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Com o fito de avaliar os impactos da prisão civil decorrente de dívida alimentar foi realizada pesquisa de campo na cidade de Ijuí, a qual abarcou o Núcleo de Prática Jurídica – Escritório Modelo da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, sendo colhidas as informações referentes a ações e execuções de alimentos que tramitam com a representação do referido Escritório, e, também, a coleta de dados no Instituto Penal de Ijuí, órgão responsável por receber os presos por dívida alimentar.

Importa acrescentar que o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa – CEP da Unijuí e obteve aprovação. Do mesmo modo, foi autorizada a realização da pesquisa no Instituto Penal de Ijuí pelo Diretor (responsável pela Casa Prisional), além de obtida autorização da Coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica para coleta de dados no Escritório Modelo.

A pesquisa foi dividida em partes, sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com a Coordenadora e advogados do Escritório Modelo e com o administrador do Instituto Penal, além dos questionários com os apenados. Todos os envolvidos na pesquisa efetuaram o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual explica o intuito da pesquisa e adverte quanto à divulgação anônima e imparcial dos resultados, podendo ocorrer a desistência do participante a qualquer momento do envolvimento com o estudo.

Ademais, a pesquisa não causou qualquer risco às instituições pesquisadas ou aos participantes, visto que a participação foi de forma voluntária, sendo assegurado o anonimato das informações obtidas e restando clara a utilização apenas para fins científicos vinculados a esta pesquisa.

Durante a pesquisa foi observada a confidencialidade das informações, eis que o estudo tem como aspecto principal o exame e a interpretação dos dados coletados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando sempre compreender o instituto ora em exame. Assim, a pesquisa objetivou a observação dos fatos e fenômenos exatamente como ocorrem na realidade local, a coleta e a compilação das informações referentes ao assunto em estudo e finalmente a análise a interpretação das informações.

Por fim, enfatiza-se que a pesquisa foi realizada com responsabilidade e sigilo por parte da acadêmica, acompanhada e direcionada pela professora orientadora, realizando os relatos e coletando informações com seriedade, ficando o estudo em poder da responsável (professora orientadora) pelo prazo de cinco anos, sendo os registros incinerados/deletados após esse prazo.

Em princípio, os resultados serão publicizados na apresentação da monografia em banca e, eventualmente, na plataforma virtual da biblioteca acadêmica, caso obtida a nota necessária para tanto. Além disso, os dados coletados serão estruturados e levados a conhecimento da direção do Instituto Penal de Ijuí e a Coordenação do Núcleo de Prática Jurídica como forma de divulgação dos resultados obtidos com o estudo.

Inicialmente, serão ponderadas as informações apanhadas em entrevistas realizadas no Escritório Modelo da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, o qual é o Núcleo de Prática Jurídica destinado para o estágio dos alunos da graduação em Direito.

O Núcleo de Prática Jurídica é situado na Rua São Francisco, 501, Bairro São Geraldo, ao lado da Sede Acadêmica da UNIJUÍ, em Ijuí. Tendo em vista isso, importa salientar que o objetivo do Escritório é exclusivamente pedagógico, oportunizando aos alunos o contato com casos reais e atendimentos diretos com as partes.

No Escritório Modelo da UNIJUÍ, é realizado atendimento externo à comunidade carente, cuja renda familiar não ultrapasse três salários mínimos – valor líquido – e que não possuam mais de um imóvel na cidade, e para os agricultores cuja área de terra não ultrapasse dez hectares, sendo as pessoas jurídicas excluídas do rol de atendimentos do Escritório. Assim, a atuação do escritório limita- se nas demandas cíveis, trabalhistas e penais, não sendo possível a representação nas causas relacionadas aos juizados cíveis e criminais, incluindo a violência doméstica.

Ademais, o atendimento ao público é realizado com hora marcada, passando o cliente pela triagem, a qual analisa o critério da renda. Após isso, o professor responsável define qual a dupla que irá atender o caso, sendo a entrevista realizada pelos alunos. Feito isso, realiza-se o estudo do caso juntamente com o professor, passando para o assistido a solução de seu problema, podendo ser judicial ou extrajudicial.

Conhecido o primeiro local de pesquisa, passar-se-á a analise das informações e dados colhidos durante a realização das entrevistas semiestruturadas com a Coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica - Escritório Modelo, e com a responsável por representar os assistidos nas demandas judiciais. Importa sublinhar que as questões estruturadas podem ser submetidas à consulta no apêndice dessa pesquisa.

Quanto aos atendimentos – englobando a quantificação total – o Núcleo de Prática Jurídica constatou 437 atendimentos a clientes novos e 914 atendimentos a clientes que retornam ao Escritório em busca de informações sobre o processo ou entrega de documentos, todos realizados no ano de 2015. Não foi possível apontar os atendimentos realizados semanalmente, uma vez que os relatórios que contém as estatísticas são feitos anualmente, conforme pode ser verificado na tabela a seguir:

ATENDIMENTOS (2015)

Atendimentos clientes novos 437 Atendimentos/retornos de clientes 914

Atualmente, o Escritório Modelo possui 810 processos de diversas naturezas em andamento, dentre esse número há 55 ações de alimentos, sendo incluídas as demandas que o escritório representa no polo ativo e passivo. Além dessas, há 08 ações que buscam a exoneração da obrigação alimentícia, atuando tanto em favor do alimentante como do alimentado. Também, há 16 ações revisionais de alimentos e 02 ações de alimentos avoengas, isto é, demandas que trazem os avôs como sujeitos passivos da relação processual. O Escritório Modelo representa nessas duas ações os acionados como alimentantes na ação de alimentos.

No que concerne à execução de alimentos, há 71 ações que foram ajuizadas pelo antigo rito coercitivo do artigo 733 do Código de Processo Civil de 1973, mas algumas destas foram convertidas ao rito de expropriação. Há 35 demandas ajuizadas pelo rito de expropriação de bens, tanto pelo ajuizamento de ação autônoma, quanto pelo cumprimento de sentença, com previsão no antigo artigo 475-J, o qual, previa que se o alimentante não efetuasse o pagamento da quantia certa ou já fixada em condenação, no prazo de 15 dias, além da multa acrescida, seria decretado o mandado de penhora.

O Escritório também atua na defesa de executados em 20 ações em que foram realizadas justificativas. Ainda, importante sublinhar a respeito das execuções

de alimentos, que são registradas como o maior número de ações que o Escritório atua.

Vejamos o gráfico que detalha as ações que estão em andamento no Escritório Modelo:

Na maioria das vezes, a busca por alimentos decorre dos filhos menores representados por suas mães que são detentoras da guarda definitiva dos filhos, o que enseja o raro requerimento de alimentos à genitora. Não há registros de ações de alimentos pleiteadas por cônjuge ou contra avós e não há, também, alimentos requeridos aos filhos pelos genitores.

Verificou-se a realidade nas ações do Núcleo com relação à dificuldade do recebimento da verba alimentar pelo alimentado, sendo a falta de recursos financeiros o principal fator, o qual decorre do desemprego ou, na maioria dos casos, a laboração do devedor é informal, caracterizando uma renda variável e

consequentemente, o não cumprimento da obrigação alimentar. Outro problema que enseja o inadimplemento é a não existência de patrimônio suficiente para a realização da expropriação para quitação quando possuidores de débitos alimentares. Por fim, observa-se que a não localização ou alternância do domicilio do alimentante para citação ou intimação, impede o andamento da ação judicial.

Outro fator comprometedor da efetividade dos atos processuais de cunho alimentar é a não aceitação da responsabilidade dos pais em relação aos filhos, pois alguns relacionamentos são passageiros e o motivo que ocasionou o fim do relacionamento acaba influenciando no vínculo com os filhos, os quais necessitam da manutenção dos vínculos apesar do término da relação afetiva entre o casal.

Igualmente, averiguou-se que os inadimplentes apresentam argumentos para justificar o não pagamento da obrigação alimentar, mencionando a falta de recursos, a constituição de novas famílias, novas obrigações alimentares decorrentes do nascimento de outros filhos, e, ainda, há casos em que o não adimplemento deriva a relação conflituosa dos genitores, sendo até mencionado que as mães não utilizam o valor da pensão alimentícia para o filho, mas sim para suas necessidades pessoais.

Abaixo, vejamos de forma mais objetiva as principais causas de inadimplemento alimentar:

Sobre a prisão civil ser suficiente para coibir o inadimplemento, as respostas obtidas diante das entrevistas semiestruturadas realizadas no Escritório Modelo foram diversas. A Coordenadora acredita que a prisão civil é uma medida suficiente, pois o inadimplente não quer ter a privação da sua liberdade. Por outro lado, afirma que a execução e o processo judicial não tratam do real foco da resistência quanto ao não adimplemento voluntário da obrigação alimentícia e, por vezes, nem sequer compreendem o binômio necessidade versus possibilidade.

Já a advogada responsável pelo andamento dos processos no Escritório menciona que a prisão civil não é suficiente para coibir o inadimplemento; todavia, ela se torna eficaz porque a decretação da prisão faz com que o executado efetue imediatamente o pagamento ou, de acordo com as suas possibilidades, apresente proposta de parcelamento do débito.

A última questão da entrevista semiestruturada tratou de uma pergunta caracterizada pela opinião pessoal, a qual versava sobre a recepção da prisão civil pela sociedade. A Coordenadora aduziu que a prisão civil ganha clamor social por ser uma forma de vingança quanto ao não pagamento.

Menciona que a prisão, na sua essência, é irracional, vez que na sua efetivação, agora com o novo Código de Processo Civil, priva totalmente o inadimplente da liberdade, além da possibilidade de auferir renda para efetuar o pagamento da verba alimentar. Por fim, aponta que a prisão não resolve o problema, pois é uma medida que atemoriza o devedor, impõe força, violência e medo, além de não oportunizar a ele espaço para expor os motivos que ensejaram o não pagamento.

Em relação ao reconhecimento da prisão civil pela sociedade, a advogada expõe que a prisão civil é eficaz; no entanto, em algumas situações, soa como uma medida positiva objetivando o adimplemento do débito alimentar enquanto, por outro lado, é temida pelos alimentantes devedores. Ainda, ressalta que a prisão do devedor quando não efetuado o pagamento da pensão alimentar é corriqueira, pois há o medo desta forma de coerção. Finaliza a resposta, enfatizando que a prisão

tem aplicabilidade absoluta apenas quando o devedor cumpre a totalidade da pena imposta pelo magistrado.

Examinado os dados coletados no Núcleo de Prática Jurídica da Universidade referentes aos processos judiciais alimentares em andamento, apurar-se-ão as informações colhidas na seara prisional relativas à prisão civil do inadimplente de obrigação alimentar.

O Instituto Penal é um órgão do governo do Rio Grande do Sul, vinculado à Secretaria da Segurança Pública, administrado pela SUSEPE (Serviços Penitenciários), encarregada de planejar e executar a política penitenciária do Estado. O Instituto Penal de Ijuí, além de receber os apenados por outros crimes, é o órgão que recepciona os presos civis por dívida alimentar, sendo nessa cidade localizado na Rua Marechal Mallet, número 797, Bairro Penha.

No tocante à pesquisa de campo realizada nesta casa prisional, a aplicação dos instrumentos foi dividida em duas etapas: a primeira etapa foi através da entrevista semiestruturada, sendo esta direcionada ao Diretor/administrador do Instituto Penal; a segunda etapa consistiu na realização de questionários com os apenados, os quais cumprem pena decorrente do não adimplemento de obrigação alimentar. Importante frisar, que as perguntas pré-determinadas podem ser consultadas no apêndice desse trabalho.

Atualmente, este órgão prisional possui a população carcerária total de 106 presos (dados referentes ao relatório de março de 2016); no entanto, no momento em que foi realizada a entrevista semiestruturada com o Diretor, havia três presos por dívida alimentar, sendo dois no regime fechado, adotando, por sua vez, a nova disposição processual, e um no regime semiaberto. Insta frisar, ainda, que esses presos são alocados em cela separada dos presos por outros crimes, ou seja, o apenado por dívida não fica incluso nas celas com os apenados por furto, roubo, homicídio, entre outros.

Diante disso, vejamos gráfico que demonstra a atual população carcerária do Instituto Penal:

0 20 40 60 80 100 120 População carcerária total

Presos por dívida alimentar

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Total Regime Semiaberto Regime Fechado

É recolhido ao Instituto Penal para cumprimento de pena por inadimplência de obrigação alimentícia, geralmente, uma pessoa por semana, sendo que neste estabelecimento prisional, em média, quarenta e oito homens por ano são recolhidos. Em relação ao recolhimento de mulheres, vale mencionar, que nos últimos cinco anos, não foi recolhida nenhuma por dívida alimentar.

Quanto ao prazo da prisão civil, na maioria dos casos, é de trinta dias, sendo raras as vezes que a decretação da sanção é de sessenta dias. A partir disso, o Diretor afirma que cerca de 30% dos executados quitam o débito em seguida, ficando reclusos apenas um ou dois dias.

Com o advento do Novo CPC, o regime para o cumprimento da prisão civil foi alterado, sendo que a partir de março deste ano passou a ser fechado. Devido a isso, o Diretor mencionou que ainda há decretações no regime semiaberto, como também há no fechado. No entanto, não se sabe se o Instituto Penal continuará a receber esses presos ou se serão submetidos à Penitenciária Modulada de Ijuí, a qual recepciona os apenados do regime fechado. Compete lembrar, para fins de entendimento, que o Instituto Penal recebe, de regra, os presos do regime aberto e semiaberto.

Um dos questionamentos procurou responder, a partir da experiência do gestor do IPI, se a prisão civil cumpre com seu papel. Segundo a resposta obtida, em alguns casos ela cumpre, porém, a maioria dos inadimplentes acaba descumprindo mais uma vez a obrigação alimentar e retornam, novamente, a cumprir a sanção.

Outra questão contida na entrevista semiestruturada realizada com o Gestor do IPI, era se a prisão civil, sob a ótica do sistema prisional, é uma alternativa positiva que visa a proteção do direito do alimentado. Por conseguinte, a resposta obtida foi que a prisão civil para o sistema prisional não delimita uma proteção ao alimentado, pois a maioria dos indivíduos recolhidos nessa casa prisional que cumpre todo período da prisão não paga o débito.

Finalmente, o último questionamento referia-se à opinião pessoal quanto à recepção da prisão civil pela sociedade. O Diretor do IPI respondeu que em sendo a prisão uma sanção para o inadimplente, o alimentado fica sem receber os alimentos se o alimentante cumprir o período de prisão. Por isso, afirma que deveriam ser criadas novas maneiras para o alimentante cumprir com suas obrigações.

Finda essa etapa, passa-se ao questionário de preenchimento individual, o qual pode ser encontrado em sua íntegra no apêndice da monografia. O questionário foi aplicado no início mês de junho de 2016 e a participação foi totalmente livre e mediante assinatura do TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

No ínterim da segunda etapa, os dois presos que estavam no regime fechado quitaram o débito e foram soltos, estando apenado, no Instituto Penal, apenas um devedor de alimentos, o qual estava sob a égide do regime semiaberto, ou seja, da legislação revogada. Nesse rumo, importa ressaltar que foi orientado sobre a voluntariedade, sigilo, anonimato e privacidade aludidos no estudo, além de que não teria qualquer risco ou ônus, podendo desistir a qualquer tempo, sem qualquer prejuízo. Ciente disso, o apenado optou por participar da pesquisa e respondeu o questionário relativo à prisão civil por dívida alimentar.

Sublinha-se, ainda, que alguns dos dados coletados não poderão ser divulgados, visto que, apenas um apenado participou da pesquisa e isso poderia ocasionar violação de sua privacidade. Ante o exposto, obtiveram-se os seguintes resultados:

PERGUNTAS RESPOSTAS

Idade Entre 21 e 30 anos

Estado civil Solteiro

Quantidade de filhos 1 (um)

Atualmente você paga pensão alimentícia para seu(s) filho(s)?

Não

Em caso negativo, qual o motivo de não efetuar o pagamento?

Não possui vínculo com o (a) alimentado (a) há três anos

Você já foi submetido a alguma outra forma de execução da obrigação alimentar?

Sim

Você já cumpriu prisão civil por falta de pagamento de verba alimentar?

Não

Quais os aspectos negativos que a prisão civil ocasionou para a sua vida?

Quase perdi meu trabalho.

Você acha que a prisão civil é uma forma eficaz para coibir o não adimplemento?

Não

Sem mais, a realização das entrevistas semiestruturadas e a aplicação dos questionários decorreram de forma tranquila e positiva, com a colaboração e contribuição de todos os participantes, os quais motivaram o bom andamento desta pesquisa.

Examinando os dados e informações extraídos no decorrer da pesquisa de campo, constata-se que a principal causa que ocasiona o não pagamento da verba alimentar é a falta de recursos financeiros do alimentante. Além disso, observa-se que há outros fatores secundários que também influenciam quanto ao adimplemento da obrigação, ocasionando a não efetivação do direito do alimentando.

À vista disso, também se verificou que o conflito familiar reflete, de forma direta, no pagamento da verba alimentar. Explica-se: a maneira que se deu o fim do relacionamento acarreta problemas na prestação alimentícia pois, por vezes, a parte insatisfeita confunde a ação e a execução de alimentos com questões pessoais, esquecendo as necessidades do alimentando. Ademais, o relacionamento entre alimentante e alimentado também é um fator que incide para o cumprimento ou não do dever alimentar, pois, se há relação de proximidade e afeto é maior a probabilidade de compreensão da necessidade de receber alimentos e, também, da possibilidade financeira do alimentante.

A prisão civil, oriunda do não adimplemento de obrigação alimentar, tendo em vista os dados coletados é, sem dúvidas, uma medida que coíbe o devedor a realizar o pagamento, sob o pressuposto de que há poucos presos por dívida alimentícia no local investigado. Isso significa que há temor dessa medida coercitiva, sendo que o alimentante não quer ter sua liberdade cerceada.

A prisão civil é o meio coercitivo previsto constitucionalmente para forçar o devedor ao pagamento da prestação alimentícia. Atualmente, a privação da liberdade acaba reprimindo o devedor para não mais inadimplir e cumprir com sua obrigação. Logo, a efetividade da prisão civil foi confirmada através das entrevistas semiestruturadas e questionários aplicados nos órgãos participantes da pesquisa.

À luz disso, cumpre-se com o objetivo desta pesquisa, a qual permitiu analisar os dados na realidade local, possibilitando a resposta do problema pesquisado. Finalmente, com as previsões advindas com a nova legislação, a prisão civil terá maior eficácia diante do sistema processual, no precípuo escopo de atender às necessidades do alimentando.

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CONCLUSÃO

Considerando a relevância dos alimentos, os quais são necessários à sobrevivência do credor, o sistema processual trata esse crédito de forma diferenciada, buscando a efetiva prestação da verba alimentícia. A vista das especificidades da obrigação alimentar é existente, como forma de execução, a prisão civil do devedor de alimentos, sendo prevista constitucionalmente no caso de “inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentar” (CF, art. 5º, LXVII).

Outrossim, a prisão civil visa compelir o devedor para que arque com o débito alimentar e garanta o direito do alimentando, o que foi evidenciado com o presente estudo. Ademais, verificou-se, que a privação da liberdade acaba reprimindo o devedor para não mais inadimplir e cumprir com sua obrigação.

O estudo propiciou, ainda, uma análise das alterações advindas pelo Novo Código de Processo Civil, o qual introduziu em suas disposições o cumprimento de sentença (arts. 523 e 528 a 533) que, sem dúvidas, vai possibilitar maior celeridade aos processos e, por consequência, irá simplificar a prestação jurisdicional. Além disso, a nova legislação não se absteve, e, acrescentou o regime fechado como adequado para a prisão civil.

Com essência nos problemas e objetivos apresentados no princípio desse trabalho, a par da pesquisa de campo concretizada no Escritório Modelo da Unijuí e no Instituto Penal de Ijuí, conclui-se que, a prisão civil por dívida alimentar, no que

tange as suas especificidades, é um método que garante a prestação alimentícia daquele que não possui meios de se sustentar sozinho.

Em primeiro lugar, compete aludir que as informações coletadas através da pesquisa de campo realizada auxiliaram na compreensão do instituto em estudo, sendo que, a prisão civil coíbe, em partes, o devedor ao inadimplemento da obrigação de cunho alimentar, eis que, na maioria das vezes, o pagamento não é realizado por falta de recursos.

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