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7. DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLANOS DE GESTÃO DE

7.4 D IRETRIZES RELACIONADAS AO ‘MONITORAMENTO’ DO PGPU

Diretriz 18: Estabelecer sistema de monitoramento e revisão do PGPU, definindo atribuições e capacitações para os responsáveis pela efetiva execução do monitoramento.

Apresentadas as diretrizes, é possível observar como a literatura corrobora com as proposições. As diretrizes de estruturação inicial correspondem aos primeiros movimentos para estabelecer o grupo de trabalho. A diretriz 02 define a necessidade de estabelecer prazos. Um plano mestre provavelmente requer pelo menos seis meses de trabalho em tempo parcial para seu desenvolvimento, considerando dedicação integral no período (KELSEY; GRAY, 1987).

Conforme Meneses (2018), as recomendações mais tradicionais sugerem que sejam atualizados ou revisados a cada 5 anos. Segundo Kelsey e Gray (1987), o plano deve ser pensado para utilização num período de 5 a10 anos.

A diretriz 03 foca no reconhecimento do local que será desenvolvido o plano. Segundo o PPS (2008), os master plan de parques geralmente incluem informações sobre a história do parque, o contexto que envolve seu desenvolvimento e as mudanças que ocorreram até o momento. As condições das instalações, terrenos e paisagens existentes no parque devem ser descritas e avaliadas (PPS,2008).

A diretriz 04 envolve os objetivos e princípios. Segundo Kelsey e Gray (1987), a definição das metas e objetivos do master plan devem ser desenvolvidos para atender as metas

162 e objetivos específicos da comunidade e para responder ao máximo questões comuns no desenvolvimento do plano. Segundo o autor, o objetivo principal do plano é fornecer aos planejadores, informações básicas sobre para quem o planejamento está ocorrendo e quais mudanças são indicativos das necessidades dessa população.

As Diretrizes relacionadas ao processo de desenvolvimento estão centradas na participação. A diretriz 05 define a necessidade de estabelecer a estratégia de comunicação e divulgação, o que corrobora com Meneses (2018), ao recomendar que o plano esteja acessível para a população para conhecimento e acompanhamento, bem como evidencia a importância da comunicação no engajamento da sociedade para as tarefas de desenvolvimento do plano e na manutenção do parque.

A diretriz 06, relacionada às metodologias de pesquisa com usuários, vem ao encontro do preconizado pelo PPS (2008), ao afirmar que as pessoas que usam o parque e vivem em torno dele devem ser entrevistadas e devem ser coletados dados para saber quem são, para onde vão, o que fazem, do que gostam e do que não gostam e o que gostariam de ver mudado no parque no futuro.

A diretriz 07, relacionada à definição de metodologias para observação e monitoramento de uso, representa o estudo e acompanhamento, de forma contínua e sistemática, do comportamento de fenômenos, eventos ou situações específicas que possibilitem a avaliação e comparação (SCHVARSTZHAUPT,2018).

As demais diretrizes de processo (08, 09, 10, 11, 12, 13), relacionadas às oficinas, fóruns temáticos e agentes importantes na construção, referem-se ao processo participativo. Segundo o PPS (2008), todos devem ser ouvidos ou o plano não terá sucesso. Deve-se incluir uma ampla variedade na equipe de desenvolvimento do plano. Mostrar respeito pela opinião de outras pessoas. É fundamental para a construção participativa (PPS, 2008). Segundo Meneses (2018), a participação nas tomadas de decisão faz com que seus usuários os valorizem e se sintam parte integrante do processo, o que contribui ainda para o aumento da sensação de segurança e prevenção de possíveis conflitos ou acidentes. Ainda conforme a autora, para que estes instrumentos realmente representem as expectativas de seus usuários e sejam eficientes, é imprescindível a participação efetiva da sociedade em toda construção do plano. Conforme Kelsey e Gray (1987), uma audiência pública ou uma série de audiências públicas tem o objetivo receber sugestões sobre as tendências atuais e futuras do parque por parte dos residentes da comunidade. A audiência pública permite que indivíduos ou grupos expressem diretamente suas preocupações e desejos em relação às direções futuras (Meneses, 2018).

163 As diretrizes relacionadas ao ‘produto’, referem-se ao documento e suas partes. A diretriz 14 está relacionada aos levantamentos necessários para diagnóstico do parque objeto de desenvolvimento do plano de gestão. Segundo Kelsey (2008), para traçar um bom plano é necessário realizar o reconhecimento do contexto onde está inserido o parque. Segundo PPS (2008), o planejamento faz parte do processo de projeto. O planejador, junto com o projetista, pode estimular a criatividade da comunidade.

A diretriz 15 (relacionada à proposta de zoneamento), bem como a 16 (que se refere à ilustração das proposições), vem ao encontro do defendido por Kelsey e Gray (2008), ao afirmar que o plano deve se desenvolvido artisticamente e tecnicamente, através de uma variedade de gráficos, imagens, estudos e propostas em relação ao material desenvolvido nas oficinas.

Segundo o autor, o documento é dividido em capítulos ou seções principais com ilustrações e materiais de apêndice para ajudar o leitor a entender o conteúdo.

Em relação ao monitoramento, a diretriz 18 estabelece a necessidade de um sistema para monitoramento e revisão do plano. Segundo Meneses (2018), as ações de monitoramento e avaliação devem acontecer continuamente e de forma integrada aos demais processos de gestão.

A formação de conselhos gestores, com participação no mínimo do governo, das equipes operacional e gestora e da sociedade civil, que acompanhem e apoiem o trabalho das instituições gestoras a partir de críticas construtivas, feedbacks e ideias novas, também estimula o empoderamento da comunidade e maior coesão social, condições relacionadas a uma cidadania mais ativa, além de aumentar a compreensão da comunidade sobre questões técnicas e regulatórias relacionadas ao parque (DEMPSEY, SMITH e BURTON, 2014).

Além disso, as diretrizes propostas implicam na gestão de parques de Porto Alegre e até de outros parques urbanos brasileiros, haja vista o potencial de adaptabilidade das diretrizes e as problemáticas enfrentadas na gestão de parques urbanos terem similaridade, ressalvados os aspectos locais de cada parque e cidade. São diretrizes que propõem a construção de um documento norteador das ações desenvolvidas num parque urbano considerando o curto, médio e longo prazo das intervenções. Devemos considerar a construção do plano de gestão de um parque urbano como um processo criativo. Iniciando por uma compreensão do parque e através da participação, visando construir o futuro do parque, sem tentar controlar o resultado e sim muitas vezes mudar de direção quando uma estratégia não está dando o resultado pretendido.

Portanto, para ser de fato utilizado, deve sofrer ajustes constantes, evitando que se torne apenas mais uma legislação ou instrumento existente, mas pouco utilizado.

164 Por fim, cabe ressaltar que, além da revisão de literatura e da análise comparativa de planos, o desenvolvimento das diretrizes foi focado na percepção dos técnicos municipais e também pesquisadores acadêmicos, que avaliaram e refinaram as diretrizes propostas, considerando o contexto de Porto Alegre. De qualquer forma, observa-se a importância de desenvolver estudos que envolvam a percepção de mais atores e intervenientes da sociedade em geral como forma de qualificar o desenvolvimento de um PGPU.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo apresenta as considerações finais desta pesquisa, assim como os principais resultados alcançados em relação à proposta de diretrizes para a Gestão de Parques Urbanos para Porto Alegre. Por fim, de forma a contribuir para o desenvolvimento de planos de gestão, que podem ser adaptados a outros objetos, são apresentadas as recomendações para futuras pesquisas.