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Pessoal técnico administrativo e auxiliar

Cursos

Licenciaturas Alunos Mestrados Alunos

ISCTE 63 4 3317 6 214

ISEG 207 3 2978 6 146

FE Nova 80 1 1004 3 130

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Fazer omeletas sem ovos teria de ser a única opção deste ISCTE e, apesar de tudo, as omeletas fizeram-se. Os edifícios concluíram-se, foram postos a funcionar, com mais cursos, mais professores, mais funcionários e, acima de tudo, mais alunos.

Para tanto, os tempos ajudavam. Em 1995, operou-se uma tendên- cia de melhoria da política educativa do país, no sentido da sua expansão e qualificação, graças à vontade governamental e aos apoios europeus do Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal (PRODEP). Sérgio Machado dos Santos, o Presidente do CRUP, o confirmava:

«O Conselho de Reitores vinha, desde há muito, a procurar sensi- bilizar o poder político para um conjunto de questões essen- ciais para o desenvolvimento do ensino superior. As sucessivas mudanças de equipa ministerial e a forma menos positiva como, durante alguns períodos, as Universidades foram encaradas pelo Governo, dificultaram muito esse trabalho. O momento de viragem deu-se em fins de 1995, com a mudança de Governo.» (Fundação das Universidades Portuguesas, 1988, p. 9)

Em especial, a Lei 113/97, de 16 de Setembro, debruçou-se sobre o finan- ciamento do ensino superior e levou à solicitação, às escolas, de planos estratégicos, incluindo projecções quantitativas, tendo em vista o esta- belecimento de contratos de desenvolvimento. O ISCTE iria, evidente- mente, aproveitar esse ímpeto. Em 1994, o seu Presidente já tinha envi- dado a abertura do debate sobre uma reformulação dos Estatutos de 1990. Viria a caber a Isabel Nicolau, professora e Presidente da Assembleia de Escola, a responsabilidade de, como ela própria esclarece, «conseguir um acordo», dado que existiam diversas posições sobre as questões em causa:

«Foi um trabalho, praticamente diário, durante seis meses, entre representantes de diversas listas, que tinham participado nas eleições do ISCTE, bem como de vários corpos da escola: professores, alunos e funcionários.»

Uma grande questão estratégica estava em causa: a da aquisição da condição de universidade e da passagem a esse estatuto, ou a de ganhar um pleno estatuto universitário, mas conservando-se como um instituto especializado apenas em certas áreas.

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Esta divergência esboçou-se com a proposta de criação de um curso de Arquitectura, apresentada pelo Presidente Ferreira de Almeida, que foi, inicialmente, chumbada pela Assembleia de Escola. Alguns exprimi- ram, com firmeza, que esse alargamento desfocaria o ISCTE das suas áreas essenciais, dispersaria competências, já bem fundamentadas, e colocá-lo-ia numa rota onde existiam outras instituições bem mais poderosas.

«Havia de facto», sublinha Isabel Nicolau, «alguma ansiedade pela passagem a universidade, mas algumas pessoas não acompanhavam, igualmente, isso; no universo do ISCTE, havia receio de algo em áreas completamente novas e de um alargamento sem limites.» Como veremos, esta divergência estratégica irá mesmo exprimir-se em futuras eleições para os órgãos de governo do Instituto.

Em qualquer caso, havia problemas genéricos que esta revisão de Estatutos encararia, com alguma unanimidade:

«– Inexistência de uma direcção central – uma Reitoria – com suficientes poderes de orientação estratégica do conjunto da instituição, devidamente apoiada pelos órgãos de staff que é normal existirem;

– Necessidade de fazer transitar da Assembleia para o Senado – mais pequeno e mais susceptível de produzir deliberações elaboradas e racionais – o lugar de deliberação, por excelência, das grandes opções políticas da instituição;

– Necessidade de uma maior profissionalização e eficácia dos órgãos de específica competência administrativa e de um administrador;

– Necessidade de reestruturar as unidades orgânicas descen- tralizadas, processo muito complexo que pôde chegar a um feliz consenso interno, através de adequada articulação entre departamentos científicos, unidades de ensino e a possibili- dade de constituição de escolas;

– Inadiável necessidade de criar serviços próprios de acção social escolar.» (ISCTE, 1999, p. 5)

Neste último ponto, o absurdo era gritante: mais de 20 anos após a sua criação, o ISCTE ainda não possuía serviços sociais próprios, depen- dendo dos da UTL, apesar de legislação, como o Decreto-Lei 129/93, de

Documentos estratégicos do ISCTE (1999)

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22 de Abril, estipular que a acção social escolar deveria processar-se no âmbito das respectivas instituições de ensino, tendo em vista «melho- rar as possibilidades de sucesso escolar mediante a prestação de servi- ços e a concessão de apoios aos estudantes, tais como bolsas de estudo, alimentação em cantinas e bares, alojamento, serviços de saúde, activi- dades desportivas, empréstimos, reprografia, livros e material escolar». Mas para este e para todos os outros pontos, o ISCTE teria de fazer um vasto processo de apetrechamento e reorganização. E fê-lo, nomeada- mente, com um trabalho de ampla reflexão interventiva e de produção de documentos de compromisso efectivo: as «Linhas gerais de orientação da vida universitária», as «Orientações da política científica de ensino», as «Linhas de política de investigação científica» e as «Directrizes para uma política de docentes», entre outros, que se conjugariam num «Plano de desenvolvimento a 5 anos», elaborado em 1999.

O resultado do referido debate em torno dos Estatutos, conduzido por Isabel Nicolau, acabaria numa formulação que deixaria em aberto, nos Estatutos a aprovar, a dimensão estratégica da evolução do ISCTE: a de uma universidade alargada ou de um instituto universitário especiali-

zado em certas áreas.

Entretanto, a sua posição na Academia teve uma ligeira alteração. Não ainda a sua admissão plena e formal, mas, em qualquer caso, um sinal positivo. Em 1993, foi criada a Fundação das Universidades Portu- guesas (FUP), tendo por missão principal o processo de avaliação do ensino superior, em articulação com o Conselho de Reitores das Universidades Portugue- sas e com o Governo. Ainda que não tivesse presença no CRUP, o ISCTE entrou naquela Fundação, o que foi um sinal do seu reconhecimento pelas outras instituições. Mas no que restava, para prosseguir no seu efectivo desenvolvimento e pleno reco- nhecimento, o Instituto dependeria, sobretudo, de si próprio.

Entrada do edifício inicial do ISCTE

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T-shirt do ISCTE

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Mais cursos.

No sentido do seu fortalecimento como universidade, sem abandonar as suas três áreas fundamentais (Ciências Sociais, Ciên- cias Empresariais e Ciências Tecnológicas), o ISCTE foi-se progressiva- mente expandindo, de acordo com as suas «Orientações da política cien- tífica de ensino»:

«– Completamento da constelação das Ciências Sociais em domínios clássicos do saber como a Ciência Política, as Ciên- cias da Educação e os Estudos Demográficos ou, mais longin- quamente, a Geografia Humana e as Relações Internacionais; – Na área das Ciências de Gestão e Empresariais, desdobramen- tos consistentes de certas especializações como, por exem- plo, os Recursos Humanos, as Finanças, Sistemas de Controlo Contabilístico e Financeiro, Auditoria de Gestão ou Marketing; – Em zonas de interface entre as grandes áreas anteriores, constituição de novos domínios tais como os das Ciências do Desenvolvimento e da área interdisciplinar dos Estudos Africa- nos; da Administração Pública; das Ciências do Planeamento; das Ciências do Ambiente; das Ciências e Tecnologias da Infor- mação; da Gestão da Tecnologia, Produção e Operações; da Tecnologia das Telecomunicações; das Tecnologias de Apoio à Decisão (áreas de Análise de Dados, Gestão de Sistemas de Informação e Matemáticas Aplicadas); das Ciências da Comu- nicação e, finalmente, de áreas científicas de Organização, Concepção e Projecto (incluindo a Arquitectura, o Urbanismo e os Transportes).»

O alvo deste alargamento curricular era o do reforço da capacidade dos alunos para a sua inserção activa na sociedade portuguesa, em domínios tão decisivos como a Gestão de Organizações públicas ou privadas e de outros processos de Gestão Social: uma longa lista onde cabiam os proces- sos de desenvolvimento económico e social e a sua tradução empresarial;

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a mudança social e os processos políticos; o desenvolvimento de recursos humanos; a cidade, o espaço e a gestão dos recursos e processos urba- nos; o desenvolvimento sustentável e o ambiente; o ordenamento do território, regional e local; a valorização do património cultural; a forma- ção educacional, profissional e contínua; a comunicação e os processos socioculturais; a integração e diferenciação internacionais; a cooperação internacional para o desenvolvimento; a aplicação e desenvolvimento de novas tecnologias; uma perspec- tiva, enfim, moderna, cívica e desenvolvimentista da sociedade portuguesa e do contributo dos Portugue- ses no mundo.

Deste modo, as novas licenciaturas, mestrados e doutoramentos sucederam-se. Nas Ciências Sociais, nasceram as licenciaturas em Sociologia e Planea- mento (1993), Psicologia Social e das Organizações (1995), História Moderna e Contemporânea (1996), e os mestrados em Psicologia Social e Organizacio- nal (1995) e História Social Contemporânea (1996). A Economia regressou, em 1994, como licenciatura na área de Economia e Políticas de Desenvolvimento. A Gestão alargou-se para as licenciaturas de Gestão e Engenharia Industrial (1993), Gestão de Recursos Humanos (1996), Finanças (1998) e Marketing (2000). As ciências tecnológicas expandiram-se à licencia- tura de Engenharia de Telecomunicações e Informá- tica (1998).

Por deliberação da Assembleia de Escola de 28 de Maio de 1998, depois do referido chumbo inicial, acabou por ser criada a licenciatura em Arquitec- tura, numa abordagem distinta das tradicionais e onde as Ciências da Construção se juntavam às Ciên- cias Sociais, Economia e Gestão e às Tecnologias de Informação.

A caminho do final do milénio, o ISCTE disporia de 12 áreas científicas, 14 cursos de licenciatura, 28 cursos de mestrado e oito áreas de doutoramento, onde se envolvia um total de 5270 alunos, acompa- nhados por 350 docentes. Tudo assegurado por um orçamento que ultrapas- sava os 3,5 milhões de contos.

Páginas de Livro de Curso (1992)

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«Um vasto conjunto de incertezas

afecta a universidade portuguesa e a sociedade que a envolve. Mesmo no plano mais directo do enqua- dramento jurídico da universidade, estão ainda em discussão, por exemplo, as alterações à Lei de Autonomia e ao Estatuto da Carreira Docente, ao mesmo tempo que se manifestam indecisões e contro- vérsias sobre o relacionamento e a diferenciação entre os diversos tipos de ensino superior, bem como sobre as modalidades do seu funcionamento.

Existem, por outro lado, certas tendências pesadas que dificilmente serão postas em causa. Entre elas, está certamente a da continui- dade da pressão sobre a procura no ensino superior. Muito embora do lugar do mercado de trabalho, o aumento virtual da procura de diplomados não seja previsivelmente uniforme e já hoje essa procura se revele mesmo inferior à oferta em alguns sectores, certamente continuará a crescer o volume dos que pretendem entrar para o ensino superior.

Projecções recentes apontam, para o ano 2004, 11-12 % diplomados na população activa, a comparar com os poucos mais de

5 % do princípio da década de 90.

A regulação da oferta de cursos no País tem sido cega, sem real avaliação de necessidades actuais e muito menos futuras, e por isso mesmo sem fundamentação de opções e indicações, quer por parte das instituições de ensino superior, quer do Estado.

O ISCTE deverá aperfeiçoar instrumentos de observa- ção sistemática que lhe permitam pilotar com alguma segurança a oferta que propõe, sobretudo em termos de

licenciaturas. Aqui, ao contrário do que se pode admitir em algumas pós-graduações, o experimentalismo é sempre inaceitável.»

João Ferreira de Almeida (1997)

Comemorações dos 25 anos do ISCTE com concerto de

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Mais espaço.

O conjunto das obras que transitaram da década anterior era enorme. Uma a uma se concluiriam, acompanhando o cres- cimento do Instituto. No «velho» pátio do edifício original concluir-se-ia, em 1994, a totalidade do Pavilhão-Esplanada, três quadrados sucessivos, de aço, betão e vidro, em diagonal, levemente desnivelados, que forma- vam um palco sob e sobre o qual alunos e trabalhadores do ISCTE come- riam e conviveriam.

Ainda naquele ano, abriu-se a Cave da Ala Sul, destinada principal- mente ao departamento de Informática, por entre pilares do edifício original, desafiando estruturas e contornos.

Mais desafios: um túnel, a partir do quadrado de 1978, dava acesso à nova Ala Autónoma, concluída em 1995. Aqui, a forma desafiava a

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irregularidade, em torno de um espaço livre de base triangular. «O edifí- cio como que “emerge” do solo, graduando as cérceas com a envolvente» (Ferreira, 2006), p. 80).

A sua entrada principal, sob um pórtico triangular, vira as costas ao passado e conflui com o que há-de vir, o edifício do INDEG. Passada ela, uma longa rampa vai serpenteando os andares em pés direitos imen- sos, por contraste com percursos estreitos que cruzam o conjunto. Para não esquecer, o constante betão branco que lhe faz as paredes… Hestnes Ferreira, não haja dúvida, impressionou, criando uma das mais intrigan- tes peças deste complexo em que o ISCTE começava a ficar.

O Edifício do INDEG-ISCTE também se concluiu em 1995. São dois prismas unidos por um corpo de base cilíndrica que dá lugar a uma entrada que se espraia por uma escada de acesso circular. As paredes de betão branco, desejadas inicialmente por Hestnes Ferreira, acabariam por ser de alvenaria revestida com mosaico vidrado. Triângulos inver- tidos abrem a perspectiva do olhar exterior e vão coando a luz natural.

Ao topo, chega-se por escadaria rectilínea, para darmos com o

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vidro convida a luz e a visibilidade da cidade. O INDEG sonhado por Gomes Cardoso, e a ser vivido pelos milhares de alunos que nele se formariam, ficou bem servido.

Também em 1993, começaria a erguer-se, em colaboração com o Instituto de Ciências Sociais, o enorme Edifício II, também criado pelo arquitecto Hestnes Ferreira, com um grande papel, na supervisão de obra, de Juan Mozzicafreddo, edifício que se concluiria em 2002, tendo recebido o Prémio Valmor e dando ao campus do ISCTE uma ainda maior coerência, mais dimensão funcional misturada com grande originalidade

estética.

Arquitectura nunca é só arquitectura. O crescendo espacial do ISCTE ia traduzindo muito bem a sua índole: desafio, originalidade, diversidade… Evitava-se o óbvio, o normal, o repetitivo… Desta arquitectura, como diria José Forjaz, «conta cada espaço e cada forma, conta a alternância e o pulsar das escalas e das propor- ções, conta a lógica de cada elemento estrutu- ral e a simplicidade da sua expressão, conta a modéstia do pormenor, tão sábio que só os olhos atentos e educados lhe percebem a ciência e a invenção; conta a liberdade de compor segundo a evolução do programa sem perder a integri- dade do todo» (Forjaz, 2006, p. 123).

Ora, não é este, também, o sentido de uma boa atitude científica e académica, de uma boa escola que só queira abraçar o saber e a realidade? Pelo meio, em 1999, a par do desenvolvimento do

campus no topo da Avenida das Forças Armadas,

até ficaria esboçado um plano de implantação do ISCTE num terreno, cedido pela Câmara Municipal de Sintra, nas Mercês, mesmo ao lado da tradicio- nal feira. Nunca se concretizaria até hoje… mas nunca se sabe…

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«A circulação contínua,

os espaços de encontro, as diferentes escalas, os atravessa-

mentos e múltiplas ligações são características que aqui nos transmitem essa ines- perada e permanente sensação: mais do que uma escola, estamos numa cidade aberta.

Cidade aberta e participada para cuja construção Raúl Hestnes se encontra perma- nentemente disponível.»

Helena Roseta (2006, p. 20)

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Mais iniciativas na investigação.

As revistas editadas no

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