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2. O MERCADO DE GÁS NATURAL NO BRASIL

3.2 O Ambiente de Contratação Livre de Energia Elétrica no Estado de São Paulo

3.2.6 Dados do ACL

Historicamente, desde a criação do ACL, a quantidade de agentes associados à CCEE tem aumentado constantemente. Segundo dados disponibilizados pela CCEE em seu relatório anual consolidado de 2018, no ano 2000, havia 58 agentes, entre geradores, distribuidores, comercializadores e consumidores livres e especiais. Já no ano de 2018, passaram a ser 7.619 agentes CCEE, o que demonstra o expressivo crescimento do ACL (Tabela 5):

Tabela 5: Quantidade de agentes no ACL

Fonte: CCEE, 2018

É preciso advertir que o aumento do número de consumidores livres entre 2004 a 2005 foi impulsionado pelo estabelecimento de condições regulatórias e operacionais que permitiram a modelagem de tais agentes na CCEE em nome próprio (art. 11 §1º, VI e 2§º, da RES nº 109/2014, da ANEEL). A partir de 2016, a revogação da RES nº 367/2009 e da RES nº 474/2012, pela RES nº 674/2015 da ANEEL, que aprovou a revisão do Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico (MCPSE), levou à simplificação dos procedimentos de medição de energia elétrica e à extinção da exigência da instalação do medidor de retaguarda para os consumidores. Tal condição, que diminuiu significativamente os custos de manutenção no ACL, associada às elevadas tarifas de energia no ACR, ocasionadas por constante repasse dos valores associados ao risco hidrológico do SIN e do despacho das usinas térmicas, de Custo Variável Unitário (CVU) elevado, impulsionaram a migração maciça de consumidores especiais ao ACL (Gráfico 6).

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Gráfico 6 – crescimento do número de agentes no ACL

Fonte: CCEE, 2018

Segundo dados do infoMercado nº145, a contabilização da energia elétrica consumida em julho de 2019 foi de 60.374 MW médios, sendo 19.257 no ACL e 41.117 no ACL. Houve uma queda do consumo de 0,4% em relação ao mês de julho do ano anterior. Destaca-se o aumento da representatividade do ACL no consumo total de energia elétrica em percentual equivalente a 1,3% e a queda da representatividade do ACR, que diminuiu 1,1%.

Tabela 6: Consumo de energia elétrica, em MW/médios, nos ambientes de contratação

Fonte: CCEE, 2019

O mesmo relatório da CCEE apresenta o consumo de energia elétrica, por Submercado e por ambiente de contratação e demonstra que, no Submercado NE, há a menor participação do ACL em comparação com os demais Submercados do País. Enquanto no Submercado SE/CO houve uma média de consumo de energia no ACL equivalente a 34% do total transacionado, no Submercado NE, tal média contabilizou apenas 24%

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. Tabela 7 – Consumo por Ambiente de Contratação e Submercado

Fonte: CCEE, 2019

Além disso, constata-se a prevalência do consumo no ACL dos grandes consumidores, como as empresas que desempenham atividades industriais, como as metalúrgicas e as químicas. Entre julho/2018 e julho/2019, é possível destacar a diminuição do consumo nos segmentos de químicos (- 14,9%), extração de minerais metálicos (-10,9%) e comércio (-3,7%), decorrentes de retração na produção industrial, e o crescimento nos setores de transportes (17,1%), de bebidas (11,5%) e de alimentos (10,2%).

Tabela 8 – Consumo do ACL por ramo de atividades

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Debora Nunes Mota (2015, p. 65-7) observa que muitos são os benefícios financeiros relacionados à migração dos consumidores, livres ou especiais, em comparação com o ACR, quais sejam:

Minimizar custos: no ACL, uma vez que a energia é adquirida por meio de contratos bilaterais, o consumidor tem a possibilidade de negociar preços, prazos e condições, como flexibilidades mensais dos volumes contratados e sazonalização anual do contrato de acordo com seu perfil de consumo, que se encaixem em suas necessidades, o que possibilita a redução de custos;

Previsibilidade: ter um contrato de médio a longo prazo com um indexador definido resulta em maior previsibilidade no preço de energia a ser pago. Essa previsibilidade não é possível ao consumidor regulado, uma vez que seu custo com a compra de energia é valorado pelas tarifas reguladas das distribuidoras que são reajustadas anualmente.

Escolha de fornecedores: como a escolha do fornecedor de energia é livre, é possível fazer parcerias que tragam benefícios para o consumidor. [...]

Adequação ao perfil de risco do consumidor: ao migrar para o mercado livre, o consumidor pode – e deve – adequar a sua estratégia de contratação de energia ao seu perfil de risco. [...] Customização do produto: O Consumidor pode desenhar um produto com características específicas, tais como: Sazonalidade de acordo com a sua curva de produção, períodos de paradas programadas para manutenção, preços com teto na tarifa de consumidor cativo etc.; Oportunidades conjunturais: estando no mercado livre, é possível a um consumidor tirar proveito de oportunidades conjunturais do mercado. Por exemplo, em um cenário de escassez de energia quando o custo de operação do sistema elétrico brasileiro está em patamares muito elevados e, consequentemente, o PLD (preço spot) está bastante alto, como ocorreu ao longo de todo o ano de 2014, o consumidor livre pode optar por uma estratégia de reduzir ou zerar seu consumo (reduzindo ou parando sua produção) para que sua energia consumida fique abaixo do volume contratado no mês, ele pode optar por vender este excedente ou deixar de liquidar na Câmara de Comercialização de Energia, valorado ao PLD.

Gestão do insumo energia: O Consumidor pode também em situações de fechamento de unidades ou redução do consumo vender a parte excedente do seu contrato no mercado, desta forma a energia passar a ser tratada como um insumo qualquer da sua linha de produção, onde ele tem controle sobre o preço de contratação, a evolução do preço no longo prazo e a gestão do seu estoque face às suas necessidades. Dependendo da representatividade do custo de energia no processo industrial/comercial, a compra correta e a gestão correta do insumo energia pode se tornar um fator competitivo importante.