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Atividades Produtivas

3. AS TEORIAS SOCIAIS 1. Teoria da estruturação

5.3. Análise de Dados – Eixo relacionamento

5.3.1. Dados e gráficos sobre os vínculos sociais a luz da teoria de Granovetter

Foram construídas quatro tabelas no aplicativo Excel, especifico para construção de tabelas e que poderia posteriormente ser exportado para o software Ucinet.

A tabela 2 nos mostra os dados levantados junto aos entrevistados sobre o aspecto “tempo de relacionamento” entre os atores. Vejamos os dados.

Tabela 2

Rede DRS Imbê – Tempo de Relacionamento

Fonte: elaborado pelo autor

Como podemos observar a diagonal principal da matriz é (e em todas as demais tabelas isso se repetirá) preenchida com o número zero, afinal não será mensurado o vínculo do ator entrevistado para com ele mesmo. O preenchimento correto da tabela pressupõe que seja atribuído o número 1 às relações existentes, mas observando um detalhe fundamental: o preenchimento deve ser feito de linha para coluna. Então na linha dois preenchemos os dados apurados através da entrevista feita com o Ator 1. Na linha três os dados apurados pelo Ator 2 e assim sucessivamente até completarmos a tabela.

98 Na tabela 3 temos os dados tabulados relativos ao aspecto “intensidade emocional” percebido pelos entrevistados.

Tabela 3

Rede DRS Imbê – Intensidade do Relacionamento Ator 1 Ator 2 Ator 3 Ator 4 Ator 5 Ator 6 Ator 7 Ator 8

Ator 1 0 1 0 0 0 1 0 0 Ator 2 1 0 0 0 0 1 0 0 Ator 3 1 1 0 1 1 1 1 1 Ator 4 0 0 1 0 0 1 0 0 Ator 5 0 0 1 0 0 1 1 1 Ator 6 1 1 1 0 1 0 1 0 Ator 7 0 0 1 0 1 1 0 0 Ator 8 0 0 1 0 0 1 0 0

Fonte: elaborado pelo autor

A tabela 4 trás as informações referentes ao aspecto “intimidade (confiança mútua).

Tabela 4

Rede DRS Imbê – Intimidade (confiança)

Fonte: elaborado pelo autor

E por fim temos a tabela 5 que retrata a percepção dos entrevistados em relação ao aspecto “serviços recíprocos” ou como referido na tabela, reciprocidade.

99 Tabela 5

Rede DRS Imbê – Reciprocidade

Ator 1 Ator 2 Ator 3 Ator 4 Ator 5 Ator 6 Ator 7 Ator 8

Ator 1 0 1 0 0 0 1 0 0 Ator 2 1 0 0 0 0 0 0 0 Ator 3 1 0 0 1 1 1 0 0 Ator 4 0 0 1 0 0 1 0 0 Ator 5 0 0 1 0 0 1 1 1 Ator 6 1 1 1 0 1 0 1 0 Ator 7 0 0 1 0 1 1 0 0 Ator 8 0 0 1 0 0 1 0 0

Fonte: elaborado pelo autor

Após a finalização das tabulações dos dados levantados por ocasião das entrevistas, o passo seguinte foi alimentar o software Ucinet o qual “importava” as planilhas Excel que havíamos criado conforme tabelas 2, 3, 4 e 5 acima.

Após essa “importação” pelo Ucinet, abrimos o NetDraw, que é um “fazedor” de gráficos embutido no software Ucinet. A seguir iremos apresentar os gráficos construídos pelo programa NetDraw.

100 No gráfico 1 temos o resultado dos dados referentes ao aspecto “tempo”. Em relação a esse item podemos afirmar, com base na análise do gráfico que o ator que se relacionou, ou que teve maior interação com os demais atores foi o Ator 3. Se fizéssemos nossa análise somente baseada na variável tempo de relacionamento nosso ator central seria, portanto, o Ator 3.

Vejamos o próximo gráfico:

Esse gráfico é o resultado das interações observadas entre os atores relativas ao aspecto “intensidade de relacionamento”.

Da análise referente a esse aspecto da teoria de Granovetter podemos dizer que existem dois atores que se mostram “centrais”. O Ator 6 com sete interações bidirecionais e o Ator 3 com cinco interações bidirecionais e duas interações unidirecionais, ou seja, na visão do Ator 3, somente ele interagiu com os atores 1 e 2. Os atores 1 e 2 não tiveram essa mesma percepção em relação a interação com o ator 3.

O próximo gráfico aborda o aspecto “intimidade”, ou seja, confiança mútua na interação entre os atores. Vejamos o gráfico:

101 Em relação ao aspecto “intimidade” percebemos que, novamente, os atores 3 e 6 são aqueles que possuem o maior número de interações, devendo ser considerados portanto, atores centrais ao analisar somente essa variável.

Por fim temos o último aspecto referenciado por Granovetter para identificar e mensurar a força de um vínculo: os “serviços recíprocos”.

102 Da mesma forma que os gráficos anteriores, observa-se a importância e centralidade atribuída por todos os atores ao ator 3 e 6, que novamente são percebidos como aqueles com o maior número de interações, de acordo com o apurado pelo entrevistador e posteriormente tabulado.

Temos assim os quatro aspectos referenciados por Granovetter (tempo, intensidade, intimidade e serviços recíprocos) analisados e tabulados um a um, individualmente.

As análises a respeito de cada um desses aspectos nos dizem que temos dois atores centrais: o ator 3 e o ator 6.

Mas para avançarmos na nossa análise não queríamos simplesmente verificar os aspectos da força de um vínculo individualmente como é usual em trabalhos realizados a luz da teoria de Granovetter. Se havíamos percebido essa “lacuna”, precisávamos avançar nos estudos e não repetir os mesmos procedimentos de outros pesquisadores a respeito do assunto. O próprio software Ucinet nos permitiu analisar os dados dos quatro aspectos (tempo, intensidade, confiança e reciprocidade) de forma conjunta. Dessa “junção” entre os quatro aspectos resultou o gráfico 5 que mostramos na sequência.

103 Nesse gráfico temos a união de todas as variáveis de um laço, para identificarmos os laços fortes e laços fracos, além de podermos apontar, agora com convicção e não por dedução, os atores centrais da rede social DRS do Imbê.

Mas ainda falta informamos os dados das métricas que o software nos fornece: densidade, grau de centralidade, grau de proximidade e grau de intermediação.

Densidade: a densidade de uma rede é obtida a partir de uma fórmula matemática relativamente simples: D = RE / RP X 100. Onde D é a densidade apurada, RE são as relações existentes e RP são as relações possíveis, isso entre os atores da rede. As relações existentes são observadas pelas informações coletadas junto aos entrevistados a respeito de suas interações com outros atores e as relações possíveis são obtidas multiplicando-se a quantidade atores (8) vezes essa mesma quantidade de atores menos um (8-1 = 7). Traduzindo isso em números temos:

D = (31 / (8 x 7)) X 100 D = (31 / 56) x 100

104 Esse percentual nos mostra que a rede social DRS do Imbê é uma rede com uma densidade forte. Nos diz que a rede pode ser considerada uma rede “robusta”, com muitas interações entre seus atores.

Grau de centralidade: esse grau mensura o número de atores aos quais um determinado ator está diretamente ligado. Divide-se em grau de saída e grau de entrada. Grau de saída mensura as interações que determinado ator têm para com outros. Grau de entrada, ao contrário, mensura as interações que os demais atores têm para com um ator. Vale lembrar aqui a questão dos interações serem unidirecionais ou bidirecionais. Por isso essa distinção entre graus de entrada e saída são importantes.

Vejamos o que o programa Ucinet nos calculou a respeito do Grau de centralidade:

105 Corroborando aquilo que vimos nos gráficos, o grau de centralidade nos mostra que os atores 3 e 6 são os que possuem o maior número de interações. O ator 3 possui 20 interações de saída e 21 interações de entrada. Percentualmente isso representa 71,429 % de interações de saída e 75 % de interações de entrada. Já o ator 6 possui as mesmas 20 interações de saída mas possui mais interações de entrada: 24. Percentualmente: 71,429 % de interações de saída e 85,714% de interações de entrada.

Grau de intermediação: grau que mensura a importância de um ator no papel de “controle da comunicação”. Mede a possibilidade que determinado ator possui no processo de intermediação da comunicação entre os demais atores.

Na figura abaixo temos os dados apurados pelo Ucinet. Figura 4

106 Novamente podemos comprovar, através dos dados, que os atores 3 e 6 são extremamente relevantes na rede social DRS do Imbê. A questão da comunicação, tão importante para o sucesso de qualquer ação ou programa, conduzido, como os dados mostram, principalmente pelos atores centrais.

Grau de proximidade: mede a capacidade que um ator tem de se ligar a todos os demais atores da rede. Quanto maior o valor mensurado melhor é a capacidade que o ator possui de se conectar com os demais atores da rede. Ao contrário, valores baixos indicam uma dificuldade que aquele ator possui para se relacionar com os demais atores.

Os dados apurados pelo software mostram os seguintes dados: Figura 5

107 Atenção para a interpretação desses dados. Numa primeira vista verificamos que os atores 3 e 6 possuem valores muito baixos nas colunas 1 e 2. Porém neste caso específico, o grau de proximidade é indicado nas colunas 3 e 4. Portanto mais uma vez temos os atores 3 e 6 como protagonistas.

Encerramos assim a análise dos dados que nos mostraram que, tanto a partir dos gráficos produzidos pelo NetDraw, quanto por parte dos dados produzidos pelo software Ucinet, temos que os atores principais da rede social DRS do Imbê são os atores 3 e 6.

Iremos agora para as considerações finais, mas podemos antecipar que, guardando o devido anonimato, mas fundamental para nossa discussão é dizer que o que imaginávamos inicialmente, que o BB iria assumir papel central da rede social DRS do BB, não foi efetivamente o que se observou a partir dos dados apurados.

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