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Dados relativos aos idosos enquanto vítimas

Capitulo 4 Apresentação, análise e discussão de resultados

3. Dados relativos aos idosos enquanto vítimas

Com o intuito de melhor conhecer a perceção dos comandantes de destacamento sobre as caraterísticas das pessoas idosas vítimas de crime, foram efetuadas questões estatísticas descritivas do nível de concordância (1 – Discordo totalmente; 2 – discordo; 3 – não tenho opinião; 4 – concordo; 5 - Concordo totalmente), com o facto da pessoa idosa estar mais sujeita a ser vítima de crime, mediante determinada preposição apresentada. Na análise e discussão dos resultados serão também referidos os resultados do estudo Envelhecimento e Violência 2011-2014 e o estudo da APAV realizado entre 2013 e 2014, ambos realizados com base nos relatos dos idosos enquanto vítimas de crime.

Tabela 15 - Dados referentes às vítimas

D isc o rd o to tal m en te D isc o rd o N ão t enh o o p in ião Co n co rd o Co n co rd o to tal m en te

1 – Na sua opinião, pessoa idosa está mais sujeita a ser

vítima de crime: % % % % %

1.1 - À medida que a sua idade é maior. 0 4,1 6,1 63,3 26,5

1.2 - Se não tiver autonomia. 0 8,2 10,2 59,2 22,4

1.3 - Se não tiver liberdade de escolha, por ser dependente. 0 18,4 16,3 61,2 4,1 1.4 - Se tiver a capacidade de decisão diminuída por doença. 0 6,1 4,1 59,2 30,6

1.5 - Se viver sozinha. 0 0 4,1 57,1 38,8

1.6 - Se estiver isolada. 0 2 4,1 51 42,9

1.7 - Se estiver a cargo de familiares. 14,3 73,5 8,2 4,1 0

1.8 - Se for utente de centro de dia. 8,2 77,6 10,2 4,1 0

1.9 - Se for utente de lar. 10,2 71,4 18,4 0 0

1.10 - Se frequentar Universidade de Terceira Idade. 10,2 46,9 38,8 4,1 0

1.11 - Se for homem. 2 63,3 22,4 12,2 0

1.12 - Se for mulher. 2 22,4 28,6 42,9 4,1

1.13 - Se estiver em casa 2 28,6 16,3 49 4,1

1.14 - Se estiver na rua 0 22,4 14,3 51 12,2

1.15 - Quanto menor for o seu grau de escolaridade 4,1 18,4 18,4 49 10,2

1.16 - Se residir na cidade. 2 57,1 26,5 14,3 0

1.17 - Se residir em aldeias. 0 22,4 22,4 44,9 10,2

1.18 - Se estiver reformada. 4,1 28,6 18,4 49 0

Segundo a opinião dos inquiridos a pessoa idosa está mais sujeita a ser vítima de crime à medida que a sua idade aumenta, enquanto no estudo da APAV em cerca de 50% das situações as pessoas idosas situavam-se na faixa etária dos 65 aos 69 anos, 41% entre os 70 e os 79 anos e 32,2% após os 80 anos, no estudo Envelhecimento e Violência as vítimas de crime se situavam na faixa etária 60-69 com 49,8%, 70-79 com 35,3 e 80 ou mais anos com 14,9% e no RAI GNR de 2014 as vítimas de crime situavam-se na faixa etária 65- 74 com 57,9%, 75-84 com 34,7%, 85-94 com 7% e 95 ou mais anos com 0,4%, enquanto nos dados de 2015 se apurou que que 55% das vítimas têm entre 65 e 74 anos, 36% têm entre 75 e 84 anos e 9% têm entre 85 e 94 anos.

Um olhar mais desatento diria que os dados anteriores contrariam a perceção dos inquiridos, mas se considerarmos a esperança de vida das pessoas, o número de situações será sempre superior para os idosos “novos” e inferior para os idosos “velhos”, porque também são menos.

Se a pessoa idosa já não tiver autonomia para executar as suas atividades diárias, deixa de ter liberdade de escolha por ser dependente, do mesmo modo que a capacidade de decisão fica diminuída em consequência de doença crónica, e por esse motivo fica mais sujeita a ser vitima de crime, esta é a opinião dos inquiridos e parece-nos que será mais ou menos consensual, ainda que quatro inquiridos discordem, admitimos que talvez por falta de atenção.

Se viver sozinha ou se estiver isolada, a pessoa idosa fica mais sujeita a ser vítima de crime segundo os inquiridos. No estudo Envelhecimento e Violência apenas 10% das vítimas de crime vivia sozinha, as restantes vítimas residia num núcleo familiar ou com familiares e no estudo da APAV 19% das vítimas vivem isoladas.

Mas de facto, somos levados a concordar com os inquiridos, pois o risco e a probabilidade de ser vítima é necessariamente maior, a não ser que o agressor esteja no seio familiar…

No entanto os inquiridos referem que o risco diminui se a pessoa idosa estiver a cargo de familiares, pelo que só podemos concordar no caso dos crimes normalmente praticados por desconhecidos, pois nos restantes em que os autores são conhecidos, tal não parece acontecer.

Os inquiridos creem que há mais probabilidade de ser vítima de crime se a pessoa idosa for mulher, mas a sua opinião não é muito consistente, pois 22,4% discordam. Mas de facto tanto o estudo da APAV com uns expressivos 80% como o estudo Envelhecimento e Violência com 78,1%, confirmam que a vítima é sobretudo mulher. Logo o facto de se ser homem reduziria a probabilidade da pessoa idosa ser vitima, como referem os inquiridos. No entanto os dados de 2015 da GNR dizem-nos que quando caracterizadas as 11986 vítimas

verifica-se que 39% são do sexo feminino e 61% do sexo masculino. Esta discrepância terá a ver com a natureza dos crimes contabilizados nas amostras, enquanto nos primeiros se analisaram situações de violência, no último foi analisada a criminalidade geral.

O estudo Envelhecimento e Violência refere que 22,9% das vítimas não tem escolaridade e 65,7% apenas tem o 1ºciclo, o que vai de encontro à opinião dos inquiridos que referem que a pessoa idosa está mais sujeita a ser vítima de crime quanto menor for o seu grau de escolaridade.

Os inquiridos alegam que se a vítima estiver reformada haverá mais probabilidade de ser vítima, assim como se comprova no estudo Envelhecimento e Violência refere que 82% das vítimas eram reformados. Este facto é comprovado pelos dados de 2015 da GNR, pois as vítimas encontram-se geralmente reformadas (67,3%), existindo no entanto uma percentagem de 4% que ainda se encontra no ativo ou a exercer uma atividade.

Procurou-se perceber se havia correspondência entre o local onde se vive e o facto de ser vítima, e os inquiridos disseram que o risco é maior se a pessoa idosa residir em aldeias, ao contrário da cidade que aparenta ser mais segura para os inquiridos. De acordo com o estudo da APAV os locais onde os idosos forma vitimas de crime foram a residência comum e a residência da vitima, ambos correspondem a 81,3% das situações, só se destacando a seguir a rua/via publica com 6%, mas como já se referiu no estudo da APAV as situações denunciadas foram maioritariamente ocorrências de violência domestica.

Dai que quanto ao local onde se encontra a pessoa idosa quando é vítima de crime, ou seja em casa ou na rua, as respostas dos inquiridos tenham sido idênticas, e como tal inconclusivas, pois a maioria referiu que era em casa e depois a mesma maioria referiu que era na rua, o que comprova o desconhecimento do padrão.

Pelo contrário, os inquiridos entendem que se a pessoa idosa estiver institucionalizada haverá menor risco de ser vítima de crime, nomeadamente se for utente de centro de dia, lar ou frequentar a universidade da terceira idade ou se for apoiada por instituições de ação social. Facto demonstrativo da confiança das FS nas instituições e concretamente da confiança dos seus comandantes de destacamento.