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Da organização prescrita do trabalho no Samu 192 e particularidades do Samu-BH

O Acolhimento com Classificação de Risco nos Serviços de Urgências

Capítulo 4. Leis e Regulamentações: a organização prescrita do trabalho no Samu

4.2. Da organização prescrita do trabalho no Samu 192 e particularidades do Samu-BH

O Samu, assim denominado nacionalmente, e o número 192, também nacional, para chamadas a este serviço do SUS, foi criado pela portaria n. 1.863/03, que instituiu a „Política Nacional de Atenção às Urgências‟. Esta foi reformulada pela atual Portaria 1.600, de 07 de julho de 2011 (Ministério da Saúde, 2011a), que instituiu a „Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS)‟. Naquela época, o Samu tornou-se objeto de uma portaria específica – a Portaria 1.864/03 que instituiu “o componente pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, por intermédio da implantação de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência em municípios e regiões de todo o território brasileiro: Samu 192” (Ministério da Saúde, 2006e, p. 21). Atualmente esta portaria foi reformulada com a criação da nova Portaria nº 2.026, de 24 de agosto de 2011 (Ministério da Saúde, 2011b), que aprofunda definições, com ênfase na „regionalização‟ desses serviços e extensão da cobertura do atendimento móvel de urgência a toda a população brasileira, com vistas à „ampliação do acesso‟. Na época de sua criação, em 2003, o Samu 192 foi objeto também de decreto nº 5.055 da Presidência da República, de 27 de abril de 2004 (Ministério da Saúde, 2006e).

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Com este serviço móvel pretende-se reduzir o número de óbitos, o tempo de internação em hospitais e as sequelas decorrentes da falta de socorro precoce. O serviço funciona 24 horas por dia e atende às urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental17.

Conforme informações colhidas em página do Ministério da Saúde18, o Samu 192 está presente, atualmente, em todos os estados brasileiros com 157 Centrais de Regulação Médica que abrangem 1.502 municípios. São aproximadamente 112 milhões de pessoas que podem contar com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Pretende-se que até o final de 2014 haja 100% de cobertura do Samu no país.

O trabalho é organizado a partir da „Central de Regulação Médica‟, situada em um local específico, denominado „sede do Samu‟, que se articula às chamadas „bases do Samu‟, situadas em diferentes pontos estratégicos ou regiões do município. Estas bases são pontos de referência para os trabalhadores das ambulâncias19, que são utilizadas para o atendimento às diversas ocorrências. A comunicação com a Central de Regulação se realiza por meio de um sistema de radiofones.

Em Belo Horizonte, há dois tipos de ambulâncias:

(a) Unidade de Suporte Avançado (USA) – considerada como UTI – Unidade de Terapia Intensiva – móvel, é constituída por equipamentos de radiocomunicação fixo e móvel e equipamentos médicos para prestar assistência como em uma UTI fixa. Conta com um médico, um enfermeiro e o condutor/motorista. Dentre os equipamentos necessários, definidos pela Portaria 2.048, citamos alguns: maca com rodas e articulada; dois suportes de soro; cadeira de rodas dobrável; instalação de rede portátil de oxigênio (é obrigatório que a quantidade de oxigênio permita ventilação mecânica por no mínimo duas horas); respirador mecânico de transporte; oxímetro não-invasivo portátil; maleta de vias aéreas contendo: máscaras laríngeas e cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20 ml; ressuscitador manual adulto/infantil com reservatório; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; máscara para ressuscitador adulto/infantil; bisturi descartável; maleta de acesso venoso contendo:tala para fixação de braço; luvas estéreis; recipiente de algodão com anti-séptico; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos

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Mais informações em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude>. Acesso em: 05/01/ 2011.

18

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1787, consulta em 18/07/2011.

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Define-se ambulância como um veículo (terrestre, aéreo ou aquaviário) que se destine exclusivamente ao transporte de enfermos [ambulância – do latim ambulare, que significa deslocar].

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incluindo agulhas metálicas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; frascos de soro fisiológico, caixa completa de pequena cirurgia; maleta de parto; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras e aventais; cobertor; conjunto de colares cervicais; prancha longa para imobilização da coluna.

(b) Unidade de Suporte Básico (USB) – além dos equipamentos de radiocomunicação fixo e móvel, fazem parte destas ambulâncias materiais/instrumentos básicos para atendimento ao usuário numa situação de urgência/emergência, definidos pela Portaria 2.048, dentre os quais citamos os seguintes: maca articulada e com rodas; suporte para soro; instalação de rede de oxigênio com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil visualização e régua com dupla saída; oxigênio com régua tripla (a- alimentação do respirador; b- fluxômetro e umidificador de oxigênio e c- aspirador tipo Venturi); manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação; cilindro de oxigênio portátil com válvula; maleta de urgência contendo: estetoscópio adulto e infantil, ressuscitador manual adulto/infantil, cânulas orofaríngeas de tamanhos variados, luvas descartáveis, tesoura reta com ponta romba, esparadrapo, ataduras de 15 cm, compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gaze estéril, protetores para queimados ou eviscerados, cateteres para oxigenação e aspiração de vários tamanhos; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas, clamps umbilicais, estilete estéril para corte do cordão, saco plástico para placenta, cobertor, compressas cirúrgicas e gazes estéreis, braceletes de identificação; suporte para soro; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobilização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos de soro fisiológico; bandagens triangulares; cobertores; coletes refletivos para a tripulação; lanterna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção e maletas com medicações a serem definidas em protocolos, pelos serviços.

Neste tipo de ambulância trabalham dois técnicos de enfermagem e condutor/motorista, conforme podemos observar nas fotos seguintes (FIGURA 1 e FIGURA 2).

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FIGURA 1 – Dentro da ambulância, trabalhadora/técnica de enfermagem e paciente já deitado em „prancha‟ e imobilizado conforme regulamentações.

FIGURA 2 – Dentro da ambulância, paciente/usuário deitado na „prancha‟, enquanto trabalhadores/técnicos de enfermagem, nesse momento, verificam sinais vitais e um deles anota dados do atendimento; motorista conversa com policiais, que ajudam a localizar familiares do paciente.

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As bases descentralizadas do Samu, conforme Portaria 2.026/2011 são definidas como “infraestrutura que garante tempo-resposta de qualidade e racionalidade na utilização dos recursos do componente SAMU 192” (Ministério da Saúde, 2011, p.4) e devem apresentar “configuração mínima necessária para abrigo, alimentação, conforto das equipes e estacionamento da(s) ambulância(s)” ( op.cit., p.4).

Em BH, estas bases estão localizadas em pontos estratégicos da cidade, como podemos visualizar em mapa do município, em ANEXO B; listadas conforme ANEXO A, para deslocamentos em tempo mais curto - „tempo-resposta‟ em média de 12 minutos - e garantem espaços de abrigo, parada, repouso e alimentação dos trabalhadores. Em geral, contam com três cômodos (um quarto com dois ou três beliches, copa e banheiro), equipamentos de rádio-comunicação e telefone.

Conforme dados levantados junto à gerência, em janeiro/2011, o Samu-BH conta com 05 Unidades de Suporte Avançado (USAs) e 20 Unidades de Suporte Básico (USBs). Em 2009, foram atendidas 694.338 chamadas, que representou um aumento de 30% comparativamente a 2008. Diariamente foram 1.500 ligações/dia em 2008 e 1.900 ligações/dia, em 2009, ou seja, um aumento de 30% no número de atendimentos pelo Samu. Isto representou uma utilização do serviço do Samu por 27,8% da população de BH (quase um terço dos habitantes da cidade).

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Capítulo 5. Dos fluxos e interfaces na organização do trabalho no