• Nenhum resultado encontrado

3 ASPECTOS PROCESSUAIS EM RELAÇÃO AOS ALIMENTOS

3.3 DA AÇÃO DE ALIMENTOS

Não sendo os alimentos fornecidos espontaneamente, o credor tem a possibilidade de ingressar com uma ação de alimentos, uma vez que a pensão alimentícia tem o objetivo de garantir a sua própria sobrevivência. (DIAS, 2015).

Sérgio Gilberto Porto (2003) explica, que em nosso ordenamento jurídico é possível propor a ação de alimentos de três maneiras distintas, primeiramente através do rito especial presente na Lei de Alimentos, outra possibilidade seria propor a ação de alimentos pelo rito ordinário, de acordo com as regras do Código de Processo Civil e ainda, para requerer os alimentos provisionais, pode-se propor a ação através do procedimento cautelar. Importante ressaltar, que caso o credor tenha prova pré-constituída em relação ao parentesco ou da obrigação alimentar existente entre as partes, deve-se propor a ação com base no rito especial previsto na Lei de Alimentos; caso contrário, é necessário propor a ação pelo rito ordinário.

Como dito anteriormente, a ação de alimentos possui um rito especial, o qual é mais célere e possui um procedimento diferenciado dos outros tipos de ação, como determina a Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/68). Basta que fique comprovado a existência do vínculo de parentesco ou da obrigação de prestar os alimentos que tal ação poderá ser proposta de acordo com esse rito simplificado. (DIAS, 2015).

De acordo com os ensinamentos de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2014), não seria aceitável que a ação de alimentos tivesse o mesmo rito comum ordinário que os demais tipos de ação.

Dessa maneira, Belmiro Pedro Welter (2007, p. 200-201) demonstra uma maneira exemplificativa de como deve ser o rito da ação de alimentos, de acordo com a Lei de Alimentos, do seguinte modo:

A petição inicial seguirá nos seguintes termos, por exemplo: I – o Juízo a quem é dirigida; II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do credor e do devedor; III – a prova do parentesco, do casamento ou da união estável; IV – as razões das necessidades alimentares (valor mensal dos alimentos); V – a estimativa ou comprovação da remuneração do demandado; VI – o pedido de alimentos provisórios; VII – o valor dos alimentos definitivos; VIII – o requerimento para citação do requerido; IX – o valor da causa; X – o pedido de produção de provas; XI – o pedido de procedência da ação, com a fixação dos alimentos com base no binômio necessidade-possibilidade; XII – local, data e assinatura do advogado.

Diante do exemplo acima citado, acerca do rito especial da ação de alimentos, será feita uma análise de todos os passos necessários para a propositura da mencionada ação e, posteriormente, como funciona o rito propriamente dito.

A respeito de como o pedido de alimentos pode ser formulado, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2014, p. 771, grifo do autor) explicam que:

O pedido de alimentos poderá ser formulado i) por petição, assinada por advogado constituído, em três vias; ii) por solicitação verbal do interessado que tenha comparecido, pessoalmente, ao cartório da vara; ou, ainda, iii) por termo, quando o defensor, constituído ou designado pelo juiz, indicar seja a solicitação verbal reduzida a termo pelo escrivão.

De acordo com o art. 2º da Lei de Alimentos:

Art. 2º. O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe. (BRASIL, 1968).

Assim, ao propor a ação de alimentos, o credor deverá possuir prova pré- constituída para demonstrar a existência de vínculo de parentesco ou da obrigação alimentar existente entre as partes, a qual deverá ser por documento público, sendo demonstrada através da certidão de nascimento ou certidão de casamento, por exemplo. (DIAS, 2015).

Sobre a competência da ação de alimentos, observa-se que no art. 100, inc. II do Código de Processo Civil é determinado que o foro competente para propor a ação de alimentos é o do domicílio ou da residência do alimentando, ou seja, do credor de alimentos. (BRASIL, 1973).

Segundo Maria Berenice Dias (2015), mesmo que a ação proposta seja a de oferta de alimentos, uma ação revisional, ação exoneratória e ainda, uma ação de execução, o foro competente continua sendo o de domicílio do credor ou até mesmo o foro de seu representante legal. Não alterando, portanto, o foro de competência, caso o credor altere o seu domicílio.

Em relação à legitimidade do polo ativo para propor a presente ação, Flávio Tartuce (2014) explica que a pessoa menor de 16 anos, aquele que é considerado absolutamente incapaz, poderá ser representado em juízo, ao passo que, aquele que possui entre 16 e 18 anos de idade, o relativamente incapaz, será assistido em juízo, geralmente nos dois casos, quem assume esse papel é a genitora daquele que está pleiteando os alimentos. Já no caso de filho maior de idade, ele será o legítimo para propor a ação.

Antes do nascimento, quem possui legitimidade para propor a ação de alimentos é a genitora do nascituro, a qual poderá escolher entre propor uma ação de alimentos

gravídicos, ou ainda, ação de alimentos em favor do nascituro, destacando o fato de que se a gestante escolher propor uma ação de alimentos gravídicos, estes a partir do nascimento transformam-se em alimentos provisórios. (DIAS, 2015).

Importante ressaltar que o Ministério Público é um órgão que também tem legitimidade para propor e acompanhar o feito da ação de alimentos envolvendo crianças e adolescentes, de acordo com o que disciplina o Estatuto da Criança e do Adolescente. (TARTUCE, 2014).

Ao receber a petição inicial, o juiz irá determinar que seja realizada a citação do réu e, fixará, ao mesmo tempo, o pagamento de alimentos provisórios, os quais já foram explicados anteriormente. Assim, mesmo que o credor não tenha requerido os chamados alimentos provisórios, o juiz irá decretar de ofício, a não ser nos casos em que o credor tenha declarado expressamente que deles não necessita. Designada audiência de conciliação, sendo infrutífera a tentativa de acordo, o juiz deferirá prazo para o réu contestar a ação a contar da data da audiência. (DIAS, 2015).

Após a instrução do processo e apresentação de alegações finais, o juiz proferirá a sentença fixando os alimentos definitivos. Uma vez que a sentença tem efeitos imediatos, importante destacar que caso haja apelação, a mesma será recebida apenas no efeito devolutivo, já que seus efeitos não podem ser suspensos por tratar-se de alimentos. (DIAS, 2015).

Como mencionado, a ação de alimentos poderá ser ingressada utilizando-se de três vias procedimentais distintas, sendo que, caso haja prova pré-constituída que comprove a relação de parentesco ou obrigação alimentar entre as partes, para o processo ser mais célere, deve-se utilizar o rito especial o qual é previsto na Lei de Alimentos.

Documentos relacionados