enfatiza quando fala “faz com sua mão ao se aproximar de uma juíza” e o humor surge em sua informalidade. O CQC usa o humor em algumas reportagens pois o ser humano necessita fugir do caos do dia a dia, e desta forma, o humor trabalha também com forma de entretenimento, ao mesmo tempo informa seus telespectadores.

Figura 6: Jogador encosta no peito de juíza sem querer.

Sequência 11

OFF: O jogador estava passando a mão e, opa, a intenção era passar a mão no ombro mas passou no seio da árbitra. E a reação dela? Um sorriso...

Quando a câmera volta para a bancada, os apresentadores utilizam-se do humor para falar sobre a situação. Como efeito sonoro, uma música romântica toca enquanto os apresentadores estão comentando sobre o jogador. Rafinha Bastos aproveita a situação e fala:

Sequência 12

Rafinha: Isso só pode ser coisa do capeta.

Tas chama o último vídeo do quadro e diz para Rafinha:

Sequência 13

Tas: Monique Evans, você falou nele e ele apareceu! Rafinha: O capeta!

Os apresentadores riem do momento em que Rafinha relaciona Monique Evans ao capeta. Tas explica que o vídeo é sobre uma discussão que aconteceu no programa “A Fazendo”, e ao falar sobre o reality show, o apresentador utiliza-se da ironia para sarcasticamente dizer que “A Fazenda” é um programa muito complexo. Este momento relata a relação do “dito e o não dito” de Linda Hutcheon, pois ela comenta que o não dito pode ser entendido de várias outras maneiras.

Sequência 14

Monique: Se ela me batesse, ela poderia ser presa por causa daquela lei lá que o homem não pode bater na mulher. A lei Maria da Graça!

Figura 7: Monique Evans fala da lei “Maria da Graça”.

Monique Evans, ao falar sobre a “Lei Maria da Penha”, troca as palavras e fala “Maria da Graça”. O próprio erro de Monique cria o humor naquele momento, ou seja, ela

mesma se torna a piada. Neste caso, seguindo as explicações do autor Minois (2003), o humor serve somente para rir de uma situação, sem ter que se aprofundar sobre o assunto abordado naquele momento. Marco Luque explica que Monique Evans trocou as palavras e Tas, de maneira irônica e sarcástica, diz que Marco Luque sabe tudo, ou seja, o “sabe tudo” que Tas falou, é na verdade “sabe nada”, justamente por Marco Luque ser apontado como o mais “criança”.

PROTESTE JÁ

A proposta do quadro Proteste Já é a de apontar problemas sociais nas comunidades brasileiras, no intuito de resolvê-los junto aos órgãos públicos através da denúncia e da oportunidade de ouvir ambos os lados. Por meio de inscrição no site do programa as pessoas têm oportunidade de falar sobre seus problemas, na esperança de serem selecionadas para fazer parte da reportagem, expondo ao Brasil sua situação.

Sem perder a forma peculiar já relatada de abordagem jornalística com humor, o Proteste Já denunciou problemas como: o transporte público sem segurança, ônibus que transitam sem documentação, com extintores de incêndio vencidos, sem cintos de segurança, com veículos antigos e pneus carecas. Relatou também os problemas relacionados a obras públicas inacabadas, mostrando postos de saúde não finalizados em bairros necessitados, e sistemas de esgoto a céu aberto entre outros.

O quadro é apresentado por Danilo Gentili, que é um dos repórteres de rua do programa CQC. Suas pautas3, além de passar informações jornalísticas, também são acompanhadas de muito humor. Para reproduzir algumas imagens de forma mais humorística, Gentili conta com apoio de desenhos gráficos na hora da edição, o que permite modificar a imagem na tela fazendo caricaturas de humor das situações e pessoas.

Gentili iniciou sua carreira no CQC com o quadro “Repórter Inexperiente”. Neste quadro, ele incorporava um repórter, como o próprio nome já diz, totalmente sem experiência profissional, o que deixava os entrevistados em situações muito constrangedoras. Exemplos

3

A pauta é a previsão dos assuntos de interesse jornalístico. É o roteiro dos temas que vão ser cobertos pela reportagem.

desses momentos são: interromper o entrevistado quando o mesmo está falando, perder-se em suas perguntas não as finalizando, não prestar atenção nas respostas do entrevistado durante a entrevista, entre outras situações. O programa teve que sair do ar devido ao fato de personagem de Danilo ter ficado conhecido a ponto de ser reconhecido pelos seus entrevistados.

Danilo, que usualmente faz as matérias de conteúdo político utilizando-se do humor sarcástico, já entrevistou políticos como, por exemplo, Lula, Serra, Marina Silva, Dilma, entre outros. Em 2010, Gentili passou a apresentar o quadro “Proteste Já”, antes apresentado por Rafinha Bastos.

No Proteste Já, ele é o responsável por ir até o local verificar o problema relatado e buscar ajuda junto às autoridades competentes. Durante a reportagem, Danilo ouve ambos os lados, e busca da parte do representante público, um compromisso com a resolução do problema. Neste momento, o CQC assume a responsabilidade de acompanhar o andamento, fiscalizando os prazos. Os problemas são fechados com uma reportagem mostrando sua resolução.

A reportagem escolhida para análise das teorias no quadro Proteste Já, denuncia o problema público do excesso de grandes buracos nas ruas, mostrando o caso de uma das principais ruas utilizadas pelos moradores do bairro de Piratuba, periferia de São Paulo, e as dificuldades que a comunidade enfrenta desde dezembro de 2009, quando o problema surgiu.

O episódio escolhido inicia com os comentários dos apresentadores na bancada no CQC. Tas introduz a reportagem fazendo um comentário com duplo sentido:

Sequência 1

Tas: Vamos falar de um assunto universal. Todo mundo tem um buraco.

O duplo sentido usando por Tas utiliza-se de humor e ironia. Pois para o telespectador a frase se torna cômico.

Danilo Gentili inicia sua reportagem mostrando o problema, e chama o buraco de “cratera” por causa do seu tamanho, que tem aproximadamente 30m2

. Nas imagens que exibem o buraco, efeitos gráficos que mostram o “diabo” saindo da “cratera” remete ao pensamento de que o buraco é tão grande e fundo, que é possível chegar perto do inferno. Esses efeitos foram utilizados para criar uma sátira que revela a situação em que se encontra o local e a urgência de ter o problema resolvido. Neste caso, a sátira foi utilizada para ridicularizar os responsáveis pela resolução do problema do buraco. Segundo Minois (2003),

ela serve como uma ferramenta no jornalismo para transmitir a gravidade de uma notícia. No momento em que o efeito gráfico fez visualizar o “diabo” saindo do buraco, foi causado um ar polêmico para agravar a situação e denunciar os problemas para a sociedade.

Figura 8: Cena mostra efeito do diabo saindo do buraco.

Danilo conversa com os moradores do bairro para investigar de que maneira surgiu o buraco e quais são os problemas que enfrentam no seu dia a dia. Uma moradora explica para Gentili os riscos que seu filho corre todos os dias para ir à escola:

Sequência 2

Moradora: Aqui só tem mato, não temos calçada, nossa crianças passam aqui todos os dias para ir para a escola. Ou você coloca sua criança aqui pra cair no buraco ou ela é atropelada pelos carros.

Danilo: A senhora prefere qual destino para sua criança? Moradora: Eu preferia a segurança.

Danilo: Se fosse minha mãe, minha mãe falava que acho que prefere o carro. Moradora: Não, não, tenho certeza que sua mãe não falaria isso.

Este diálogo entre Danilo e a moradora, demonstra que o apresentador utilizou-se do humor para agravar os perigos vividos pelas crianças por precisarem utilizar a rua com o buraco. A fim de explicar melhor sobre esses riscos, Gentili conversa com o engenheiro civil, Horácio, que fiscaliza os perigos vividos por cada um estando perto desta cratera.

Figura 9: Cena mostra efeito de Horácio com armas na mão.

O efeito utilizado na imagem mostra como se Horácio estivesse segurando duas armas enquanto explica sobre os perigos do local, isso pode remeter ao quanto o enegenheiro mostra-se bravo com a situação. Segundo o autor Possenti (2001), o uso do cômico em uma notícia crítica, por exemplo, é uma ferramenta que exibe os problemas de uma sociedade.

No documento Custe o humor que custar (páginas 33-74)

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