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CVR E FDR COMO FORMA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Devido a operação do tipo regular, ser mais acessível ao público e por ter rígidas normas e padronizações, a aviação comercial se tornou exemplo para qualquer área da aviação. Por meio dos dados obtidos com estudos da aviação de operação regular, é possível ter base para o que ocorre com a aviação como um todo. Nos gráficos abaixo, pode-se observar alguns desses dados importantes.

Gráfico 1 – Acidentes Aeronáuticos Fatais por ano de 1946 a 2017

Fonte: Aviation Safety Network (2018)

O gráfico anterior considera acidentes em aeronaves comerciais de passageiros e de carga com no mínimo 14 lugares. Nele se pode perceber que, mesmo após a

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obrigatoriedade do uso de gravadores de voo, a partir do ano 1962, a quantidade de acidentes continua oscilando.

Por exemplo, o ano com a menor quantidade de acidentes da década de sessenta, foi o de 1964, com 42 acidentes fatais. No entanto, na mesma década, têm-se em 1969, o ano com a maior quantidade de acidentes, após a invenção dos gravadores, totalizando 66 acidentes fatais com aeronave cargueiras e comerciais, com pelo menos 14 assentos.

Por outro lado, apesar das oscilações na quantidade de acidentes, o gráfico anteriormente apresentado mostra que o número de acidentes desde o ano de 1969 tende, de uma forma geral, a diminuir até os dias atuais. Ainda assim, leva em conta apenas a quantidade de acidentes, mas não o crescimento da aviação, de modo a confrontar os números e, então, chegar-se a uma conclusão.

Tratando-se de voos com operações regulares, a principal base para análise de dados hoje, é o fator número de decolagens. Os dados são calculados com base em milhões de decolagens. Com isso, é possível analisar a relação entre um determinado dado e o crescimento da aviação. A exemplo disso, o gráfico a seguir relaciona a quantidade de acidentes fatais por milhão de voo (decolagens).

Gráfico 2 – Acidentes Aeronáuticos por milhão de voo 1977 a 2017

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Embora o Gráfico 2 não apresente os dados dos anos anteriores a 1977, é possível observar uma redução abrupta na quantidade de acidentes por milhão de decolagens, entre 1977 e 1984. Assim, constata-se que a aviação se tornou muito mais segura após 1984, com uma diminuição na taxa de acidentes por decolagens até os dias atuais.

O período citado no gráfico, refere-se à época posterior à exigência de uso dos gravadores de voo e, com o aprimoramento dos dados obtidos pelos CVR e FDR, os relatórios finais e recomendações ficaram mais completos e objetivos, possibilitando observar fatores que antes eram de difícil acesso, principalmente, porque, em muitos casos, não havia sobreviventes para relatar seus testemunhos.

Outro fato curioso a analisar, é que o gráfico tende estabilizar, chegando em 2017 com pouco mais de 0,2 acidentes a cada um milhão de decolagens, demonstrando que a aviação comercial é considerada extremamente segura nos dias atuais.

Trazendo a análise para estatísticas nacionais, o CENIPA, por meio do Painel Sipaer, disponibiliza dados gerais de ocorrências nos últimos dez anos e, ao se observar o número de acidentes entre 2008 e 2017, é possível gerar o gráfico a seguir.

Gráfico 3 – Acidentes Aeronáuticos por peso máximo de decolagem 2008-2017

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

ACIDENTES POR PESO MÁXIMO DE DECOLAGEM ENTRE 2008 E 2017

Até 2.250kg Entre 2.250kg e 5.700kg

Acima de 5.700kg Linear (Até 2.250kg)

Linear (Entre 2.250kg e 5.700kg) Linear (Acima de 5.700kg)

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No Gráfico 3 apresentado acima, observa-se que o número de acidentes com aeronaves acima de 5.700kg é baixo e tende a diminuir. Isso ocorre, porque aeronaves com esse peso máximo de decolagem, por serem mais complexas, necessitam de mais treinamento e padronização para sua operação, o que ajuda a prevenir a ocorrência de acidentes com esse tipo de aeronaves na atualidade.

Considerando as aeronaves com peso máximo de 2.250kg, a linha de tendência demonstra uma situação oposta ao citado anteriormente. Ao contrário da tendência mundial e nacional para aviação comercial, representada por aeronaves acima de 5.700kg, a quantidade de acidentes com aeronaves de até 2.250kg tem um grande crescimento linear no período demonstrado, indicando uma tendência de crescimento para os próximos anos. Essas questões serão melhor explicadas no tópico a seguir.

3.1.1 Relação Entre Crescimento e Acidentes da Aviação Leve

Através de dados obtidos pela ANAC (BRASIL, 2017), foi possível elaborar um novo gráfico, relacionando o número de aeronaves registradas no Brasil entre os anos de 2009 até 2016, demonstrando, assim, as tendências em relação ao crescimento da aviação de pequeno porte no Brasil.

Tabela 4 - Aeronaves registradas no Brasil entre 2009 - 2016

Categoria de registro 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Experimentais (PET/PEX) 3.764 4.051 4.474 4.750 4.958 5.209 5.405 5.516 Privado (TPP) 7.228 7.835 8.491 8.989 9.453 9.839 9.976 10.019 Instrução Privada (PRI) 1.386 1.406 1.494 1.667 1.805 1.899 1.946 1.915 Total 12.378 13.292 14.459 15.406 16.216 16.947 17.327 17.450 Total de aeronaves 16.269 17.335 18.710 19.769 20.662 21.438 21.873 21.905 Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, 2017.

Confrontado os dados obtidos na Tabela 4 com aqueles do Gráfico 3, percebe-se que o aumento do número de acidentes em aeronaves de até 2.250kg de peso máximo de decolagem, pode estar associado ao crescimento do número de aeronaves desta categoria em operação.

Ao aprofundarmos o Gráfico 3, associando aos requisitos da Tabela 4, por meio do Painel Sipaer, é possível obter a tabela seguinte, com a análise da associação entre crescimento do número de aeronaves e os números de acidentes para esta categoria.

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Tabela 5 - Acidentes por categoria de registro de aeronaves no Brasil entre 2009 - 2016

Categoria de Registro Número de Acidentes

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Experimentais (PET/PEX) 1 15 27 18 31 27 0 16

Privado (TPP) 42 39 66 59 58 57 92 52

Instrução Privada (PRI) 26 19 39 38 31 21 21 16

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, 2017; BRASIL. Painel Sipaer - CENIPA, 2018.

Ao analisar as Tabelas 4 e 5 com o Gráfico 3, observa-se que, apesar do crescimento do registro de aeronaves, entre os anos de 2009 e 2016, em seus determinados segmentos, o número de acidentes registrados varia de ano para ano e, apesar de não ser possível afirmar que há relação direta com o crescimento da frota aérea, pode-se notar que os números iniciais do ano de 2009, tendem a aumentar para o último ano analisado, sendo que o único setor que registra baixa é o de Instrução Privada (PRI).

Conforme citado anteriormente, seria necessário analisar junto aos dados encontrados, a movimentação das aeronaves (milhão de descolagem). Entretanto, como esta classe de aeronave não opera de forma regular, há uma dificuldade na localização dessas informações. Ademais, esta categoria da aviação é conhecida pela capacidade de operar em aeródromos diversos, de modo que também deveria ser considerado para a pesquisa, o total de aeródromos homologados no Brasil que hoje, segundo a ANAC (BRASIL, 2018), é de 2.569, sendo, 1990 aeródromos privados registrados e 579 aeródromos públicos homologados.

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