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6.2 Avalia¸ c˜ ao financeira dos cen´ arios

6.2.1 Custos associados e metodologia adotada

Fundamentalmente uma an´alise econ´omica consiste em aferir os fluxos monet´arios acumu- lados ao longo do per´ıodo de an´alise por forma a conferir o tempo de retorno do projeto, assim como determinar outro indicadores econ´omicos de rentabilidade.

Esta an´alise ´e realizada em Euros devido `a falta de credibilidade e de valores da moeda de Angola, que se encontra em constante oscila¸c˜ao dada a elevada taxa de infla¸c˜ao anual existente no pa´ıs e `a dificuldade de se obterem informa¸c˜oes fidedignas sobre o seu cen´ario econ´omico. Para contornar este problema optou-se por utilizar os valores praticados em Portugal Continental segundo a Entidade Reguladora dos Servi¸cos Energ´eticos ERSE, que se divide em duas vertentes, a energia ativa e a tarifa de acesso `a rede, cuja soma resulta na tarifa total aplicada (ERSE, Abril 2020). Assim, adotando uma metodologia que utilize a mesma moeda, os diferentes cen´arios podem ser comparados e analisados.

6.2. Avalia¸c˜ao financeira dos cen´arios

Os custos dos principais equipamentos s˜ao apresentado na tabela 6.15, assim como o custo de opera¸c˜ao e manuten¸c˜ao (FCH, 2017; Hoppecke, 2020; Trina Solar, Mar¸co 2020). As tecnologias de armazenamento que recorrem ao hidrog´enio possuem naturalmente cus- tos de manuten¸c˜ao mais elevados em compara¸c˜ao com a manuten¸c˜ao do banco de baterias. No entanto, o valor num´erico desse custo depende do investimento que ´e realizado.

Tabela 6.15: Custo dos equipamentos e custos de opera¸c˜ao e manuten¸c˜ao

Equipamento Investimento Custo OM Pain´eis FV 1 e/Wp 1 % investimento

Inversores 2 400 e/unidade 1 % investimento Baterias 255e/kWh 1 % investimento Eletrolisador+Compressor 1 200 e/kWh 4 % investimento

Reservat´orio 125e/kgH2 -

C´elula de combust´ıvel 1 700 e/kWh 4 % investimento

Seguidamente s˜ao apresentadas as tarifas para os diferentes regimes de consumo, ponta, cheia, vazio normal e super vazio na tabela 6.16, que correspondem `as tarifas de compra de energia el´etrica. Para al´em das tarifas de venda e compra de energia, s˜ao tamb´em aplicadas tarifas relativas ao consumo nas horas de ponta e relativas `a potˆencia contratada que ser´a elevada visto se tratar de um processo industrial, tal como estipulam as entidades de venda de energia. A calendariza¸c˜ao dos diferentes regimes de consumo varia consoante a esta¸c˜ao do ano, dia e hora da semana. Tal como foi referido, como os dados das tarifas a utilizar s˜ao os que se encontram em vigor em Portugal Continental e devido ao facto de n˜ao ter sido poss´ıvel obter os dados equivalentes em Angola, opta-se por considerar que a esta¸c˜ao quente em Angola, nos primeiros e ´ultimos meses do ano, ter´a a mesma periodiza¸c˜ao em termos de regime de consumo dos meses mais quentes em Portugal (de abril at´e outubro), uma vez que o caso de estudo localiza-se no hemisf´erio sul. A periodiza¸c˜ao consoante a ERSE ´e apresentada no Anexo J.

Tabela 6.16: Tarifas aplicadas nos diferentes regimes de consumo (ERSE, Abril 2020)

Regime Energia ativa Redes Tarifa Ponta [e/kWh] 0,1214 0,0298 0,1512 Cheio [e/kWh] 0,0998 0,0223 0,1221 Vazio [e/kWh] 0,0754 0,0133 0,0887 Super Vazio [e/kWh] 0,0646 0,0133 0,0779 Horas de Ponta [e/(kWdia)] 0,2103 0,0436 0,2539 Potˆencia Contratada [e/(kWdia)] 0,0287 0,0230 0,0517 Tarifa de venda [e/kWh] - - 0,045

O per´ıodo de retorno de um investimento ´e obtido quando o fluxo monet´ario ou cash- flow acumulado ao longo do per´ıodo de an´alise for igual a 0. A partir desse momento, o valor atual l´ıquido do projeto ´e positivo (admitindo que n˜ao haja qualquer reinvestimento que o torne novamente negativo), gerando receitas. Por´em, um per´ıodo de retorno do investimento menor pode n˜ao se traduzir numa maior gera¸c˜ao de receita, uma vez que um investimento de maior ordem pode apresentar poupan¸cas anuais que permitam obter valores atuais l´ıquidos mais elevados ao fim do per´ıodo de 25 anos.

O fluxo monet´ario de um determinado per´ıodo ´e composto pela diferen¸ca entre os capi- tais positivos e negativos devidamente atualizados. Os capitais positivos dizem respeito `a poupan¸ca de energia obtida e venda de energia enquanto os capitais negativos traduzem-se nos custos relacionados com a compra de energia e custos de opera¸c˜ao e manuten¸c˜ao, para al´em dos investimentos realizados.

• Capitais positivos

– Poupan¸ca de energia: custo de consumo que se teria caso n˜ao existisse gera¸c˜ao fotovoltaica e todo o consumo fosse proveniente da rede. Para al´em disso, engloba tamb´em os custos a que se estaria sujeito relativamente `a potˆencia contratada para o processo industrial assim como o consumo em horas de ponta;

– Venda de energia `a rede: `a venda da energia produzida ´e recebida uma determi- nada tarifa, que resulta da energia que n˜ao tem capacidade de ser armazenada (tabela 6.16).

• Capitais negativos

– Custo de opera¸c˜ao e manuten¸c˜ao: medidas preventivas tais como sistemas de monitoriza¸c˜ao com a finalidade de analisar o desempenho do sistema ou manuten¸c˜ao dos equipamentos fazem com que haja um custo acrescido; – Compra de energia `a rede: este custo est´a relacionado com o montante finan-

ceiro que se despende para comprar energia `a rede ou seja, o custo com a auto-alimenta¸c˜ao, que resulta do d´efice da produ¸c˜ao fotovoltaica relativamente ao consumo, quer em termos de tarifa como em termos de potˆencia contratada e consumo em horas de ponta;

– Investimentos/Reinvestimentos: a compra e substitui¸c˜ao de equipamentos de- vido ao fim de vida dos mesmos promove custos adicionais.

Tal como foi descrito na sec¸c˜ao 3.6, a taxa de atualiza¸c˜ao nominal ´e obtida atrav´es do conhecimento da taxa real de rendimento m´ınimo, da taxa de risco e da taxa de infla- ¸c˜ao anual. Dado que as primeiras duas apresentam um car´acter subjetivo, dependendo das condi¸c˜oes a que ser´a feito o financiamento e das condi¸c˜oes climat´ericas, opta-se por considerar apenas a taxa de infla¸c˜ao para efeitos de c´alculo. Foram tamb´em despreza- das eventuais deprecia¸c˜oes e seguros assim como incentivos de investimento, normalmente aplicados neste tipo de projetos.

Uma vez que foram utilizados os valores estabelecidos segundo a ERSE, para uma an´alise financeira coerente devem ser utilizados os valores das taxas na mesma regi˜ao. A taxa de infla¸c˜ao anual ti´e de 0,8 %, assumindo por isso esse valor a taxa de atualiza¸c˜ao ta(equa¸c˜ao

3.3), enquanto a taxa de aumento anual da energia te´e de 2,8 % (Eurostat, 2019). A taxa

de infla¸c˜ao imposta traduz-se tamb´em num aumento dos custos de opera¸c˜ao e manuten¸c˜ao no decorrer do per´ıodo de an´alise do projeto fotovoltaico, enquanto a taxa de aumento anual de energia ir´a fazer com que a poupan¸ca associada `a energia consumida seja cada vez maior, no entanto encarece os custos da energia requerida `a rede. Este aumento n˜ao ´e linear de ano para ano devido `a degrada¸c˜ao dos m´odulos, que faz com que a produ¸c˜ao fotovoltaica v´a diminuindo, alterando por isso os fluxos de energia entre o sistema e a rede. O Anexo L apresenta um estudo sobre a an´alise de sensibilidade `a taxa de atualiza¸c˜ao nominal com a inten¸c˜ao de analisar as flutua¸c˜oes nos indicadores da an´alise do investimento.

6.2. Avalia¸c˜ao financeira dos cen´arios