• Nenhum resultado encontrado

4 PROPOSTA DE APLICAÇÃO À HABITAÇÃO SOCIAL

4.5 Custos

Os custos são um factor muito importante para a escolha da solução construtiva. Existem alguns factores que determinam o seu valor e como tal é necessário compreender a distinção entre custos directos e indirectos numa obra.

Os custos directos são aqueles associados especificamente a um determinado material ou serviço, sendo possível conhecer o seu o destino final e são afectados de um modo directo e imediatos na fabricação de outros produtos. Pode dar-se como exemplos os custos da matéria-prima e da mão- de-obra presente no local da obra.

Os custos indirectos são os custos originados por vários produtos ou serviços que não estão directamente associados aquela tarefa mas são importantes para a sua concretização. Como tal, é necessário repartir estes custos de modo a que possa ser imputada uma percentagem a cada obra. Geralmente considera-se como custo indirecto os associados a aprovisionamento (renda, iluminação), os encargas gerais de fabrico (rendas, amortização do edifício e equipamentos, etc.) [62]

A orçamentação em estruturas metálicas é uma etapa essencial e como tal é importante definir metodologias que permitam estimar custos com o rigor necessário. Apresentam-se dois tipos de procedimentos para a orçamentação:

 Custo por unidade de área de área de implantação/construção: engloba o custo da estrutura metálica e dos revestimentos. É necessária a definição do tipo de aplicação (residencial, escritório, comercial, industrial, etc.) bem como a diferenciação geográfica em função do local da obra. O valor estimado para o custo por unidade de área depende da experiencia do projectista o que pode conduzir a uma quantificação imprecisa.  Custo por unidade de medida: é necessário o estudo prévio e a definição dos

elementos estruturais. Este procedimento é bastante preciso e permite prever todos os custos afectos ao preço de venda e o peso de cada material no custo global. Divide-se o orçamento em duas especialidades:

1. Estrutura metálica, apresentada em €/Kg; 2. Revestimentos, apresentados em €/m2.

Devido a sua fiabilidade deve usar-se o segundo método descrito sendo o custo final dado pelo somatório do produto das quantidades Qi e pelo respectivo custo unitário, Ci

unit

de acordo com a expressão:

69

∑ ) ( 4.1 )

O custo unitário de venda é obtido através da expressão:

( 4.2 )

Em que:

– Custo unitário da matéria-prima (com desperdício, em €/Kg)

– Custo unitário de fabrico (em €/hora e ton/hora) – Custo unitário de pintura (em €/m2)

– Custo unitário de montagem (em €/hora)

– Custo unitário de preparação/projecto (em €/hora)

– Custo unitário de transportes (em €/Kg)

– Custo unitário dos acessórios (em €/un)

– Custo unitário dos meios de elevação (em €/dia/máquina)

– Custo unitário de garantias (em percentagem) Enc – Custo unitário dos encargos (em percentagem) Lucro – Custo unitário de lucro (em percentagem)

Estes valores podem ser divididos em custos unitários directos, Cdir e os custos unitários

transformados Ctrans. Estes últimos são calculados através de um valor global para o custo da

actividade e posteriormente transformados em custo por kg de aço produzido e apresentados sob a forma de percentagem. O custo da matéria-prima, de fabrico e de pintura são considerados custos directos e o custo de montagem e restantes são considerados custos transformados.

O custo da matéria-prima é corrigido através da adição do custo dos desperdícios e do custo das chapas de ligação, deste modo integra-se este acessório no custo total da matéria-prima. O custo dos desperdícios é estimado em 5%.

O custo de fabrico depende do número de horas de produção das estruturas (h/ton) e também do custo por hora contabilizando não só os custos directos (salários e consumíveis) bem como os indirectos (aluguer da fabrica, amortizações, etc.) apresentado em €/h. Como referencia, em Portugal, em estruturas porticadas gasta-se, em média, 16,5€/h despendendo-se 14h/ton.

O custo da pintura é apresentado por área e depende do esquema de pintura a aplicar na estrutura, sendo apresentado em €/kg pintado, sendo que o custo associado é de cerca de 8€/m2

. O custo de montagem depende do número de dias e de trabalhadores necessários para montar a estrutura. Tomando como exemplo uma equipa com um serralheiro chefe e três ajudantes considera-se um custo por hora de 22€/hora para o chefe da equipa e 11€/h para os serralheiros ajudantes.

70

O custo de projecto e pormenorização para o fabrico é calculado estimando o número de dias que são necessários para o desenvolvimento de todos os cálculos e detalhes. Admite-se que um engenheiro tenha uma produtividade na ordem das 30 a 50ton/semana para este tipo de obras.

O custo do transporte relacionasse com o número de viagens necessárias e com a distância da fábrica à obra. Devido ao aumento do custo dos combustíveis este valor tem sofrido grandes variações. O custo dos acessórios obtém-se pela medição de chumbadouros, parafusos, tirantes e esticadores. Este valor é bastante influenciado pela protecção anticorrosiva, necessária neste género de obras.

Os custos dos meios de elevação dependem directamente da complexidade dos elementos a montar e do tempo necessário. Deste modo, tal como já foi referido, pode usar-se um equipamento “multifunções” para posicionar os elementos estruturais e uma plataforma elevatória para aplicar os acessórios. Para além do custo do aluguer dos equipamentos por dia é necessário adicionar o custo da sua mobilização e desmobilização, operação que conta com o auxílio de um veículo pesado com reboque.

O custo das garantias bancárias é calculado tendo por base a percentagem que o cliente refere ser necessária para salvaguardar depois da obra executada e o número de anos da garantia. O valor de referência é 5% do valor da obra durante 5anos. O seu custo é aproximadamente 1% do valor a garantir, adicionado do imposto de selo (0,6%) e as comissões de abertura (cerca de 50€).

Os encargos caracterizam-se por um valor estimado que contempla o espaço temporal entre o pagamento aos fornecedores e o valor recebido do cliente.

Para além destes custos é necessário referir os encargos com o estaleiro, transporte de contentores, geradores, custo de soldadores em obra, engenheiros que devem ser adicionados utilizando o princípio referido da diluição destes valores num custo por kg.

Relativamente à distribuição dos custos é possível constatar que o custo da matéria-prima representa em média 46%, aumentando consoante o comprimento do vão, a pintura tem um peso médio de 18%, tanto o fabrico como a montagem têm associado um custo aproximado de 15% do valor total e o valor do transporte representa cerca de 6%.

Pode agrupar-se a totalidade dos custos em quatro grandes grupos, tais como:

 Custo da Matéria-Prima: inclui perfis, chapas, elementos de revestimento, parafusos;  Custo de Fabrico: associados a corte, armação, soldadura, pintura e transporte dos

elementos que vão ser montados na obra;

 Custo de Montagem: inclui meios de elevação, custos com pessoal associado a montagem e custos do estaleiro;

 Outros Custos: relativo a custos de projecto, detalhe, garantia bancária, encargos e lucro. [33]

71

Ao longo dos anos realizaram-se alguns estudos de modo a demonstrar a variação destes custos. É necessário reter que o custo da estrutura é extremamente influenciado não só pelo tipo de perfis, como pela fábrica que os produz. A variação destes custos nos últimos anos demonstra-se na figura:

Figura 4.5 - Variação dos custos de construção metálica [63]

As conclusões que se podem tirar do gráfico são relativas ao decréscimo do custo da matéria- prima, o que se justifica pelo aumento da concorrência e eficácia na produção dos perfis e chapas. Nos últimos anos tem existido um aumento gradual no custo da matéria-prima que se justifica pelo aumento do custo da energia. Para além disso pode observar-se que o custo de fabrico tem subido ligeiramente por influência do aumento do custo por hora de transformação.

Os custos de montagem têm aumentado significativamente devido ao aumento dos níveis de segurança e à obrigatoriedade de especialização. O grupo “Outros Custos” tem aumentado devido às garantias bancárias e à necessidade de despender mais tempo na execução de soluções integradas de projecto e detalhe. [33]

Outra característica típica dos sistemas industrializados de construção civil, em especial o LSF, é a distribuição entre os custos dos materiais que é de aproximadamente 75% e o valor da mão-de-obra avaliado em cerca de 25%, enquanto na construção tradicional estes valores tendem a ser mais equilibrados. Deste modo demonstra-se uma menor dependência de mão-de-obra neste género de soluções.

Para além destes factores, pode referir-se que existe uma diminuição dos custos directos quando se considera a geminação das habitações. Neste caso, o custo por m2 pode ser reduzido significativamente. [60]

Pode compreender-se a distribuição dos custos consoante as especialidades e consoante as fases do processo de construção de modo a ser possível um controlo rigoroso sobre o preço de venda final.

1983 1988 1993 1998 2003 2008 Matéria Prima 40% 33% 29% 26% 20% 27% Fabrico 30% 33% 33% 33% 35% 33% Montagem 19% 22% 25% 27% 30% 27% Outros Custos 11% 12% 13% 14% 15% 13% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% P er ce n tag em d o cu so to tal

72

Documentos relacionados