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Da escolha da instituição de Educação Infantil e dos entrevistados

No documento Infância: imagens e memórias de adultos (páginas 44-47)

A partir do que foi exposto decidiu-se encontrar uma instituição de educação infantil universitária, aqui denominada creche, que atendesse a público mais heterogêneo. O primeiro contato com a creche ocorreu em 2008 por meio de correio eletrônico enviado à sua diretora, com o objetivo de apresentar a pesquisa e pesquisadora e solicitar um encontro para a possível realização da pesquisa de campo. Por questões próprias da creche, a pesquisa somente pôde ser iniciada no ano de 2009, quando foi realizado o primeiro encontro com a pedagoga e psicóloga da instituição.

Neste encontro foram esclarecidas dúvidas a respeito do processo de seleção das famílias entrevistadas, do andamento da pesquisa, do cronograma de realização da pesquisa de campo e sobre como seria a minha presença na creche. Foram também explicitados aspectos relativos à realidade da instituição: a diversidade do público atendido e a rotina da creche.

Conforme anteriormente exposto, buscava-se formar um grupo de pesquisados pertencentes a diferentes classes/posições sociais e uma das ideias era entrevistar alunos, professores e funcionários da Universidade à qual a creche é vinculada. Com o avançar da pesquisa, entretanto, percebeu-se que a própria Universidade diferencia os cargos a partir do grau de escolaridade exigida no concurso de ingresso (ensino básico, técnico ou superior) e optou-se por utilizar esta divisão preexistente para a composição heterogênea do grupo de pesquisa. Deste modo, definiu-se que comporiam o conjunto de pesquisados funcionários dos três níveis de formação (incluiu-se nos funcionários com nível superior exigido também os docentes que, obrigatoriamente, têm ensino superior). Os alunos das diversas faculdades foram excluídos do conjunto de pesquisados por terem uma relação efêmera com a Universidade.

O primeiro critério de seleção dos potenciais pesquisados baseou-se, portanto, no tipo de vínculo com a Universidade de acordo com a formação exigida. O segundo critério de seleção diz respeito à naturalidade dos pesquisados. Tal critério originou-se na concepção da pesquisa quando se pretendia focalizar famílias que viveram e

permaneceram nas cidades da Grande São Paulo com características de urbanização3. À medida que a pesquisa foi se desenvolvendo, a relação com a urbanização deixou de ser relevante, e, ao longo da pesquisa de campo, em especial durante as entrevistas, percebeu-se que devido à mobilidade das famílias e suas diferentes formas de organização, os sujeitos selecionados não necessariamente viveram sempre nos municípios da Grande São Paulo e em centros urbanos. Como estas características foram percebidas após a seleção dos pesquisados, este critério, apesar de não mais significativo, será explicitado.

Tendo em vista estes dois critérios de seleção, três documentos das crianças foram disponibilizados para leitura: (1) a lista das crianças matriculadas na creche4; (2) a ficha de matrícula e (3) a certidão de nascimento das crianças5.

A primeira fase da pesquisa de campo constituiu-se da seleção dos possíveis pesquisados por meio da leitura dos documentos. As listas das crianças matriculadas (divididas em grupos6) e suas fichas de matrícula contemplaram o primeiro critério de seleção – o tipo de vínculo com a Universidade – com isto o grupo de (possíveis) entrevistados foi dividido em três subgrupos: funcionários em nível básico, técnico e superior.

Após esta primeira divisão, buscou-se na certidão de nascimento identificar as crianças cujos pais eram nascidos nas cidades da Grande São Paulo7 para atender ao segundo critério de seleção.

3 Inicialmente a pesquisa chamava-se “Imagens da infância: relatos de famílias urbanas”, por isso era importante a naturalidade dos adultos.

4Nesta creche as crianças são divididas por idade da seguinte maneira: berçário (crianças de um ano em média), Grupo 2 (crianças de dois anos em média), e sucessivamente até o Grupo 6 (crianças de seis anos em média). Vale ressaltar que atendendo à nova legislação, em 2010 o grupo 6 foi extinto, pois as crianças de seis anos passaram a frequentar o Ensino Fundamental.

5Estes documentos puderam ser acessados, pois a creche recebe diversos pesquisadores da Universidade e há uma autorização previamente assinada pelos pais que assegura a entrada de pesquisadores autorizados pela creche, além disso, a leitura dos documentos foi acompanhada pela funcionária da creche que mantém o controle destes documentos.

6Para diferenciação entre grupo de pesquisa e grupos de crianças da creche, daqui em diante, estes serão nomeados grupos-classe.

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A Grande São Paulo é composta por trinta e nove municípios, são eles: São Paulo (capital do estado), Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapevi, Itapecirica da Serra, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Pirapora de Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.

Desta forma três os subgrupos de possíveis pesquisados foram obtidos. Neste processo foram excluídas as famílias cujas crianças faziam parte do primeiro e do último grupo-classe da instituição (berçário e grupo-classe 6), pois os primeiros estavam iniciando o contato com o espaço público escolar e os segundos por estarem no último ano de vínculo com a creche e pela possibilidade de perda de contato com a pesquisadora em tempo muito breve.

A partir destes critérios de seleção e da exclusão do primeiro e último grupo- classe, verificou-se que existiam sete famílias cujo vínculo com a Universidade era em nível superior, dez famílias em nível técnico e três famílias em nível básico. Decidiu-se então que seriam feitas entrevistas com três famílias de cada subgrupo de pesquisa, número determinado pela quantidade de famílias de enquadramento funcional básico8.

Estabelecido o número de possíveis famílias a participarem da pesquisa, foi necessário fazer outra seleção para adequar o número de famílias vinculadas em nível superior e técnico. Para este corte, optou-se por entrevistar pais de crianças dos diferentes grupos-classe da instituição, assim pais de crianças de diferentes idades seriam entrevistados.

O primeiro contato com os sujeitos de pesquisa selecionados ocorreu no momento de entrada das crianças na creche. Como na instituição as crianças são recebidas pelos funcionários da secretaria e, em especial pela enfermeira, esta ficou encarregada de apresentar os pais à pesquisadora. Neste momento a pesquisa era brevemente apresentada e o convite de participação feito. Dentre os nove convites iniciais, duas pessoas informaram que não poderiam participar da pesquisa por motivos de trabalho (ambas funcionárias em nível superior) e uma, que aceitou, não pôde participar efetivamente da pesquisa por não ser natural do estado de São Paulo (enquadramento de nível técnico). Assim, foi necessário estabelecer novos contatos com os pais, e, desta vez todos os convites foram aceitos. Foi fornecido à pesquisadora um meio de contato, telefone ou correio eletrônico, para que as entrevistas fossem agendadas.

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É possível que o número reduzido de famílias de nível básico encontrado possa estar relacionado ao auxílio creche pago às famílias. Este auxílio tinha, no ano de 2009, o valor de R$ 211,11 por dependente para funcionário de carga horária até trinta horas, e de R$ 422,22 para carga horária superior a trinta horas.

No documento Infância: imagens e memórias de adultos (páginas 44-47)