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2 ESTADO DE REFERENCIA

2.3 Diferentes Casos Abordagem

Na construção em terra pode destacar-se o “Condomínio de Chabouco”, entre a Ribeira de Odeceixe e Sagres, no Parque Natural da Costa Vicentina, construída em 2009. As habitações foram construídas com a própria terra do local, de um modo ecológico e sustentável, privilegiando um ambiente interior confortável e saudável e sem consumir demasiada energia.

Figura 2.11 - Condomínio de Chabouco

Os blocos possuem de dimensões 295x140x90 mm feitos com o “saibro” triturado com uma mistura de cal hidratada e algum cimento. A estabilização é feita depois da compactação, através de uma cura, primeiro duas semanas tapadas nas palete, com um plástico próprio, aproveitando a humidade para o cimento actuar. Passadas sete semanas são despachados para arejamento, de modo a curar a cal hidratada. Deste modo os blocos ficam mais resistentes, mesmo depois de colocados nas paredes.

As paredes são fabricadas com blocos de terra compactada com bastante espessura, o que resulta numa inércia térmica elevada e assegura que a temperatura interior medida seja constante.

Relativamente à resistência estrutural, as alvenarias são autoportantes e utilizam um sistema de travamento constante no assentamento dos blocos, sendo também utilizadas vigas de madeira embutidas nas paredes-mestras de modo a proporcionar uma capacidade de resistência aos sismos bastantes elevada.

Figura 2.12 – Processo construtivo das habitações do Condomínio de Chabouco

Este condomínio é constituído por apartamentos T1 com área útil de 70m2 e T2 com área útil de 100m2 para habitação temporária e um restaurante com uma área total de 600 m2. A construção é feita em desníveis e acompanha a topografia do terreno.

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Os apartamentos T1 têm três níveis. Ao nível da entrada principal há uma sala de estar com acesso a escada de dois sentidos de modo a dar acesso aos restantes pisos. O piso superior é um “mezonnine” e no piso de baixo encontra-se a instalação sanitária e a cozinha.

A configuração dos apartamentos T2 tem dois níveis, um ao nível da entrada, onde é a “mezonnine” e uma pequena zona mais elevada que serve de roupeiro aberto e o piso inferior. Neste tipo existe um espaço amplo onde a sala se conjuga com a cozinha, dando tanto para o terraço exterior como para o pequeno pátio interior. A sala tem chaminé com instalação de um recuperador de calor e a cozinha está equipada com termoacumulador e placa eléctrica. [36]

Relativamente à construção em madeira pode referir-se o empreendimento em Areia de Mira da empresa Casema, um condomínio fechada composto por 12 moradias individuais de luxo, com a primeira fase terminada em 2002. As habitações estão inseridas em lotes com áreas a partir de 1200 m2, sendo que sete vivendas têm cerca de 300 m2 e as restantes cinco têm cerca de 260 m2. O material de construção usado foi uma madeira exótica, da espécie tatajuba (bagassa guianensis) que foi aplicada na produção das pranchas de parede.

Todas as moradias têm 8 assoalhadas, com 4 suites, biblioteca, salão de jogos, sala de jantar, salão de estar, cozinha ampla com ilha, e 5 instalações sanitárias. As salas possuem áreas bastantes generosas com duplo pé-direito, as cozinhas estão completamente equipadas em termos de electrodomésticos e todas as moradias têm sistema de aspiração central, aquecimento central e sistema de segurança. Os pavimentos são em soalho de madeira exótica maciça nos quartos e em pedra mármore nas instalações sanitárias e cozinha.

No exterior o Deck envolve toda a zona da cozinha, sala de jantar e sala de estar e integra uma piscina encastrada que se encontra mesmo em frente à zona da sala de estar. Toda a zona envolvente às moradias está ajardinada, com iluminação exterior e sistema de rega.

Figura 2.13 – Pormenores do interior da habitação do condomínio em Areia de Mira

A vedação é assegurada através do um sistema de encaixes, sem utilização de grampos ou pregos. A segurança e robustez estruturais são garantidas pela espessura das pranchas de madeira maciça com que a empresa compõe as paredes simples com 4,5 cm e as paredes duplas com espessura de 11,5 cm.

Quanto à resistência estrutural, as prumadas têm secção de 12x12cm, com canais de 3cm de profundidade, visando igualmente garantir total estanquicidade. Os pilares que apoiam as varandas são

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maciços de secção 13x13cm ou 14x14cm o que contribui para melhorar o aspecto estético do conjunto. As vigotas, de dimensão 4,5x11cm, garantem através da sua robustez um melhor conforto térmico. As janelas são em vidro duplo e, como tal, hermeticamente fechadas, não permitindo a entrada de água ou vento, mesmo com uma velocidade elevada.

As instalações eléctricas são feitas passando os cabos sobre o forro e sobre as paredes, nomeadamente junto às colunas, sendo que neste caso são recobertas com peças especiais de madeira que preservam a estética do conjunto e escondem totalmente os cabos. As instalações hidráulicas são executadas de modo a passar sob o piso. Essa configuração de circuitos permite rápido e fácil acesso para manutenções e reformas. [37]

Figura 2.14 - Pormenores do exterior da habitação do condomínio em Areia de Mira

Na construção de betão pode referir-se a moradia modular em betão pré-fabricado, reforçado com fibra, instalada em Sintra em 2011 pela empresa SIT Modular Solutions. A habitação de piso térreo é composta por 12 módulos e 4 pórticos, num total de 320 m2 de área bruta de construção.

Este projecto foi elaborado pelo arquitecto Vítor Costa e encontra-se localizado numa área rodeada por pinhal e que dista apenas dois quilómetros da Praia das Maças.

Os módulos são assentes em bases de betão e portanto não é necessário fundações. De seguida faz-se a execução dos remates interiores e exteriores entre módulos. As ligações exteriores a redes de águas, esgotos e electricidade são feitas posteriormente uma vez que os módulos já vão preparados de fábrica para essas mesmas ligações. O escoamento das águas da cobertura é feito pelo interior de um dos pilares tornando simples a sua captação e aproveitamento.

Figura 2.15 – Pormenores do interior da habitação modular em betão pré-fabricado em Sintra

O modelo usado nesta habitação foi o modelo AIR da empresa. As paredes exteriores são pintadas a tinta de água, cor branco mate bem como os portões da garagem seleccionados em chapa de

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aço termolacado. Os pórticos em betão são envernizados à cor natural e a caixilharia em alumino possui sistema de corte térmico, anodizado e polido, com vidros duplos. Os roupeiros são em madeira tendo um acabamento a tinta de esmalte branco acetinado e os móveis da cozinha são em MDF, hidrófugo e também pintado. O pavimento é flutuante de base HDF e superfície decorativa em madeira. Existe ainda um sistema de ensombramento interior com estores de rolo branco e iluminação encastrada.

A produção da habitação foi sujeita a rigorosos padrões de qualidade e segurança, que sublinha as suas vantagens de funcionalidade. [38]

Figura 2.16 - Exterior da habitação modular em betão pré-fabricado em Sintra

Relativamente à construção em aço optou-se por estudar uma morada unifamiliar com 350 m2 localizada em Ílhavo, próximo de Aveiro, produzida com recurso a um sistema inovador, o Light

Gauge Steel Framing System, também denominado por LSF, pela empresa Gestedi. Trata-se de uma

concepção diferente em termos estruturais uma vez que as edificações são executadas em aço galvanizado leve.

A metodologia usada neste sistema encontra-se em conformidade com o Prescriptive Method

for Cold-Formed Steel of the American Iron and Steel Institute (Método Prescritivo do Instituto

Americano do Ferro).

Este sistema garante a segurança, uma vez que a habitação é sustentada por uma estrutura metálica sólida que distribui as cargas por um elevado número de elementos verticais e que verifica o seu comportamento anti-sísmico. O conforto térmico e acústico é garantido com recurso a camadas de poliestireno extrudido, poliestireno expandido e lã de rocha. Estes materiais são devidamente dimensionados de modo a responder a condições climatéricas específicas do local. A longo prazo verifica-se uma economia energética evidente, devido aos reduzidos consumos em aquecimento e refrigeração do interior da habitação.

Devido ao processo de construção, preparação do local da obra e utilização de tecnologia efectiva em todos os elementos construtivos, esta habitação pode ser feita num relativo curto espaço de tempo, cerca de cinco meses.

A evolução construtiva desta moradia efectua-se essencialmente em nove fases, que são:

 Fundação: ancoragem feita sobre laje tradicional em betão, através de buchas químicas de total resistência anti-sísmica

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 Montagem: as peças metálicas são cortadas e aparafusadas utilizando máquinas leves. A cada elemento horizontal corresponde um elemento vertical, os quais são devidamente aparafusados. Todos os elementos são colocados com um espaçamento regular e constante entre 0,6 m e 0,4 m. Unem-se as paredes entre si com parafusos galvanizados.  Instalações Prediais: usando orifícios próprios dos perfis, a canalização e tubagem

eléctrica é disposta nas paredes deixando os terminais nos locais escolhidos.

 Revestimento: as paredes, pisos e telhado são revestidos com forro de placas estruturais de OSB que servem de diafragma à estrutura metálica e de apoio ao isolamento e reboco.

 Telhado: possui uma protecção eficaz contra infiltrações, tornando-o estanque à humidade por via das subtelhas. No terraço utiliza-se betão leve para criar as pendentes e revestimentos elásticos de alta estanquicidade. Coloca-se XPS para protecção térmica.  Sistema ETICS: sobre as placas de OSB são colocadas placas de EPS que minimizam as

pontes térmicas. De seguida coloca-se argamassa polimérica reforçada com armadura em fibra o que garante a integridade das fachadas. Como revestimento final, as fachadas são pintadas com tinta impermeável.

 Paredes Interiores: são revestidas com lã de rocha e inserem-se as placas no espaçamento entre vigas ou perfis metálicos. De seguida são aplicadas placas de gesso cartonado, que garantem um ambiente confortavelmente isolado, com um acabamento final de pintura com tinta branca.

 Acabamentos: recepção de carpintarias, mosaicos e mobiliário, colocados segundo um processo normal. A caixilharia possui duplo vidro de modo a tornar a protecção térmica e acústica mais homogénea.

 Arranjos Exteriores: de acordo com as exigências do cliente [39]

Figura 2.17 – Processo construtivo de moradia unifamiliar pelo sistema LSF em Ílhavo

A partir deste exemplo de habitação unifamiliar em LSF pode reforçar-se a ideia que as vantagens inerentes a este sistema são inigualáveis em termos económicos, de sustentabilidade, rapidez de execução, segurança estrutural, durabilidade e conforto tanto térmico como acústico.

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