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DA HABILITAÇÃO À SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO

3 DO PROCEDIMENTO DA ADOÇÃO: TRÂMITE E OBJETIFICAÇÃO

3.1 DA HABILITAÇÃO À SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO

Tratar acerca do procedimento da adoção é de suma importância para que seja possível perceber em que momento a seletividade em relação ao padrão dos adotados acontece, ou então, é exteriorizada, bem como quais são os atos existentes neste percurso, e que devem, obrigatoriamente, ser perpassados.

Os instrumentos normativos que disciplinam esta temática são o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei da Adoção, tal como algumas resoluções do Conselho Nacional de Justiça, dentre elas, merece destaque a Resolução nº 289 de 201968. Dessa forma, a exposição aqui realizada, sempre em congruência com a Constituição Federal, envolverá de maneira heterogênea todas estas normas.

O ordenamento jurídico brasileiro prevê duas modalidades de adoção, a daqueles que possuem mais de dezoito anos de idade, cuja competência para processar a ação é da Vara da Família, e dos menores de dezoito anos69.

A adoção destes últimos, isto é, crianças e adolescentes, via de regra, deve

68TARTUCE, Flávio. Direito de Família. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 470.

69MADALENO, 2021, p. 689.

respeitar o Cadastro Nacional de Adoção, ou seja, os pretendentes, devidamente habilitados, estão sujeitos à ordem cronológica do registro, considerando os parâmetros traçados acerca do perfil da criança ou adolescente que se pretende adotar70.

Esta imposição, e consequente organização legal, existe por força do princípio da igualdade. Todosaqueles que têm como objetivo adotar estarão sujeitos ao mesmo procedimento, sendo incabível qualquer forma de ludibriação a fim de obter vantagens temporais.

As únicas situações em que a lei não exige a prévia inscrição no cadastro estão expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente71, sendo bem únicas, e tendo como objetivo que os protegidos estejam na companhia de pessoas com as quais já nutrem um vínculo extremamente forte. As hipóteses excepcionais são: I) adoção unilateral; II) quando é formulada por um parente com o qual a criança mantenha vínculos de afinidade e afetividade; e III) nas situações em que o pretendente detém a guarda ou tutela da criança maior de três anos ou adolescente há um lapso temporal considerável, não sendo verificada qualquer hipótese de má-fé.

Tendo em vista que o objetivo deste trabalho é realizar uma análise da incompatibilidade existente entre as crianças e adolescentes disponíveis à adoção e o perfil ansiado pelos pretendentes, o estudo a ser realizado acerca do trâmite da adoção recairá nas situações em que uma pessoa se dirige até à Vara da Infância e Juventude da sua comarca a fim de dar entrada no registro para adoção. Significa, portanto, que a atenção recairá nos casos em que não há um prévio conhecimento, a criança ou adolescente, isto é, os adultos irão conhecer o futuro filho no decorrer do procedimento.

A primeira etapa que compõe este microssistema é a habilitação à adoção, a qual é dotada de um rigor formal acentuado. A petição inicial deverá ser protocolada junto ao Juizado da Infância e da Juventude da comarca em que os postulantes residem, acompanhada, para além dos documentos pessoais dos pretendentes, de

70BRASIL, 1990, Art. 50.

71Artigo 50, §13º do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: I - Se tratar de pedido de adoção unilateral; II - For formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei”.

atestado de sanidade física e mental, certidão de antecedentes criminais e certidão de negativa de distribuição cível72.

Recebida a ação, cujo prazo máximo para a conclusão é de 120 (cento e vinte) dias, podendo ser prorrogável por igual período73, o juiz determinará as diligências necessárias, dentre elas a remessa dos autos ao Ministério Público74, para que requeira o que entender cabível.

Vale destacar que este é o momento em que o poder judiciário irá averiguar as condições daqueles que se propõem a adotar. Isso será feito, obrigatoriamente, com o auxílio da equipe multidisciplinar, a qual deverá apresentar relatório com “subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável [...]”75.

Assim sendo, uma vez verificada a possibilidade dos postulantes em praticarem este ato que “recria vínculos afetivos para a criança privada da sua família76”, a habilitação será deferida, e os pretendentes são inclusos no Cadastro Nacional de Adoção77.

É de suma importância perceber que, neste momento, o magistrado, com o auxílio da equipe multidisciplinar, terá que verificar quais são os reais motivos pelos quais os postulantes pretendem adotar, isso porque é incabível a prática deste ato para a satisfação de um desejo pessoal, ou então com o intuito de salvação. Nos dizeres de Silvana do Monte Moreira:

A adoção não busca repor o filho morto, substituir o filho não gerado ou, ainda, salvar uma relação falida. O filho por adoção não pode vir por medo

72ROSA, Corado Paulino da. Direito de Família Contemporâneo. 8. ed. Salvador: JusPODIVM, 2021.

p. 470.

73Artigo 197-F do Estatuto da Criança e do Adolescente: “O prazo máximo para conclusão da habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária”.

74Artigo 197-B do Estatuto da Criança e do Adolescente: “A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas; III - requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias”.

75 Artigo 197-C do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei”.

76ROSA, 2021, p. 461.

77SARTO, Itala Sandra Del. A escuta no tempo de espera pela adoção. In: MOREIRA, Silvana do Monte.

Adoção: desconstruindo mitos, entre laços e entrelaços. Curitiba: Juruá, 2020. p. 174.

de o pretendente ficar sozinho ou porque o pretendente não tem para quem deixar seus bens, a origem da vontade de parentar tem que ser legítima e forte. Não se adota para fazer o bem, se adota para constituir e/ou aumentar a família [...]. É preciso ter em mente que a adoção existe para atender o melhor interesse da criança, assim todos os procedimentos têm como foco esse atendimento, e não o suprimento de lacunas pessoais dos adultos78.

Portanto, há a necessidade de inverter a lógica adultocêntrica, em que o objetivo da adoção é encontrar uma criança perfeita para os postulantes, para uma perspectiva que coloca a criança no centro, procurando uma família para cada criança desprovida do direito da convivência familiar79.

Em razão desta função extremamente técnica, e que envolve inúmeros sentimentos, é que, de acordo com Kernberg, “os profissionais que habilitam pais para a adoção têm o poder de fada madrinha que entrega a criança ou de bruxa má que não os aprova como pais”80.

Ora, sua atribuição, sempre apoiada em relatórios elaborados por profissionais competentes na área, será tomar uma decisão que mudará, para além da vida dos adultos, a de crianças que aguardam ansiosamente por um lar.

Dessa forma, não é impossível se deparar com situações em que os requerentes sejam inabilitados, vez que o rigor para garantir um futuro adequado àqueles que, na maioria das vezes passaram por situações complicadas ao longo da tenra vida, é excessivo.

Contudo, é importante que a verificação da motivação dos postulantes não seja realizada de maneira absoluta. A equipe técnica “deve ajudar os adotantes a compreenderem aspectos importantes, bem como ajudar aos candidatos a criarem esse repertório81”, visto que não tem como se falar em perfeição quando se trata de seres humanos. Apontando a necessidade de se realizar uma análise detalhada, contudo, não absoluta, Lidia Weber aduz que:

No entanto, é preciso levar com conta a capacidade de reconstrução de sua própria história, de construção do apego, do fascínio da capacidade de amar.

Pode-se aprender que, na verdade, ninguém substitui ninguém e todo filho pode ter seu lugar no afeto dos pais. Se ninguém pode acessar a subjetividade do outro, e, muitas vezes, nem mesmo a própria pessoa, então

78MOREIRA, Silvana do Monte. Adoção: desconstruindo mitos, entre laços e entrelaços. Curitiba:

Juruá, 2020. p. 27.

79WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj. Adote com carinho: um manual sobre aspectos essenciais da adoção. Curitiba: Juruá, 2011. p. 18.

80KENENBERG, 1978 apud KHAFIF, Gina. Adoção, desafios da contemporaneidade. São Paulo:

Blucher, 2018. p. 102.

81WEBER, 2011, p. 36.

os rótulos de nada valem, porque cada caso é um caso, ou seja, as pessoas não se comportam da mesma maneira nem mesmo em situações idênticas – as relações funcionais em cada situação é que são importantes: “o vento é o mesmo, mas sua resposta diferente em cada folha”, ressalta sabiamente a poetisa Cecília Meireles. Este argumento nos faz entender que a prevenção é fundamental, mas também, é preciso acreditar num trabalho a posteriori frente a estas “inadequações” – o acompanhamento82.

Dessa forma, toda a rede de proteção deve atuar visando o aperfeiçoamento, desenvolvimento e entendimento dos pretendentes acerca deste ato que envolve inúmeros sentimentos e responsabilidades.

Assim como os postulantes, as crianças e adolescentes também irão integrar o Sistema Nacional de Adoção, cujos dados, em um momento oportuno, serão confrontados, a fim de encontrar a família mais adequada para aqueles que estão sob proteção estatal.

Mas, para que estejam incluídos nesta lista, isto é, disponíveis à adoção, há a necessidade de um longo e burocrático caminho ser percorrido83. Isso porque, de acordo com o artigo 45 do Estatuto da Criança e do Adolescente84, a adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotante, a não ser nas situações em que estes são desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.

Verifica-se, portanto, que o ordenamento jurídico brasileiro privilegia o princípio da primazia da família natural, só sendo a criança ou o adolescente colocados em famílias substitutas nas situações em que todos os esforços foram empreendidos para manutenção na família de origem e, posteriormente, na família extensa85.

Outrossim, o próprio processo de colocação em família substituta, deve ser, obrigatoriamente, precedido ou acompanhado de uma destituição do poder familiar86. Desse modo, após a prolação da sentença, tendo esta transitado em julgado, iniciam os esforços por parte da rede de proteção para colocar os protegidos em uma família, que já passou pelo processo de habilitação mencionado anteriormente.

82WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj. Aspectos psicológicos da adoção. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2014.

p. 37.

83ROSA, 2021, p. 471.

84Artigo 45 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar”.

85 Artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”.

86MOREIRA, 2020, p. 47.

Contudo, merece destaque o fato de ser permitida a aplicação desta medida de proteção, prevista no artigo 101, IX do Estatuto da Criança e do Adolescente, antes do trânsito em jugado da sentença do processo de destituição, nos casos em que o magistrado, com o apoio da equipe técnica que acompanha os autos, verifique não haver possibilidade de reintegração87.

Dessa forma, uma vez que a criança ou adolescente é enquadrado em uma destas situações, estando juridicamente apta para integrar o Sistema Nacional de Adoção (SNA), será nele inserido, a fim de ser encontrada uma família que lhe garanta a fruição de seus direitos mais basilares e fundamentais88.

Neste ínterim, via de regra, os protegidos permanecem acolhidos institucionalmente. Considerando os inúmeros malefícios gerados pela institucionalização nesta fase da vida89, o recomendável é que, enquanto não se identifique uma família apta a adotar, que sejam colocados sob a guarda de uma família cadastrada em programa de acolhimento familiar90, ou então inseridos no programa de apadrinhamento91.

Entretanto, em que pese a teoria orientar que o mínimo de crianças fique institucionalizado, sempre priorizando o acolhimento familiar, a realidade demonstra que “bebês, crianças e adolescentes abandonados pelos pais ou deles alijados, acabam depositados em verdadeiras prisões”92.

De acordo com os dados apresentados pelo CNJ, apenas 4,8% das crianças e adolescentes estão inseridos no serviço de acolhimento familiar, ao passo que 95,2%, o que corresponde a 28.414 (vinte e oito mil, quatrocentos e quatorze) crianças, encontram-se acolhidas institucionalmente93.

Denota-se pela análise dos dados que não é uma tradição brasileira o

87Enunciado nº 8 do II Encontro dos Magistrados da Infância e da Juventude do Estado do Paraná e Enunciado nº 1º do PROINFANCIA (MP).

88ROSA, 2021, p. 472.

89FRANCO, Maria Helena Pereira (org.). Formação e Rompimento de Vínculos: O dilema das perdas na atualidade. São Paulo: Summus, 2010. p. 179.

90TARTUCE, 2021, p. 490.

91Artigo 19-B, §1º do Estatuto da Criança e do Adolescente: “O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro”.

92DIAS, Maria Berenice. Adoção: um depósito de crianças e o absoluto desleixo estatal. In: MOREIRA, Silvana do Monte. Adoção: desconstruindo mitos, entre laços e entrelaços. Curitiba: Juruá, 2020. p.

108.

93BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Brasília: CNJ, [2021]. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/sna/estatisticas.jsp. Acesso em: 06 jun. 2021.

acolhimento familiar, existindo, inclusive, dificuldades na implementação desta medida nos tribunais94.

Sendo identificada uma família, aqui compreendida nas mais diversas possibilidades de acepção do conceito, isto é, aquela que, nos dizeres de Maria Berenice Dias, seja um lugar de afeto e respeito, ou então um “LAR”95, indo além do conceito da família tradicional, esta será chamada pela rede de proteção, a fim de iniciar os contatos com o protegido, podendo ser mais de um, o qual, na maioria das vezes, estará acolhido em uma unidade institucional.

Em seguida, há a necessidade de os pretendentes proporem ação de adoção em relação àquela criança ou adolescente96, que tramitará junto à Vara da Infância e da Juventude.

Assim que recebido o pedido, estando provados os requisitos autorizadores da adoção, dentre eles destaca-se a maioridade civil dos adotantes97, uma diferença de no mínimo dezesseis anos em relação ao adotado98, prévia habilitação e respeito à ordem cronológica do Sistema Nacional de Adoção (SNA)99, o magistrado, via de regra, concederá a guarda do protegido, de maneira liminar, aos adotantes100.

Outrossim, vale destacar que a adoção deve ser “precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente”101, cuja duração não poderá ser superior a cento e oitenta (180) dias.

Durante este período, que tem como objetivo fortalecer os vínculos entre pretendentes e adotados, o acompanhamento por parte da equipe multidisciplinar será constante102, a fim de averiguar se os direitos das crianças e dos adolescentes estão sendo respeitados, bem como, tutelados da melhor forma possível.

Estando toda a conjuntura fática apontando para esta ser a medida que melhor atende ao interesse do protegido, o juiz proferirá a sentença de adoção, a qual é

94SILVA, Enid Rocha Andrade da (coord.). O direito à convivência familiar e comunitária: os abrigos para crianças e adolescentes no Brasil. Brasília: [s. n.], 2004. p. 219.

95DIAS, 2016, p. 21.

96ROSA, 2021, p. 473.

97Artigo 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil”.

98Artigo 42, §3º do Estatuto da Criança e do Adolescente: “O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando”.

99BRASIL, 1990, Art. 50 caput e §13.

100 ROSA, 2021, p. 473.

101 Artigo 46 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso”.

102 ROSA, 2021, p. 473.

irrevogável.

A partir deste momento, a adoção, para além de produzir mudanças significativas na vida tanto dos adotantes como também dos adotados, gera efeitos civis. O vínculo com a família natural é rompido e constitui-se uma nova relação com os, então, pais afetivos103. Estes passam a exercer o poder familiar, sendo a sentença que deferiu a adoção inscrita no registro civil, instrumento em que constará o nome dos adotantes, bem como seus ascendentes104.

Além disso, a criança ou adolescente passará a usar o nome dos pais afetivos.

Pode também haver a modificação do prenome, à requerimento dos adotantes.

Entretanto, tal alteração muitas das vezes é condicionada ao aceite do protegido105. Verifica-se, diante do caminho percorrido acerca do trâmite da adoção, que este é extremamente burocrático, devendo, necessariamente, restarem preenchidos todos os requisitos e terem sido respeitadas todas as etapas do processo para o seu deferimento. Muitos autores, dentre eles Maria Berenice Dias, criticam a forma com a qual o ordenamento jurídico brasileiro estruturou este instituto, afirmando que todas as normas que o permeiam apenas tornam o processo mais moroso e ineficaz106.

Entretanto, em contrapartida, há doutrinadores que defendem a necessidade de o sistema como um todo ser minucioso, uma vez que se trata da colocação de uma criança ou adolescente em uma família, sendo necessário ter a certeza de que esta será a medida que melhor atenderá seus interesses, e se os direitos dos protegidos serão atendidos.

3.2 DA OBJETIFICAÇÃO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES E PREVALÊNCIA

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