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3.3 DELIMITAÇÃO E “DESIGN” DA PESQUISA

3.3.2 Escolha dos Casos

Segundo Einsenhardt (1989), um número ideal para estudo de casos múltiplos ficaria entre quatro e dez. Abaixo disso, a autora considera que seria difícil gerar uma teoria mais complexa ou ainda sua base empírica poderia não ser convincente. Um número maior que dez, poderia resultar em um volume e complexidade de dados muito grande para análise. Como pesquisa com empreendedores normalmente envolve organizações de micro e pequeno porte, as entrevistas podem ficar limitadas aos próprios empreendedores e poucos dirigentes (quando houver), o que pode comprometer a compreensão do fenômeno estudado.

Neste caso, a quantidade de casos foi definida em função do porte e complexidade das instituições de ensino que atendessem os critérios de seleção para participar da pesquisa, ou seja, a seleção de empresas menores demandou a escolha de mais casos. Em suma, o número de casos foi definido em nove em função dos critérios estabelecidos e do porte das instituições.

De acordo com Yin (2005) os projetos de casos múltiplos seguem uma lógica de replicação e não de amostragem, o que significa que cada unidade de análise do estudo deve se comportar de forma semelhante. Com isto, os critérios típicos adotados em relação ao tamanho da amostra se tornam irrelevantes. Para ele, uma das vantagens dos estudos de casos múltiplos é a reunião de evidências mais convincentes pela replicação do padrão estudado, embasando melhor a generalização analítica.

Duarte (2005) destaca que a seleção dos entrevistados em estudos

qualitativos tende a ser não probabilística, pois sua definição depende do julgamento do pesquisador e não do sorteio a partir do universo. Nesse caso, pode-se utilizar a escolha por conveniência ou intencional. No caso da por conveniência, a seleção é baseada na viabilidade, ou seja, na proximidade ou disponibilidade. Já a intencional ocorre quando o pesquisador faz a seleção por juízo particular, como conhecimento do tema ou representatividade subjetiva. No estudo em questão, a seleção dos entrevistados foi não probabilística e por conveniência, pois se considerou a disponibilidade dos empreendedores em participar das entrevistas e também a proximidade das instituições do local de residência da pesquisadora.

De acordo com o IPARDES (2009), a cidade de Curitiba-PR possuía em 2006, um total de 840 instituições particulares de ensino. Destas, muitas são consideradas de médio e grande porte e outras são instituições religiosas e seculares. Assim, foi necessário efetuar um levantamento detalhado da quantidade de instituições que formavam o universo de pesquisa, para só então, prosseguir analisando os critérios estabelecidos.

Efetuou-se então uma consulta ao site do Portal Educacional do Estado do Paraná (2009), onde se conseguiu uma nova relação das escolas particulares da cidade de Curitiba-PR, com o nome de 530 instituições, de todos os portes e classificações.

Prosseguindo a pesquisa, entrou-se em contato via e-mail com o Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Paraná – SINEPE-PR (2009), o qual forneceu um arquivo com a relação das 412 escolas particulares de Curitiba-PR conveniadas ao sindicato em 2009. Entretanto, entre essas instituições, algumas não atendiam aos critérios porque eram de médio ou grande porte, eram religiosas, associações ou fundações, e algumas já tinham encerrado suas atividades.

Levando-se em consideração que o número de instituições particulares de ensino na cidade de Curitiba-PR é elevado, que não há disponibilidade de tempo e recursos para pesquisar todas e que o foco deste estudo está nas competências e processo de aprendizagem dos empreendedores da área educacional foi preciso escolher algumas instituições para participar do estudo. No entanto, como Eisenhardt (1989) destaca, os casos não devem ser escolhidos aleatoriamente;

deve-se haver critérios que permitam replicar ou estender a teoria emergente.

Assim, de acordo com os propósitos da pesquisa foram estabelecidos alguns critérios de seleção dos casos, a saber:

· Que a empresa pertença ao setor da educação que se enquadra na área de prestação de serviços.

· Que sua classificação esteja enquadrada como micro ou pequena empresa, de acordo com os critérios do SEBRAE (2008), que levam em consideração o número de funcionários, os quais para a área de prestação de serviços compreendem: a) micro empresa: até nove funcionários; b) pequena: entre 10 e 49 funcionários.

· Que as instituições estejam estabelecidas no mercado, ou seja, que atuem na cidade há mais de 42 meses, o equivalente a mais de três anos e meio, seguindo a classificação do GEM 2008 (2009), para que se possa obter os dados necessários ao estudo, tendo em vista que é necessário que os empreendedores possuam certa experiência e práticas anteriores nas instituições.

· Que os empreendedores fundadores atuem na instituição como gestores ou dirigentes.

· Por conveniência (DUARTE, 2005), levando-se em consideração a possibilidade de escolher casos baseados na oportunidade de maior aprendizado e que possam complementar aspectos do complexo fenômeno do empreendedorismo e aprendizagem (COPE e WATTS, 2000) por meio de casos diferentes (EISENHARDT, 1989).

o Acessibilidade, ou seja, que se encontrem empreendedores que tenham disponibilidade em participar da pesquisa.

o Proximidade, ou seja, localização das instituições de ensino na cidade de Curitiba-PR, pela condição de acessibilidade da pesquisadora às instituições.

Considerando então os critérios acima estabelecidos, foram selecionados por conveniência, acessibilidade e proximidade, as instituições particulares de micro e pequeno porte instaladas nos bairros: Alto Boqueirão, Boqueirão, Hauer e Xaxim.

Esses quatro bairros juntos contêm 55 escolas particulares identificadas nos relatórios encontrados e relatados anteriormente, das quais 12 são religiosas, associações, fundações e/ou ligadas a outras instituições, ficando de fora do presente estudo. Das 43 escolas restantes, 18 foram eliminadas da pesquisa por estarem fora dos critérios estabelecidos, ou seja, eram de médio e grande porte e

também por não ser possível entrar em contato com as mesmas, pois os e-mails, telefones e endereços constantes nas listas estavam indevidos e/ou não existiam mais. Outras 16 instituições foram contatadas várias vezes por e-mail e telefone e no final seus proprietários/empreendedores/gestores não quiseram participar do estudo.

Finalmente, das 55 instituições, nove empreendedores representantes de nove instituições de micro e pequeno porte, localizadas nos bairros Alto Boqueirão, Boqueirão e Hauer aceitaram participar da pesquisa. Essas instituições foram codificadas de I1, I2, I3, I4, I5, I6, I7, I8 e I9 e seus respectivos empreendedores de E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8 e E9, por questão de preservação da privacidade dos mesmos.