• Nenhum resultado encontrado

Enquadramento Teórico

Ao longo dos capítulos anteriores utilizámos, por várias vezes, a expressão "mercado" para designar uma entidade abstracta com a qual os agentes, individualmente, se relacionavam num contexto de troca. No entanto, o conceito de mercado nunca foi introduzido nem fundamentado.

Apesar de ser uma constante na teoria económica, o conceito de mercado não é uma realidade simples nem sequer pacífica. Vamos, neste capítulo, tentar introduzi-lo, e fundamentá-lo, de modo a que possamos utilizá-lo de forma operacional nos capítulos que se seguem, onde vamos estudar algumas formas básicas que o mercado pode assumir.

1. Conceitos introdutórios

• Mercado do Bem X: instituição social com um sistema de regras próprias geralmente aceites pelos

seus intervenientes, tendo em vista a concretização, em trocas, das intenções dos agentes com interesse em modificar a sua situação em relação à detenção de direitos de propriedade sobre quantidades do bem X.

• Transacção no Mercado do Bem X: contrato através do qual um agente A transmite, de forma

onerosa, isto é, por um determinado preço, ao agente B os seus direitos de propriedade plena83 sobre

uma quantidade qx de bem X (venda de bem X), tomando para si os direitos de propriedade plena sobre uma quantidade qy de bem Y, que antes eram pertença do agente B (compra de bem X).

Tendo em conta os resultados a que chegámos nos últimos dois capítulos, sabemos que, sob certas condições, os agentes económicos têm interesse em especializar-se na produção de certos bens e

serviços84. Por este motivo, nem todos os agentes possuirão bem X, já que produzirão outros bens ou serviços. Desta forma, podemos distinguir dois grupos de agentes, ou "lados de mercado", quanto às suas intenções de intervenção no mercado do bem X:

• os compradores, que desejam adquirir direitos de propriedade sobre certas quantidades de bem X,

trocando-os por direitos de propriedade que detêm sobre outros bens ou serviços (normalmente moeda);

• os vendedores, que desejam adquirir direitos de propriedade sobre certas quantidades de outros

bens (normalmente moeda), trocando-os por direitos de propriedade que detêm sobre quantidades do bem X.

Ao longo deste capítulo, bem como de todos os próximos, vamo-nos dedicar ao estudo destas instituições especiais que são os mercados, limitando-nos, no entanto, a transacções que:

1. são trocas indirectas, ou seja, trocam-se direitos de propriedade sobre quantidades de bem X por

direitos de propriedade sobre moeda;

2. cumprem as regras socialmente aceites pelos intervenientes no mercado, ainda que, em

2. Direitos de Propriedade Plena

Para que se possam realizar transacções de um bem, é necessário que sobre ele existam direitos de propriedade plena, ou seja, que a posse dos direitos de propriedade sobre uma quantidade qx do bem X, por parte de um certo agente, esteja completamente e inequivocamente definida, sendo reconhecida pela generalidade dos outros agentes.

• Direitos de Propriedade Plena sobre uma Quantidade qx do Bem X: reconhecimento social de

dois direitos simultâneos do agente:

1. direito de fruição, ou seja, a capacidade do agente desfrutar, em exclusividade, da satisfação

proporcionada pela utilização da quantidade, total ou parcial, do bem;

2. direito de disposição, ou seja, a capacidade do agente alienar voluntariamente a quantidade do

bem.

Constituem condições necessárias, ainda que não suficientes, para a existência de direitos de

propriedade plena sobre uma quantidade qx do bem X, por parte de um agente:

• Capacidade de Exclusão de Outros Agentes da Utilização da Quantidade qx do Bem X:

possibilidade legal e técnica de o agente titular dos direitos de propriedade sobre o bem poder, a baixos custos, impedir outros de usar o mesmo bem, pelo menos sem a sua autorização.

• Existência de Rivalidade no Consumo da Quantidade qx do Bem X: característica física do bem

que faz com que o consumo de uma certa quantidade, por parte de um determinado agente torne impossível o consumo dessa mesma quantidade por parte de outro agente.

Podemos classificar os bens em relação à forma como possuem as duas propriedades anteriores:

1. Bens Privados: bens ou serviços para os quais existe capacidade de exclusão e rivalidade no

consumo;

2. Bens Públicos (Puros): bens ou serviços para os quais não existe nenhuma das duas

propriedades;

3. Bens Mistos (ou Públicos Não Puros): bens ou serviços para os quais não existe uma das duas

propriedades.

Nos mercados, a capacidade de exclusão faz-se exercer pelo preço, ou seja, um agente tem acesso

aos direitos de propriedade plena sobre uma quantidade de um bem, mediante a cedência de direitos de propriedade sobre uma quantidade de outro bem (normalmente moeda).

• Externalidade na Utilização do Bem X: efeito da utilização de uma quantidade qx do bem X, por um

dado agente, sobre o grau de satisfação dos outros agentes85. Este tipo de efeitos divide-se em

externalidades positivas (e.g. a vacinação de um indivíduo beneficia os outros pela diminuição do risco geral de contágio) e negativas (e.g. a utilização de um cigarro por um indivíduo prejudica os que se encontram à sua volta).

Existem obstáculos à realização plena dos direitos de propriedade sobre bens e, por consequência, à possibilidade de se organizarem mercados para a sua transacção. Entre esses obstáculos destacamos:

113

1. incapacidade técnica, legal ou existência de um elevado custo para excluir os outros da sua

utilização (e.g. emissão de sinal de televisão por ondas hertzianas);

2. inexistência de rivalidade no consumo (e.g. a segurança numa dada região em relação ao crime); 3. existência de externalidades na sua utilização (ver os exemplos acima)86;

4. restrições legais ou de costume aos direitos de propriedade (e.g. órgãos humanos). 3. Incerteza e custos de obtenção de informação

No capítulo 2, ao estudarmos a introdução da moeda, verificámos que esta significava uma grande poupança em termos de informação necessária à realização de transacções. Os mercados, tal como hoje os entendemos, desempenham funções semelhantes no que diz respeito à redução dos custos de obtenção de informação e das incertezas quanto à realização das intenções dos agentes87. Assim, cada agente, agindo

isoladamente, não necessita de ter grandes custos para a obtenção de informação sobre:

1. a existência e características do bem X;

2. os agentes a quem pode comprar ou vender esse bem; 3. o preço a que pode transaccionar o bem.

Exactamente pela existência dessas incertezas e pelos custos que decorrem da obtenção de informação sobre um bem, agentes ou preço a que se transacciona, esta informação passa a ser, ela

própria, um bem, para o qual se constituem mercados. 4. A modelização dos mercados

O estudo dos mercados, que como temos vindo a reparar constituem realidades muito complexas, é normalmente feito através de versões simplificadas e abstractas a que chamamos modelos. O tipo de

modelo a utilizar é condicionado por algumas características fundamentais dos mercados, tais como:

os tipos de transacções efectuadas no mercado (fluxos ou stocks?);

• a natureza dos bens (de consumo final, intermédios, factores primários, activos financeiros?);

• o comportamento dos agentes (existe separação entre compradores e vendedores?);

• determinação dos preços absolutos (o preço é negociado, alguém o fixa ou anuncia, existe um "leiloeiro" como suposemos no capítulo anterior?).

Hipóteses Fundamentais dos Modelos de Mercado a Estudar:

1. Mercados Microeconómicos - debruçar-nos-emos sobre mercados onde são transaccionados, em

cada um deles, apenas um único bem ou serviço;88

2. Análise de Equilíbrio - vamos apenas estudar as situações de equilíbrio do mercado, ou seja,

aquelas em que todos os agentes conseguem concretizar as suas intenções de forma voluntária e satisfatória para si, ignorando o que se passa fora do equilíbrio ou como, quando e se alguma vez este é atingido;

3. Análise Parcial - vamo-nos preocupar apenas com a determinação no mercado de duas variáveis:

ignorando os efeitos destas variáveis nos comportamentos de outros mercados e os efeitos das variáveis respeitantes a outros mercados no funcionamento deste;

4. Individualismo - assumimos que cada agente a actuar no mercado o faz isoladamente, ou seja,

ignoraremos a possibilidade dos agentes actuarem de forma concertada;

5. Racionalidade - pressupomos que todos os agentes actuam de forma a alcançar um determinado

objectivo (lucro, satisfação pessoal, etc.), e fazem-no da melhor forma possível, tendo em conta esse objectivo e as regras do mercado.

5. Estruturas de mercado e número de intervenientes

• Estrutura de Mercado: conjunto de características de organização de um mercado (e.g. número de

intervenientes, homogeneidade do produto, etc.), que determinam o comportamento e, consequentemente, o desempenho dos agentes que nele participam.

Comportamento Estratégico: tipo de comportamento em que cada agente considera, ao tomar as

suas decisões para agir, as suas convicções sobre as consequências que as suas acções terão nos outros agentes, bem como as suas convicções sobre as consequências das acções dos outros em si próprio.

Este tipo de comportamento estratégico está, normalmente, directamente relacionado com o número de intervenientes no mercado e, nomeadamente, com o número de intervenientes no seu "lado de mercado". Assim:

• um elevado número de intervenientes no seu lado de mercado (isto é, seus competidores) leva a

que as suas acções tenham um peso desprezível sobre os outros e a que as acções dos outros

também tenham um peso desprezível sobre si89;

• um reduzido número de intervenientes no seu lado de mercado (isto é, seus competidores) leva

a que as suas acções tenham um peso considerável sobre os outros e a que as acções dos outros

também tenham um peso considerável sobre si;

• um único interveniente no seu lado de mercado (isto é, ausência de competidores) leva a que este não tenha que considerar as consequências das suas acções sobre os outros ou as dos outros sobre si

(porque não existem outros)90.

Assim, podemos estabelecer uma tipologia das estruturas de mercado determinadas pelo número de intervenientes em cada lado do mercado:

Muitos Compradores Poucos Compradores Um Comprador

Muitos Vendedores Concorrência Oligopsónio Monopsónio

Poucos Vendedores Oligopólio Oligopólio Bilateral sem designação especial

Um Vendedor Monopólio sem designação especial Monopólio Bilateral

Da Troca ao Mercado

Objectivos

No final desta secção o leitor deverá ser capaz de:

115

2. Compreender a importância da existência de direitos de propriedade plena sobre uma quantidade de um bem, tal como as condições necessárias para que isso aconteça.

3. Entender a existência do mercado como forma de redução da incerteza e obtenção de informação sobre os bens e serviços.

4. Apreender as características gerais da modelização dos mercados e das hipóteses fundamentais que lhes subjazem.

Exercícios de acompanhamento da matéria Exercício 6.1.1.

No mercado não se trocam bens e serviços, como uma observação superficial do próprio acto de

troca parece levar a crer, mas sim direitos de propriedade sobre bens e serviços. O direito de

propriedade, quando pleno, tem duas componentes principais: uma componente de fruição e uma

componente de disposição91.

O objectivo deste exercício é o de mostrar as relações recíprocas entre a existência de direitos de propriedade e a possibilidade de um bem ser transaccionado no mercado.

a) Vamos em primeiro lugar estudar um caso em que, em Portugal e no momento actual, os direitos

de propriedade são, inequivocamente, plenos. Suponhamos que estamos a estudar o mercado da batata.

Indique explicitamente as componentes desse direito de propriedade e, a partir daí, determine as caracte-

rísticas do mercado da batata. Em particular, explique como é que a existência de um preço estabelecido

no mercado da batata corresponde ao "anúncio" de uma regra na transacção do bem. A partir da sua

análise indique porque razão a teoria económica lida com relativa facilidade com os bens do tipo da batata.

b) Considere agora situações em que os direitos, em Portugal e actualmente, são menos claros.

Comecemos por abordar casos em que existe dificuldades em definir os direitos de propriedade derivadas

da própria natureza das coisas e exemplifiquemos com os direitos de propriedade sobre o mar. Explique

qual a razão(ões) pela(s) qual(is) não há um mercado em que sejam transaccionados os direitos de

propriedade sobre zonas particulares dos mares.

c) Em termos conceptuais, a situação nas minas tem aspectos semelhantes ao caso do mar. Na

actual lei portuguesa, não há propriedade privada do subsolo. Mas, no entanto, o Estado atribui concessões de exploração nas minas. Explique, apoiando-se em razões técnicas e económicas, porque é

que o Estado trata de forma diferente o mar e as minas em termos de direitos de propriedade. d) Em termos económicos, é possível a venda da concessão de uma mina? Justifique.

Tenha presente a discussão que efectuou sobre a definição de bem e bem económico no capítulo 1, concretamente no exercício 1.1.1. Uma das conclusões importantes até este momento, é que só é

admissível a existência de mercado relativamente a bens ou serviços, sobre os quais existam direitos de

propriedade bem definidos, isto é, plenos.

e) Tendo por referência o exercício 1.1.1., em algumas das alíneas aí tratadas é lícito concluir pela existência de um mercado de órgãos humanos para transplante?

Exercício 6.1.2.

Vamos, neste exercício, tentar esclarecer alguns aspectos relacionados com os custos ligados à realização de transacções num determinado mercado, nomeadamente os custos de obtenção da

informação e de transacção. Veremos, também, em que medida esses custos podem condicionar as

decisões de um agente económico. Como trataremos apenas de um caso muito simplificado, consideraremos apenas os custos suportados pelo comprador (embora seja de considerar, igualmente, a

117

Consideremos um agente económico A que tem a intenção de adquirir pacotes de parafusos com determinadas características técnicas.

O Sr. A, que mora numa encruzilhada donde partem quatro estradas, uma para cada ponto cardeal.

Sabe-se que, na sua zona, este agente pode adquirir esses pacotes de parafusos nas seguintes lojas: • Loja Central, colocada no r/c do prédio onde mora o Sr. A;

• Loja Norte, numa estrada, a 2000 m de casa de A, na direcção Norte; • Loja Leste, numa estrada, a 1800 m de casa de A, na direcção Leste; • Loja Sul, numa estrada, a 1600 m de casa de A, na direcção Sul.

Para chegar a qualquer das lojas, tem de partir de sua casa (não há caminhos directos entre as várias

lojas) deslocando-se, em qualquer dos casos, a pé. Acessoriamente, sabe-se que o Sr. A valoriza o seu

tempo em 10$00/minuto e desloca-se à velocidade média de 80 m/minuto.

a) Suponha, em primeiro lugar, que o Sr. A não sabe os preços a que são vendidos os pacotes de

parafusos nas diferentes lojas. Determine o custo que o Sr. A tem de suportar para obter essa informação,

isto é, os custos indirectos ligados à aquisição do bem92.

b) A determinação desse custo depende da ordem em que o Sr. A obtém a informação sobre os

vários preços? Justifique a sua resposta, quer ela seja positiva, quer ela seja negativa.

c) Não considerou na alínea anterior todos os custos indirectos (isto é, custos que não

correspondam a pagamentos ao vendedor) de aquisição, mas apenas os custos de obtenção de

informação. Depois de o agente reunir a informação sobre todos os preços, precisa de decidir onde vai comprar a quantidade do bem. Tendo isto presente, estabeleça um quadro, comparando os custos indirectos totais de comprar nas várias lojas.

d) Analise este quadro, e a partir dele construa um novo quadro que represente as diferenças de

custos directos (isto é, quantias pagas ao vendedor) que cada loja pode ter para que o Sr. A compre aí o

seu produto, sabendo que esse Sr. A quer minimizar o custo total, directo e indirecto, de aquisição desse

pacote de parafusos.

e) Suponha que o preço dos pacotes de parafusos é de 4000$/pacote na Loja Central. Quais são os

preços máximos que podem vigorar em cada loja para que o Sr. A prefira comprar os parafusos na Loja

Central, supondo que este agente deseja adquirir apenas um único pacote?

f) Determine esses preços máximos, já não para a compra de um único pacote, mas para a compra

de N pacotes (os preços máximos, em cada loja, dependerão do número N). Analise o resultado que obtiver e, a partir dele, verifique se é plausível admitir que a vantagem da proximidade diminui com o

número de pacotes que o Sr. A quer adquirir.

g) Suponha agora que estamos interessados em outro tipo de parafusos, tais que o seu preço é de

6000$/pacote na Loja Central, sendo, portanto, mais elevado do que o do primeiro tipo de parafusos.

Refaça, para este caso, o raciocínio efectuado nas duas alíneas anteriores e compare os resultados que

obteve nesta alínea, com os resultados anteriormente obtidos. Faça a comparação, não só em termos

absolutos mas também em termos proporcionais.

h) Suponha agora que o Sr. A, em vez de se deslocar a pé, se desloca de bicicleta, o que altera a sua

aquisição dos parafusos). Refaça para este caso as alíneas a) a f) com o objectivo de comparar os

resultados das alíneas e) e f) com os que obtém nesta. Utilize os resultados a que aqui chegou para

determinar em que medida as melhorias tecnológicas na obtenção da informação se repercutem nas vantagens da proximidade.

i) Suponha agora que, para o Sr. A, o custo de informação é reduzido a zero. As várias lojas

organizaram um "placard" onde afixam as suas listas de preços e, como esse "placard" está colocado

mesmo em frente da casa do Sr. A, bastando-lhe olhar para lá para saber os vários preços praticados nas várias lojas. Nesta nova situação, indique como é que o Sr. A escolhe a loja onde compra os parafusos.

Apresente uma explicação literária, baseada no que fez nas alíneas anteriores, do procedimento a adoptar

por esse agente económico.

j) Suponha que é construído um mercado físico numa localização na Estrada Norte, a 400 m da

encruzilhada onde mora o Sr. A e que as 4 lojas se deslocam para esse mercado, ficando todas

concentradas no mesmo local. Determine, nesta nova situação, os custos indirectos totais suportados

pelo Sr. A em relação à opção de compra do bem em cada uma das lojas (supondo que o Sr. A se desloca de bicicleta). A partir dessa informação determine a regra de aquisição empregue pelo Sr. A na escolha

da loja onde compra os parafusos. Em particular, verifique que essa regra:

• não depende do processo tecnológico de obtenção da informação; • não depende do tipo de parafusos;

• não depende da quantidade de pacotes que o Sr. A tem a intenção de adquirir.

k) Finalmente tente explicar, em cerca de 150 palavras, porque é que, quando os custos indirectos

de aquisição se tornam iguais para todos os vendedores, as diferenças de preços que eles podem

apresentar tendem para 0. Apresente a sua explicação de forma sistematizada e de acordo com um raciocínio claro.

Exercícios resolvidos

Exercício 6.1.3.

Explique porque é que a televisão privada transmitida por ondas hertzianas (o caso entre nós da

SIC ou da TVI) necessita de ter publicidade paga enquanto que a televisão por cabo (distribuída em cada

casa por intermédio de um cabo "semelhante" a um condutor eléctrico) pode não ter publicidade.

Explicite as hipóteses de que se serviu, para justificar a sua posição, que deve ser naturalmente

119

Solução

A televisão privada transmitida por ondas hertzianas no caso normal (como o caso apresentado da SIC e da TVI) pode ser captada por qualquer telespectador que disponha do material técnico apropriado

(antena e aparelho receptor), não podendo a estação emissora impedir que alguém nessas condições,

deixe de receber a emissão. Dito de outro modo a estação emissora não pode excluir alguém da

recepção. Não podendo excluir, não pode cobrar um preço por permitir que o telespectador receba a sua

emissão. Assim, não podendo obter receitas pela cobrança de um preço resultante do fornecimento do serviço aos telespectadores, tem de recorrer à actividade publicitária para obter receitas.

No caso da televisão por cabo, o direito de exclusão já funciona. Normalmente é feito um

pagamento mensal que dá direito a assistir a toda a programação. Caso o telespectador não pague é

desligado o cabo que lhe permite receber a estação emissora. Havendo essa possibilidade técnica de

exclusão, a estação emissora pode cobrar directamente ao telespectador o acesso ao serviço de emissão,

podendo assim obter receitas sem recorrer à publicidade.

Assim, a principal razão da diferença de tratamento reside na existência, ou não, de uma possibi-

Documentos relacionados