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Da ata do julgamento

No documento Nulidades no procedimento do júri (páginas 48-58)

3.2 DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FEITAS PELA LEI 11.689/08

3.2.11 Da ata do julgamento

Segundo Marques (2009) a ata dos trabalhos recebeu sessão especifica pela redação da nova lei. Salienta que a assinatura das partes na ata é de extrema importância, ficando impedida a elaboração do documento em momento posterior, diferentemente do modelo anterior, em que apenas o juiz e a acusação assinavam. Também surgiu a previsão do registro das alegações e dos incidentes, em que necessariamente o juiz concederá a palavra às partes para que registrem em ata suas inconformidades, evitando, assim, posterior prejuízo para o conhecimento das matérias levadas às instâncias superiores.

3.2.12 Dos recursos

No que se refere aos recursos, observa-se a supressão do recurso de ofício em relação à sentença de absolvição. Nos casos de sentença de impronúncia e absolvição o recurso cabível é a apelação e não mais o recurso em sentido estrito. Se proferida sentença condenatória, o direito de recorrer em liberdade resta vinculado à avaliação dos requisitos da prisão preventiva, não mais como no modelo anterior, já que a vinculação se dava à primariedade e bons antecedentes do réu. E por fim, o recurso denominado protesto por novo Júri, previsto para os casos em que a sentença condenasse o réu por período igual ou maior que vinte anos restou extinto. (NUCCI, 2008).

3.3 PARTES ATUANTES

O Tribunal do Júri é integrado por um juiz de direito, e pelos vinte e cinco jurados sorteados dentre os inscritos na lista geral. Para que a sessão se instale, faz-se necessária a presença de pelo menos quinze dos jurados sorteados, dos quais sete formarão o Conselho de Sentença. Para instituição do Júri Popular identificam-se três entidades coletivas e leigas – o número mínimo de jurados como condição preliminar à organização do Júri; satisfeito o mínimo legal, a integração do órgão jurisdicional; e por fim, o Conselho de Sentença, que

assume a “posição de órgão judiciário e sujeito a relação processual que no Plenário se desenvolve”. Após a dissolução do Conselho de Sentença o magistrado reassume a posição de sujeito processual. (PORTO, 2007)

Conforme assevera Vieira (2003) o impacto da mídia nos intervenientes processuais, faz com que muitos promotores e advogados, tornem-se verdadeiros atores profissionais, utilizando-se de oratória exagerada, dramatizada e subjetiva, tentando causar admiração aos espectadores, esquecendo que “o Júri é um tribunal austero, que decide sobre a sorte de um ser humano, punindo-o, não raramente, a cumprir pesadas penas, de décadas de prisão”. (PIMENTEL, 1988 apud VIEIRA, 2003).

3.2.1 O magistrado

A presidência do Tribunal do Júri será exercida por um juiz de direito, devendo o juiz que iniciar os trabalhos encerrá-los. O juiz presidente do Júri possui poder de polícia de caráter preventivo e repressivo, sendo sua competência todos os atos previstos no art. 497, CPP. (MIRABETE, 2005).

Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente referidas neste Código:

I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;

II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade; III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de linguagem ou mediante requerimento de uma das partes;

IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri; V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor;

VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença;

VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização das diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados; VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença e para repouso ou refeição dos jurados;

IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a argüição de extinção de punibilidade;

X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento;

XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o

esclarecimento da verdade;

XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta última.

Colhe-se da obra de D’Angelo (2005) que no exercício da presidência do Tribunal do Júri o magistrado irá aplicar a pena ao réu, caso condenado, podendo demonstrar se é possuidor do discernimento para tornar efetiva a decisão dos jurados, haja vista seu dever de invocar as normas prescritas no ordenamento pátrio. Nesse momento, o magistrado poderá se revelar uma pessoa vivendo problemas que afligem toda a sociedade, pois ao sentenciar, conforme a decisão dos jurados leigos, invocará conhecimentos extrajurídicos, como ocorre no caso dos jurados entenderem pela condenação do réu, em que deverá sopesar fatores determinantes, como por exemplo o disposto no art. 59, CP. Conclui afirmando:

Assim agindo, o juiz brasileiro não estará permanecendo fiel, com pertinácia, à concepção tradicional, tipicamente do século XIX, dos limites da função jurisdicional, mas sim, agindo de acordo com a lei e de acordo com a vontade do povo, que é a principal razão de ser de todos os Poderes [...]

Destarte, não sendo os juízes eleitos pelo povo, por conseguinte, deverão atender os ditames da lei, dentro dos limites estabelecidos pelos legisladores constituintes e ordinários, sob pena, caso não hajam desta forma, de ofenderem o princípio da independência e harmonia dos Poderes, explícito no art. 2º da Constituição Federal de 1.988. (D’ANGELO, 2005, p. 102).

No tocante à formulação e explicação dos quesitos D’Angelo (2005) assevera que o juiz deverá utilizar-se de pedagogia, haja vista a necessidade de ser interlocutor da linguagem jurídica, fazendo com que esta atenda os anseios da sociedade. Deverá também, o magistrado, manter imparcialidade no seu julgamento, não interferindo no ânimo dos julgadores do fato, apenas lhes esclarecendo da forma mais conveniente.

3.2.2 O promotor

No Tribunal do Júri, segundo Mossin (2009), o acusador deve utilizar os elementos probatórios constantes nos autos, evitando divagações. Conforme estabelecido pelo legislador, a acusação em plenário encontrará limites na pronúncia e nas demais decisões que admitiram a acusação. O autor afirma que em decorrência da condição de custos legis atribuída ao promotor de justiça, deve este atuar com imparcialidade, pois defende interesse estatal e não interesse particular ou institucional. Desse modo, aponta como exigência da sociedade o fato de que o promotor desempenhe uma conduta ética, imparcial, séria e moderada, assim evitando debater com a defesa simplesmente para sair vencedor da batalha plenária, mas para que alcance seu fim social: a justiça. Nesse sentido cita:

Acusar é patentear ao julgador da causa por dissertação minuciosa e lógica, a culpabilidade do réu, diante das provas colhidas e das circunstâncias que acompanharam o fato criminoso (...). A do promotor deve revestir-se da mais absoluta imparcialidade. A sociedade pede a condenação, em nome da ordem pública sobressaltada com o proceder criminoso de um de seus membros, mas não é movida pelos sentimentos de ódio, paixão e vingança. (WHITAKER apud MOSSIN, 2009).

Para D’Angelo (2005) a sociedade espera do membro do parquet uma atuação acima de qualquer interesse jurídico, econômico e político, imperando a coexistência entre razão e emoção. Isso ocorre devido dispositivo constitucional, investindo a ele, incondicionalmente, a propositura da ação penal contra aquele que cometer crime contra a vida intencionalmente. Afirma, ainda, que perante o tribunal do Júri, a sociedade vê no promotor de justiça um cidadão capaz de alcançar a desejada justiça dos homens, pouco importando sua condição de “excelente operador do direito”. Conclui prescrevendo que o promotor tem por dever conhecer as normas de forma clara e objetiva, entretanto não deve esquecer-se dos sentimentos e paixões humanas, que irão se flexibilizar conforme cada caso concreto. A corroborar, Lyra (2001) apud D’Angelo (2005):

Falar como técnico a juízes de consciência constitui inépicia, circunscrever-se aos articulados e aos textos, quando as razões de decidir são as mais imprevistas, as mais caprichosas importa em sacrifício do mandato social. A monotonia das dissertações livrescas, a exclusividade ou restrição dos lances produzem no julgador sensações constantes, que anulam a consciência delas, insensibilizando e fatigando. De muito valem os detalhes, mas não é possível ficar neles, quando a defesa demanda o mar alto da filosofia, da ciência e da vida.

No que se refere à posição processual do Ministério Público conclui-se que o referido órgão é um “interveniente adesivo obrigatório na ação intentada pelo particular em crime que comporta ação penal pública”. Assim sendo, nunca perde a qualidade de parte na ação penal “que está sendo objeto de cotejo analítico, participará de toda a instrução probatória, podendo praticar atos a ele inerentes [...]”. (MOSSIN, 2009, p. 218-219).

3.2.3 O advogado

O Tribunal do Júri não exige do tribuno apenas conhecimento técnico, mas também conhecimento sobre o ser humano, fazendo com que demonstre aos representantes da

sociedade as causas que conduziram à morte, estabelecendo, então, um diálogo ético, mesmo que indireto, entre advogado e jurados. Nos dizeres de D’Angelo, o advogado no Tribunal do Júri deverá observar seus deveres éticos sem deixar de atender aos pedidos de seu cliente, fazendo-o, por óbvio, dentro dos padrões previstos no Código de Ética.

Para Nucci (2008) o defensor no Tribunal do Júri deve ter em mente que possui um status constitucional diferenciado, com a finalidade de atuar em nome do acusado com o instrumento da plena defesa. Trata-se de um desafio, pois em muitas vezes confronta-se com o órgão acusatório veementemente e busca insistentemente formar o convencimento do juiz presidente.

Configuram-se como alguns requisitos importantes para o defensor no Júri: o contato com o acusado, que irá gerar confiança e criar laços entre defensor e defendido; a orientação do réu em todos os sentidos, pois o acusado bem informado saberá desde o princípio o que lhe pode acontecer evitando falsas esperanças; permitir que o réu se defenda pessoalmente nos interrogatórios, orientando-o para que a versão da autodefesa se harmonize com a defesa técnica; ser conhecedor de todo o processo e provas nele existentes; conhecimento das pessoas arroladas como testemunhas, o que lhe permitirá uma atuação segura; havendo necessidade, sob o fundamento da plenitude de defesa, poderá o advogado ultrapassar o número legal de testemunhas; sempre apresentar alegações finais, ainda que concisas; analisar a decisão de pronúncia, verificando a existência de excessos na fundamentação; ainda quanto à pronúncia, não aceitar que a mesma seja desprovida de fundamentação; avaliar minuciosamente a possibilidade de interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia, evitando seja proferido acórdão confirmatório; estar presente em todos os momentos no plenário, a fim de assegurar a plenitude de defesa de todos os atos lá praticados; quando possível, levantar todas as teses cabíveis para beneficiar o réu (teses subsidiárias e alternativas); utilizar-se, como medida de exceção, o direito de inovar a tese na tréplica; analisar os quesitos formulados pelo juiz, e se possível explicá-los aos jurados sob a ótica da defesa além de impugnar os quesitos defeituosos, sob pena de preclusão. (NUCCI, 2008).

São dizeres de Nucci (2008, p. 152):

Atuar na tribuna da defesa, no Tribunal do Júri é missão peculiar e realmente destacada, pois demanda conhecimento jurídico seguro, flexibilidade para o trato com outras pessoas, didática particular para expor idéias, frieza para enfrentar, diante do público, revezes inesperados, estrutura emocional para defender o cliente, sem ultrapassar as fronteiras da ética profissional, agilidade no raciocínio para que as impugnações orais, inscritas em ata, sejam imediatamente promovidas, quando

falhas se apresentarem, firmeza para sustentar as prerrogativas do advogado, sem avançar para o campo do desrespeito e da ofensa; enfim, o advogado necessita apreciar a instituição do júri e ser para esta vocacionado.

3.2.4 O assistente de acusação

O assistente de acusação representa a pessoa do ofendido, “[...] aquele que é titular do bem jurídico lesado pelo delito ou seu representante legal ou no caso do morto ou ausente, as pessoas enumeradas no art. 31 do Código de Processo Penal (art. 268, CPP).”. Adverte o autor que não se deve confundir o assistente com a pessoa do advogado, haja vista o segundo possuir função de representação postulatória. Ou seja, ao ofendido ou seu representante é deferido o exercício da assistência, mas esta só se materializa pela representação de um advogado em juízo, salvo se o ofendido ou seu representante for bacharel devidamente inscrito nos quadros da OAB. (MOSSIN, 2009, p. 220).

Tourinho Filho (2009) descreve a função do assistente como a preservação do direito do dano emergente do fato ilícito. Segundo o autor o assistente pode propor meios de prova como a juntada de documentos, requerimento de acareação, reconhecimento, busca e apreensão exames periciais e etc. Pode, ainda, intervir nas audiências, fazendo perguntas às testemunhas (depois do promotor, e caso este nada pergunte, poderá fazê-lo), fazer alegações finais e participar de debates orais, além de propor razões de recursos.

Segundo Nucci (2008), tem o assistente de acusação direito de se manifestar em plenário dentro do tempo reservado à acusação, o qual deverá ser negociado com o Ministério Público, caso impossível, deverá ser arbitrado pelo juiz presidente. O autor assegura que a ausência de assistente de acusação em plenário é inofensiva, não gerando qualquer tipo de nulidade.

3.2.5 Os jurados

Conforme Mossin (2009), o termo jurado é derivado do latim juratus, que significa afirmado com juramento. Ao jurado é atribuído tal nome pelo juramento prestado antes que tome assento no Tribunal. Afirma que o serviço prestado pelo jurado, julgando seus

próprios pares, possui natureza cívica e representa a democracia em sede de processo penal. Salienta que o jurado, maior de dezoito anos, no exercício da magistratura popular, julgará matéria de fato, diante da votação dos quesitos pertinentes, sendo incumbência do juiz togado a função de policiar a sessão de julgamento e resolver a matéria de direito, qual seja a formalização da sentença, a fixação da pena, o reconhecimento do concurso material e formal do crime e crime continuado.

De acordo com o art. 425, CPP, a lista geral dos jurados contendo o nome de todos que deverão servir durante o ano, mediante sorteios nas reuniões do Júri, sendo escolhidos anualmente pelo juiz da vara do Júri até o dia 10 de outubro. A escolha dos jurados se dará conforme o número da população da comarca, havendo necessidade, a legislação prevê a possibilidade de aumentá-lo. Existe também a previsão da lista de suplentes, que ficará depositada em urna especial, sob a responsabilidade do juiz presidente. Ressalta o previsto no art. 436, CPP, no que tange a observância de ponto subjetivo para escolha dos jurados – a notória idoneidade do cidadão. (MOSSIN, 2009).

Além da conduta ilibada, conforme Mossin (2009) o jurado deve ser brasileiro e alfabetizado, embora inexista previsão legal a respeito. A justificativa da previsão do § 2º, art. 525, CPP (locais em que o juiz poderá requerer indicação de pessoas para servirem como jurados), justifica-se pelo objetivo do Júri popular, qual seja a magistratura popular, em que a sociedade julga seus pares. Salienta que a fim de evitar a profissionalização do jurado, o que se trata de afronta a democracia que envolve o Tribunal Popular, aquele que integrar o Conselho de Sentença nos doze meses que antecederem a publicação da lista ficará dela excluído (art. 426, § 4º, CPP), o que não significa que esta pessoa não possa integrar novamente a lista geral.

Assevera Dias (2008) que se observa que grande parte dos nomes constantes nas listas de jurados é de funcionários públicos, exceto nas cidades pequenas, onde está presente um maior número de pessoas representantes da comunidade. O autor justifica como um dos entraves para que o Conselho de Sentença seja dotado de uma maior representatividade popular as dificuldades impostas para aqueles que o compõem, haja vista não tratar-se de função remunerada, não permitindo “[...] subsídios ou comodidades extras aos jurados, o que faz com que as atividades profissionais ou familiares do cidadão o impeçam de participar como jurado, implicando na perda da representatividade social do Conselho de Sentença [...]”. Conclui afirmando que:

[...] a participação de apenas uma determinada parcela ou de algumas poucas classes sociais na constituição do Júri, pode provocar julgamentos que indiquem a forma de pensar de alguns desses grupos, dificultando que o réu possa ter um julgamento considerado justo, o que não representaria a vontade da sociedade e seus interesses. (DIAS, 2008).

Ainda, conforme Dias (2008), o anteprojeto do Tribunal do Júri menciona a necessidade de manutenção da instituição no ordenamento pátrio, no sentido de que seja alcançado, de alguma maneira, os anseios da sociedade, além de um acompanhamento da evolução do pensamento jurídico. Nesse diapasão afirma:

A preocupação com a renovação da lista geral dos jurados está indicada no anteprojeto quando este deixa expresso que "nenhum jurado poderá permanecer na lista por mais de dois anos consecutivos", evitando-se a "profissionalização" do jurado, o que levará o Presidente do Tribunal do Júri a uma renovação periódica dos alistados, mas poderá trazer dificuldades, em comunidades menores. Prevê também, uma série de alterações com relação ao sorteio dos jurados, ampliando de um modo geral a participação das partes, ao garantir que ele só será realizado depois de organizada a pauta de julgamento, intimando-se, para esse fim, tanto o representante do Ministério Público quanto os defensores dos acusados que serão julgados ao longo da concretização da pauta. De igual sorte, não mais será necessário que um menor retire as cédulas. O número de jurados sorteados, que atualmente se conta em 21 (vinte e um), passará para 35 (trinta e cinco), segundo o mesmo anteprojeto. No ato convocatório dos jurados, a ser realizado pelo correio, deverão ser encaminhadas cópias da pronúncia e do relatório, procurando-se, com isso, munir os jurados de peças importantes para o processo, para situá-los melhor sobre os casos que irão julgar. Com essa determinação, o relatório do juiz, sobre o processo a ser submetido a julgamento, não mais deverá ser feito em plenário, mas antes dele. Democratizam-se as regras sobre o alistamento de jurados, ampliando-se a possibilidade de sua arregimentação através das autoridades locais, associações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino em geral, universidades, sindicatos, repartições públicas e outros núcleos comunitários. O rol dos isentos é reduzido de modo a afastar apenas os maiores de 70 anos e os médicos, somente quando eles próprios requeiram sua dispensa, que não poderá ser negada. Retira-se a previsão de multa ao jurado faltoso, impondo-lhe apenas perda do benefício de presunção de idoneidade moral, de prisão especial e de preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas e no provimento de cargo, função ou promoção funcional.

Afasta-se qualquer possibilidade de tratamento discriminatório na convocação dos jurados, prevendo-se que nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do Júri ou deixar de ser alistado em razão da cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau de instrução. (DIAS, 2008).

Para o autor, tais preocupações evidenciam uma preocupação com elementos capazes de causar desequilíbrio na isenção e serenidade dos jurados, impedindo que haja imparcialidade e legalidade no julgamento.

Oportuno se faz colacionar que o serviço do Júri é obrigatório, ressalvadas as hipóteses de isenção previstas no art. 437, CPP, sendo a recusa injustificada punida com multa de um a dez salários mínimos, devendo a punição ser estabelecida conforme o poder econômico do recusante. O jurado sorteado para comparecer a sessão do Júri,

independentemente de figurar no Conselho de Sentença, não poderá ter o dia descontado de seu salário ou vencimento. Do art. 438, CPP depreende-se que “a recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto”. (MOSSIN, 2009).

Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:

I – o Presidente da República e os Ministros de Estado; II – os Governadores e seus respectivos Secretários;

III – os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;

IV – os Prefeitos Municipais;

V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública; VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;

VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública; VIII – os militares em serviço ativo;

No documento Nulidades no procedimento do júri (páginas 48-58)

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