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Capítulo II – Ideais pedagógicos modernos, história e sistema de ensino brasileiro

2. A escola – o campo e suas descobertas

2.2 Da estrutura escolar

Além da reforma estrutural pela qual passou, outros elementos se agregam ao espaço físico. A escola comporta 14 salas de aula, uma sala de vídeo, uma de Artes, uma de Leitura, uma de Informática, uma de Ciências, uma para reuniões de professores (para as JEIs). Ao sair deste prédio se depara com um pequeno pátio semicoberto que dá acesso ao um outro espaço coberto, onde os alunos lancham, com a cozinha de um lado e um palco do outro. É neste espaço também que acontecem as atividades esportivas e as festas e casamentos da comunidade aos fins de semana. Atravessando este espaço, chega a uma outra área aberta com pequenos jardins e com a visão à esquerda para as quadras esportivas. São duas quadras, sendo uma coberta em estado razoável (não mais que isso) de conservação.

24 Embora também não se queira com isto predizer nem tampouco buscar assegurar de que nesta escola se

Nos corredores da escola, alunos se preparam para descer para o intervalo de aulas

Em fase final está a construção de vestiários ao lado das quadras, resultado de uma parceria entre a escola e a Encontro Nacional dos Estudantes de Medicina, na qual a escola alojou centenas de estudantes para um encontro nacional por uma semana. No último dia do Encontro do ano de 2003 o então Ministro da Saúde visitou a escola.

Na antiga área destinada a um estacionamento para os funcionários (há ainda uma outra área de estacionamento) foi construída uma horta, uma área verde de lazer e um espaço para churrasqueira agregada a uma pequena e nova cozinha. Os eventos festivos, de confraternização dos funcionários são feitos neste espaço.

As salas de aulas estão razoavelmente bem conservadas, com um armário, ventiladores e cortinas. As carteiras, velhas e sujas. As estruturas de metal das mesas e cadeiras estão pintadas com líquido corretivo. Por quase todos os vidros há grades que os protegem, para quase todas as fechaduras há uma porta que deve estar trancada. Praticamente todos os funcionários andam com um molho enorme de chaves e, ao entrar e sair das salas de aula, os professores têm que mantê-las trancadas. Os mecanismos de segurança e proteção ao patrimônio público estão introjetados na escola, assim como de qualquer outra.

Antiga área de estacionamento de carros dos funcionários da escola, o espaço foi transformado em parquinho com horta e churrasqueira para eventos da escola

Aula de Português em uma 5a série (primeiro ano do Fundamental II)

Os banheiros, salas, chãos e paredes estão praticamente limpos, não se vê muita sujeira pelos cantos, nem escritos nas paredes. Ao longo do ano, foi possível observar a ocupação das paredes dos corredores para apresentar os trabalhos que cada classe ia fazendo. Costumam

colocar ao lado da porta, cartazes, desenhos, gravuras, avisos, que iam sendo confeccionados ao decorrer do ano letivo.

Se for verdade que as idéias mudam a partir das determinações materiais da realidade, a partir de 1997, a escola começou a “mudar de cara” com tal reforma estrutural do prédio e com sua nova “política de preservação”. É praticamente consenso e reconhecido entre alunos e professores, corpo diretivo e funcionários, que a escola deu um salto qualitativo no nível de conservação em suas dependências internas. Praticamente não há nenhum canto da escola com aparência de abandono, com pichações nas paredes, depredações ou (muitos) vidros quebrados. Todos reconhecem não só os esforços feitos, mas sobretudo, que atualmente é muito mais difícil haver alguma ocorrência que afete o patrimônio escolar. Em praticamente todas as entrevistas, com alunos ou professores, novos ou antigos, agentes escolares ou direção, quando perguntei sobre o que diferenciava aquela escola das demais, a condição de preservação da escola aparecia como elemento consensual.

Espaço que divide o prédio das salas (à esquerda) do pátio coberto (à direita)

Ao refletir sobre as estratégias de ação para manter a escola conservada, me fez recordar quando numa conversa, o diretor contou que anos atrás, quando esta luta contra as pichações/depredações era mais intensa (pois algumas pessoas estavam pichando as salas de aulas constantemente) percebeu que a única saída para a superação deste problema, era ser mais eficiente e rápido que os pichadores e pintar as paredes tão logo elas fossem pichadas.

Disse, então, que após uma pichação feita numa sexta-feira, ele e o assistente de direção foram no sábado repintar a parede para que na segunda-feira não só não tivesse “rastros da obra” como, e principalmente, demarcasse a mensagem de que as pichações não vingariam mais na escola.

O assistente de direção, que é tido como o “faz-tudo” da escola afirma:

Eu lembro quando nós pintávamos as salas, conforme entrava dinheiro, e a gente tinha que repintar todo final do ano. Depois de um tempo não precisava mais repintar a escola toda. Chegava e repintava só umas paredes e tinha sala que não tinha nada pra fazer... Antes, tinha que consertar todas as portas. Estavam despedaçadas. Todo ano tinha que trocar todas as fechaduras 3 vezes por ano. Agora não, é só manutenção.

Enfim, sem dúvida, a qualidade do ambiente físico impressiona pela sua preservação, sobretudo se for comparado à maioria das escolas municipais da cidade. Embora isto não permita inferir alterações diretas na prática pedagógica de sala de aula, pode-se ao menos, levar em consideração que um espaço preservado, respeitoso (em termos de manutenção, limpeza e organização) tende, de fato, a favorecer a continuidade da preservação e respeito por aqueles que chegam e utilizam este espaço.