• Nenhum resultado encontrado

Da Responsabilidade Profissional Como Conclusão

No documento Informação & informática (páginas 77-83)

A Profissionalização da Ciência da Informação no Marco da Globaliza-

4 Da Responsabilidade Profissional Como Conclusão

Fica patente, do exposto, que a responsabilidade pelo equacionamento dos desafios interpostos pelo advento da sociedade da informação é tarefa de todos os segmentos da sociedade, embora também caiba aos profissionais da informação e às suas instituições um papel importante. Muitas das soluções são políticas e mesmo jurídicas, outras exigem desenvolvimentos tecnológicos apropriados, assim como

soluções teóricas e normativas que dependem de pesquisas em geral e da ciência da informação em particular.

Todas as profissões, hoje, em maior ou menor grau, estão sendo afetadas pelo impacto das novas tecnologias e todas, sem exceção, gravitam em torno do fenômeno popperiano do registro e do uso do conhecimento (POPPER, 1975). Nessa concepção de Popper existe também um “terceiro mundo”, habitado pelos registros do conhecimento, os quais requerem a expertise de profissionais especializados para seu devido tratamento e recuperação pela sociedade. A informação seria aqui objeto de estudo, não apenas para que pudéssemos apreender seu conteúdo, mas também para que compreendêssemos melhor sua formalização e comunicação, matéria de pesquisa e experimentação por parte de profissionais habilitados.

No âmbito da ciência da informação, há necessidade de novos profissionais, com perfis diferenciados, para o equacionamento dos desafios detectados. No nosso entendimento, podemos realizar dois “cortes” no processo, a saber:

• um corte vertical, , , , , que permita a criação de uma verdadeira carreira profissional. Sem entrar em detalhes e justificativas, seria o caso de profissionalizar pessoal nos seguintes níveis:

– Técnico de segundo grau – Técnico de segundo grau – Técnico de segundo grau – Técnico de segundo grau

– Técnico de segundo grau – formação que se caracterizaria por uma espécie de pré-especialização. Os sistemas de informação requerem hoje operadores capa- citados, que possuam a melhor formação profissional, mas

que sejam remunerados em níveis compatíveis com a realidade de mercado. A indústria não pode ser mantida apenas por graduados universitários que contracenam, na base, com auxiliares sem qualificação específica;

– GrGrGrGraduação univGraduação univaduação univaduação univaduação univerererersitersitsitsitsitáráráráriaáriaiaia – para habilitar pro-ia fissionais na área da ciência da informação, oferecendo treinamento nos conceitos e técnicas próprios do trabalho em sistemas de informação. Nos cursos poderá persistir um currículo mínimo (minimorum), com a maior quantidade possível de matérias eletivas para preparar quadros com diferentes habilitações. Antes pensávamos em tipos de bibliotecas e arquivos (públicos, universitários, especializados, etc.), agora estamos pensando em nichos tais como infor- mação científica, informação tecnológica, informação para negócios, etc.

– EspecializaçãoEspecializaçãoEspecializaçãoEspecialização – para capacitar profissionais comEspecialização elevado índice de conhecimentos orientados para setores específicos do mercado da informação. Antes os cursos estavam voltados para a mera reciclagem e atualização de conhecimentos, pelo menos na área da biblioteconomia; agora o que se pretende é dotar o especialista de conhecimentos específicos, o que só será possível se ele adquirir habilidades e técnicas a nível de tecnológo, como por exemplo para trabalhar com editoração eletrônica, automação de serviços, desenho e ergonomia de páginas eletrônicas e outras capacitações;

– MestradoMestradoMestradoMestrado – para qualificar administradores,Mestrado gerentes, planejadores, consultores e docentes, os quais constituem a massa crítica necessária para o desenvolvimento do setor. Os cursos seriam diferenciados pela exigência ou

não de dissertações, podendo-se optar também pela defesa de projetos, produtos e outras vertentes criativas;

– DoutDoutDoutorDoutDoutororororado/Pado/Pado/Pós-Doutado/Pado/Pós-Doutós-Doutós-Doutorós-Doutorororadooradoadoado – para formar osado profissionais e pesquisadores necessários aos programas de ensino e pesquisa e para capacitar administradores de alto nível. • um corte horizontal, onde caberia ressaltar a necessidade de se favorecer a diversidade, a interdis- ciplinaridade e a transdisciplinaridade para facilitar futuras atividades em equipe, em organizações que possam adaptar e gerar seus próprios conhecimentos competitivos. No caso da especialização, seria interessante atrair engenheiros, analistas de sistemas, historiadores, jornalistas, além de bibliotecários e arquivistas, para que se consiga conjugar os conhecimentos próprios de cada área com os da ciência da informação, requeridos no processo de desenvolvimento de sistemas de informação dentro dos novos cenários. Isso resultaria na quebra da atual reserva de mercado que, além de favorecer o corporativismo, vem isolando e departamentalizando excessivamente o ensino e a pesquisa, isto é, vem se colocando na contramão dos paradigmas e diretrizes propostos pela globalização e pela sociedade da informação. Numa primeira etapa, como ocorreu nos Estados Unidos, certamente vamos ter uma extrema diversidade de programas, títulos e diplomas, mas, como já está acontecendo lá fora, uma convergência e uma harmonização de conhecimentos, metodologias e experiências, ou seja, um corpus profissional cada vez mais amplo e em permanente evolução, sem as amarras e os limites atuais, acabará se impondo.

Referências Bibliográficas

ATAÍDE, Maria Eza Miranda. O lado perverso da globalização na sociedade da informação. Ciência da

Informação, Brasília, v. 26, n. 3, p. 268-270, set./dez. 1997.

BRASIL. Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.

Tecnologias de computação, comunicação e informação para o desenvolvimento. Editado e revisado por Ivan

Moura Campos, Carlos José Pereira de Lucena e Sílvio Lemos Meira. Documento de circulação restrita. CRESPO, Angela Maria Cavalcanti Mourão. Tecnología

magneto-óptica e almacenamiento de la información documental : la utilización de los discos ópticos en la

gestión electrónica de documentos. Madrid: Universidad Complutense de Madrid / Facultad de Ciencias de la Información, 1996. 600p.

DERTOUZOS, Michel. O que será : como o novo mundo da informação transformará nossas vidas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 443p.

DRAHOS, Peter. Information feudalism in the information society. The Information Society, v. 11, n. 3, p. 209-222, 1995. JETIN, Bruno. Paradigma e trajetória tecnológicos. Ops,

Salvador, v. 1, n. 1, p. 5-17, 1996.

LAMB, Roberta. Informational imperatives and socially mediated relationships. The Information Society, v. 12, n. 1, p. 17-37, 1996.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência:: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: 34, 1993. 208p.

MASUDA, Yoneji. A sociedade da informação como sociedade

pós-industrial. Rio de Janeiro: IPEA ; Brasília: PNUD, 1996.

MIRANDA, Antonio. Problemas culturales, políticos y económicos de la informatización en Brasil. In: CONGRESO IBEROAMERICANO DE INFORMÁ- TICA Y DOCUMENTACIÓN, 1., Medellín, Colombia, novembro de 1985.

MIRANDA, Antonio. Sistemas de informação no processo de globalização: uma visão conceitual. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCU- MENTAÇÃO, 18., São Luis, 27 a 31 de julho de 1997. 10p. Em disquete.

MIRANDA, Antonio. Globalización y sistemas de información: nuevos paradigmas y nuevos desafios. Ciência da

Informação, Brasília, v. 25, n. 3, p. 308-313, set./dez. 1996.

POPPER, Karl. Conhecimento objetivo : uma abordagem revolucionária. Belo Horizonte: Itatiaia ; São Paulo: Edusp, 1975. 394p.

TARAPANOFF, Kira. Perfil do profissional da informação no

Brasil : diagnóstico das necessidades de treinamento e

educação continuada. Brasília: IEL/DF, 1997. 134p. VITRO, Robert. Palestra realizada em Caracas, em 1998. Não-

No documento Informação & informática (páginas 77-83)