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Da associação criminosa transnacional art.288 do Código Penal

RICARDO, MICHELE FIGUEIRÓ.

2.7. Da associação criminosa transnacional art.288 do Código Penal

45Os números dos contratos de câmbio são 114717604, 114717608, 114717612 e 114717613.

46Conforme consulta ao sítio http://processual.trf1.jus.br/consultaProcessual/processo.php? trf1_captcha_id=fe885b43f4a4c0fbcd9d6a3fcfaeaedf&trf1_captcha=vbnp&enviar=Pesquisar&proc=17371312 0134013500&secao=GO

Por derradeiro, entre fevereiro de 2013 a agosto de 2013, os denunciados JOÃO FRANCISCO, SÉRGIO SÉRGIO, PAULO

RICARDO, FABIANO e EDNALDO, agindo todos em concurso e com

unidade de desígnios, associaram-se, de forma estável e permanente, para o fim específico de cometer diversos crimes contra o sistema financeiro nacional, contra a economia popular e de lavagem de capitais, ocasionando prejuízos bilionários, a quase 1 milhão de pessoas.

Conforme relatado acima, as investigações revelaram a existência de uma associação criminosa transnacional, composta, entre outros, por JOÃO FRANCISCO, SÉRGIO, PAULO

RICARDO, FABIANO e EDNALDO, voltada, em especial, à prática de

crimes contra o sistema financeiro, contra a economia popular e lavagem de dinheiro.

Os denunciados se associaram de forma estável e permanente, com nítida divisão de funções e altamente organizados, a fim de praticar os delitos descritos nesta denúncia.

Referida associação possuía um “esquema” montado,

inclusive internacionalmente, para arregimentar pessoas com

vistas a integrar a gigantesca pirâmide financeira formada com aproximadamente 1 milhão de pessoas!

Conforme já fora exaustivamente demonstrado nos tópicos anteriores, no Brasil, a organização atuava por meio de

diversos sítios eletrônicos47. Já no exterior, os denunciados

faziam uso de diversos outros endereços eletrônicos para propagar o Sistema BBOM.48

Também em um vídeo postado no youtube em

01/12/2013, menciona-se a existência de “financeiro e desenvolvedores em Singapura, Hong Kong e Florida”. Fala-se também em “atuar em 209 países” e “posicionamentos e cadastros internacional já liberados (sic)”.

Na mídia digital de fls.937 também consta uma relação de pessoas físicas que, no período de junho e julho de 2013, depositaram dinheiro, a partir do exterior, para a conta da EMBRASYSTEM/BBOM. Tais valores, que variam entre US$264,92 e US$1.341,44, certamente, foram enviados por investidores, ou seja, novos associados, residentes fora do Brasil.

Portanto, a organização criminosa não se restringia ao território nacional, mas ultrapassava fronteiras

e atingiu pessoas localizadas em outros países.

No tópico n. 3 serão individualizadas as condutas de cada denunciado. Contudo, desde já, importante estabelecer uma visão geral de suas funções para melhor compreensão dos fatos.

47Sobretudo os sítios www.bbomcomofunciona.com.br, www.dicasbbom.com.br e www.noticiasbbom.com. Após decisão proferida nos autos da Ação Cautelar ajuizada pelo Ministério Público Federal, ambos os sites saíram do ar, tendo sido substituídos pelo site http://www.bbom.com.br/oque.php, onde a empresa anuncia um “novo modelo”, diverso daquele outrora praticado. Contudo, à época, respectivas páginas foram devidamente impressas, e instruem os autos do inquérito policial que apurar os fatos em comento.

48Tais como https://www.facebook.com/pages/BBOM-International-English- T eam/17730 2845772322;

https://www.youtube.com/watch? v=Ds- zdThG-9Q ; http://vimeo.com/67788967 ; http://www.dailymotion.com/ video/x11xnom_bbom-english-presentation_lifestyle; http://bbomusa english . Blogspot.com. br/, entre outros.

Pois bem. A organização criminosa era chefiada pelo denunciado JOÃO FRANCISCO, fundador da EMBRASYSTEM e criador do Sistema BBOM. Era o presidente da empresa, o mentor do esquema e o principal beneficiário dos rendimentos ilícitos obtidos pela organização criminosa.

EDNALDO era o “diretor de marketing” responsável

por criar a maior atratividade do esquema criminoso, qual seja, a distribuição de prêmios luxuosos, como relógios rolex, carros da marca Mercedes Benz, Ferrari e Lamborghini. Também foi o criador do já mencionado sistema “binário”. Ele também era um dos responsáveis por recrutar “associados” (vítimas), convencendo-as, por meio de vídeos e palestras, acerca dos supostos benefícios e vantagens proporcionados pelo Sistema BBOM. Seu trabalho era fundamental para a consecução do delito, razão pela qual auferia, a título de “salário”, R$800.000,00 (oitocentos mil reais) por mês49.

SÉRGIO, PAULO RICARDO e FABIANO eram as chamadas

“liderança” do esquema. Bem relacionados na sociedade e no mercado interno, conhecedores do “funcionamento de pirâmides financeiras”, eram responsáveis por “preencher” a pirâmide, iludindo o público consumidor, para que aderissem ao Sistema BBOM, instigando-os a “investir” no esquema, e incentivando-os a trazer outros associados.

PAULO RICARDO e FABIANO tinham ainda a função de,

assim como EDNALDO, difundir o Sistema BBOM por meio de palestras e vídeos lançados na internet, e figuravam como “exemplo” de sucesso a ser seguido.

Conforme já demonstrado, os denunciados agiam de forma extremamente organizada e dessa maneira conseguiram angariar aproximadamente 1 milhão de pessoas e arrecadar quase dois bilhões de reais, tudo isso em menos de 6 meses.

Conforme já dito, a atuação da BBOM não se restringia ao mercado nacional. Por meio dos sites acima citados, se verifica que a rede criminosa se estendeu para outros países, como por exemplo, para os Estados Unidos da América. Naqueles sites se verifica que a mesma promessa é feita, ou seja, o ganho fácil de dinheiro, sem nada fazer, bem como a distribuição de brindes luxuosos como forma de incentivo.

O fim específico de praticar crimes restou demonstrada acima. Conforme dito, os denunciados praticaram diversos crimes contra o sistema financeiro, contra a economia popular e lavagem de dinheiro. De outro giro, a BBOM não tinha qualquer finalidade lícita, sendo o esquema todo voltado para a prática de crimes e para lesar os milhões de vítimas, em todo o território nacional e no exterior.

Portanto, não restam dúvidas acerca da formação, pelos denunciados, de uma associação criminosa de caráter

transnacional, de elevado grau de organização, capaz de provocar danos de alto vulto, atingindo um número extraordinário de vítimas.

3. Da Autoria

Além dos elementos já mencionados, visando individualizar a autoria delitiva, vejamos separadamente a participação de cada um dos denunciados nos crimes em comento.

(i) JOÃO FRANCISCO DE PAULO

JOÃO FRANCISCO é o criador do "Sistema BBOM" e

responsável por comandar todas as atividades da empresa da qual é sócio, ou seja, a EMBRASYSTEM/BBOM. Além disso, foi o maior beneficiário do esquema que arrecadou aproximadamente R$2 bilhões de reais.

Deve-se destacar que o denunciado possui apenas um vínculo no CNIS, na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, onde trabalhou até 08/2004, com salário de R$ 1.300,00. Na época da fraude, recebia de dois a quatro milhões

por mês, tendo recebido aproximadamente quatorze milhões de reais no primeiro semestre de 2013, conforme declarou (fls. 660). O próprio denunciado confirmou que trabalhou na empresa

OMNI INTERNACIONAL, empresa que já foi condenada por envolvimento com esquema de pirâmide financeira.50

50Veja, neste sentido, notícia constante de http://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/51504/tj-condena-omni- international-a-pagar-indenizacoes-por-esquema-de-piramide-financeira.

A EMBRASYSTEM (originariamente denominada “UNEPXMIL”) foi adquirida em 09/08/2010, pelo próprio denunciado JOÃO FRANCISCO, detentor de 99% das suas quotas sociais, sendo certo que 1% pertence a Jefferson Bernardo de Lima, funcionário de JOÃO FRANCISCO e “laranja” do esquema criminoso.51

A outra empresa utilizada pela quadrilha se chama BBRASIL – ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS LTDA, originariamente denominada KP INDÚSTRIA E COMÉRCIO. Esta empresa, constituída e inativa há 15 anos, também foi adquirida pelo denunciado

JOÃO FRANCISCO, em março de 2013, mediante o pagamento de

R$3.500,00. A KP empresa, apesar de não possuir funcionários, tampouco conta bancária, apresentava a vantagem de não possuir qualquer restrição em seu CNPJ. Em síntese, foi a KP adquirida pelo denunciado JOÃO FRANCISCO apenas para ludibriar as

vítimas, como se as atividades da BBRASIL fossem de longa data

e estáveis, conforme constou em diversas publicidades da empresa e em contato com as vítimas.52 Em verdade, porém, a

empresa nunca teve qualquer atividade.

Em sede policial, JOÃO FRANCISCO confirmou ser o presidente da EMBRASYSTEM e o criador da marca BBOM. Também

51JEFFERSON BERNARDO DA SILVA trabalhou na empresa OMNI INTERNATIONAL BRASIL COMERCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO até 09/2011 cmom salário de R$ 1.000,00, não constando registros posteriores a esta data.

52Veja, neste sentido, o e-mail enviado pela BBOM (admin@bbom.com.br), datado de 2 de julho de 2013 para VANDERLEI SANTELLO e constante de fls. 879, em que informam: “O Grupo Embraystem é uma empresa nacional, atuante no mercado há mais de 17 anos, que produz, distribui e presta serviços de tecnologia” (fls. 879, grifamos)

confirmou ter auferido, no primeiro semestre de 2013, cerca de R$14 milhões de reais, além de ter contratado os demais denunciados para auxiliar nos negócios relacionados ao Sistema BBOM.

JOÃO FRANCISCO também apareceu pessoalmente em vídeos, fazendo publicidade do esquema. Tal se verifica, por exemplo, no evento de entrega de brindes, registrado pelo programa de televisão do apresentador Amaury Júnior e divulgado pela internet no mesmo youtube sob o código EuitrVfKz8s (fls. 890), onde informa ao público que a empresa estava com apenas 83 (oitenta e três) dias de atuação e já distribuía brindes como canetas, relógios e veículos de alto valor.

Entrevistado pelo apresentador, JOÃO FRANCISCO confirmou que a empresa possuía, naquela época, 200.000 associados com três meses de existência. Também confirmou que as expectativas eram de angariar, até o final de 2013, um total de 1.000.000 de associados.

No tocante ao crime de lavagem de capitais, na qualidade detentor 99% da EMBRASYSTEM/BBOM, JOÃO FRANCISCO detinha controle total e irrestrito sobre o “Sistema BBOM” e sobre o dinheiro que ingressava na empresa. Portanto, foi o principal responsável pelos depósitos apontados no tópico nº2.8, feitos pela EMBRASYSTEM/BBOM na conta de terceiros, sem que houvesse qualquer relação jurídica subjacente, capaz de justificá-los.

De fato, as provas constantes dos autos demonstram que JOÃO FRANCISCO efetuou inúmeros depósitos bancários em contas correntes de diversas pessoas, entre elas seus

familiares (esposa e filhos) e ex-sócios (ex. César Augusto Santos Pereira), com o objetivo de ocultar e dissimular a existência dos bens adquiridos com as práticas delituosas.

Portanto, considerando-se que JOÃO FRANCISCO foi o responsável pela EMBRASYSTEM/BBOM por ter recrutado os demais denunciados para fazerem parte do esquema criminoso, por ter auferido grandes somas de dinheiro em sua conta, tendo, inclusive, transferido parte deste dinheiro para terceiros, resta evidente sua autoria nos crimes descritos nesta denúncia.

(ii) PAULO RICARDO FIGUEIRÓ

PAULO RICARDO, classificado como “embaixador” da

BBOM53, atuava como auxiliar de JOÃO FRANCISCO, estruturando o

"Sistema BBOM", com participação decisiva na divulgação e arregimentação de novos integrantes do "Sistema BBOM".

Apurou-se que o denunciado PAULO RICARDO foi o responsável por trazer, diretamente, cerca de 25 mil pessoas para o esquema criminoso (fls.658/664). Indiretamente, foi o responsável pela adesão da maior parte das vítimas, pois participava de eventos e vídeos, demonstrando o grande sucesso da empresa e as vantagens de ser um associado, induzindo o público geral a investir no Sistema BBOM.

53“Embaixador” é, segundo explicou o próprio denunciado JOÃO FRANCISCO, o associado que se encontra “no topo da rede de qualificação formada pelos binários” (fls. 662). Em outras palavras, quem estava no topo da pirâmide.

Parte destes vídeos foi registrada pelo Laudo nº1740/2014-NUCRIM/SETEC/SR/DPF/SP, fls.886/890.

Em vídeos como aquele registrado sob o código FrsU-JIGmTQ, PAULO RICARDO apresenta as vantagens de participar do “Sistema BBOM” e inclusive explica o funcionamento “bônus comodato”54. O denunciado ensina as outras

maneiras de se “ganhar dinheiro” com a EMBRASYSTEM/BBOM, citando as diversas remunerações ligadas ao ingresso de novos integrantes da pirâmide55.

PAULO RICARDO também aparece explicando as

características do “Sistema BBOM”, sempre de forma a iludir o público em geral, e induzi-lo a investir na BBOM. Inclusive, fala expressamente em “construir fortuna” com a Embrasystem/BBOM.56

Muito esclarecedora a palestra de PAULO RICARDO ao frisar que “não é necessário se fazer nada para ganhar dinheiro, basta adquirir um dos planos disponibilizados pela EMBRASYSTEM/BBOM e aguardar o seu rendimento. Trata-se de verdadeira oferta de contrato de investimento coletivo”.

54 Ver 9m16s. 55 Ver 15m09s

56Ver vídeo de código nº i6Vj2HSLFBo, no minuto 14m30s. O denunciado afirmou: “O nosso plano de compensação no marketing multinível permite que você construa uma renda extra para completar o seu orçamento, mas lhe permite construir a sua independência financeira e lhe permite construir fortuna, isto é excepcional, eu não jogo no time daqueles que vieram para construir renda extra, eu jogo no time dos que

vieram para fazer fortuna e já comecei a fazer, com três meses de negócios. Vocês vão ver logo na

Conforme já dito, a divulgação da distribuição de produtos de alto valor econômico como brindes era uma das formas utilizadas pela EMBRASYSTEM/BBOM para induzir os investidores a ingressar na pirâmide. Para tanto, PAULO

RICARDO apareceu em um vídeo57 sendo “presenteado” com um

automóvel da marca Lamborghini, com valor de mercado superior a R$ 1.400.000,00 (um milhão e quatrocentos mil reais).

No mais, o denunciado JOÃO FRANCISCO confirmou em sede policial que PAULO RICARDO trouxe diretamente ao Sistema BBOM cerca de 20 a 30 mil pessoas e que recebeu, durante diversos meses, a quantia de R$ 50.000,00, por dia. Nada justificaria a obtenção de tamanho montante financeiro por parte de PAULO RICARDO, salvo a inclusão de novos integrantes da pirâmide financeira.

Ademais, verifica-se, dos dados obtidos por meio da quebra do sigilo bancário, que PAULO RICARDO recebeu altas somas de valores da EMBRASYSTEM/BBOM, por meio de contas registradas em nome da empresa DREAMS AND GOLD OPERADORA DE TURISMO LTDA., de propriedade da sua esposa e filha (JOCÉLIA LIMA FIGUEIRÓ e SUELLEN MIRELA DE LIMA FIGUERÓ). Além disso, o veículo Lamborghini recebido pela EMBRASYSTEM/BBOM foi registrado em nome desta empresa (fls. 849 e fls. 853), nitidamente para ocultar o nome do seu real proprietário. No mais, o CNPJ da DREAMS AND GOLD OPERADORA DE TURISMO LTDA.

consta a propriedade de diversos veículos de luxo, dentre eles dois da marca Mercedes Benz, fls.1.055/1.056. Outrossim, sua filha MICHELE FIGUEIRÓ figura como proprietária de outros veículos luxuosos.

Portanto, resta claro que PAULO RICARDO fazia parte da organização criminosa liderada por JOÃO FRANCISCO, sendo um dos responsáveis por colocar em prática o Sistema BBOM, em especial, com relação ao induzimento de pessoas inocentes que decidiram investir no esquema, que acreditavam que se tratava de atividade lícita. Foi também responsável por se apropriar e desviado dinheiro das vítimas, para ocultar e dissimular a existência dos bens adquiridos com as práticas delituosas relacionadas com o "Sistema BBOM".

(iii) EDNALDO ALVES BISPO

O denunciado EDNALDO também fazia parte da organização criminosa, e sua participação foi fundamental para o sucesso do esquema criminoso.

EDNALDO se juntou ao esquema criminoso, logo no início do ano de 2013 e passou a ocupar o cargo de gerente de marketing.

Foi também o idealizador do grande chamariz da empresa, qual seja a distribuição de brindes luxuosos, tais como relógios da marca Rolex, canetas Montblanc, automóveis

Ferrari e Lamborghini58. Desta maneira, os investidores em

potencial, ao assistirem a entrega de prêmios de luxo, se sentiam tentados a aderir ao Sistema BBOM.

EDNALDO também foi o inventor do “sistema

binário”59, alicerce da pirâmide financeira, que remunerava o

associado (recrutador), a partir do ingresso de novos associados (recrutados) e também atuava na divulgação do Sistema BBOM, nos vídeos corporativos disponibilizados na internet.

No vídeo divulgado pela internet, no sítio eletrônico youtube, sob o código EuitrVfKz8s (fls. 890), o apresentador Amaury Júnior entrevista o denunciado EDNALDO. Este, na qualidade de “diretor de Marketing” da BBOM, demonstra profundo conhecimento da forma de atuação da empresa.

EDNALDO, tal como os demais citados acima, lucrou

- e muito - com o esquema criminoso. JOÃO FRANCISCO chegou a confirmar que o salário de EDNALDO beirava R$800 mil por mês (fls.654/664).

Com efeito, EDNALDO recebeu extraordinárias quantias de dinheiro da EMBRASYSTEM/BBOM, sendo certo que também se utilizou de terceira pessoa para ocultar parte destes valores.

58 Vide depoimento de JOÃO FRANCISCO às fls. 658/664, bem como o vídeo de código EuitrVfKz8s (fls.890). 59 Conforme depoimento de JOÃO FRANCISCO às fls.658/664.

EDNALDO recebeu da EMBRASYSTEM/BBOM, em sua conta

pessoal, segundo informações retiradas do SIMBA, fls. 1.026, o montante de R$850.693,57 (oitocentos e cinquenta mil, seiscentos e noventa e três reais e cinquenta e sete centavos) e fazendo uso de interposta pessoa - no caso, sua esposa de nome CRISTINA PARADELLAS DUTRA BISPO -, recebeu a vultosa quantia de R$ 2.482.000,00 (dois milhões, quatrocentos e oitenta e dois mil reais) (fls. 1.027). CRISTINA também possuía um veículo de luxo, avaliado em meio milhão de reais (fls.1062).

Portanto, está devidamente comprovada a autoria de

EDNALDO como um dos membros da associação criminosa liderada

por JOÃO FRANCISCO, a qual praticou crimes contra o sistema financeiro e contra a economia popular. Com relação à lavagem de dinheiro, EDNALDO fez uso da conta corrente de sua esposa para ocultar e dissimular a existência dos bens adquiridos com as práticas delituosas relacionadas com o “Sistema BBOM”.

(iv) SÉRGIO LUIS YAMAGI TANAKA

SÉRGIO foi um dos primeiros integrantes da

pirâmide financeira, e encabeçava o grupo de elite, do topo da pirâmide, responsável pelo crescimento da rede.

O denunciado JOÃO FRANCISCO confirmou que apresentou a SÉRGIO o plano de venda direta da BBOM, e SÉRGIO vislumbrou a sustentabilidade do negócio, “por ser um

especialista na área de marketing e multimídia”. Em outras

palavras: SÉRGIO chancelou o esquema criminoso montado pelo

denunciado JOÃO FRANCISCO, e com sua “experiência” na área,

visualizou que se tratava de uma ótima oportunidade de se ganhar “rios” de dinheiro, em detrimento do público investidor. Neste contexto, SÉRGIO contatou os demais líderes

do Sistema BBOM, entre eles, o denunciado PAULO RICARDO.

Ademais, foi SÉRGIO que aproximou JOÃO FRANCISCO e PAULO

RICARDO.

Assim, SÉRGIO ingressou no esquema como um dos integrantes do time dos “líderes”, com a função de trazer novos investidores, ludibriando o mercado consumidor e incentivando-os a investir no Sistema BBOM.

Sua participação no esquema foi tão expressiva que recebeu da EMBRASYSTEM/BBOM, na conta de sua empresa – SÉRGIO LUIS YAMAGI TANAKA – ME, no período de apenas quatro meses, nada menos que R$44.220.175,33 (quarenta e quatro milhões, duzentos e vinte mil, cento e setenta e cinco reais e trinta e três centavos), conforme se verifica da análise dos dados obtidos pela quebra do sigilo bancário da EMBRASYSTEM-BBOM, às fls. 1.025.

Portanto, tais valores representam a retribuição por parte de JOÃO FRANCISCO pelo auxílio de SERGIO na construção e elaboração da pirâmide financeira, à medida que mais integrantes ludibriados ingressavam no esquema criminoso.

Do ponto de vista de uma atividade comercial, nada justifica os altos rendimentos pagos pela EMBRASYSTEM/BBOM a

SÉRGIO, senão o simples fato de ter trazido novos integrantes

da pirâmide financeira criada pelo investigado JOÃO FRANCISCO. Frise-se que a empresa SÉRGIO LUIS YAMAGI TANAKA ME possui nome fantasia “QUANTA BRASIL CURSOS”, semelhante à empresa “QUANTA EDUCAÇÃO LTDA”, que foi controlada pelo ex- sócio de JOÃO FRANCISCO (CÉSAR AUGUSTO SANTOS PEREIRA) e que recebeu mais de R$30 milhões da EMBRASYSTEM/BBOM.

Portanto, a autoria de SÉRGIO, no esquema criminoso é evidente, sendo certo que além de ter sido o responsável por atrair inúmeras vítimas, também se apropriou de quantidades astronômicas de dinheiro proveniente dos investidores, por meio da atuação criminosa.