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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Da amostra total de 200 adolescentes, verificou-se que a maioria dos sujeitos era do sexo masculino e consideravam-se solteiros (as), sendo a idade média de 17,33 anos. Em relação à cor ou raça, a maioria diz ter cor parda. Quanto ao tipo de escola onde cursaram o nível fundamental, houve pequena prevalência de alunos provenientes da rede pública de ensino.

No que diz respeito à religião, 70% dos sujeitos relataram ter alguma religião. A maioria afirma ser católico ou evangélico, e uma parcela significativa (30%) diz não possuir nenhuma religião. Quanto ao convívio familiar, a maior parte deles reside com os pais ou com os pais e irmãos e os demais não se enquadram no modelo de núcleo familiar/tradicional, residindo com pais, irmãos e outros parentes (avós, primos, tios, dentre outros). Apenas 1% reside com o cônjuge. Já em relação à renda familiar dos estudantes, a maioria afirma possuir de dois a três salários mínimos. Tais dados podem ser melhor visualizados na Tabela 1.

No que se refere ao nível de escolaridade dos pais, verificou-se um bom nível de escolaridade tanto materna quanto paterna, com mais de 70% com ensino médio completo ou superior completo ou incompleto. Em relação ao início da vida sexual, observa-se que 42,6% já se iniciaram sexualmente (Tabela 1).

No que tange à associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual dos adolescentes, encontrou-se associação entre o desfecho e as seguintes variáveis: idade, sexo, situação conjugal, religião e renda familiar (Tabela 2).

Em relação à idade, observa-se associação entre o início da vida sexual e alunos com 18 anos ou mais, o que caracteriza que quanto maior a idade, maior a probabilidade dos sujeitos já terem tido sua primeira vez. Tal fato parece estar relacionado com o perfil desses estudantes, que geralmente possuem mais expectativas para o futuro e para o mercado de trabalho, já que cursam o nível médio e o técnico de forma integrada no IFRN. Parece ocorrer, então, um maior adiamento do início da vida sexual, por isso a presença dessa associação com adolescentes com maior idade.

Tabela 1: Caracterizaçãoda amostra quanto aos dados sociodemográficos e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014. N % Sexo Masculino 125 62,5 Feminino 75 37,5 Situação conjugal Solteiro 137 68,8 Namorando sério 59 29,6

Vive com companheiro(a) 3 1,5

Ensino fundamental Escola pública 102 51,5 Escola privada 96 48,5 Cor da pele Parda 97 49,2 Branca 71 36 Preta 18 9,1 Outras 11 5.6 Religião Possui 140 70 Não possui 60 30

Considera-se uma pessoa religiosa

Sim 85 42,5

Não 85 42,5

Não sei 30 15

Com quem reside

Família tradicional/núcleo familiar 152 76,4

Família não tradicional 47 23,6 Renda familiar

Até 1 SM 36 18,3

2 a 3 SM 88 44,7

Mais de 4 SM 73 37,1

Escolaridade do mãe

Ensino fundamental incompleto/completo 28 14,1

Ensino médio incompleto/completo 84 42,4

Ensino superior incompleto/completo 86 43,4

Escolaridade do pai

Ensino fundamental incompleto/completo 39 20

Ensino médio incompleto/completo 73 37,4

Ensino superior incompleto/completo 83 42,6

Sim 83 42,6

Não 112 57,4

Fonte: Pesquisa de campo, 2014

No que diz respeito ao sexo, verificou-se que quase metade (49,6%) dos adolescentes do sexo masculino já haviam se iniciado sexualmente, enquanto que do sexo feminino apenas 30,6%. Em relação ao total dos adolescentes que se iniciaram sexualmente (42,6%), os do sexo masculino representam a maior parte deles, corroborando assim o que tem evidenciado a literatura. A associação entre o sexo masculino e a iniciação sexual tem sido constante em diversos estudos (CRUZEIRO, 2008; BRETAS 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013), pois reflete as influências socioculturais na expressão da sexualidade, especialmente na adolescência e juventude. Desde cedo os meninos são encorajados e cobrados a terem sua primeira relação sexual como uma forma de reafirmar sua masculinidade, enquanto as meninas, mesmo com toda a revolução sexual feminina dos últimos tempos, ainda são impelidas a se manterem virgens por mais tempo, como forma de se conservarem puras e dignas.

Possuir um namoro sério mostrou-se estar associado ao início da vida sexual, o que parece ocorrer devido a maior sensação de segurança e confiança ao se ter um parceiro fixo, numa relação afetiva mais estável, segundo evidencia outras pesquisas (BORGES, 2007). Nesta perspectiva, estudo realizado com adolescentes aponta que morar com companheiro (a) está relacionado ao início da vida sexual precoce (HUGO, 2011). Vale ressaltar que apenas 1,5% dos sujeitos desta pesquisa afirmaram morar com companheiro (a), esta variável foi recategorizada passando a ser contemplada na categoria “namorando sério” (Tabela 2).

Já em relação à religião, verificou-se que ser católico ou evangélico pode adiar o início da vida sexual e que possuir outra religião ou nenhuma está associado ao início da vida sexual, como pode ser observado na Tabela 2. Outros estudos apontam haver associação entre o início da vida sexual e não praticar uma religião (PAIVA et al., 2008; CRUZEIRO et al., 2008; HUGO et al., 2011). No entanto, não se encontrou associação significativa entre considerar-se uma pessoa religiosa e iniciar-se sexualmente neste estudo.

Tabela 2: Associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014.

Já teve relações sexuais

p Sim (%) Não (%) Sexo Masculino 61 (49,6) 62 (50,4) 0,009 Feminino 22 (30,6) 50 (69,4) Idade 16 a 17 anos 33 (27,7) 86 (72,3) <0,001 18 a 19 anos 50 (65,8) 26 (34,2) Situação conjugal Solteiro 43 (32,1) 91 (67,9) <0,001 Namorando sério 40 (65,6) 21 (34,4) Ensino fundamental Escola pública 35 (35,7) 63 (64,3) 0,053 Escola privada 47 (49,5) 48 (50,5) Religião Possui 53 (38,7) 84 (61,3) 0,127 Não possui 30 (51,7) 28 (48,3)

Considera-se uma pessoa religiosa

Sim 32 (38,1) 52 (61,9) 0,327 Não 40 (48,8) 42 (51,2) Não sei 11 (37,9) 18 (62,1) Renda familiar Até 1 SM 12 (35,3) 22 (64,7) 2 a 3 SM 29 (33,7) 57 (66,3) 0,015 Mais de 4 SM 40 (55,6) 32 (44,4) Cor da pele Parda 36 (37,9) 59 (62,1) 0,193 Branca 30 (42,9) 40 (57,1) Outras 16 (57,1) 12 (42,9) Escolaridade da mãe

Ensino fundamental incompleto/completo 20 (45,5) 24 (54,5)

0,833

Ensino médio completo 30 (40) 45 (60)

Ensino superior incompleto/completo 32 (43,2) 42 (56,8) Escolaridade do pai

Ensino fundamental incompleto/completo 18 (37,5) 30 (62,5)

0,494

Ensino médio completo 34 (47,9) 37 (52,1)

Ensino superior incompleto/completo 29 (40,8) 42 (59,2) Com quem reside

Família tradicional 58 (39,5) 89 (60,5)

0,218

Família não tradicional 24 (51,1) 23 (48,9)

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

No que diz respeito à renda familiar, verificou-se associação entre maior renda (acima de 4 salários mínimos) e iniciação sexual (Tabela 2). No entanto, várias pesquisas apontam relação entre baixa renda familiar e a iniciação sexual (LEITE; RODRIGUES FONSECA, 2004; HUGO et al., 2011), bem como com a iniciação sexual precoce (HUGO et al., 2011). Verifica-se, portanto, que o início da vida sexual, pode não estar atrelado especialmente à baixa renda e, portanto, à falta de oportunidades. A vivência da sexualidade é da natureza humana, sendo perpassada por várias questões, dentre elas a necessidade de autoafirmação e pertencimento ao grupo, sensações que a primeira vez pode conferir ao adolescente.

A associação entre iniciação sexual e o tipo de escola onde os sujeitos cursaram o ensino fundamental quase foi estabelecida (p = 0,053), o que demonstra que com o aumento da amostra possivelmente se encontraria significância na associação entre escola privada e o início da vida sexual (Tabela 2). Para as variáveis, raça e escolaridade dos pais, não foi identificada associação significativa, conforme verifica-se na tabela 2.

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