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Análise do Desempenho de um Sistema Solar Fotovoltaico na Região de Benguela

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Academic year: 2021

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An´

alise do Desempenho de um Sistema Solar

Fotovoltaico na Regi˜

ao de Benguela

Lu´ıs Filipe de Ara´

ujo Ramos

Disserta¸c˜ao de mestrado submetida a: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Engenharia Mecˆanica

Orientador na FEUP:

Carlos Manuel Coutinho Tavares de Pinho

Orientador no INEGI: Zenaida Sobral Mour˜ao

Departamento de Engenharia Mecˆanica (DEMec) Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP)

(2)

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto Porto, Portugal.

Lu´ıs Filipe de Ara´ujo Ramos E-mail: up201808933@fe.up.pt

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias

4200-465 Porto Portugal

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Resumo

Os elevados valores de radia¸c˜ao solar incidente, temperaturas m´edias mais ou menos es-t´aveis ao longo do ano e disponibilidade territorial contribu´ıram para a realiza¸c˜ao de um anteprojeto de um sistema solar fotovoltaico com liga¸c˜ao `a rede na regi˜ao de Benguela que permitisse a produ¸c˜ao de energia el´etrica, importante para descentralizar a produ¸c˜ao de energia em Angola, que se encontra ainda demasiado dependente dos combust´ıveis f´osseis.

Atrav´es de um estudo efetuado sobre o comportamento do recurso solar, equipamentos de convers˜ao e perdas associadas ao sistema fotovoltaico na regi˜ao, foi determinada uma potˆencia fotovoltaica instalada de 1,016 MWp, permitindo uma gera¸c˜ao de sensivelmente 1 511,7 MWh de energia el´etrica em corrente alternada no primeiro ano de funcionamento.

Devido `a reduzida taxa de abastecimento de ´agua em Benguela, foi estudada a hip´otese da implementa¸c˜ao de uma central de dessaliniza¸c˜ao, associada ao sistema fotovoltaico. S˜ao comparadas duas instala¸c˜oes distintas, um processo de osmose inversa e uma instala¸c˜ao de destila¸c˜ao a baixa temperatura, pr´e-estabelecendo uma primeira aproxima¸c˜ao ao respetivo consumo de energia, tendo se conclu´ıdo que a tecnologia de osmose inversa ´e globalmente mais vantajosa.

Com vista a estudar a possibilidade de armazenamento de energia el´etrica, foram ava-liados quatro cen´arios distintos: um sem armazenamento de energia el´etrica, um segundo onde o armazenamento ´e realizado atrav´es de baterias, um terceiro recorrendo ao hidrog´ e-nio pressurizado acumulado num reservat´orio e finalmente um quatro com armazenamento h´ıbrido de energia, conciliando as duas t´ecnicas mencionadas. Analisando os parˆametros de desempenho dos cen´arios, verificou-se que o armazenamento energ´etico em baterias resultou no sistema mais aut´onomo, no entanto, devido ao custo de investimento e subs-titui¸c˜oes, ´e o cen´ario menos rent´avel financeiramente. Como a tecnologia de convers˜ao de hidrog´enio se encontra em fase precoce de implementa¸c˜ao resultando em custos elevados, um cen´ario h´ıbrido de armazenamento de energia el´etrica ´e uma solu¸c˜ao vantajosa rela-tivamente a um sistema ´unico de gera¸c˜ao eletrol´ıtica de hidrog´enio, j´a que permite uma redu¸c˜ao na capacidade dos equipamentos, resultando num menor custo de investimento. Ainda assim, ´e demonstrado que todos os cen´arios s˜ao rent´aveis tendo em conta o per´ıodo de an´alise de 25 anos e os valores considerados para o estudo.

Como complemento, foram comparados os resultados obtidos no sistema fotovoltaico e na piscina solar para a mesma regi˜ao. A piscina solar apresenta rendimentos mais reduzidos e por isso uma produ¸c˜ao de energia mais baixa por unidade de ´area. A piscina solar apresenta o facto de n˜ao necessitar de mecanismos de armazenamento de energia, enquanto no sistema fotovoltaico estes representam uma parte significativa do investimento.

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Abstract

The high values of incident solar radiation, more or less constant temperatures throughout the year and land availability lead to the implementation of a preliminary project of a solar photovoltaic plant on-grid in Benguela, Angola. This is important to decentralize electricity production in Angola, which is still too much dependent upon fossil fuels.

Studying the behavior of the solar resource, conversion equipment and losses associated with the photovoltaic system, it was defined an installed photovoltaic power of 1.016 MWp, allowing the generation of approximately 1 511,7 MWh AC in the first year of operation.

Due to the low water supply available in Benguela, it was studied the implementation of a desalination plant, associated with the photovoltaic system. Two different setups are compared, a reverse osmosis process and a low thermal temperature desalination process. A first approach to the respective energy consumption was carried out and it was concluded that reverse osmosis technology is globally more advantageous.

In order to study the possibility of electricity storage, four different scenarios were evaluated: one without electrical energy storage, a second where storage is carried out using batteries, a third using pressurized hydrogen accumulated in a tank and finally a fourth with hybrid energy storage, combining the two techniques referred. Analyzing the performance parameters of the four considered scenarios, it was verified that energy storage in batteries resulted in the most autonomous system, however, due to the cost of investment and replacements, it is the least financially profitable one. As the hydrogen conversion technology is at an early stage of implementation resulting in high costs, a hybrid electric energy storage scenario is a beneficial solution compared to a hydrogen electrolytic generation system because it allows a reduction in the equipment capacity, resulting in a lower investment cost. Nevertheless, it is concluded that all scenarios are profitable considering the 25 year analysis period with the values considered for the study.

As a complement, the results obtained for the photovoltaic system and for the solar pond, defined in a previous study, were compared. The solar pond has lower yields and therefore lower energy production per unit of area. The solar pond has the fact that it does not require energy storage mechanisms, while in photovoltaic system they represent a significant part of the investment.

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Agradecimentos

Ao Professor Carlos Pinho por todo o apoio, experiˆencia transmitida, motiva¸c˜ao, disponi-bilidade, prontid˜ao, dedica¸c˜ao demonstrada e entusiasmo para com o trabalho.

Aos meus pais, pelo apoio incondicional, motiva¸c˜ao, esfor¸co realizado e sobretudo por estarem sempre presentes.

A toda a equipa do departamento de Energia do INEGI e em particular `a Doutora Ze-naida Mour˜ao que permitiu uma r´apida adapta¸c˜ao, integra¸c˜ao na metodologia de trabalho e partilha de conhecimento.

`

A minha namorada Andreia Pereira, por toda a paciˆencia, apoio e confian¸ca que trans-mitiu ao longo de todo o meu percurso acad´emico.

Aos meus amigos e colegas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, pelo companheirismo, amizade e for¸ca que me deram para concluir esta etapa.

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Conte´

udo

Resumo i Abstract iii Agradecimentos vii S´ımbolos e Abreviaturas xv 1 Introdu¸c˜ao 1 1.1 Enquadramento . . . 1 1.2 Motiva¸c˜ao e objetivos . . . 3 1.3 Estrutura da disserta¸c˜ao . . . 5 2 Recurso Solar 7 2.1 Geometria Sol/Terra . . . 7 2.2 Radia¸c˜ao solar . . . 9 2.2.1 Componentes da radia¸c˜ao . . . 10

2.2.2 Distribui¸c˜ao da radia¸c˜ao m´edia anual . . . 10

3 Sistemas Solares Fotovoltaicos 13 3.1 Tecnologia de convers˜ao . . . 13

3.1.1 Tipos de c´elulas fotovoltaicas . . . 14

3.1.2 Modelo equivalente e curvas caracter´ısticas . . . 14

3.2 M´odulos fotovoltaicos . . . 16

3.2.1 Fatores que influenciam as caracter´ısticas el´etricas dos m´odulos . . . 16

3.2.2 Tipologias de sistemas fotovoltaicos . . . 18

3.3 Sistemas de armazenamento de energia el´etrica . . . 19

3.3.1 Baterias . . . 19

3.3.2 C´elulas de combust´ıvel . . . 21

3.4 Inversores . . . 22

3.5 Perdas de um sistema fotovoltaico . . . 23

3.6 Indicadores de an´alises de investimento . . . 25

4 Implementa¸c˜ao do sistema fotovoltaico 27 4.1 Avalia¸c˜ao do recurso solar . . . 27

4.2 Configura¸c˜ao do sistema fotovoltaico . . . 30

4.2.1 M´odulo fotovoltaico selecionado . . . 30

4.2.2 Parˆametros dos inversores . . . 30

4.2.3 Regulador de carga . . . 32

(12)

4.2.5 Distanciamento entre os m´odulos fotovoltaicos . . . 34

4.3 Conce¸c˜ao do sistema fotovoltaico no Polysun . . . 35

4.4 Produ¸c˜ao de energia el´etrica e redu¸c˜ao das emiss˜oes de CO2 . . . 36

4.5 An´alise energ´etica e exerg´etica . . . 38

5 Aplica¸c˜oes da energia el´etrica gerada 41 5.1 Produ¸c˜ao de hidrog´enio . . . 41

5.1.1 Processo da eletr´olise da ´agua . . . 42

5.1.2 Armazenamento e distribui¸c˜ao de hidrog´enio . . . 42

5.2 Dessaliniza¸c˜ao da ´agua do mar por osmose inversa . . . 45

5.2.1 Etapas do processo . . . 45

5.2.2 Pr´e-dimensionamento da esta¸c˜ao de dessaliniza¸c˜ao por osmose inversa 47 5.3 Dessaliniza¸c˜ao da ´agua do mar por destila¸c˜ao a baixa temperatura . . . 51

5.3.1 Etapas do processo . . . 52

5.3.2 Pr´e-dimensionamento da esta¸c˜ao de dessaliniza¸c˜ao por destila¸c˜ao a baixa temperatura . . . 53

5.4 Compara¸c˜ao entre as tecnologias de dessaliniza¸c˜ao . . . 61

6 Avalia¸c˜ao energ´etica e financeira do desempenho do sistema fotovoltaico 65 6.1 Avalia¸c˜ao energ´etica . . . 65

6.1.1 Sistema fotovoltaico sem armazenamento de energia el´etrica . . . 65

6.1.2 Sistema fotovoltaico com armazenamento de energia em baterias . . 68

6.1.3 Sistema fotovoltaico com armazenamento de energia sob a forma de hidrog´enio pressurizado . . . 73

6.1.4 Sistema fotovoltaico com armazenamento h´ıbrido de energia . . . 80

6.2 Avalia¸c˜ao financeira dos cen´arios . . . 86

6.2.1 Custos associados e metodologia adotada . . . 86

6.2.2 An´alise dos resultados financeiros . . . 89

7 An´alise comparativa dos resultados do sistema fotovoltaico e da piscina solar 93 7.1 Compara¸c˜ao energ´etica . . . 93

7.1.1 Gera¸c˜ao de energia el´etrica atrav´es do sistema fotovoltaico e energia t´ermica atrav´es da piscina solar . . . 94

7.1.2 Gera¸c˜ao de energia el´etrica atrav´es do sistema fotovoltaico e do ciclo de Rankine orgˆanico . . . 95

7.2 Piscina solar como parte integrante do processo LTTD . . . 97

7.3 Compara¸c˜ao financeira . . . 99

8 Conclus˜oes 101 8.1 Conclus˜oes . . . 101

8.2 Sugest˜oes de trabalhos futuros . . . 103

Referˆencias 105

A Ficha t´ecnica do m´odulo fotovoltaico selecionado 111

B Ficha t´ecnica do modelo dos inversores 115

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CONTE ´UDO

D Valida¸c˜ao dos parˆametros el´etricos dos inversores 119

E Relat´orio t´ecnico da simula¸c˜ao no Polysun 121

F Correla¸c˜oes para determina¸c˜ao das propriedades da ´agua do mar 125

G Tubagem considerada segundo a norma EN 10220:2002 129

H Resultados obtidos da implementa¸c˜ao dos sistemas de dessaliniza¸c˜ao no

EES 131

I Parˆametros do desempenho fotovoltaico na vida ´util do projeto 133

J Periodiza¸c˜ao da aplica¸c˜ao das tarifas de Ponta, Cheio, Vazio e Super

Vazio 137

K Registos da atividade financeira 141

(14)
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Lista de Figuras

1.1 Evolu¸c˜ao da potˆencia mundial fotovoltaica instalada (REN, 2019). . . 1

1.2 Potencial fotovoltaico em Angola (SolarGIS, Mar¸co 2020). . . 4

2.1 Varia¸c˜ao da declina¸c˜ao ao longo do ano (Twidell & Weir, 2015). . . 7

2.2 Angulos que definem a posi¸ˆ c˜ao exata do Sol (Mcvoy et al., 2012). . . 9

2.3 Distribui¸c˜ao da radia¸c˜ao solar m´edia anual no planeta (SolarGIS, Mar¸co 2020). . . 11

2.4 Mapa de ´Africa da radia¸c˜ao solar m´edia anual (Abubakar et al., 2016). . . . 11

3.1 C´elula fotovoltaica (Sampaio & Gonz´alez, 2017). . . 13

3.2 Compara¸c˜ao dos rendimentos te´oricos de convers˜ao das tecnologias (FISES, 2019). . . 14

3.3 Modelo equivalente de 1 d´ıodo (Duffie & Beckman, 2013). . . 15

3.4 Curvas t´ıpicas I-V e P-V de uma c´elula fotovoltaica ou m´odulo fotovoltaico (Galdino & Pinho, 2014). . . 16

3.5 Efeito causado pela radia¸c˜ao solar (Galdino & Pinho, 2014). . . 17

3.6 Efeito causado pela temperatura das c´elulas (Galdino & Pinho, 2014). . . . 18

3.7 Diferentes tipos de sistemas de armazenamento de energia el´etrica. . . 19

3.8 Processos de descarregamento e carregamento de uma bateria chumbo-´acido (Olindo et al., 2014). . . 20

3.9 C´elula de combust´ıvel (Cheng et al., 2007). . . 22

3.10 Tipos de configura¸c˜oes dos inversores (Olindo et al., 2014). . . 23

4.1 Poss´ıvel localiza¸c˜ao do sistema fotovoltaico (Google Maps, Mar¸co 2020). . . 27

4.2 Varia¸c˜ao da temperatura ambiente, pluviosidade e humidade relativa (Ve-laSolaris, 2020). . . 28

4.3 Varia¸c˜ao dos diferentes n´ıveis de radia¸c˜ao e dura¸c˜ao diurna (VelaSolaris, 2020) . . . 29

4.4 Exemplo de uma estrutura de m´odulos fotovoltaicos (Galdino & Pinho, 2014). . . 33

4.5 Esquema para a determina¸c˜ao da distˆancia m´ınima entre os m´odulos. . . . 34

4.6 Disposi¸c˜ao dos pain´eis fotovoltaicos no software Sketch Up no solst´ıcio de inverno `as 10 h do TSV. . . 35

4.7 Distribui¸c˜ao da produ¸c˜ao CC, CA e economia de CO2. . . 37

4.8 Rendimento energ´etico e exerg´etico do sistema fotovoltaico ao longo do ano. 40 5.1 Fator de compressibilidade do hidrog´enio (Hirscher, 2009). . . 43

5.2 Diagrama esquem´atico com armazenamento de energia na forma de hidro-g´enio pressurizado e gera¸c˜ao el´etrica por meio de c´elulas de combust´ıvel. . . 44

(16)

5.4 Diagrama esquem´atico de um sistema de osmose inversa com pain´eis

foto-voltaicos (Karaghouli & Kazmerski, 2013). . . 46

5.5 Exemplifica¸c˜ao de um sistema de capta¸c˜ao de ´agua para o processo de des-saliniza¸c˜ao por osmose inversa (Paiva, 2008). . . 50

5.6 Instala¸c˜ao de dessaliniza¸c˜ao atrav´es da tecnologia de destila¸c˜ao a baixa temperatura (Pagaime, 2011). . . 52

5.7 Arranjo do feixe tubular (Incropera et al., 2007). . . 60

5.8 Capacidade mundial cumulativa de dessaliniza¸c˜ao (Villacorte et al., 2014). . 62

6.1 Algoritmo utilizado para a avalia¸c˜ao energ´etica do cen´ario 1. . . 66

6.2 An´alise anual do sistema sem armazenamento de energia . . . 67

6.3 Algoritmo utilizado para a avalia¸c˜ao energ´etica do cen´ario 2. . . 68

6.4 Cen´ario 2- SOC do banco de baterias ao longo do ano. . . 71

6.5 An´alise anual do sistema com armazenamento de energia recorrendo a ba-terias. . . 72

6.6 Algoritmo utilizado para a avalia¸c˜ao energ´etica do cen´ario 3. . . 74

6.7 Cen´ario 3- Evolu¸c˜ao hor´aria da press˜ao no reservat´orio ao longo do ano. . . 78

6.8 An´alise anual do sistema com armazenamento de energia sob a forma de hidrog´enio. . . 79

6.9 Algoritmo utilizado para a avalia¸c˜ao energ´etica do cen´ario 4. . . 81

6.10 Cen´ario 4- SOC do banco de baterias ao longo do ano. . . 83

6.11 Cen´ario 4- Evolu¸c˜ao hor´aria da press˜ao no reservat´orio ao longo do ano. . . 84

6.12 An´alise anual do sistema com armazenamento h´ıbrido de energia. . . 85

6.13 Evolu¸c˜ao do VAL de cada cen´ario e verifica¸c˜ao do tempo de retorno. . . 90

7.1 Esquema do processo LTTD com adi¸c˜ao da piscina solar. . . 97

7.2 Representa¸c˜ao esquem´atica do ciclo termodinˆamico com a introdu¸c˜ao da piscina solar no processo LTTD. . . 98

D.1 Valida¸c˜ao dos parˆametros el´etricos dos inversores no Polysun. . . 119

G.1 Diˆametros exteriores e espessuras da parede da tubagem (EN10220:2002, 2002). . . 129

H.1 Resultados do estudo do processo de OI no EES. . . 131

H.2 Resultados do estudo do processo de LTTD no EES. . . 132

J.1 Distribui¸c˜ao do consumo el´etrico. . . 139

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Lista de Tabelas

4.1 Caracter´ısticas do m´odulo fotovoltaico DuoMax 365 (Trina Solar, Mar¸co

2020) . . . 30

4.2 Resultados obtidos na an´alise dos inversores . . . 32

4.3 Angulos solares do dia 21 de Junho, 10 h TSVˆ . . . 34

4.4 Determina¸c˜ao do TL `as 10 h do TSV . . . 35

4.5 Resultados provenientes da implementa¸c˜ao do sistema fotovoltaico no Poly-sun para o primeiro ano de funcionamento . . . 38

5.1 Propriedades f´ısicas e qu´ımicas do H2 (Hirscher, 2009) . . . 42

5.2 Propriedades da ´agua do mar de acordo com as condi¸c˜oes de temperatura e salinidade estabelecidas . . . 47

5.3 Parˆametros de dimensionamento utilizados . . . 48

5.4 Resultados obtidos no processo de OI . . . 49

5.5 Consumo energ´etico do processo de osmose inversa em kWh/m3 . . . 51

5.6 Valores das press˜oes consideradas no dimensionamento . . . 54

5.7 Propriedades da ´agua do mar em profundidade . . . 57

5.8 Determina¸c˜ao do coeficiente global de transferˆencia de calor . . . 59

5.9 Configura¸c˜ao do permutador de calor . . . 60

5.10 Consumo energ´etico do processo de destila¸c˜ao a baixa temperatura em kWh/m3 . . . 61

5.11 Compara¸c˜ao energ´etica e de custos das duas tecnologias (Wade, 2011) . . . 63

6.1 Cen´ario 1- Valores anuais dos parˆametros de desempenho . . . 67

6.2 Caracter´ısticas do modelo da bateria Hoppecke 24 OpzS 3000 (Hoppecke, 2020) . . . 69

6.3 Cen´ario 2- Dimensionamento do banco de baterias . . . 70

6.4 Cen´ario 2- Verifica¸c˜ao da dura¸c˜ao da bateria . . . 71

6.5 Cen´ario 2- Valores anuais dos parˆametros de desempenho . . . 72

6.6 Caracter´ısticas do eletrolisador e compressor (AP2H2, Mar¸co 2020) . . . 75

6.7 Caracter´ısticas da c´elula de combust´ıvel (AP2H2, Mar¸co 2020) . . . 75

6.8 Cen´ario 3- Dimensionamento do eletrolisador e reservat´orio . . . 76

6.9 Cen´ario 3- Verifica¸c˜ao da dura¸c˜ao do eletrolisador . . . 77

6.10 Cen´ario 3- Verifica¸c˜ao da dura¸c˜ao da c´elula de combust´ıvel . . . 78

6.11 Cen´ario 3- Valores anuais dos parˆametros de desempenho . . . 79

6.12 Cen´ario 4- Verifica¸c˜ao da dura¸c˜ao das baterias e eletrolisador . . . 82

6.13 Cen´ario 4- Dimensionamento do eletrolisador e reservat´orio . . . 84

6.14 Cen´ario 4- Valores anuais dos parˆametros de desempenho . . . 85

6.15 Custo dos equipamentos e custos de opera¸c˜ao e manuten¸c˜ao . . . 87

(18)

6.17 Parˆametros de rentabilidade no primeiro ano de funcionamento . . . 89

6.18 Indicadores de an´alise de investimentos dos cen´arios em estudo . . . 90

7.1 Compara¸c˜ao energ´etica entre as tecnologias num ano . . . 94

7.2 Produ¸c˜ao de eletricidade pelo sistema fotovoltaico e pela piscina solar atra-v´es do ciclo de Rankine orgˆanico . . . 96

7.3 Custos associados `a piscina solar (Burston, 1996) . . . 99

7.4 Determina¸c˜ao do custo de energia produzida pelas duas tecnologias . . . 100

I.1 Cen´ario 1- Parˆametros de desempenho na vida ´util do projeto . . . 133

I.2 Cen´ario 2- Parˆametros de desempenho na vida ´util do projeto . . . 134

I.3 Cen´ario 3- Parˆametros de desempenho na vida ´util do projeto . . . 135

I.4 Cen´ario 4- Parˆametros de desempenho na vida ´util do projeto . . . 136

J.1 Ciclo hor´ario de tarifas no per´ıodo do ver˜ao (ERSE, 2018). . . 137

J.2 Ciclo hor´ario de tarifas no per´ıodo de inverno (ERSE, 2018). . . 138

K.1 Cen´ario 1- Registos da atividade financeira na vida ´util do projeto . . . 142

K.2 Cen´ario 2- Registos da atividade financeira na vida ´util do projeto . . . 143

K.3 Cen´ario 3- Registos da atividade financeira na vida ´util do projeto . . . 144

K.4 Cen´ario 4- Registos da atividade financeira na vida ´util do projeto . . . 145

L.1 Determina¸c˜ao dos indicadores de an´alises de investimento tendo em conta a altera¸c˜ao da ta . . . 147

(19)

S´ımbolos e Abreviaturas

S´ımbolo Descri¸c˜ao Unidades

A Area do m´´ odulo fotovoltaico [m2]

Aext,c Area exterior do condensador´ [m2]

ai Fator de idealidade modificado de um d´ıodo [-]

Am Area da membrana´ [m2]

B Fator da equa¸c˜ao do tempo [rad] Ca Concentra¸c˜ao da ´agua de alimenta¸c˜ao [kg/m3]

Cb Capacidade nominal de cada bateria [kWh, J]

CM Capacidade de armazenamento do banco de

ba-terias

[kWh, MWh, J]

Cm´ax Capacidade calor´ıfica m´axima [W/K]

Cmin Capacidade calor´ıfica m´ınima [W/K]

Cp Concentra¸c˜ao da ´agua dessalinizada [kg/m3]

cpar Calor espec´ıfico do ar [J/(kgK)]

cpsw Calor espec´ıfico da ´agua do mar [J/(kgK)]

cpsw,p Calor espec´ıfico da ´agua do mar em

profundi-dade

[J/(kgK)]

cpw Calor espec´ıfico da ´agua pura [J/(kgK)]

Cr Concentra¸c˜ao da ´agua de rejei¸c˜ao [kg/m3]

d N´umero de dias a partir de 1 de janeiro [-]

D Dura¸c˜ao diurna [h, s]

De Diˆametro exterior da tubagem [m]

Di Diˆametro interior da tubagem [m]

e Espessura dos tubos [m]

ECA Produ¸c˜ao anual de energia em corrente

alter-nada

[kWh, MWh, J]

Ecc Energia libertada pela c´elula de combust´ıvel [kWh/kgH2, J/kgH2]

Ef eg Energia anual retirada da rede [kWh, MWh, J] ¯

Ef eg Energia m´edia di´aria anual retirada da rede [kWh, MWh, J] Eocs Energia anual para auto-alimenta¸c˜ao [kWh, MWh, J] Epcs Consumo anual de energia el´etrica [kWh, MWh, J]

(20)

ET Equa¸c˜ao do tempo [min, s]

Eteg Energia anual injetada na rede [kWh, MWh, J] Execmax Excedente m´aximo de energia registado num ano [kWh, MWh, J]

˙

Exelet Exergia el´etrica [kW, W]

˙

Exsol Exergia da radia¸c˜ao solar [kW, W]

f Fator de atrito de Darcy [-] F Mj Fluxo monet´ario do ano j [e]

F Ma,j Fluxo monet´ario acumulado do ano j [e]

g Acelera¸c˜ao grav´ıtica [m2/s] Gd Gases dissolvidos na ´agua do mar [kg/kgH2O]

Gdif,H Radia¸c˜ao difusa numa superf´ıcie horizontal [W/m2]

Gdif,β Radia¸c˜ao difusa numa superf´ıcie inclinada [W/m2]

Gdir,H Radia¸c˜ao direta numa superf´ıcie horizontal [W/m2]

Gdir,β Radia¸c˜ao direta numa superf´ıcie inclinada [W/m2]

Gref,H Radia¸c˜ao refletida numa superf´ıcie horizontal [W/m2]

Gref,β Radia¸c˜ao refletida numa superf´ıcie inclinada [W/m2]

GT Radia¸c˜ao global numa superf´ıcie inclinada [W/m2]

G0 Radia¸c˜ao que chega ao limite da atmosfera [W/m2]

h Entalpia [kJ/kg, J/kg]

H Altura manom´etrica [m]

¯

hconv Coeficiente de convec¸c˜ao m´edio [W/(m2K)]

he Coeficiente de convec¸c˜ao exterior [W/(m2K)]

hf g Calor latente de vaporiza¸c˜ao [W/(m2K)]

h0f g Calor latente de vaporiza¸c˜ao corrigido [W/(m2K)] hi Coeficiente de convec¸c˜ao interior [W/(m2K)]

Hpc Altura do permutador de calor [m]

HSP Horas de sol pleno [h]

i Angulo de incidˆˆ encia dos raios solares [o] I Intensidade de corrente [A] Ij Investimento no ano j [e]

Imax,IN V Corrente m´axima no inversor [A]

Imin,RC Corrente m´ınima do regulador de carga [A]

ISC Corrente de curto-circuito [A]

Jp Fluxo de permeado [l/(m2h), m3/(m2s)]

k Constante de Boltzmann [J/K] kl Condutibilidade t´ermica da ´agua l´ıquida [W/(mK)]

ksw Condutibilidade t´ermica da ´agua do mar [W/(mK)]

ksw,p Condutibilidade t´ermica da ´agua do mar em

pro-fundidade

[W/(mK)]

ktubo Condutibilidade t´ermica do tubo [W/(mK)]

(21)

S´IMBOLOS E ABREVIATURAS

Lcond Comprimento dos tubos por passagem do

con-densador

[m]

Leq Comprimento equivalente das perdas localizadas [m]

Lp Permeabilidade da membrana [l/(hm2bar), m3/(sm2Pa)]

Lpc Comprimento do permutador de calor [m]

Lr Comprimento real em linha da tubagem [m]

Lt Comprimento total da tubagem [m]

Ltotal Distanciamento entre fileiras de m´odulos [m]

˙

m Caudal m´assico [kg/s]

˙

mcond Caudal m´assico de condensado [kg/s]

˙

mf Caudal m´assico de ´agua fria [kg/s]

˙

mf,tubo Caudal m´assico de ´agua fria em cada tubo do

condensador

[kg/s]

˙

mp Caudal m´assico de ´agua pot´avel [kg/s]

M Massa molar do hidrog´enio molecular [kg/kmol, kg/mol] n Fator de idealidade de um d´ıodo [-]

naut N´umero de dias de autonomia [-]

Nbat N´umero de baterias [-]

Nc N´umero de colunas do condensador [-]

Nf N´umero de filas do condensador [-]

Nf ileiras,p N´umero m´aximo de fileiras em paralelo [-]

nmax N´umero m´aximo de m´odulos por fileira [-]

nmin N´umero m´ınimo de m´odulos por fileira [-]

Ns N´umero de c´elulas em s´erie [-]

N T U N´umero de unidades de transferˆencia [-]

Ntubos N´umero total de tubos do condensador [-]

N uD N´umero de Nusselt [-]

P Press˜ao [Pa]

P CI Poder calor´ıfico inferior [kJ/g, J/kg] P CS Poder calor´ıfico superior [kJ/g, J/kg]

Pmax,IN V Potˆencia m´axima debitada pelo inversor [W]

P R R´acio de desempenho do sistema fotovoltaico [%] Psat Press˜ao de satura¸c˜ao [Pa]

q Carga de um eletr˜ao [C] Q Caudal vol´umico [m3/s]

˙

Q Potˆencia calor´ıfica incidente no tanque [W] Qa Caudal vol´umico de alimenta¸c˜ao [m3/s]

Qp Caudal vol´umico de permeado [m3/s]

Qrecup Caudal vol´umico recuperado [m3/s]

R Constante do g´as hidrog´enio [kJ/(kgK), J/(kgK)] re Raio exterior da tubagem [m]

(22)

ReD N´umero de Reynolds [-]

ri Raio interior da tubagem [m]

Rm Constante Universal dos gases [J/(kmolK), J/(molK)]

Rs Resistˆencia em s´erie no modelo equivalente de 1

d´ıodo

[Ω]

Rsh Resistˆencia em paralelo no modelo equivalente

de 1 d´ıodo

[Ω]

Rsuj,ext Resistˆencia t´ermica do sujamento exterior [(m2K)/W]

Rsuj,int Resistˆencia t´ermica do sujamento interior [(m2K)/W]

Rt,c Resistˆencia t´ermica de condu¸c˜ao do tubo [(m2K)/W]

SL Espa¸camento entre colunas do permutador [m]

Sp Salinidade da ´agua do mar [g/kgH2O, kg/kgH2O]

ST Espa¸camento entre filas do permutador [m]

ta Taxa de atualiza¸c˜ao [%]

Tamb Temperatura ambiente [oC, K]

Tc´eu Temperatura efetiva do c´eu [oC, K]

te Taxa de aumento anual de energia [%]

Tf,sai Temperatura de sa´ıda da ´agua do mar dos tubos

do condensador

[oC, K]

TH2 Temperatura do hidrog´enio [ oC, K]

ti Taxa de infla¸c˜ao [%]

T IR Taxa interna de rentabilidade [%] T R Taxa de recupera¸c˜ao do permeado [%] TRej Taxa de rejei¸c˜ao dos sais da membrana [%]

Ts Temperatura da superf´ıcie do tubo [oC, K]

Tsat Temperatura de satura¸c˜ao [oC, K]

TSol Temperatura aparente do Sol [oC, K]

Tsup Temperatura da superf´ıcie do tanque [oC, K]

Tsw Temperatura da ´agua do mar [oC, K]

Tsw,p Temperatura da ´agua do mar em profundidade [oC, K]

Tvapor Temperatura do vapor no condensador [oC, K]

v Velocidade de escoamento [m/s]

V Tens˜ao el´etrica [V]

V AL Valor atual l´ıquido [e] VOC Tens˜ao de circuito aberto [V]

Vmax,IN V Tens˜ao m´axima no inversor [V]

Vmin,IN V Tens˜ao m´ınima no inversor [V]

VOC(−10 oC)Tens˜ao `a temperatura m´ınima de opera¸c˜ao [V] VM P Tens˜ao `a potˆencia m´axima do m´odulo [V]

VM P P (70 oC)Tens˜ao `a temperatura m´axima de opera¸c˜ao [V]

(23)

S´IMBOLOS E ABREVIATURAS

˙

W Potˆencia el´etrica [kW, W] ˙

Wbomb Potˆencia de bombagem [kW, W]

wc Consumo de energia espec´ıfico na compress˜ao do

hidrog´enio

[kWh/kgH2, J/kgH2]

˙

WCA Potˆencia el´etrica em corrente alternada [kW, W]

˙

WCC Potˆencia el´etrica em corrente cont´ınua [kW, W]

˙

Wcirc Potˆencia da bomba de alta press˜ao [kW, W]

welet Consumo de energia espec´ıfico do eletrolisador [kWh/kgH2, J/kgH2]

˙

Winst Potˆencia fotovoltaica instalada [kWp, MWp, Wp]

˙

Wrec Potˆencia recuperada pela turbina [kW, W]

Xpc Largura do permutador de calor [m]

Yf Rendimento energ´etico espec´ıfico [kWh/kWp, J/Wp]

z Cota de um determinado ponto [m] αt Coeficiente de absor¸c˜ao do tanque [-]

αs Altura solar [o]

β Inclina¸c˜ao do painel fotovoltaico [o] γ Coeficiente de expans˜ao adiab´atica [-]

γs Azimute solar [o]

δs Declina¸c˜ao solar [o]

∆G0 Energia livre de Gibbs [kJ/mol, kWh/kg, J/mol] ∆H Perda de carga em unidade de comprimento [m]

∆H0 Varia¸c˜ao de entalpia para que se dˆe a eletr´olise [kJ/mol, kWh/kg, J/mol] ∆P Queda de press˜ao [bar, Pa]

∆Pexerc Press˜ao exercida pela bomba de alta press˜ao [bar, Pa]

∆S0 Varia¸c˜ao de entropia [kJ/mol, kWh/kg, J/mol] ∆π Press˜ao osm´otica diferencial [bar, Pa]

ε Rugosidade [m]

εt Emissividade do tanque [-]

εpc Eficiˆencia do permutador de calor [%]

ηb Rendimento da bomba [%]

ηc Rendimento do compressor [%]

ηcc Rendimento da c´elula de combust´ıvel [%]

ηelet Rendimento do eletrolisador [%]

ηenerg Rendimento energ´etico [%]

ηexerg Rendimento exerg´etico [%]

ηt Rendimento da turbina [%]

ηv Rendimento do ventilador [%]

λ Longitude [o]

µsw Viscosidade dinˆamica da ´agua do mar [Pa s]

µsw,p Viscosidade dinˆamica da ´agua do mar em

pro-fundidade

(24)

µw Viscosidade dinˆamica da ´agua pura [Pa s]

πa Press˜ao osm´otica da alimenta¸c˜ao [bar, Pa]

πp Press˜ao osm´otica do permeado [bar, Pa]

πr Press˜ao osm´otica do rejeitado [bar, Pa]

ρH2 Massa vol´umica do g´as hidrog´enio [kg/m 3]

ρr Coeficiente de reflex˜ao [-]

ρsw Massa vol´umica da ´agua do mar [kg/m3]

ρsw,p Massa vol´umica da ´agua do mar em

profundi-dade

[kg/m3]

ρw Massa vol´umica da ´agua pura [kg/m3]

σ Constante de Stefan-Boltzmann [W/(m2K4)]

φ Latitude [o]

ω Angulo hor´ˆ ario solar [o]

Abreviaturas

CA Corrente Alternada CC Corrente Cont´ınua DoD Depth of Discharge

EES Engineering Equation Solver

ERSE Entidade Reguladora dos Servi¸cos Energ´eticos FV Fotovoltaico

LCZ Lower Convective Zone

LTTD Low Temperature Thermal Desalination MEA Membrane Eletrode Assembly

MPP Maximum Power Point

MPPT Maximum Power Point Tracker NOCT Nominal Operation Cell Temperature OI Osmose Inversa

OM Opera¸c˜ao e Manuten¸c˜ao SOC State of Charge

STC Standard Test Conditions TL Tempo Legal

(25)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

1.1

Enquadramento

Com o aumento da popula¸c˜ao mundial, desenvolvimento tecnol´ogico e econ´omico assistido nos dias de hoje, o ser humano necessita de mais energia para um n´ıvel de vida melhor, mesmo que haja esfor¸cos para aumentar a eficiˆencia do uso da energia. No entanto, a queima de combust´ıveis f´osseis para esse fim tem causado uma s´erie de problemas ambien-tais ambien-tais como altera¸c˜oes clim´aticas, polui¸c˜ao do ar e chuvas ´acidas (Sampaio & Gonz´alez, 2017). Posto isto, ´e urgente o desenvolvimento de fontes renov´aveis de energia e diver-sidade nas tecnologias energ´eticas, a fim de lidar com os aspetos pol´ıticos, econ´omicos e desafios ambientais envolvidos na gera¸c˜ao de energia.

A energia solar fotovoltaica ´e uma das mais crescentes ind´ustrias em todo o mundo e consiste na obten¸c˜ao de eletricidade atrav´es da convers˜ao da energia solar em c´elulas fotovoltaicas, tendo registado em 2018 um valor de 505 GW de potˆencia instalada a n´ıvel mundial (REN, 2019).

Figura 1.1: Evolu¸c˜ao da potˆencia mundial fotovoltaica instalada (REN, 2019).

Uma das vantagens dos sistemas fotovoltaicos consiste em acelerar o processo de des-centraliza¸c˜ao, especialmente para promover uma mudan¸ca no paradigma da obten¸c˜ao da

(26)

energia, desenvolver a cria¸c˜ao de empregos e o crescimento econ´omico. Al´em disso, o de-senvolvimento da gera¸c˜ao fotovoltaica ´e feito garantindo a ausˆencia de impactos ambientais negativos significativos, particularmente as emiss˜oes de di´oxido de carbono (Nkwetta1 et al., 2010). Para manter esse ritmo de crescimento, novas tecnologias tˆem sido desenvol-vidas no que toca ao consumo energ´etico para fabrica¸c˜ao dos materiais, bem como novos conceitos para aprimorar a eficiˆencia das c´elulas fotovoltaicas (Sampaio & Gonz´alez, 2017).

A radia¸c˜ao solar incidente no territ´orio angolano ´e elevada e constante ao longo de praticamente todo o ano, assim como em praticamente todo o continente africano. Neste pa´ıs ´e, portanto, poss´ıvel verificar a convergˆencia de v´arios fatores fundamentais para o sucesso de aproveitamentos de energia solar, como a elevada radia¸c˜ao solar incidente, temperatura ambiente sem grandes flutua¸c˜oes, velocidade n˜ao muito elevada do vento nas regi˜oes costeiras, bem como a existˆencia de terrenos livres para a poss´ıvel instala¸c˜ao destes sistemas. O pa´ıs disp˜oe de um n´umero m´edio anual de horas de sol entre 5 800 a 6 300 horas, no seu territ´orio. Pode comparar-se este valor a Portugal, um pa´ıs que tamb´em disp˜oe de boas condi¸c˜oes de radia¸c˜ao solar, pelo facto de possuir aproximadamente 2 200 a 3 000 horas de sol por ano no seu territ´orio nacional continental (Dombaxe, 2011).

Angola assume-se como um dos principais produtores de petr´oleo no continente afri-cano, no entanto a eletricidade ´e largamente fornecida pela energia h´ıdrica (Abubakar et al., 2016). Com vista a aumentar a cota das fontes renov´aveis de energia no combinado energ´etico do pa´ıs, o Minist´erio da ´Agua e da Energia prop˜oe at´e 2025 um aumento de 4,5 vezes na capacidade de gera¸c˜ao de energia (MEA, 2017). Al´em disso, tamb´em h´a necessidade de iniciativas setoriais privadas e estabilidade necess´aria para o investimento nas fontes renov´aveis de energia (Crist´ov˜ao, 2012), tendo sido aprovada pelo Decreto Pre-sidencial n.o256/11, de 29 de novembro, a Pol´ıtica e a Estrat´egia de Seguran¸ca Energ´etica Nacional, que define as principais orienta¸c˜oes estrat´egias para o setor energ´etico para ser assegurado um abastecimento regular, de qualidade e a custos competitivos para as em-presas e popula¸c˜oes.

A tecnologia mais adequada para aproveitar o recurso solar em Angola ´e a produ¸c˜ao de eletricidade atrav´es de sistemas fotovoltaicos, sendo a tecnologia de mais r´apida instala¸c˜ao (prazos inferiores a 1 ano) e menor custo de manuten¸c˜ao. Atualmente as aplica¸c˜oes exis-tentes baseiam-se maioritariamente na utiliza¸c˜ao de baterias em conjunto com os sistemas fotovoltaicos sendo ainda, no entanto, uma tecnologia muito dispendiosa, justificando-se economicamente apenas para solu¸c˜oes de pequena dimens˜ao descentralizadas e onde o custo de transporte do gas´oleo ´e muito elevado, para fazer face ao fornecimento irregular de eletricidade. A maioria das ind´ustrias tˆem a sua pr´opria produ¸c˜ao de energia, sendo os geradores a gas´oleo muito utilizados em Angola como fonte alternativa de energia j´a que Angola ´e o pa´ıs que mais geradores importa (CESO, 2012). Nos restantes casos, os siste-mas fotovoltaicos sem baterias permitem reduzir a utiliza¸c˜ao de gas´oleo com rentabilidade econ´omica funcionando de forma complementar aos geradores a diesel (Tyilianga, 2017).

A tecnologia fotovoltaica encontra ainda algumas barreiras no seu desenvolvimento tais como, as dificuldades de identificar o esquema financeiro correto para o financiamento de um projeto fotovoltaico, que faz com que os pa´ıses em situa¸c˜ao financeira inst´avel tenham dificuldades em pagar efetivamente o projeto, a falta de qualidade dos equipamentos dada a baixa transparˆencia dos mercados, nomeadamente no continente africano, o que faz com que os pain´eis ou baterias de armazenamento sejam de baixa qualidade, ou o pre¸co da

(27)

1.2. Motiva¸c˜ao e objetivos

tecnologia e as taxas aplicadas que ainda se encontram consideravelmente elevadas para algumas comunidades, fazendo com que os combust´ıveis f´osseis ainda se mantenham como a referˆencia no setor energ´etico. O desenvolvimento da tecnologia fotovoltaica depende da sua competividade com outras formas de produ¸c˜ao de energia (Bruneta et al., 2018).

1.2

Motiva¸

ao e objetivos

Angola, para al´em de um importante patrim´onio natural, possui um vasto e diversificado conjunto de recursos minerais, destacando-se o petr´oleo e diamantes (que situam Angola no grupo dos principais produtores africanos), recursos h´ıdricos (que posicionam o pa´ıs numa situa¸c˜ao privilegiada do ponto de vista do potencial hidroel´ectrico), solo com um potencial muito variado e potencial energ´etico elevado. Por´em, grande parte das riquezas do subsolo angolano est´a ainda por explorar (CESO, 2012).

A grande riqueza em recursos naturais de Angola dever´a ser gerida de acordo com o interesse global da popula¸c˜ao e passar por uma participa¸c˜ao ativa nas negocia¸c˜oes sobre o com´ercio e mercado mundial, retirando partido de um contexto de globaliza¸c˜ao tamb´em no sentido de uma redu¸c˜ao das disparidades internas existentes. S´o assim ser´a poss´ıvel alterar os atuais indicadores de pobreza generalizada que caracterizam o pa´ıs, n˜ao inviabilizando as futuras gera¸c˜oes de promoverem o seu pr´oprio desenvolvimento. A regi˜ao de Benguela conta com uma elevada taxa de analfabetismo, que representa uma limita¸c˜ao objetiva `a obten¸c˜ao de n´ıveis de produtividade mais altos, o que por sua vez impede que os sal´arios assumam a express˜ao indispens´avel `a cria¸c˜ao de um poder de compra regional compat´ıvel com uma redu¸c˜ao significativa da pobreza (CESO, 2012).

O uso de geradores a gas´oleo como fonte alternativa de produ¸c˜ao de energia el´etrica tem impactos negativos no meio ambiente, ou seja, para al´em de serem respons´aveis pela polui¸c˜ao sonora, s˜ao tamb´em fontes importantes de gases de combust˜ao, que consequen-temente afetam prejudicialmente a sa´ude da popula¸c˜ao angolana (CESO, 2012). Estas quest˜oes relacionadas com os geradores, fazem com que se assista a um forte crescimento da procura energ´etica devido `as necessidades de ar-condicionado e sistemas de ventila¸c˜ao, surgindo a inevitabilidade de haverem cada vez mais fontes diversas de fornecimento de energia el´etrica. A gera¸c˜ao dessa energia por via das fontes renov´aveis de energia pode, por isso, reduzir a polui¸c˜ao e a dependˆencia dos combust´ıveis f´osseis.

Na regi˜ao de Benguela, apenas 59 % da popula¸c˜ao tem acesso a ´agua pr´opria para consumo, j´a que as infraestruturas de abastecimento de ´agua n˜ao acompanharam o cresci-mento da popula¸c˜ao e da cidade. Relativamente `a disponibilidade de eletricidade, em 2017 apenas uma pequena parte da popula¸c˜ao (43 %) tem acesso `a energia el´etrica e o servi¸co ´e geralmente pouco regular uma vez que as falhas de energia s˜ao constantes (REN, 2019). Posto isto, melhorar o acesso aos servi¸cos el´etricos ´e primordial para o desenvolvimento de Angola, assim como o acesso a ´agua pot´avel.

A figura 1.2 apresenta as potencialidades fotovoltaicas de Angola, relacionando-se a produ¸c˜ao anual de energia em kWh com a potˆencia total instalada em kWp 1. Denota-se

1

Quantidade m´axima de energia el´etrica que um painel fotovoltaico pode produzir, num determinado instante, atrav´es da capta¸c˜ao e transforma¸c˜ao da energia solar, supondo condi¸c˜oes ideais de funcionamento (Duffie & Beckman, 2013).

(28)

que a regi˜ao de Benguela encontra-se geograficamente localizada numa posi¸c˜ao favor´avel para a implementa¸c˜ao de um sistema solar fotovoltaico para diversas finalidades devido ao elevado potencial demonstrado.

Figura 1.2: Potencial fotovoltaico em Angola (SolarGIS, Mar¸co 2020).

Neste trabalho ´e dimensionado um sistema solar fotovoltaico com uma ´area dispon´ıvel de 10 000 m2, que proporcione uma determinada gera¸c˜ao de energia el´etrica, permitindo um determinado consumo por parte do utilizador, armazenamento de energia para utiliza¸c˜ao nas horas de menor insola¸c˜ao ou em caso de inexistˆencia de consumo e venda de energia el´etrica `a rede. Para averiguar um caso pass´ıvel de utiliza¸c˜ao s˜ao definidos determinados cen´arios sendo efetuados estudos de viabilidade econ´omica, a fim de avaliar as limita¸c˜oes t´ecnicas e econ´omicas das tecnologias.

Tendo em considera¸c˜ao as potencialidades referidas anteriormente do pa´ıs no setor ener-g´etico, estudou-se a possibilidade de implementa¸c˜ao de um sistema de dessaliniza¸c˜ao recor-rendo `a energia solar fotovoltaica como fonte de acionamento a fim de reduzir os problemas de acesso `a ´agua pot´avel, al´em de integrar o excesso de produ¸c˜ao na rede el´etrica. Para al´em disso, com vista a explorar uma das entraves da tecnologia fotovoltaica que con-siste no seu armazenamento, ´e realizado um estudo sobre o armazenamento do excesso da produ¸c˜ao fotovoltaica atrav´es da produ¸c˜ao de hidrog´enio com recurso `a eletr´olise da ´

agua. Esta tecnologia de armazenamento pretende posicionar o hidrog´enio como solu¸c˜ao de armazenamento de energia comparativamente com as tecnologias alternativas.

Em acr´escimo, outro dos objetivos prende-se em comparar os resultados obtidos na an´alise do sistema fotovoltaico com a piscina solar concebida na mesma regi˜ao num estudo pr´evio.

(29)

1.3. Estrutura da disserta¸c˜ao

1.3

Estrutura da disserta¸

ao

O presente trabalho encontra-se dividido em 8 cap´ıtulos, iniciando-se por uma introdu¸c˜ao que contempla o enquadramento deste trabalho assim como a motiva¸c˜ao e os objetivos do mesmo. O Cap´ıtulo 2 apresenta uma revis˜ao bibliogr´afica sobre o recurso solar, que ser´a importante para caracterizar as condi¸c˜oes solares para a execu¸c˜ao do projeto. O Cap´ıtulo 3 foca-se na revis˜ao bibliogr´afica dos sistemas solares fotovoltaicos no que toca ao seu funcionamento, componentes constituintes, armazenamento da energia produzida, entre outros. O Cap´ıtulo 4 remete-se `a implementa¸c˜ao do sistema fotovoltaico contemplando todas as etapas necess´arias para o correto funcionamento do parque, sendo executadas as an´alises devidas para o efeito. O Cap´ıtulo 5 leva a cabo a an´alise realizada `as aplica¸c˜oes da energia el´etrica produzida, desde a produ¸c˜ao de hidrog´enio para a sua utiliza¸c˜ao em c´elulas de combust´ıvel at´e ao pr´e-dimensionamento das duas centrais de dessaliniza¸c˜ao, sendo realizadas an´alises criteriosas que averiguem as implica¸c˜oes e vantagens de cada aplica¸c˜ao em concreto. O Cap´ıtulo 6 apresenta uma avalia¸c˜ao energ´etica ao desempenho do sistema fotovoltaico, tendo em considera¸c˜ao 4 cen´arios distintos de armazenamento de energia el´etrica. Como complemento, ´e efetuado um estudo financeiro para validar poss´ı-veis solu¸c˜oes mais rent´aveis. O Cap´ıtulo 7 apresenta uma an´alise comparativa ao estudo pr´evio efetuado na regi˜ao de Benguela atrav´es da an´alise do desempenho t´ermico de uma piscina solar com os resultados obtidos na presente disserta¸c˜ao atrav´es da implementa¸c˜ao do sistema solar fotovoltaico. Por fim, as conclus˜oes e sugest˜oes para trabalhos futuros provenientes do trabalho efetuado comp˜oem o Cap´ıtulo 8.

(30)
(31)

Cap´ıtulo 2

Recurso Solar

2.1

Geometria Sol/Terra

O conhecimento da posi¸c˜ao relativa entre o Sol e a superf´ıcie terrestre ´e de fundamental importˆancia no c´alculo da radia¸c˜ao solar recebida assim como avaliar na totalidade o recurso solar. Dada a variabilidade que esta apresenta a n´ıvel global, de forma a calcular corretamente a radia¸c˜ao solar incidente em qualquer superf´ıcie, torna-se necess´ario definir a localiza¸c˜ao exata do sol relativamente a essa mesma superf´ıcie (Sen, 2008).

A posi¸c˜ao relativa Sol/Terra pode ser traduzida por um sistema de coordenadas equa-torial hor´ario, sendo o referencial ortogonal constitu´ıdo pelo plano do equador e pelo eixo dos p´olos. As duas coordenadas equatoriais hor´arias s˜ao definidas como declina¸c˜ao solar e ˆangulo hor´ario (Chen, 2011). A declina¸c˜ao solar δs representa o ˆangulo entre a linha

Sol/Terra (atrav´es dos seus centros) e o plano do equador, independente da localiza¸c˜ao. A declina¸c˜ao varia entre -23,45 o e +23,45o, valor correspondente `a inclina¸c˜ao da terra em rela¸c˜ao a um eixo vertical associado `a sua rota¸c˜ao, sendo que nos equin´ocios a declina¸c˜ao assume o valor de 0o, tal como demonstra a figura 2.1.

Figura 2.1: Varia¸c˜ao da declina¸c˜ao ao longo do ano (Twidell & Weir, 2015).

Analiticamente, pode calcular-se a declina¸c˜ao solar atrav´es da equa¸c˜ao 2.1 (Chen, 2011)

δs= 23, 45 sen

 360(284 + d) 365



(2.1)

(32)

Por sua vez, o ˆangulo hor´ario solar ω define-se como o ˆangulo entre o plano meridional do lugar e o c´ırculo hor´ario (plano meridiano solar), ou seja, quando este assume o valor 0 ´e meio-dia em tempo solar verdadeiro, dado pela equa¸c˜ao (Chen, 2011)

ω = 15 (T SV − 12) (2.2)

onde T SV ´e o tempo solar verdadeiro.

Como a velocidade de transla¸c˜ao da Terra n˜ao ´e uniforme, os meios dias solares de 2 dias consecutivos n˜ao se d˜ao no mesmo tempo terrestre. Enquanto o tempo legal TL ´e uniforme, o tempo solar n˜ao ´e, sendo o tempo legal o tempo aceite oficialmente num determinado local (Chen, 2011)

T L = T SV − λ/15 − ET (2.3)

onde λ ´e a longitude de um determinado local e ET a equa¸c˜ao do tempo.

A equa¸c˜ao do tempo ´e dada em minutos (equa¸c˜ao 2.4) e resulta da combina¸c˜ao do efeito da excentricidade da ´orbita terrestre com a inclina¸c˜ao do eixo de rota¸c˜ao da Terra em rela¸c˜ao `a ecl´ıptica, ou seja, a diferen¸ca entre o tempo solar verdadeiro e o tempo solar m´edio, sendo este um sol fict´ıcio que se move ao longo do equador com velocidade angular constante de modo a que os dias solares m´edios sejam iguais entre si (Chen, 2011)

ET = 9, 87 sen(2B) − 7, 53 cos(B) − 1, 5 sen(B) (2.4) onde B = 360(d − 81)/364.

De forma a determinar a radia¸c˜ao e produ¸c˜ao de energia associada a instala¸c˜oes solares numa dada localiza¸c˜ao, ´e necess´ario determinar a posi¸c˜ao exata do Sol em rela¸c˜ao a esse local, representada na figura 2.2. ´E, ent˜ao, conveniente assumir que a Terra se encontra fixa e descrever o movimento aparente do Sol num sistema de coordenadas terrestres e com a sua origem no local de interesse (Galdino & Pinho, 2014). A posi¸c˜ao aparente do Sol pode ser descrita por dois ˆangulos que representam as coordenadas horizontais: a altura solar e o azimute solar. A altura solar αs ´e o ˆangulo formado pela dire¸c˜ao do Sol e o

plano horizontal do lugar. O azimute γs ´e o ˆangulo entre a dire¸c˜ao Sul e a proje¸c˜ao da

linha Sol/Terra sobre a horizontal. Estes podem ser calculados analiticamente atrav´es das equa¸c˜oes 2.5 e 2.6.

αs= sen−1(senδssenφ + cos δs cos φ cos ω) (2.5)

γs= sen−1

 cos δssenω

cos αs



(2.6)

Outros parˆametros relevantes dizem respeito `a latitude φ que representa a distˆancia de um qualquer ponto na Terra em rela¸c˜ao ao equador medida em graus, positiva para norte e negativa para sul. J´a o ˆangulo β representa o ˆangulo de inclina¸c˜ao que o painel fotovoltaico faz com a superf´ıcie horizontal.

(33)

2.2. Radia¸c˜ao solar

Figura 2.2: ˆAngulos que definem a posi¸c˜ao exata do Sol (Mcvoy et al., 2012).

2.2

Radia¸

ao solar

De acordo com medi¸c˜oes efetuadas, a energia do Sol por unidade de tempo por unidade de ´area numa superf´ıcie perpendicular `a dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao da radia¸c˜ao que atinge o limite da atmosfera ´e de 1 353 W/m2, com um erro estimado de 1,5 %, designada por constante solar. Apesar da designa¸c˜ao, esta varia de acordo com a distˆancia do local ao Sol e dependendo dos dias do ano. A radia¸c˜ao que chega ao limite da atmosfera pode ser obtida segundo a equa¸c˜ao 2.7 (Sen, 2008).

G0= 1353  1 + 0, 033 cos360d 365  (2.7)

Tendo em considera¸c˜ao as dimens˜oes do planeta, a energia total que chega `a superf´ıcie terrestre por ano ´e de aproximadamente 5, 46 · 1024 J, o que faz da energia solar a fonte permanente de energia mais abundante do planeta (Chen, 2011). Nem toda a energia da radia¸c˜ao solar na atmosfera chega `a superf´ıcie, uma vez que cerca de 20 % ´e absorvida nas nuvens e mol´eculas do ar e 30 % ´e refletida no espa¸co. Embora nem toda essa energia possa ser aproveitada uma vez que 75 % da superf´ıcie do planeta ´e ´agua, mesmo que seja apenas aproveitada 10% de toda essa energia, 0,1 % dessa fra¸c˜ao poderia alimentar todas as necessidades energ´eticas da Terra (Chen, 2011).

V´arios fatores tais como a latitude, dura¸c˜ao do dia, clima e localiza¸c˜ao geogr´afica s˜ao amplamente respons´aveis por determinar a intensidade do fluxo solar incidente (Kabira et al., 2018).

(34)

2.2.1 Componentes da radia¸c˜ao

A rota¸c˜ao da Terra em torno do seu eixo produz varia¸c˜oes hor´arias nas intensidades de energia num determinado local na superf´ıcie durante o dia e resulta no sombreamento completo durante a noite, sendo que, a presen¸ca da atmosfera e os efeitos clim´aticos asso-ciados atenuam e alteram a natureza do recurso solar. A combina¸c˜ao de reflex˜ao, absor¸c˜ao, refra¸c˜ao e dispers˜ao resulta em n´ıveis de radia¸c˜ao altamente dinˆamicos em qualquer local na Terra. Como resultado da cobertura de nuvens e da dispers˜ao da luz solar, a radia¸c˜ao recebida em qualquer ponto ´e direta, difusa e a refletida no albedo (Sen, 2008).

Existem dois instrumentos comummente utilizados para a medi¸c˜ao da radia¸c˜ao solar, o piran´ometro que mede a radia¸c˜ao global e o pireli´ometro que mede a radia¸c˜ao direta numa superf´ıcie horizontal (Galdino & Pinho, 2014). A radia¸c˜ao direta Gdir,β no plano

do m´odulo fotovoltaico representa todos os raios solares que s˜ao recebidos pelo recetor quando em linha reta com Sol, ou seja, a que incide diretamente na superf´ıcie inclinada, que ´e calculada recorrendo `a equa¸c˜ao 2.8 (Sen, 2008)

Gdir,β = Gdir,H

cos i senαs

(2.8)

onde i ´e o ˆangulo de incidˆencia dos raios solares e Gdir,H´e a radia¸c˜ao direta numa superf´ıcie

horizontal.

A radia¸c˜ao difusa numa superf´ıcie inclinada Gdif,β diz respeito `a luz solar recebida

de forma indireta, ou seja, que ´e proveniente da difra¸c˜ao nas nuvens, nevoeiro, poeiras suspensas na atmosfera, assim como de outros obst´aculos atmosf´ericos, sendo dada pela equa¸c˜ao 2.9 (Sen, 2008).

Gdif,β = Gdif,H

1 + cos β

2 (2.9)

J´a no que diz respeito `a radia¸c˜ao refletida no albedo numa superf´ıcie inclinada Gref,β,

esta refere-se `a radia¸c˜ao que ´e proveniente do solo e com origem na reflex˜ao da radia¸c˜ao incidente nas nuvens e na superf´ıcie terrestre. O termo albedo traduz-se como a raz˜ao entre a radia¸c˜ao refletida e a incidente (Sen, 2008).

Gref,β = ρrGT,H

1 − cos β

2 (2.10)

onde ρr representa o coeficiente de reflex˜ao e GT ,H a radia¸c˜ao global numa superf´ıcie

horizontal.

Assim pode definir-se a radia¸c˜ao global numa superf´ıcie inclinada GT atrav´es do

soma-t´orio dos diferentes tipos de radia¸c˜ao previamente enunciados.

GT = Gdir,β+ Gdif,β+ Gref,β (2.11)

2.2.2 Distribui¸c˜ao da radia¸c˜ao m´edia anual

A verifica¸c˜ao e an´alise da distribui¸c˜ao da radia¸c˜ao m´edia anual de um determinado local ´e uma ferramenta particularmente ´util no desenvolvimento de aplica¸c˜oes e tecnologias de convers˜ao da energia solar em eletricidade. A Austr´alia possui a maior radia¸c˜ao solar por unidade de ´area do planeta. N´ıveis compar´aveis de radia¸c˜ao solar tamb´em foram observados nas ´areas des´erticas do norte e ´Africa Subsariana, sudoeste dos Estados Unidos e regi˜oes da costa do Pac´ıfico na Am´erica do Sul (Kabira et al., 2018).

(35)

2.2. Radia¸c˜ao solar

Figura 2.3: Distribui¸c˜ao da radia¸c˜ao solar m´edia anual no planeta (SolarGIS, Mar¸co 2020).

Pela an´alise da figura 2.3, apesar de se verificar que em ´Africa a radia¸c˜ao solar ´e muito intensa, devido aos problemas econ´omicos e sociais apresentados no Cap´ıtulo 1, a imple-menta¸c˜ao de tecnologias de convers˜ao solar neste continente ´e ainda muito escassa (Bruneta et al., 2018).

Angola, particularmente, tem um elevado potencial de recurso solar, com uma radi-a¸c˜ao solar global em plano horizontal anual m´edia compreendida entre 1 350 e 2 070 kWh/(m2ano), sendo este o maior recurso renov´avel do pa´ıs e o mais uniformemente dis-tribu´ıdo (MEA, 2017). A figura 2.4 ilustra a radia¸c˜ao solar m´edia anual no continente afri-cano, verificando-se valores elevados para grande parte do continente, em especial aten¸c˜ao na regi˜ao sul de Angola.

(36)
(37)

Cap´ıtulo 3

Sistemas Solares Fotovoltaicos

3.1

Tecnologia de convers˜

ao

A energia fotovoltaica diz respeito `a tecnologia que gera energia el´etrica em corrente cont´ı-nua (CC) usando o efeito fotovoltaico. Os fot˜oes provenientes da radia¸c˜ao solar transferem a sua energia para os eletr˜oes presentes nos ´atomos de sil´ıcio que ´e um elemento qu´ımico semicondutor (Galdino & Pinho, 2014). No entanto, uma dispers˜ao arbitr´aria de eletr˜oes n˜ao ´e suficiente para criar uma corrente el´etrica, sendo necess´ario que o movimento seja cont´ınuo e sempre para o mesmo sentido. Dois tipos diferentes de sil´ıcio na mesma c´elula obtˆem este efeito: de um lado, uma estrutura de sil´ıcio com ´atomos com um eletr˜ao a mais (f´osforo) e do outro lado com um eletr˜ao a menos (boro), designado de processo de dopa-gem. Estes causam um fluxo de eletr˜oes entre o f´osforo, composto P, e o boro, composto N, gerando-se um campo el´etrico (Mcvoy et al., 2012).

Os fot˜oes que atingem as c´elulas fotovoltaicas fazem com que alguns dos eletr˜oes que circundam os ´atomos de sil´ıcio se desprendam, sendo que este ser´a encaminhado para outra parte da c´elula onde haja d´efice de eletr˜oes e assim sucessivamente. Ligando as duas camadas externamente, pode-se aproveitar a corrente el´etrica que se forma na passagem dos eletr˜oes de uma camada para outra (Mcvoy et al., 2012). O revestimento anti-reflexo possui uma superf´ıcie porosa que tem o objetivo de maximizar o coeficiente de transmiss˜ao radiativa e o aprisionamento de luz, dificultando o processo de reflex˜ao. A figura 3.1 demonstra a estrutura e funcionamento duma c´elula fotovoltaica.

(38)

3.1.1 Tipos de c´elulas fotovoltaicas

Atualmente existem no mercado in´umeras op¸c˜oes relativamente `a tecnologia das c´elulas fotovoltaicas, que se distinguem pelos materiais que as constituem assim como o seu grau de maturidade. Estas s˜ao divididas em trˆes grandes grupos:

• Primeira gera¸c˜ao: c´elulas fotovoltaicas constitu´ıdas por sil´ıcio, podendo este ser mo-nocristalino ou policristalino e com um grau de maturidade de completa comerciali-za¸c˜ao, representando cerca de 85 % do mercado atual (Sampaio & Gonz´alez, 2017). Existe uma distribui¸c˜ao aproximada de 60 % da capacidade instalada de c´elulas de sil´ıcio policristalino e 40 % de c´elulas de sil´ıcio monocristalino dentro deste grupo de c´elulas (FISES, 2019);

• Segunda gera¸c˜ao: c´elulas baseadas na tecnologia thin film ou filme fino, que podem ser de 2 tipos: sil´ıcio amorfo e sil´ıcio microamorfo (Sampaio & Gonz´alez, 2017). Devido ao facto deste tipo de c´elulas necessitar de uma menor quantidade de material para absorver a mesma quantidade de radia¸c˜ao solar quando comparadas com as c´elulas de primeira gera¸c˜ao (99 % menos material do que as c´elulas cristalinas), este tipo de tecnologia permite produzir c´elulas com um menor custo. Para al´em do menor custo, este tipo de m´odulo ´e mais flex´ıvel e mais leve, o que permite aplica¸c˜oes mais variadas e estruturas de suporte menos robustas. Tˆem tamb´em como grande vantagem o facto do seu desempenho ser praticamente imune a varia¸c˜oes de temperatura. No entanto o seu rendimento ´e menor em compara¸c˜ao com as da primeira gera¸c˜ao (FISES, 2019);

• Terceira gera¸c˜ao: c´elulas fotovoltaicas que se encontram em fase de desenvolvimento precoce. Exemplos deste tipo de tecnologia s˜ao as c´elulas fotovoltaicas orgˆanicas, de concentra¸c˜ao e as c´elulas nano-cristalinas (Sampaio & Gonz´alez, 2017). Apesar disso, s˜ao o tipo de c´elulas que apresentam uma maior evolu¸c˜ao em termos de eficiˆencia nos ´ultimos anos (FISES, 2019).

A figura 3.2 apresenta uma compara¸c˜ao entre os rendimentos das diferentes tecnologias testadas em laborat´orio e, por isso, com condi¸c˜oes ´otimas de funcionamento. Note-se que, quando estas s˜ao agrupadas em m´odulos fotovoltaicos, tˆem uma perda de rendimento.

Figura 3.2: Compara¸c˜ao dos rendimentos te´oricos de convers˜ao das tecnologias (FISES, 2019).

(39)

3.1. Tecnologia de convers˜ao

3.1.2 Modelo equivalente e curvas caracter´ısticas

Uma avalia¸c˜ao da opera¸c˜ao de c´elulas fotovoltaicas e o projeto de sistemas de energia baseados nas mesmas, deve basear-se nas caracter´ısticas el´etricas das c´elulas sob diferentes n´ıveis de radia¸c˜ao e a temperaturas das c´elulas distintas.

No estudo da tecnologia, por norma, representa-se o comportamento de uma c´elula fotovoltaica atrav´es de circuitos el´etricos equivalentes, sendo que o modelo mais utilizado ´e o modelo equivalente de um d´ıodo, de onde ´e poss´ıvel obter a curva caracter´ıstica I-V (corrente-tens˜ao) da c´elula ou do painel em determinadas circunstˆancias (Duffie & Beckman, 2013).

Figura 3.3: Modelo equivalente de 1 d´ıodo (Duffie & Beckman, 2013).

Para uma determinada temperatura e radia¸c˜ao fixa, a curva caracter´ıstica I-V ´e dada por: I = IL− ID− Ish = IL− Io  exp V + IRs ai  − 1  −V + IRs Rsh (3.1)

e a potˆencia ´e dada por

P = IV (3.2)

De um modo ideal, a c´elula poderia ser apenas representada pela fonte de corrente IL

em paralelo com o d´ıodo ideal de jun¸c˜ao P-N, onde IL representa a corrente el´etrica que

´e gerada na c´elula sob a presen¸ca de luz quando a mesma ´e ligada a um condutor externo (Duffie & Beckman, 2013). Na ausˆencia de luz, a c´elula comporta-se como um d´ıodo, n˜ao produzindo qualquer tens˜ao ou corrente. No entanto, dado o comportamento n˜ao ideal da c´elula, acresce-se ao modelo a resistˆencia Rs (resistˆencia em s´erie) representativa

das perdas nos contatos e a resistˆencia Rsh (resistˆencia em paralelo), que representa a

existˆencia de correntes de fuga (Duffie & Beckman, 2013). O parˆametro ai ´e designado

como fator de idealidade modificado dado por ai=nKTcNs/q, onde n representa o fator

de idealidade (igual a 1 em d´ıodos ideais e tipicamente entre 1 e 2 em d´ıodos reais), k a constante de Boltzmann (1,381 · 10-23 J/K), Tc ´e a temperatura da c´elula, Ns o n´umero

de c´elulas em s´erie e q ´e a carga de um eletr˜ao (1,602 · 10-19C) (Duffie & Beckman, 2013).

A figura 3.4 apresenta um exemplo de curva I-V e P-V com os respetivos parˆametros. Estas curvas podem ser representativas quer de c´elulas quer de m´odulos fotovoltaicos.

(40)

Figura 3.4: Curvas t´ıpicas I-V e P-V de uma c´elula fotovoltaica ou m´odulo fotovoltaico (Galdino & Pinho, 2014).

A tens˜ao de circuito aberto VOC correspondente ao ponto da curva I-V onde n˜ao h´a

circula¸c˜ao de corrente el´etrica, ou seja, ´e a m´axima tens˜ao que a c´elula pode produzir. A corrente de curto circuito ISC correspondente ao ponto da curva I-V onde a tens˜ao ´e nula,

sendo a m´axima corrente que circula na c´elula. A corrente e tens˜ao no ponto de m´axima potˆencia, IM P e VM P correspondem ao ponto da curva onde ´e debitada a maior potˆencia

(Chouder et al., 2012).

3.2

odulos fotovoltaicos

Um m´odulo fotovoltaico consiste em c´elulas fotovoltaicas eletricamente conectadas entre si para produzir corrente e tens˜ao suficientes para a aplica¸c˜ao pr´atica de energia, promovendo tamb´em a prote¸c˜ao das c´elulas. O n´umero de c´elulas conectadas num m´odulo, depende da tens˜ao de utiliza¸c˜ao e da corrente el´etrica exigidas pela aplica¸c˜ao a que se destinam, bem como do seu arranjo que pode ser em s´erie e/ou em paralelo (Michaelides, 2012). Geralmente, um m´odulo ´e identificado pela sua potˆencia el´etrica de pico (Wp), sendo que para a definir s˜ao feitos ensaios nas condi¸c˜oes padr˜ao considerando o fluxo de radia¸c˜ao solar de 1 000 W/m2 e temperatura das c´elulas de 25 oC. Os m´odulos, normalmente, contˆem 60, 72 ou 96 c´elulas conectadas em s´erie com o objetivo de minimizar as perdas e aumentar a tens˜ao el´etrica (Galdino & Pinho, 2014).

3.2.1 Fatores que influenciam as caracter´ısticas el´etricas dos m´odulos

Os m´odulos fotovoltaicos s˜ao tipicamente classificados utilizando um ´unico ponto de ope-ra¸c˜ao `as condi¸c˜oes STC (Standard Test Conditions). Contudo, a eficiˆencia dos m´odulos e, portanto, do sistema fotovoltaico, vai depender das temperaturas de opera¸c˜ao dos m´ odu-los, da velocidade do vento, entre outros fatores (Mcvoy et al., 2012). Assim a eficiˆencia efetiva ser´a diferente da eficiˆencia ideal nas condi¸c˜oes de teste. Seguidamente enumeram-se alguns fatores que influenciam as caracter´ısticas el´etricas dos m´odulos.

(41)

3.2. M´odulos fotovoltaicos

• Efeito da radia¸c˜ao solar

Com o aumento da radia¸c˜ao solar representada na figura 3.5 pela letra G, a corrente el´etrica gerada pelo m´odulo aumenta linearmente e a tens˜ao de circuito aberto aumenta de forma logar´ıtmica (Galdino & Pinho, 2014). Pode-se tamb´em concluir que, como a corrente e a tens˜ao aumentam, a potˆencia el´etrica gerada pelo m´odulo fotovoltaico tamb´em ser´a maior.

Figura 3.5: Efeito causado pela radia¸c˜ao solar (Galdino & Pinho, 2014).

• Efeito da temperatura das c´elulas

O desempenho de um m´odulo fotovoltaico ´e altamente afetado pela temperatura opera-tiva das c´elulas, que o constituem que depende de v´arios fatores tais como a temperatura ambiente, a radia¸c˜ao e a velocidade do vento. A temperatura de opera¸c˜ao de um m´odulo fotovoltaico ´e determinada por um balan¸co de energia onde a energia solar que ´e absorvida, ´e convertida parcialmente em energia el´etrica e parcialmente em energia t´ermica, que deve ser dissipada por uma combina¸c˜ao de mecanismos de transferˆencia de calor.

A figura 3.6 deixa evidente que h´a um decr´escimo de tens˜ao importante com o aumento da temperatura da c´elula. A corrente sofre uma eleva¸c˜ao muito pequena que n˜ao compensa a perda de potˆencia causada pela diminui¸c˜ao de tens˜ao. Tal facto faz com que, geralmente, as centrais fotovoltaicas possuam um rendimento de convers˜ao energ´etica mais elevado nos meses de inverno, ao contr´ario de outras tecnologias de aproveitamento solar, tais como os coletores solares t´ermicos (Sen, 2008). O aumento da temperatura ambiente ou da radia¸c˜ao incidente produz um aumento da temperatura do m´odulo e, consequentemente, tende a reduzir a sua eficiˆencia (Mcvoy et al., 2012).

Para representar o efeito da temperatura nas caracter´ısticas dos m´odulos, os fabricantes fornecem coeficientes de temperatura relativamente `a intensidade de corrente e `a tens˜ao el´etrica, sendo estes fun¸c˜ao da tecnologia da c´elula j´a que os m´odulos de sil´ıcio amorfo, apesar de tamb´em sofrerem redu¸c˜ao de desempenho, apresentam uma menor influˆencia da temperatura na potˆencia debitada (Galdino & Pinho, 2014).

(42)

Figura 3.6: Efeito causado pela temperatura das c´elulas (Galdino & Pinho, 2014).

• Temperatura nominal de opera¸c˜ao

As condi¸c˜oes padr˜ao dos ensaios STC n˜ao representam, na grande maioria das aplica¸c˜oes, as condi¸c˜oes operacionais reais. Define-se por isso uma temperatura nominal de opera¸c˜ao das c´elulas nos m´odulos, na qual as caracter´ısticas el´etricas podem-se aproximar mais das caracter´ısticas efetivas verificadas. Cada m´odulo tem uma temperatura nominal para as suas c´elulas que ´e obtida quando o m´odulo ´e exposto a circuito aberto com uma radia¸c˜ao de 800 W/m2 com a temperatura ambiente de 20 oC com uma velocidade do vento de 1 m/s. Esta temperatura ´e muitas vezes designada por NOCT (Nominal Operating Cell Temperature), estando intimamente ligada `as propriedades t´ermicas e ´oticas dos materiais empregues na constru¸c˜ao do m´odulo. Quanto menor o valor de NOCT melhor ser´a o desempenho do m´odulo uma vez que ter´a menos perdas relacionadas com a temperatura.

3.2.2 Tipologias de sistemas fotovoltaicos

Os sistemas fotovoltaicos constitu´ıdos por m´odulos fotovoltaicos podem ser divididos em trˆes categorias principais: sistemas conectados `a rede (on-grid ), sistemas isolados da rede (off-grid ) ou sistemas h´ıbridos (Galdino & Pinho, 2014).

Os sistemas conectados `a rede s˜ao projetados para operarem conectados com a rede el´etrica nacional. Um dos componentes deste tipo de sistemas ´e o inversor que converte a potˆencia em CC produzida pelos m´odulos em CA com caracter´ısticas de tens˜ao e potˆencia exigidas pela rede (Galdino & Pinho, 2014). Uma interface bi-direcional entre a rede de distribui¸c˜ao de eletricidade e o sistema fotovoltaico ´e realizada para permitir que a central possa alimentar as pr´oprias cargas ou fornecer eletricidade `a rede quando a energia gerada ´e maior que o consumo el´etrico. Durante a noite ou em per´ıodos em que a energia gerada ´e menor do que as necessidades energ´eticas ´e importada da rede el´etrica (Olindo et al., 2014). Com vista a reduzir a energia requerida `a rede do consumo residencial, os sistemas fotovoltaicos integrados nos edif´ıcios tˆem tido um crescente desenvolvimento nos ´ultimos anos, sendo que s˜ao dispens´aveis novos espa¸cos para a sua instala¸c˜ao j´a que os m´odulos fazem parte da pr´opria constru¸c˜ao arquitet´onica, reduzindo as perdas de transmiss˜ao e distribui¸c˜ao da energia gerada (Galdino & Pinho, 2014).

(43)

3.3. Sistemas de armazenamento de energia el´etrica

J´a os sistemas isolados da rede s˜ao projetados para operarem de forma independente da rede el´etrica alimentando certas cargas em CC ou em CA. Estes sistemas podem consistir nos m´odulos fotovoltaicos e uma carga, ou ent˜ao podem incluir baterias que permitam o armazenamento da energia produzida (Galdino & Pinho, 2014). No caso de existir ar-mazenamento, ´e normal estarem tamb´em inclu´ıdos controladores de carga que desligam os m´odulos quando as baterias est˜ao completamente carregadas, interrompendo o forne-cimento de energia `as cargas para prevenir que as baterias se descarreguem abaixo de um determinado limite pr´e-definido. As baterias dever˜ao ser respons´aveis por armazenar a energia produzida durante o dia para alimentar as cargas durante a noite ou durante per´ıodos de tempo de produ¸c˜ao fraca (Olindo et al., 2014).

Os sistemas h´ıbridos consistem na combina¸c˜ao de m´odulos fotovoltaicos e um m´etodo de gera¸c˜ao de eletricidade complementar, tal como um gerador a gas´oleo ou um aerogera-dor. Estes sistemas s˜ao mais complexos quando comparados com os sistemas abordados nos par´agrafos anteriores sendo que necessitam de componentes de controlo sofisticados capazes de integrar as v´arias fontes geradoras de energia, de forma a otimizar a opera¸c˜ao para o utilizador (Galdino & Pinho, 2014).

3.3

Sistemas de armazenamento de energia el´

etrica

Atualmente existe um grande n´umero de tecnologias de armazenamento de energia el´ e-trica, sendo que algumas delas encontram-se totalmente estabelecidas e outras ainda em constante desenvolvimento e investiga¸c˜ao (Evans et al., 2012). O funcionamento dos sis-temas de armazenamento consiste em trˆes fases: convers˜ao da energia el´etrica noutras formas de energia, armazenamento das mesmas e consequente reconvers˜ao dessas formas de energia em eletricidade, conforme as necessidades (Evans et al., 2012).

Com base no tipo de energia que armazenam, estas tecnologias podem ser agrupadas em cinco grandes categorias, como se apresenta na figura 3.7 (IEC, 2011). Neste trabalho ser˜ao destacados os sistemas de armazenamento eletroqu´ımicos, nomeadamente baterias, e qu´ımicos com recurso ao hidrog´enio e posterior utiliza¸c˜ao em c´elulas de combust´ıvel.

Figura 3.7: Diferentes tipos de sistemas de armazenamento de energia el´etrica.

3.3.1 Baterias

Uma bateria ´e um conjunto de c´elulas eletroqu´ımicas com a capacidade de armazenar energia el´etrica na forma de energia qu´ımica atrav´es de um processo eletroqu´ımico de oxida¸c˜ao e redu¸c˜ao que ocorre no seu interior. Quando a bateria ´e conectada a uma carga

(44)

el´etrica, o inverso acontece, ou seja, uma corrente cont´ınua ´e produzida pela convers˜ao da energia qu´ımica em energia el´etrica, sendo a convers˜ao da energia qu´ımica em energia el´etrica um processo revers´ıvel (Olindo et al., 2014).

Nos sistemas fotovoltaicos isolados da rede el´etrica, as baterias assumem-se como ne-cess´arias para satisfazer as necessidades por parte do utilizador em per´ıodos cuja gera¸c˜ao de energia ´e nula ou insuficiente. Nos sistemas conectados `a rede tamb´em s˜ao utilizadas baterias de forma a minimizar a liga¸c˜ao `a rede para suplantar as necessidades em per´ıodos de menor insola¸c˜ao, utilizando-se a energia excessiva produzida (Olindo et al., 2014).

As baterias chumbo-´acido s˜ao no mercado das baterias, a tecnologia mais madura e mais utilizada, que apresenta no ˆanodo o metal chumbo e no c´atodo o di´oxido de chumbo, ambos imersos numa solu¸c˜ao aquosa com ´acido sulf´urico. As baterias de i˜oes de l´ıtio utilizam uma tecnologia mais moderna que tem como principais vantagens a maior eficiˆencia, menor peso, maior vida ´util e maior profundidade de descarga quando comparadas com as baterias de chumbo-´acido. N˜ao obstante esses benef´ıcios, ainda n˜ao s˜ao economicamente vi´aveis na maioria dos sistemas fotovoltaicos (Elbaset et al., 2019). Apesar de todas as vantagens associadas `as baterias, estas possuem ainda um per´ıodo de utiliza¸c˜ao curto comparado com a dura¸c˜ao do projeto fotovoltaico (Olindo et al., 2014). A figura 3.8 apresenta o processo revers´ıvel que caracteriza a carga e a descarga das baterias.

(a) Descarregamento (b) Carregamento

Figura 3.8: Processos de descarregamento e carregamento de uma bateria chumbo-´acido (Olindo et al., 2014).

Durante a fase de sele¸c˜ao e dimensionamento das baterias a utilizar, deve ter-se em aten¸c˜ao as seguintes caracter´ısticas:

• Rendimento: rela¸c˜ao entre a energia fornecida na carga e a energia obtida na des-carga. Esta deve contabilizar perdas por auto-descarga, capacidade de resposta, entre outras (Elbaset et al., 2019);

• Profundidade de descarga m´axima: indica a percentagem da capacidade nominal que ´e usada antes de se proceder ao recarregamento da bateria. No entanto, quanto

Imagem

Figura 2.4: Mapa de ´ Africa da radia¸ c˜ ao solar m´ edia anual (Abubakar et al., 2016).
Figura 3.4: Curvas t´ıpicas I-V e P-V de uma c´ elula fotovoltaica ou m´ odulo fotovoltaico (Galdino & Pinho, 2014).
Figura 3.8: Processos de descarregamento e carregamento de uma bateria chumbo-´ acido (Olindo et al., 2014).
Figura 4.3: Varia¸ c˜ ao dos diferentes n´ıveis de radia¸ c˜ ao e dura¸ c˜ ao diurna (VelaSolaris, 2020)
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Referências

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