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Da metodologia da investigação: material e métodos

Epistemologies, methodologies: Justifying Knowledge, Justifying Method, Taking Action

Stacy Carter (2007)

CAPÍTULO II ___________________________________________________________________________ 63

2. Metodologia ________________________________________________________________________ 65

2.1 Desenho do estudo ________________________________________________________________________ 65 2.2 FASE I: Construção do instrumento de avaliação das competências parentais _________________________ 67

2.2.1 ETAPA I: Identificação das competências parentais e respetivos indicadores __________________________________ 68 2.2.1.1 Contributos das mães e dos pais: estudo empírico _________________________________________________________ 69

Da recolha de dados: entrevista, participantes e procedimentos _____________________________________________ 69 Da análise dos dados: análise de conteúdo e procedimento de codificação ___________________________________ 71 Dos resultados: as competências parentais e respetivos indicadores _________________________________________ 73

2.2.1.2 Contributos da revisão da literatura ____________________________________________________________________ 74

2.2.2 ETAPA II: Definição do modelo do Instrumento de Avaliação das Competências Parentais _______________________ 75 2.2.2.1 O que avaliar e quando avaliar: definição do conteúdo e dos momentos de avaliação ___________________________ 76

2.2.2.2 Como avaliar: definição dos critérios de avaliação das competências parentais _________________________________ 87

2.2.2.3 Formato do instrumento de avaliação das competências parentais ___________________________________________ 88

2.2.2.4 Análise da primeira versão do I_ACP ____________________________________________________________________ 90

2.2.2.5 Escala de perceção de autoeficácia nos cuidados ao filho ___________________________________________________ 93

Construção da escala de perceção da autoeficácia nos cuidados ao filho _____________________________________ 94 Propriedades psicométricas da escala de Perceção de autoeficácia nos cuidados ao filho (PAE_CF) ____________ 96

2.3 FASE II: Avaliação das Competências Parentais _________________________________________________ 101

2.3.1 População e amostra _____________________________________________________________________________ 101

2.3.2 Procedimento de recolha de dados __________________________________________________________________ 103

2.3.3 Definição das variáveis e dos critérios de medida_______________________________________________________ 105

2.3.4 Análise e tratamento dos dados ____________________________________________________________________ 110 2.3.5 Esquema síntese da metodologia do estudo ___________________________________________________________ 111

2. Metodologia

Neste capítulo procura-se clarificar os aspetos de natureza metodológica que orientaram o estudo. Começa-se por apresentar o desenho do estudo, passando-se depois para a descrição dos procedimentos relativos à construção do instrumento de avaliação das competências parentais e aos procedimentos relativos à avaliação das mesmas, abordando-se também os aspetos relacionados com a análise e o tratamento dos dados e, por fim, as considerações éticas que alicerçaram a realização do estudo.

2.1 Desenho do estudo

O desenho do estudo apresenta o plano geral do dispositivo de investigação concebido para responder às perguntas de investigação, incluindo “as especificações para garantir a inte-

gridade do estudo” (Polit, Beck & Hungler, 2006: 432), definindo o modo como os dados

serão recolhidos e sob que condições.

Com o dispositivo de investigação adotado pretende-se estudar as competências parentais para o exercício da parentalidade, desde a gravidez até ao sexto mês de idade da criança, tendo por fundamento o postulado de que a qualidade do exercício parental pode ser forte- mente influenciada pela aprendizagem de conhecimentos e de habilidades para responder, de modo efetivo, às necessidades da criança (Baker et al., 2007; Bar-yam, 1996; Beger & Cook, 1996; Birk, 1996; Bliss-holtz, 1991; Bowman, 2005; Ferketich & Mercer, 1994; Ferketich & Mercer, 1995; Mercer, 1995; Mercer, 2006; Tarkka, 2003; Sword & Watt, 2005; Svensson, Barclay & Cooke, 2006; Salam, 1995; Sandre-Pereira et al., 2000; Kuhn & Carter, 2006).

O estudo foi delineado de modo a revelar as características da população, particularmente as competências parentais, tanto transversal como longitudinalmente. De acordo com Mercer (1981), qualquer investigação que procure estudar o modo como se desenvolve um determi-

nado papel, nomeadamente o papel parental, exige um estudo com desenho longitudinal e análises transversais. A abordagem transversal prevê a observação de aspetos da população num momento específico e a longitudinal pressupõe a avaliação da mesma população em vários momentos, ao longo do tempo. Assim, será considerada a avaliação das competências parentais desde a gravidez ao sexto mês de idade da criança: gravidez, 1.ª/2.ª semana, 1.º/2.º mês, 3.º/4.º mês e 5.º/6.º mês.

A decisão de delimitar o período em estudo entre a gravidez e o sexto mês de idade da criança teve por base três ordens de razão. Primeiro, admite-se que este é o período de maior turbulência na transição para a parentalidade, sendo que a mestria no desempenho do papel parece ser percebida em torno dos quatro/seis meses após o nascimento do filho (Mercer, 1981; 1995). Segundo, assume-se que o crescimento e desenvolvimento infantil é particu- larmente sensível aos cuidados parentais, em particular nos primeiros meses de vida (Fowles & Horowitz, 2006). Terceiro, durante este período os enfermeiros têm diversas oportunida- des para contactarem com a mãe/pai e a criança (Fowles & Horowitz, 2006). De facto, ape- sar de a responsabilidade de assegurar os cuidados ao filho se manter por toda a vida, a maternidade e a paternidade assumem maior visibilidade e impacto no primeiro ano da criança, muito por força da novidade da necessidade de assegurar uma grande quantidade de cuidados, por forma a garantir a sobrevivência e o desenvolvimento harmonioso da criança (Mercer, 1995; Canavarro, 2001).

O estudo pretende, também, explorar e determinar a existência de relações entre as variáveis em estudo e descrever essas relações, bem como determinar a natureza da força e da direção das relações (Fortin, 1996; Polit, Beck & Hungler, 2006).

Assume-se como finalidade: contribuir para a promoção da transição saudável para a paren- talidade, através da construção de um instrumento que guie a avaliação das competências parentais e que permita a caracterização e a definição de um perfil de cliente dos cuidados de enfermagem centrado na preparação para a maternidade/paternidade, desde a gravidez até ao 6.º mês de idade da criança. Na procura da consecução daquela finalidade, organizou-se a investigação em duas fases principais. Na fase I, pretende-se construir um instrumento de avaliação das competências parentais e, na fase II, procura-se caracterizar as competências parentais, desde a gravidez até ao 6.º mês de idade da criança (Figura 3).

Figura 3. Desenho do estudo: Fase I e Fase II

Em seguida, descreve-se o percurso metodológico de cada uma das fases, nomeadamente no que se refere às técnicas de recolha de dados, aos critérios de seleção dos participantes e à determinação da dimensão amostra e os procedimentos de recolha e de análise dos dados.

2.2 FASE I: Construção do instrumento de avaliação das competências parentais

Para os serviços e para os profissionais da saúde, em particular para os enfermeiros, é essen- cial conhecer as necessidades da população-alvo dos seus cuidados (Carvalho, 2006). Assim, estudos que concorram para caracterizar tanto as competências para o exercício efe- tivo do papel parental, bem como para definir o perfil das mães e dos pais em função do respetivo nível de preparação para o exercício do papel, contribuem para a definição dos indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem e determinar os planos de ação que res- pondam às respetivas necessidades. Para este desiderato é essencial a construção de instru- mentos que tornem sistemática a avaliação das necessidades em cuidados.

Os estudos que visam a construção de instrumentos são considerados estudos metodológi- cos, sendo considerados relevantes e indispensáveis em qualquer disciplina do conhecimento (Polit, Beck & Hungler, 2006). O desenvolvimento de um instrumento engloba quatro fases (Almeida & Freire, 2007; McDowell & Newell, 1996). A primeira fase corresponde à defi- nição da base conceptual, especificamente a definição do objetivo, a definição dos conceitos e a definição dos conteúdos e da população-alvo; a segunda fase corresponde à organização dos itens; a terceira fase corresponde à revisão e teste do modelo do instrumento; e, a quarta fase corresponde à definição da versão final do instrumento a usar.