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DA CONFIGURAÇÃO ATUAL DO FUNPRESP

No documento RAISSA BEZERRA DE FARIA (páginas 43-46)

5.1 ESTRUTURA DO FUNPRESP

Conforme já abordado, o art. 40, § 15, da CF/1988, antes da alteração trazida pela EC 103/2019, prescrevia que o regime de previdência complementar pública seria instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo.

No âmbito federal, cumprindo tal delegação constitucional, o Presidente da República encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 1992/2007, que culminou na aprovação da Lei 12.618/2012, a qual institui o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais titulares de cargos efetivos, inclusive os membros dos órgãos que menciona e fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões pelo regime de previdência de que trata o art. 40 da Constituição Federal, autorizando a criação de entidades fechadas de previdência complementar.

Assim, de acordo com o art. 4º da Lei 12.618/2012, ficou a União autorizada a criar as seguintes entidades fechadas de previdência complementar, com a finalidade de administrar e executar planos de benefícios de caráter previdenciário nos termos das Leis Complementares 108, 109, de 29 de Maio de 2001:

I- A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (FUNPRESP-Exe), para os servidores públicos titulares de cargo efetivo do Poder Executivo, que foi criada pelo Decreto n. 7.808 de 20.09.2012.

II- A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Legislativo (FUNPRESP-Leg), para os servidores públicos titulares de cargo efetivo do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas da União11 e para os membros deste Tribunal, por meio de ato conjunto dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; e

III- A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Judiciário (FUNPRESP-Jud), para os servidores públicos titulares de cargo efetivo e para os membros do Poder Judiciário, por meio de ato do Presidente do Supremo Tribunal Federal, criada pela Resolução STF n. 496, de 25.10.2012.

De acordo com a intelecção do art. 4º, § 1º, da Lei 12.618/2012, tais entidades foram estruturadas na forma de fundação, de natureza pública, com personalidade jurídica de direito                                                                                                                          

11  Nos termos do § 3º, do art. 4º da Lei 12.618/2012, consideram-se membros do Tribunal de Contas

da União, para efeitos legais, os Ministros, os Auditores de que trata o §4º do art. 73 da CF/88, os Subprocuradores-Gerais e os Procuradores do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas

privado, gozarão de autonomia administrativa, financeira e gerencial e terão sede e foro no Distrito Federal.

A administração dessas entidades públicas de previdência complementar observará os princípios que regem a administração pública, especialmente os da eficiência e da economicidade, devendo adotar mecanismos de gestão operacional que maximizem a utilização de recursos, de forma a otimizar o atendimento aos participantes e assistidos e diminuir as despesas administrativas.

Conquanto as entidades do FUNPRESP não possam ter intuito lucrativo (LEITÃO, DIAS e MACÊDO, 2012, p. 117), até pela natureza pública que ostentam, o plano de benefícios por elas operados sempre será instituído e administrado com o objetivo de obter resultado econômico-financeiro-atuarial positivo ou, no mínimo, equilibrado, ajustado aos seus compromissos. Exatamente por isso, a todo momento, a entidade deve buscar a maximização dos recursos e a redução das despesas.

A aplicação dos recursos financeiros deverá obedecer às diretrizes e limites prudenciais estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional, atualmente conforme Resolução CMN nº 4.661/2018, sendo vedada a aplicação de recursos de forma compulsória e/ou especulativa. Estas aplicações poderão ser feitas pela própria entidade e/ou por instituições financeiras especializadas. Além disso, a Funpresp é fiscalizada pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), autarquia vinculada ao Ministério da Economia.

5.2 REFORMAS REPLICADAS NOS ESTADOS E SUAS PARTICULARIDADES

A Emenda Constitucional nº 10 de Novembro de 2019 trouxe em seu bojo a obrigatoriedade de instituição do Regime de Previdência Complementar – RPC para os Entes Federativos que possuam o Regime Próprio de Previdência Social – RPPS para seus servidores no prazo máximo de 2 anos e, assim, limitarem os valores dos benefícios de aposentadoria e pensão concedidos pelo RPPS ao limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

O primeiro ente público a regulamentar essa matéria foi o Estado de São Paulo, que instituiu Fundo de Previdência Complementar para seus servidores (SP-PREVCOM). Podem se inscrever nos planos administrados pela SP-PREVCOM novos servidores (vinculados tanto ao RPPS quanto ao RGPS) que ingressaram no serviço público estadual a partir de 21.01.2013, os servidores contribuintes do RGPS em atividade na data de publicação da Lei n.

14.653 (23.12.2011) e os Deputados Estaduais, desde que não integrem nenhum RPPS de qualquer ente federativo.

Em seguida, a União aprovou a Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, que autorizou a criação de três entidades, já abordadas, uma para cada Poder da República.

Ao fim de 2019, 19 entes federativos já possuíam os seus regimes de previdência complementar em funcionamento enquanto outros 25 estão em processo de autorização, estudo ou implantação do regime de previdência complementar12.

O desafio que se apresenta é a implantação pelos 2.133 entes federativos com RPPS de seu RPC de forma célere, eficiente e com baixo custo de implantação. A Emenda Constitucional n° 103, de 12 de novembro de 2019, contribuiu para o atingimento deste objetivo ao ampliar o leque de entidades de previdência complementar aptas a ofertar planos de benefícios para Estados e Municípios, antes limitados tão somente a entidades fechadas de natureza pública, que atualmente são 12 com patrocínio público. Sendo assim, cerca de 296 entidades fechadas e 44 entidades abertas - estas somente após a edição de Lei Complementar - poderão se estruturar para ofertar planos para o segmento de previdência complementar de servidores públicos.

Assim, o Ente Federativo, ao estabelecer o seu Regime de Previdência Complementar deparar-se-á com três possibilidades: aderir a um plano já existente, criar um plano em uma entidade já existente ou criar uma entidade.

A análise dessa questão se torna imprescindível, pois algumas vezes, podem existir as condições para a adesão a um plano já existente e não existir para criação de plano ou entidade em função da quantidade de servidores, dentre outros aspectos. Isto é, poderá não haver escala para a manutenção da EFPC e, consequentemente, do plano de benefícios.

                                                                                                                         

12 Dados retirados do Guia da Previdência Complementar para Entes Federativos. Disponível em <http://sa.previdencia.gov.br/site/2020/03/guiaentesfederativos20.03b.pdf>

No documento RAISSA BEZERRA DE FARIA (páginas 43-46)

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