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negociação com o mercado varejista, foram tomados como referência os custos envolvidos com transporte, armazenagem, estoques, perdas e transação. Destaca-se que é importante entender o impacto desses custos na cadeia de suprimento de hortaliças. A partir desse entendimento, pode-se avaliar a importância de sua gestão sob o foco do conhecimento para potencializar a negociação entre produtores e mercado.

A análise feita por Reis e Porto (2007), a partir de um estudo de caso de uma organização de produtores de hortaliças conseguiu mensurar que os Custos Logísticos estão entre 13% a 32% de suas receitas com vendas líquidas bem acima dos produtores do setor industrial, que correspondem, em média, a 10%, índice mensurado por Ballou (1993).

A pesquisa liderada por Reis e Porto (2007), buscou identificar os principais custos envolvidos na Cadeia de Logística de Hortaliças. Os custos identificados pelos autores foram: custos de transporte, custo de armazenagem, custo de estoque, custo de perdas e custo de transação.

Custos de transporte: o setor olerícola tem como principal modal o transporte rodoviário, usando, na maioria das vezes, camionetes ou caminhões de pequeno porte, com capacidades que variam entre 0,5 a 10 toneladas. O custo logístico com transporte nesse setor representa, em média, 8% da receita com vendas (BALLOU, 1993), sendo o mais alto percentual de toda a cadeia. A Tabela 02 sintetiza os principais parâmetros de custos relacionados com os transportes em uma cadeia de distribuição de hortaliças.

TABELA 02 – Custos com Transporte

Variáveis Unid Fórmula de Cálculo Descrição dos Custos

Custo com transporte pago à Organização de Produtores (CTOp)

R$ Dado

Custo que o produtor paga à Organização de Produtores para transportar os produtos de sua propriedade até o galpão da Organização.

Custo de transporte pago a

terceiros (CTTEp) R$ Dado

Custo pago pelo produtor quando o transporte não é feito nem por ele nem pelo veículo da Organização de Produtores.

Custo do transporte próprio do

produtor (CTPp) R$ Dado

CTPp - custo de transporte assumido exclusivamente pelo produtor. Custo total do transporte do

produtor (CTTp) R$ CTTp = CTOp + CTTEp + CTPp

Representa o custo total do produtor em transporte (custo pago à Organização de Produtores e/ou terceiro e/ou próprio). Total em quilos de produtos

transportados (TPTp) kg Dado

O sistema fará o somatório. A quantidade deve ser informada no sistema separadamente para cada produto.

Custo do Transporte por quilo

(CTKp) R$/kg CTKp = CTTp / TPTp

Custo Total de transporte do produtor pelo total de produtos transportado em quilos.

Custos de armazenagem: de acordo com Reis e Porto (2007), a atividade de armazenagem envolve custos decorrentes do processo físico necessário para manter o produto estocado. Na maioria das vezes, esse custo é arcado pelo operador do depósito ou do armazém, mas a organização de produtores ou mesmo os varejistas poderão repassar esses custos para comercialização de suas mercadorias.

Entende-se por custos de armazenagem os itens relacionados à mão de obra empregada nas operações de recepção e carregamento em galpões, assim como aluguel e seguro de prédios, quando for o caso. Para as propriedades de produtores, esses custos são, na maioria das vezes, inexistentes. A Tabela 03 sintetiza os itens que compõem os custos de armazenagem (REIS; PORTO, 2007).

TABELA 03 – Custos com armazenagem

Variáveis Unid Fórmula de Cálculo Descrição dos Custos

Custo da Mão-de-obra

utilizada no Galpão (CMO) R$ Dado

Salários e encargos de pessoal do Galpão

Custo de Aluguel de Armazém

(CAA) R$ Dado

Valor pago pelo aluguel de galpões e/ou outras áreas de armazenagem

Custo de Manutenção de

Armazém (CMA) R$ CMA = (MP + MM)/12

Manutencao Predial (MP), Manutencão de Móveis (MM) , considerar 2% do valor do móvel a.a.

Custos com Seguro (CSE) R$ Dado Dividir por 12 o valor anual pago em taxas de seguro

Aluguel de Equipamentos

(ALEQ) R$ Dado

Valor referente a aluguel de equipamentos de uso no armazém Valor de compra de

equipamentos de

movimentação e conservação (VCM)

R$ Dado Valor de compra de cada um dos

equipamentos

Valor de sucata do

equipamento (VSC) R$ Dado

Valor avaliado para o equipamento no final da sua vida útil

Vida útil de equipamentos de movimentação e conservação (VUE)

ano Dado Tempo médio de vida útil de cada

equipamento Depreciação dos equipamentos de movimentação e conservação (DEQ) - DEQ= ( VCM - VSC)/12

VUE Custo de preciação por mês de equipa

Custo Total de Armazenagem

(CTA) R$

Quantidade de produtos armazenado e movimentado ( QA)

kg Dado

Quantidade máxima que viabiliza a armazenagem e movimentação de produtos (recebimento, classificação, padronização, consolidação e expedição) Custo Total de Armazenagem/kg armazenado e movimentado (CTK) R$/kg

CTA = DEQ + CMO + CAA + CMA + CSE + ALEQ

CTK = CTA / QA

Fonte: Reis e Porto (2007, p.118)

Na Tabela 03, o item utilizado para análise é o custo de armazenagem por quilograma armazenado. O valor ótimo desse custo não é o seu valor mínimo, mas aquele combinado com os outros que minimizam o custo total do sistema logístico.

Custos de estoques: referem-se aos valores dos estoques de insumos, produtos e embalagens existentes em galpões, em armazéns e/ou nos clientes. São medidos,

principalmente, para serem usados no cálculo dos custos de oportunidade.

Na análise feita por Reis e Porto (2007), em uma cadeia de distribuição de organização de produtores foi constatado que os custos de estoques são significativos no setor hortifrutícola, representando de 25% a 40% dos custos totais com logística, ou 6% se calculados sobre os custos de vendas.

Ainda para Reis e Porto (2007), os custos com estoque na Tabela 04, são comuns apenas à organização de produtores e aos varejistas. Os produtores geralmente não estocam produtos. A Tabela 4 sintetiza os itens que compõem esses custos.

TABELA 04 – Custo de estoque

Variáveis Unid Fórmula de Cálculo Descrição dos Custos

Quantidade de produtos em

estoque (QPE) kg Dado

Total em quilos de cada produto no estoque da Organização de produtores. A quantidade deve ser informada

separadamente para cada produto, pois o sistema fará o somatório de todos os produtos.

Preço médio de venda dos

produtos em estoque (PV) R$ Dado

Informar o preço médio de cada tipo de produto no estoque da Organização. Custo Total de Produtos em

Estoque (CTPE) R$ CTPE = QPE . PV

Somatório da quantidade de mercadorias em estoque valorizadas em R$.

Taxa de juros de poupança Dado Taxa de juros de poupança ao mês Custo de oportunidade dos

produtos em estoque (COP) R$ COP = QPE . PV . J

Custo total de produtos em estoque capitalizados a juros de poupança ( J ) a.m.

Custo de oportunidade do

estoque ( CTPEO) R$ Quantidade de embalagem

em estoque (QEE) kg Dado

Somatório em Kg. de todos os tipos de embalagem no estoque da Organização. Preço médio das embalagens

(PE) R$ Dado

Preço médio do quilo de cada tipo de embalagem no estoque da Organização. Custo total de embalagens

em estoque (CTEE) R$ CTEE = QEE . PE

Somatório da quantidade de embalagens em estoque valorizadas em R$.

Custo de oportunidade de embalagens em estoque

(COE)

R$ Custo total d oportunidade para embalagens (CTEMO) R$

Custo total de Estoque (CTE) R$ Custo Total de Oportunidade

(CTO) R$

Custo total de Estoque por

quilo (CTEK) R$/kg

COE = CTEE . J

CTEMO= CTEE+ COE CTE = CTP + CTEE CTO = COP + COE

CTEK = CTEPEO/QPEo + CTEMO/QEE CTPEO= CTP + COP

Custos de perdas: são todos aqueles custos relacionados a perdas de produtos e embalagens, na propriedade, na organização de produtores ou nos clientes, que são arcados (pelos produtores) ou pela organização de produtores.

O mercado de hortifrutícolas, além de ser altamente competitivo, apresenta um alto índice de perdas de produtos. Segundo Papaléo (2003), calcula-se que 35% da produção agrícola no Brasil sejam desperdiçadas nas etapas que se seguem da colheita à comercialização.

Entre os principais fatores de perdas pós-colheita, destacam-se: o processo inadequado de colheita; o processo inadequado de transporte; o uso de embalagens impróprias; a falta de cuidados no manuseio e acondicionamento; a falta de amadurecimento controlado; a não utilização da cadeia do frio para a armazenagem; e o tempo de comercialização (atacado e varejo).

Os custos com perdas em cada segmento – produtores, organização de produtores e varejistas – são mostrados na Tabela 05, sendo comum a todos os segmentos. Nessa tabela, são computadas as quantidades, os preços dos produtos e das embalagens desperdiçadas por danos. O cálculo para avaliação desses custos é obtido pela soma das perdas.

TABELA 05 – Custo de perdas

Variáveis Unid Fórmula de Cálculo Descrição dos Custos

Quantidade de perda de

produtos (QPP) Kg Dado

informar a quantidade em kg de cada produto nãoa ceito para

comercialização considerado como perda

Preço médio dos produtos ao

produtor (PP) R$/Kg Dado

Informaro preço médio por kg dos produtos entregue à Organização Perda total de produtos do

produtor (PTP) R$ PTP = QPP . PP

Perda total de produtos valorizada em R$

Quantidade de perda de

embalagens (QPE) Kg Dado

Somatório em quilos de todas as embalagens perdidas ou inutilizadas pelo produtor

Preço médio da embalagem

(PEMB) R$ Dado

Informar o preço médio do quilo de cada embalagem

Perda Total de Embalagens

(PTE) R$ PTE = QPE . PEMB

Perda total de embalagens valorizada em R$

Perda Total (PT) R$ PT = PTP + PTE Perda total de produtos e embalagem em R$

Fonte: Reis e Porto (2007, página, 124)

Custos de transação: os custos de transação são difíceis de precificar, correspondendo principalmente às incertezas existentes quanto às possibilidades de comportamento

oportunista e não atendimento de padrões pré-acordados (RAUEN, 2007). São aqueles gastos que não se expressam nos preços acordados entre os produtores e seus clientes e fornecedores. São custos relacionados à elaboração de contratos, registro de operações, prestação de contas ao fisco e seguro contratual, entre outros.

Os custos de transação estão presentes em toda cadeia e compõem as despesas ligadas ao apoio aos processos em cada etapa da cadeia. Englobam as despesas com pessoal administrativo (gerentes, secretária, ajudantes e outros), com materiais de escritórios e algumas despesas estruturais (luz, água, telefone e outros).

Na Tabela 06 foram contabilizadas as principais despesas relacionadas a tais atividades. A administração operacional refere-se às atividades diárias que o gerente ou gestor da organização e seus funcionários executam para garantir que o fluxo de produto siga no canal de distribuição até o cliente. Desempenham atividades de recolhimento de produtos, de estoques armazenados, de carregamento em caminhões de entrega, de embalagem de produtos para carregamento, de manutenção de registros dos níveis de estoque, de preparação de pedidos para repor estoque e de processamento de pedidos, entre outros.

O processamento de pedido refere-se às atividades envolvidas na coleta, verificação e transmissão de informação de vendas realizadas segundo Ballou ( 1993). Os pedidos no setor hortifrutícola, normalmente, ocorrem via telefone a partir dos clientes, dos vendedores, dos varejistas nas centrais de distribuição e diretamente da organização dos produtores.

TABELA 06 – Custos de Transação

Variáveis Unid Fórmula de Cálculo Descrição

Custo de Mão-de-Obra

de Apoio (CMOA) R$ Dado

Custo total pago ao pessoal das atividades de apoio relacionado com as atividades de venda (pedido, recebimento, emissão de nota, etc)

Material de Escritório

(ME) R$ Dado

Somatório dos custos relativos a material consumido no escritório do produtor durante o mês em questão

Luz, telefone e água

(LTA) R$ Dado

Somatório dos custos relativos a luz, telefone e água no escritório do produtor durante o mês em questão.

Combustível (COMB) R$ Dado

Custos relativos ao consumo de combustível pelo produtor em atividades comerciais (fora

distribuição e coleta) durante o mês em questão

Gerente de Vendas (GV) R$ Dado Salário e encargos do Gerente de

Vendas do produtor, quando houver.

Repositor (REP) R$ Dado Salário e encargos dos repositores

Caixas (CX) R$ Dado Salário e encargos dos operadores

de caixa

Custo de Gôndola (CG) R$ Dado Custo das embalagens utilizadas

exclusivamente para as gôndolas. Custo Total de

Transação (CTST) CTST = CMOA + ME + LTA + COMB + GV + REP + CX + CG

Fonte: Reis e Porto (2007, p. 125)

Em uma cadeia de produtos perecíveis, esses custos também estão relacionados com os processos logísticos que impactam o tempo de movimentação dos produtos na cadeia logística, entre os quais: a) a demora na devolução das embalagens retornáveis aos fornecedores e b) o tempo na fila para descarga. Nesses processos, impactam diretamente os custos de transporte e de mão de obra.

Um outra abordagem de mensuração de custos logísticos é defendida por Stock e Lambert (2001), afirmando que os custos logísticos podem ser mensurados a partir das seguintes abordagens:

inerentes a todos os componentes relacionados com o marketing do produto: produto, preço, promoção e o mercado, em que o mercado está relacionado com serviço ao cliente, envolvendo todos os processos logísticos, desde a produção até a chegada ao cliente. Para os autores, existem quatro razões para relacionar os custos logísticos com a satisfação do cliente:

a) Garantir a fidelidade e compras repetitivas;

b) O custo de atrair novo cliente é até cinco vezes mais caro do que manter o velho cliente;

c) Clientes insatisfeitos tendem a compartilhar sua insatisfação com outros clientes. ; e

d) É mais fácil incrementar as vendas com os clientes já existentes do que com os novos clientes.

– Valor agregado ao cliente: assim como a satisfação do cliente, esse método também foca a satisfação do cliente, mensurando o valor para o cliente final, mas também para todas as etapas do negócio, considerando os atributos dos produtos e dos serviços, custos de transação, o ciclo de vida do produto e o risco. A partir desses atributos, avaliam-se os benefícios, custos e analisa-se qual é o valor esperado pelo cliente.

– Análise do custo total: essa abordagem busca formas de minimizar os custos relacionados com os custos totais logísticos, tais como: transporte, armazenagem, estoque, processamento de pedido e sistema de informação relacionados com a produção e venda.

Em síntese, a apropriação dos custos logísticos pode ser realizada considerando os custos diretamente relacionados com a movimentação dos produtos, mas também os custos com a qualidade da operação logística e o valor agregado para os clientes.

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