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3.3 DELIMITAÇÃO E “DESIGN” DA PESQUISA

3.3.4 Dados: Fonte, Coleta e Tratamento

De acordo com Hair Jr. et al. (2005) o tipo e a quantidade de dados a serem coletados dependem da natureza do estudo e dos objetivos da pesquisa. Assim, por se tratar de um estudo de caso qualitativo, exploratório e descritivo, os dados foram coletados em diversas fontes, o que exige planejamento e preparação (YIN, 2005).

Portanto, a coleta de dados ocorreu por meio de fontes primárias e secundárias.

3.3.4.1 Dados Secundários

Como dados secundários foram realizadas coletas de documentos, folhetos, folders, etc, além de informações sobre as instituições, quer sejam concedidas por

elas próprias ou obtidas em seus sites oficiais na internet. Foram consultados Órgãos Públicos de Administração, Associações e Sindicatos do Sistema Educacional do Paraná, Legislação, catálogos telefônicos, jornais e artigos; foram utilizadas outras pesquisas realizadas e fundamentação teórica obtida através de artigos publicados em Congressos, Journal, Revistas especializadas e em livros.

O exame dos documentos contribuiu com o estudo de multicasos principalmente no que diz respeito ao conhecimento das instituições e de seus regimentos escolares, ou seja, seus planos político-pedagógicos, por meio dos quais foi possível comprovar a veracidade das informações obtidas nas entrevistas e também do que foi observado in loco (GODOY, 2006).

3.3.4.2 Dados Primários

Como a pesquisa qualitativa é multimétodo e utiliza variadas fontes de informação, como observações, entrevistas, coleta de documentos e material de áudio e visual (CRESWELL, 2007), neste estudo foi realizada observação não-participante do local e dos entrevistados, em que se procura apreender aparências, eventos e/ou comportamentos (GODOY, 2006).

Também foram realizadas entrevistas semi-estruturadas em profundidade baseadas em roteiro composto por questões abertas e fechadas, em que os entrevistados puderam expor suas opiniões com maior flexibilidade. Esse roteiro após ter sido elaborado foi testado em uma primeira entrevista, onde se verificou que precisava de alguns ajustes, os quais foram efetuados e utilizados nas demais entrevistas. Ambos os roteiros encontram-se no apêndice um deste trabalho.

Os empreendedores das instituições educacionais privadas de Curitiba selecionados para o estudo foram entrevistados no mês de outubro de 2009. Tais entrevistas foram realizadas nas próprias organizações, em dias e horários pré-determinados pelos entrevistados, sendo gravadas com autorização dos participantes e, posteriormente, transcritas, classificadas e codificadas, para a realização das análises. A duração média das entrevistas foi de uma hora e vinte minutos e a transcrição totalizou 139 laudas.

3.3.4.3 Tratamento dos Dados

Visando garantir a objetividade e a qualidade dos resultados, Yin (2005) recomenda alguns cuidados na análise de dados, que foram aqui observados: a) mostrar que a análise está baseada em todas as evidências relevantes; b) incluir o maior número possível de interpretações rivais na análise; e c) orientar o aspecto mais significativo do estudo.

Com relação à análise dos dados, Godoy (2006) comenta que ela não é a última fase do processo de pesquisa, pois é concomitante com a coleta e só termina quando novos dados não acrescentam mais nada. Ainda com relação à esta fase, ela compreendem e descreve o que os empreendedores dizem, identificando padrões e buscando integrar as diferentes fontes de dados (PATTON, 2001).

Os dados foram analisados segundo as técnicas de análise de conteúdo que foi resgatando, por meio da entrevista, a história de vida dos empreendedores. A análise de conteúdo é frequentemente usada para interpretar textos de entrevistas (HAIR JR. et al., 2005) e descritas por Bardin (1977, p. 42) como sendo:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Mais especificamente, utilizou-se da análise temática que, segundo Bardin (1977, p. 105) consiste em “descobrir os ‘núcleos de sentido’ que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido”, tendo em vista que o tema é “geralmente utilizado como unidade de registro para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças, de tendências, etc. As respostas a questões abertas, as entrevistas podem ser, e são frequentemente, analisados tendo o tema por base”

(BARDIN, 1977, p. 106). Assim, o resultado dessa análise qualitativa foi uma síntese de nível mais elevado (GODOY, 2006).

A análise de conteúdo abrange três fases: a) pré-análise, fase de organização propriamente dita, a qual ocorre pelos contatos iniciais com os documentos; b) exploração do material, fase longa e fastidiosa de codificação; c)

tratamento dos resultados, inferência e interpretação, fase que objetiva tornar os dados válidos e significativos (BARDIN, 1977). Creswell (2007, p. 194) relata que esse processo de análise e interpretação de dados em pesquisa qualitativa envolve alguns passos como: “preparar os dados para análise, conduzir análises diferentes, aprofundar-se cada vez mais no entendimento dos dados, fazer representação dos dados e fazer uma interpretação do significado mais amplo dos dados”.

Neste estudo, a análise de conteúdo seguiu estes passos conforme demonstra o quadro 17.

QUADRO 17 – PASSOS UTILIZADOS NA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS EM ESTUDOS QUALITATIVOS

Passos

Recomendados Implicação Passos Realizados

Organizar e preparar os dados para análise

Envolve a transcrição das entrevistas, digitação das notas de campo ou ainda classificar e organizar os dados em diferentes tipos, dependendo das fontes de informações.

- Transcrição das entrevistas de acordo com a instituição, o nome e o cargo dos entrevistados.

- Digitação das notas de campo Ler todos os dados

Envolve uma leitura para obter uma noção geral das informações, ou seja, que idéias gerais os participantes estão dizendo?

Quais são as impressões gerais? Etc.

- Leitura inicial para captar a história e as informações gerais.

“Codificação é o processo de organizar materiais em grupos”. E envolve tomar os dados do texto ou imagens, segmentar as frases, parágrafos, ou imagens em categorias e rotular essas categorias com um termo, baseado na linguagem real do participante.

- Leitura buscando organizar as categorias definidas

previamente.

- Montagem de novo arquivo de acordo com a nova

Gerar códigos para descrição, tendo em vista que a descrição implica em uma interpretação detalhada de informações sobre pessoas, lugares ou eventos.

Interconectar temas em uma linha histórica.

Temas são analisados em cada caso individual e entre os diferentes estudos de casos. Evoluir para a conexão de temas.

- Descrição dos casos com as

O método mais popular é usar uma passagem narrativa para transmitir os resultados da análise, a qual pode ser uma discussão cronológica dos fatos ou

Envolve fazer uma interpretação ou extrair significados dos dados. As lições

aprendidas além de capturar a essência dessa idéia, podem ser a interpretação pessoal do pesquisador, expressa no entendimento individual que o investigador traz na pesquisa.

- Análises finais com base nos resultados encontrados, descritos e analisados.

FONTE: Adaptado de Creswell (2007, p. 195-199).

Tesch (1990) apud Creswell (2007) apresenta um guia detalhado para o processo de codificação, o qual pode ser observado no quadro 18.

QUADRO 18 – ROTEIRO PARA PROCESSO DE CODIFICAÇÃO EM ESTUDOS QUALITATIVOS

Passos Recomendados Passos Realizados

Ter uma noção do todo. Ler todas as transcrições cuidadosamente.

- Leitura cuidadosa e grifo das partes relevantes.

Escolher uma entrevista, a mais interessante, a mais curta ou a que está no topo da pilha. Mergulhar nessa entrevista perguntando-se a que se refere e o que quer dizer? Não pensar sobre a substância da

informação, mas em seu sentido implícito. Escrever os pensamentos nas margens das entrevistas.

- Leitura profunda da entrevista de um empreendedor.

- Registro das reflexões nas margens.

Repetir o mesmo procedimento para vários informantes e fazer uma lista de todos os tópicos.

Agrupar os tópicos semelhantes. Organizar os tópicos a partir dos maiores.

- Leitura de todas as entrevistas.

- Definição de tópicos e inclusão de tópicos emergentes.

- Classificação e ordenação dos tópicos com base nos critérios operacionais.

Com base na lista de tópicos, retornar aos dados.

Abreviar os tópicos como códigos e escrever os códigos próximos aos trechos do texto. Fazer isso para ver se surgem novas categorias e novos códigos.

- Releitura das entrevistas e registro das categorias.

- Reorganização da classificação com categorias novas e/ou modificadas.

Encontrar a redação mais descritiva para os tópicos e transforme-os em categorias. Olhar para formas de reduzir a lista total agrupando os tópicos relacionados entre si. Talvez definir linhas entre suas categorias para mostrar inter-relações.

- Revisão do nome das categorias.

- Aglutinação das categorias semelhantes.

- Criação da categoria de dificuldades e facilidades.

Tomar uma decisão final sobre a abreviatura para cada categoria e colocar esses códigos em ordem alfabética.

- Revisão final da codificação.

Reunir os dados pertencentes a cada categoria em um único local e fazer uma análise preliminar.

- Criação de novo arquivo por categoria.

- Análise preliminar.

FONTE: Adaptado de Creswell (2007, p. 196).

Após a codificação dos dados realizou-se a análise de cada caso individualmente e, por fim, das similaridades e discordâncias entre os nove casos estudados.

Assim, considerando que o conceito de complexidade é essencial para associar aprendizagem e competências, neste estudo foi possível controlar a dimensão vertical da competência, por meio do critério de seleção de organizações do mesmo porte (MPEs).