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Iniciação sexual e fatores associados: um estudo com adolescentes escolares

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE COLETIVA

CAMILLA DANIELLE SILVA DE LIMA

INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS:

um estudo com adolescentes escolares

.

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Camilla Danielle Silva de Lima

INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS:

um estudo com adolescentes escolares

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva.

Área de Concentração: Distribuição e fatores determinantes dos agravos à saúde nas populações humanas.

Orientadora: Profª Drª Iris do Céu Clara Costa

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Lima, Camilla Danielle Silva de.

Iniciação sexual e fatores associados: um estudo com adolescentes escolares / Camilla Danielle Silva de Lima. – Natal, RN, 2014.

72 f. : il.

Orientadora: Profa. Dra. Íris do Céu Clara Costa.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

– –

– –

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia Profº Alberto Moreira Campos .

Profº Alberto Moreira Campos .

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Camilla Danielle Silva de Lima

INICIAÇÃO SEXUAL E FATORES ASSOCIADOS:

um estudo com adolescentes escolares

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva.

Aprovada em: ____/____/____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profª. Drª Iris do Céu Clara Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientadora

__________________________________________

Profª. Drª. Maria do Carmo Eulálio Universidade Estadual da Paraíba

Membro Externo

__________________________________________

Prof. Dr. Kenio Costa de Lima

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro Interno

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Aos adolescentes, alunos do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte - Campus Ipanguaçu, que diariamente deixam suas casas de taipa, se despedem de seus pais agricultores e enfrentam uma longa viagem até a escola.

Na mochila carregam sonhos e no coração a esperança de uma vida mais digna e com mais oportunidades. É neste cenário de secas e enchentes que se descobrem capazes, senhores do seu futuro e alcançam lugares nunca antes imagináveis.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela sua presença forte em minha vida, pelo seu amor

incondicional, sempre fonte de força e esperança diante das dificuldades.

À minha família, especialmente ao meu filho Lucas, que apesar de ainda não ter

nascido, desde sua concepção tem me mostrado o real sentido da vida. Ao meu esposo

Daniel, por escolher dividir e somar seus dias e sonhos comigo. Aos meus pais e irmão, pois

sempre serão corresponsáveis pelas minhas conquistas.

À minha orientadora, Profª. Drª Iris do Céu Clara Costa, pela competência e

dedicação. Serei sempre grata pela acolhida, confiança e entusiasmo, sempre ampliando meu

olhar para novas direções e horizontes da vida e da Saúde Coletiva.

Aos professores, Dr. Kenio Costa de Lima, que sempre esteve disposto a contribuir

com seu conhecimento e a Drª Neuciane Gomes da Silva que desde a graduação me ensinou

que Ser psicólogo é antes de tudo Ser humano, em seu sentido mais amplo.

Ao colega de mestrado, Anderson Fernandes, por todo apoio e ajuda nesta reta final

da pesquisa.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte

pela cooperação técnica com o Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (UFRN),

incentivando assim a qualificação profissional de seus servidores.

Aos adolescentes que com sua vontade de viver intensamente e de mudar o mundo

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RESUMO

A iniciação sexual é um marco significativo na vida do indivíduo, ocorrendo geralmente na adolescência. Importantes transformações biopsicossociais ocorrem nesta fase, denotando vulnerabilidades à vida do adolescente, dentre elas, as decorrentes da iniciação sexual, sendo o risco de infecção pelo HIV/aids a mais grave. A infecção pelo HIV/aids constitui atualmente um importante problema de Saúde Pública, estando os jovens no centro da epidemia mundial. No Brasil, dados do último boletim epidemiológico, lançado em 2013, apontam para a tendência de aumento de sua prevalência na população jovem. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo investigar a associação entre iniciação sexual e o perfil sociodemográfico, o indicador de conhecimento das formas de transmissão do HIV/aids e fatores biopsicossociais – autoestima e habilidades sociais, em adolescentes de 16 a 19 anos, de ambos os sexos, estudantes do nível médio técnico integrado, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Natal. Trata-se de um estudo transversal, cuja amostra foi constituída aleatoriamente por 200 alunos que responderam de forma anônima a quatro instrumentos: perfil sociodemográfico, questionário da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP), Escala de Autoestima de Rosenberg e o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes de Del-Prette (IHSA). A análise estatística dos dados foi realizada através do teste qui-quadrado de Pearson e do exato de Fisher (α <5%). A média de idade para a primeira relação sexual foi de 15,96 anos, com o início mais cedo para o sexo masculino. Verificou-se associações estatisticamente significativas entre iniciação sexual e as seguintes variáveis: idade, sexo, situação conjugal, religião, renda familiar, autoestima e o repertório de habilidades sociais. Observou-se ainda que apenas 11% dos adolescentes possuíam conhecimento correto acerca das formas de transmissão do HIV/aids. Conclui-se que os esforços para a prevenção das DST/aids precisam ser direcionados a campanhas e programas mais eficazes, que considerem não somente o caráter informativo, mas também os fatores psicossociais já que estes mostraram-se associados ao início da vida sexual.

Descritores: Comportamento sexual. HIV. Aids. Autoestima. Relações interpessoais.

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ABSTRACT

Sexual initiation is a meaningful milestone in the life of the individual, usually occurring during adolescence. Important bio-psycho-social changes occur at this stage, indicating the vulnerabilities of teenage life, among them, those resulting from sexual initiation, and the risk of HIV / AIDS infection as the most serious. The HIV / AIDS infection is now a major public health problem, with young people being in the center of this world wide epidemic. In Brazil, data from the latest epidemiological bulletin, released in 2013, showed that this disease has been increasing in young population. The present study objective was to study the link between sexual activity initiation and the social-demographic profile, the understanding the HIV / AIDS spreading and infection and bio-psycho-social factors - self-esteem and social skills in adolescents between 16-19 years old, of both genders, students in High Integrated Technical level, from the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte, Natal Campus. This is a cross-sectional study involving a random sample consisting of 200 students who responded anonymously to four surveys: social and demographic profile, the Survey of Knowledge, Attitudes and Practices survey in the Brazilian Population (PCAP), Rosenberg Self-Esteem Scale and the Inventory of Social Skills for Teens from Del-Prette (IHSA). The statistical analysis was performed using the chi-square test of Pearson and Fisher's exact test (α <5%). The average age for the first sexual encounter was 15.96 years, males first encounter was even earlier. There were statistically significant associations between sexual initiation and the following variables: age, sex, marital status, religion, family income, self-esteem and social skills. It was also observed that only 11% of adolescents had correct knowledge about the ways of transmission of HIV / AIDS. It is concluded that efforts to control STD / AIDS need to be directed by more effective campaigns and programs that consider not only information but also the psychosocial factors as they are associated to the beginning of sexual activity.

Keywords: Sexual Behavior, HIV. AIDS, Self-esteem, Personal Relationships.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização da amostra quanto aos dados sociodemográficos e a

iniciação sexual. Natal, RN, 2014... 33 Tabela 2: Associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual.

Natal, RN, 2014... 35 Tabela 3: Associação entre o indicador de conhecimento e a iniciação sexual.

Natal, RN, 2014... 37 Tabela 4: Resultados para o repertório de habilidades sociais de acordo com a

classificação e interpretação do IHSA-Del Prette (frequência). Natal,

RN, 2014... 41 Tabela 5: Resultados para o repertório de habilidades sociais de acordo com a

classificação e interpretação do IHSA-Del Prette (dificuldade). Natal,

RN, 2014... 41 Tabela 6: Associação entre iniciação sexual e as variáveis EAR e IHSA. Natal,

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Descrição resumida das classes e subclasses de HS relevantes para a

adolescência. Natal, RN, 2014... 22 Quadro 2: Descrição resumida da interpretação do IHSA conforme posição

percentil dos escores (total e subescalas). Natal, RN, 2014... 29 Quadro 3: Planejamento da análise estatística de acordo com a distribuição dos

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 12

2.1 INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTES ... 12

2.2 FATORES ASSOCIADOS À INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTE .. 17

2.2.1 Fatores sociodemográficos ... 17

2.2.2 Fatores psicossociais: autoestima e habilidades sociais ... 19

3 OBJETIVOS ... 25

3.1 OBJETIVO GERAL ... 25

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 25

4 METODOLOGIA ... 26

4.1 DESENHO DO ESTUDO ... 26

4.2 PARTICIPANTES ... 26

4.3 INSTRUMENTOS ... 27

4.3.1 Escala de autoestima de Rosenberg – EAR ... 28

4.3.2 Inventário de habilidades sociais para adolescentes – IHSA ... 28

4.3.3 Pesquisa de conhecimentos, atitudes e práticas na população brasileira .... 30

4.4 TABULAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ... 31

4.5 ASPECTOS ÉTICOS ... 31

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 32

5.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS ... 32

5.2 DADOS DO QUESTIONÁRIO PCAP ... 36

5.3 DADOS DA ESCALA DE AUTOESTIMA E DO IHSA ... 40

6 CONCLUSÕES ... 44

REFERÊNCIAS ... 47

ANEXO A ... 52

ANEXO B ... 53

APÊNDICE A ... 56

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1 INTRODUÇÃO

Na adolescência ocorrem inúmeras transformações biopsicossociais que interferem de forma decisiva no desenvolvimento salutar dos adolescentes, com repercussões ao longo da vida (SILVA et al., 2004; BRETAS et al., 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). De acordo com a Organização das Nações Unidas (2008), em função dessas transformações e de outros fatores, adolescentes e jovens tornam-se mais vulneráveis a situações como a iniciação sexual precoce, gravidez não desejada e infecção por HIV/aids e outras DST.

Um dos grandes acontecimentos na vida do ser humano é o início da vida sexual que, geralmente, ocorre na adolescência. A literatura aponta que um conjunto complexo de fatores pode influenciar a iniciação sexual, estando associada a fatores sociodemográficos como idade, sexo, escolaridade e nível socioeconômico (PAIVA et al., 2008; BASSOLS; BONI; PECHANSKY, 2010; HUGO et al., 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013); a questões familiares (BORGES; LATORRE; SCHOR, 2007) e ao uso de drogas (SANDFORT et al., 2008; HUGO et al., 2011).

Apesar desse contexto de vulnerabilidades, existem alguns fatores, como a autoestima e o repertório de habilidades sociais, que se desenvolvidos adequadamente servem de proteção para desequilíbrios físicos e psicológicos, preparando melhor os adolescentes para as adversidades da vida e para escolhas mais acertadas, evitando assim, por exemplo, o uso de drogas e o comportamento sexual de risco (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

No Brasil e no mundo, o início da vida sexual tem ocorrido cada vez mais cedo, tornando-se tema de interesse de pesquisadores e de preocupação por parte do Ministério da Saúde (MS), bem como das agências internacionais, especialmente no que diz respeito à prevenção do HIV/aids. Dados do último boletim apresentado em 2013 pela UNAIDS (Organização das Nações Unidas para Aids) apontam que mais de 35 milhões de pessoas vivem com HIV em todo mundo. Segundo a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas, 2008), os jovens estão no centro da epidemia global do HIV, ocorrendo com maior incidência no grupo etário dos 15 aos 24 anos e que, apesar disso, a prioridade à prevenção da transmissão do vírus nesse grupo populacional tem sido insuficiente.

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Grande do Norte apresentado um aumento de mais de 100% na taxa de detecção da doença nos últimos 10 anos.

O maior número de infecções pelo vírus do HIV tem ocorrido pela transmissão sexual, representando 68% dos casos notificados no Brasil (BRASIL, 2014a). Não obstante, a promoção do sexo mais seguro é a principal estratégia da política de prevenção do HIV no país, baseada na defesa e promoção dos direitos sexuais dos indivíduos (BRASIL, 2011). Tal estratégia tem sido colocada em prática através de campanhas que visam o acesso às informações sobre os meios de transmissão do HIV e os métodos de prevenção.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTES E SUAS CONSEQUENCIAS À SAÚDE DOS MESMOS.

A sexualidade é socialmente construída através das interações dos indivíduos com seu meio, no qual perpassam a cultura e os seus significados (PARKER, 2000). De acordo com Araújo (2002), a experiência sexual humana é produto não somente das questões biológicas e de gênero, mas também de um complexo conjunto de processos sociais, culturais e históricos. Ela é intrínseca à natureza humana, e de fundamental importância na adolescência, pois é parte integrante do desenvolvimento da personalidade, capaz de interferir no processo de aprendizagem e na saúde física e mental ao longo da vida (BRÊTAS, 2003).

A adolescência é um período ímpar do desenvolvimento humano, de transição entre a infância e a fase adulta e marcada por transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais (SILVA et al., 2004). Ao processo de transformação anatômico e fisiológico dá-se o nome de puberdade.

Segundo Papalia e Feldman (2013), a puberdade é o processo que leva à maturidade sexual, ou seja, a fertilidade - a capacidade de reprodução. A partir de certa idade, comumente aos 12 ou 13 anos, a criança começa a sofrer mudanças físicas influenciadas pela grande produção de hormônios, com aumento significativo do peso e altura, bem como mudanças nas formas corporais. Nas meninas, os ovários aumentam abruptamente a produção do hormônio feminino estrogênio, o qual estimula o crescimento dos seus genitais e desenvolvimento dos seios. Nos meninos, os testículos aumentam a produção de andrógenos, principalmente testosterona, os quais estimulam o crescimento dos genitais e dos pêlos corporais masculinos.

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A sexualidade na adolescência tem impulso fortemente marcado pelas transformações psicossociais que acontecem nesta etapa do desenvolvimento. Segundo Silva (2004), é um período de descobertas dos próprios limites, de curiosidade por experiências novas, de questionamentos dos valores/normas familiares e de adesão aos valores/normas dos seus pares, ou seja, uma fase assinalada pela busca da auto-afirmação, independência individual e integração social. É nesta fase que ocorre a construção da identidade que está intimamente ligada ao desenvolvimento da sexualidade do adolescente (BRÊTAS e t al., 2011).

Além disso, mudanças dramáticas nas estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, no julgamento, organização do comportamento e autocontrole ocorrem entre a puberdade e o início da vida adulta (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Isso significa dizer que o adolescente ainda encontra-se em amadurecimento cognitivo. Conforme o mesmo autor, os comportamentos de risco podem refletir imaturidade do cérebro adolescente:

“A propensão para comportamento de risco parece resultar da interação de duas redes cerebrais: (1) uma rede socioemocional que é sensível a estímulos sociais e emocionais, tal como a influência dos pares, e (2) uma rede de controle cognitivo que regula as respostas a estímulos. A rede socioemocional torna-se mais ativa na puberdade, enquanto a rede de controle cognitivo amadurece mais gradualmente até o início da idade adulta. Esses achados podem explicar a tendência dos adolescentes a explosões emocionais e a comportamento de risco.”

Essas inúmeras transformações biopsicossociais, que estão interligadas e se influenciam mutuamente, podem denotar riscos e vulnerabilidades à vida do adolescente. Nesta fase, há um aumento nas possibilidades de ocorrência de danos ou agravamentos, como, por exemplo, o início precoce da atividade sexual, os casos de infecção pelo HIV/aids e outras DST, a gravidez não planejada, sem qualquer orientação médica ou familiar, os abortos inseguros, a morbidade materna e os casos de violência sexual (BRÊTAS, 2010). De acordo com Gonçalves et al. (2008), a vulnerabilidade social entre os jovens impõe a necessidade de trabalhar mais cedo, assumir maiores responsabilidades com o próprio sustento e dos que com ele moram, antecipando em anos algumas condutas, inclusive a sexual.

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Vários estudos estabelecem associação entre fatores sociodemográficos como sexo, idade, escolaridade, nível socioeconômico, dentre outros, com o início da vida sexual (PAIVA et al., 2008; BASSOLS; BONI; PECHANSKY, 2010; HUGO et al., 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013). Outros autores chamam a atenção também para os fatores familiares associados, como a qualidade da comunicação e o relacionamento entre pais e filhos (BORGES; LATORRE; SCHOR, 2007) e para o uso de álcool e outras substâncias psicoativas como facilitadoras desta iniciação (SANDFORT et al., 2008; HUGO et al., 2011).

Além disso, o comportamento na primeira relação sexual tem sido associado ao estabelecimento de padrões comportamentais que podem permanecer por toda vida (TEXEIRA et al., 2006). De acordo com a literatura, o início da vida sexual por pessoas muito jovens passa a ser um fator de risco para a gravidez não planejada e para aquisição de DST/aids (XAVIER, 2005; KAESTLE et al., 2005; SANDFORT et al., 2008).

Gontijo e Medeiros (2004) apontam a gravidez na adolescência como problema de saúde pública e um fator de risco tanto para a criança gerada quanto para a mãe adolescente. A mesma tem sido relacionada à baixa escolaridade, baixo nível socioeconômico (BONETTO, 2007; AMORIM et al., 2009; CERQUEIRA-SANTOS, 2010), início precoce da vida sexual (DINIZ; KOLLER, 2012), falta de informação sobre meios contraceptivos e a deficiência de programas de apoio ao adolescente (SABROZA et al., 2004).

Além das doenças sexualmente transmissíveis mais conhecidas como a sífilis e a gonorreia, o surgimento de outra doença pode ser potencializado com a iniciação sexual precoce: a infecção por HPV (papiloma vírus humano). Alguns tipos desse vírus são os responsáveis pelo câncer de colo do útero, que acomete hoje 290 milhões de mulheres no mundo (OMS; OPAS, 2014), sendo o terceiro câncer mais comum entre mulheres no Brasil (BRASIL, 2014a). Quanto mais cedo as adolescentes são infectadas pelos tipos do vírus HPV causadores do câncer, maior sua probabilidade de desenvolver a doença (TAQUETE, 2013). Por isso, o Ministério da Saúde (MS) lançou a campanha de vacinação contra o HPV nas escolas desde março de 2014, em meninas de 11 a 13 anos, antes que as mesmas tenham se iniciado sexualmente. Em 2015, o MS pretende oferecer a vacina para as adolescentes de 9 a 11 anos (BRASIL, 2014b).

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imaturidade para a decisão de iniciar-se sexualmente, bem como para o uso do preservativo na primeira e nas demais relações sexuais.

Segundo a UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas, 2008), uma das agências da ONU que apoia a resposta à aids no Brasil, os comportamentos que colocam as pessoas em maior risco de infecção pelo HIV incluem o sexo sem proteção, em especial com vários parceiros, e o uso de drogas com material não esterilizado. Concomitantemente, Cruzeiro et al. (2010) afirmam que comportamento sexual de risco diz respeito ao sexo desprotegido, ou seja, manter relações sexuais sem o uso do preservativo, e ao fato do indivíduo ter múltiplos parceiros sexuais. Tal comportamento pode ter consequências sérias, com repercussões emocionais, orgânicas e socioeconômicas importantes (MOSER; REGGIANI; URBANETZ, 2007), especialmente na adolescência, quando geralmente ocorre a iniciação sexual.

Nesta perspectiva, a literatura aponta que o uso do preservativo na primeira relação sexual está intimamente ligado ao uso frequente do mesmo nas relações sexuais ao longo da vida (TEXEIRA et al., 2006). Da mesma forma, pesquisas evidenciaram que os jovens que não fizeram uso da camisinha na última relação sexual apresentaram iniciação sexual mais cedo (PAIVA et al., 2008; HUGO et al., 2011).

Não por acaso, o Ministério da Saúde defende que a promoção do sexo mais seguro é a principal estratégia da política de prevenção do HIV/aids e outras DST no país (BRASIL, 2011). Posto isto, verifica-se a importância dos estudos acerca da iniciação sexual e os comportamentos sexuais associados como o uso do preservativo, dentre outros, em adolescentes, como forma de prevenção mais eficaz de vários agravos à saúde da população, especialmente a infecção pelo HIV/aids.

A aids, também conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é o estágio mais avançado da doença causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana) que ataca o sistema imunológico (BRASIL, 2014c). É uma doença recente, tendo completado em 2008, apenas três décadas, mas que se alastrou rapidamente e logo se tornou uma epidemia mundial. Inicialmente foi associada, de forma preconceituosa, a grupos minoritários tais como homossexuais, prostitutas, dependentes químicos e hemofílicos (PINTO et al., 2007). Duas décadas após seu surgimento, a infecção deixou de ocorrer predominantemente em homens e o número de mulheres infectadas cresceu assustadoramente, aumentando a transmissão vertical do vírus (OMS, 2009).

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progressivamente de 7% em 1996 para 13% em 2004, resultando no aumento de infecções pelo HIV/aids em pessoas com 60 anos ou mais (REZENDE; LIMA; REZENDE, 2009).

Atualmente, dados do último boletim apresentado pela UNAIDS (Organização das Nações Unidas para Aids) em 2013, apontam que mais de 35 milhões de pessoas vivem com HIV em todo mundo. De acordo com a UNFPA (2008), a população jovem está no centro da epidemia global do HIV, com a estimativa de que 5,4 milhões de jovens vivem com HIV, sendo que aproximadamente 59% são do sexo feminino e 41% do sexo masculino.

Segundo a OMS (2014), o número de adolescentes, entre 10 e 19 anos, portadores do vírus da aids ultrapassou 2 milhões em 2013, o que significou um aumento de 33% desde 2001, sendo a maioria adolescentes da África subsaariana ou Ásia. Neste sentido, novas recomendações da OMS foram lançadas em 2013 para esse público através do manual “HIV e adolescentes: guia para testes de HIV, aconselhamento e cuidados para adolescentes que vivem com HIV”.

Em relação ao contexto brasileiro, conforme o boletim epidemiológico da aids e DST lançado em 2013 pelo MS, estima-se que aproximadamente 718 mil indivíduos vivam com o HIV/aids no país, o que representa prevalência de 0,4% na população em geral, dos quais em torno de 80% (574 mil) tenham sido realmente diagnosticados. Aponta ainda que, corroborando o cenário mundial, a prevalência da infecção pelo HIV na população jovem brasileira apresenta tendência de aumento (BRASIL, 2011).

Considerando as pesquisas realizadas em Conscritos do Exército Brasileiro, de 17 a 21 anos de idade, a prevalência de infecção pelo HIV passou de 0,09% em 2002 para 0,12% em 2007, sendo que o aumento mais significativo ocorreu na população de HSH (homens que fazem sexo com homens) jovens, cuja prevalência subiu de 0,56% em 2002 para 1,2% em 2007 (BRASIL, 2013).

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O boletim aponta ainda que atualmente a região Nordeste ocupa o terceiro lugar no número de casos notificados de aids no período de 1980 a 2013, com aumento significativo da taxa em 62,6% nos últimos 10 anos. Neste mesmo período, o Rio Grande do Norte foi destacado como um dos seis estados brasileiros a apresentar aumento considerável (103,2%) na taxa de detecção da aids. Vale ressaltar que ainda existe a subnotificação de casos em todo o país e, portanto, a necessidade de aprimorar a capacidade da vigilância para a notificação oportuna dos casos de aids. Nesses últimos 10 anos, verificou-se que o perfil etário dos casos de aids mudou para indivíduos mais jovens, tanto entre os homens, quanto entre as mulheres. Observou-se uma tendência de aumento nas taxas de detecção entre os jovens de 15 a 24 anos e entre os adultos com 50 anos ou mais (BRASIL, 2013).

Diante desta realidade, o MS vem enfatizando, dentre outras ações, campanhas de estímulo ao uso de preservativos e ao conhecimento precoce do status sorológico para o HIV, através dos exames de aids, sífilis e hepatite viral oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Percebe-se, portanto, a necessidade da ampliação de estudos sobre os fatores associados à iniciação sexual nos adolescentes, fomentando assim estratégias mais eficazes para a promoção do sexo seguro e do combate a disseminação das DST, especialmente do HIV/aids.

2.2 FATORES ASSOCIADOS À INICIAÇÃO SEXUAL EM ADOLESCENTES

2.2.1 Fatores sociodemográficos

Na literatura, diversos fatores têm sido descritos como associados ao início da vida sexual na adolescência, sendo a maioria deles referentes aos fatores sociodemográficos. No Brasil, esses estudos se concentram na população adolescente das regiões Sul e Sudeste.

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idade da primeira relação foi de 14,4 anos, sendo que 73,8% usaram preservativo na primeira relação.

Em estudo realizado por Paiva et al. (2008), observou-se que a idade média para a iniciação sexual foi de 14,9 anos, com o aumento do uso de preservativo na primeira relação sexual, quando comparado ao mesmo estudo realizado em 1998. No entanto, verificou-se diminuição no uso de preservativo por aqueles que se iniciaram sexualmente antes dos 14 anos. Em outra pesquisa brasileira que objetivou identificar fatores de risco para infecção do HIV numa amostra de adolescentes do sexo feminino, constatou-se que as jovens soropositivas tiveram significativamente mais relações sexuais em troca de dinheiro, história de gravidez e aborto prévio, bem como iniciação sexual mais precoce do que as adolescentes soronegativas (BASSOLS; BONI; PECHANSKY, 2010).

Em estudo realizado por Cerqueira-Santos et al. (2010) foi constatado baixa idade para a primeira relação sexual, sendo significativamente menor para o sexo masculino (média de 13.6 anos), enquanto que para o sexo feminino a média foi de 14.8 anos. Se na gravidez precoce (não planejada e não desejada) as meninas apresentam suas vidas mais propensas aos prejuízos biopsicossociais, é na iniciação sexual que os meninos ficam mais vulneráveis às DST/aids, tendo em vista a cultura vigente que estimula o início da vida sexual mais cedo no sexo masculino.

Segundo Hugo et al. (2011), em pesquisa que visou à avaliação do comportamento em saúde de 1621 jovens no Rio Grande do Sul, as variáveis diretamente relacionadas com a iniciação sexual precoce foram: sexo masculino, baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade, ter pais separados, morar com companheiro (a), não praticar uma religião e uso de tabaco e drogas. Em pesquisa realizada no Nordeste e Sudeste do país, constatou-se que o baixo nível de escolaridade revelou-se ser um fator de risco para a iniciação sexual, o não uso de métodos anticoncepcionais na primeira relação sexual e a gravidez na adolescência (LEITE; RODRIGUES; FONSECA, 2004).

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2.2.2 Fatores Psicossociais: autoestima e habilidades sociais

As vulnerabilidades dos adolescentes e jovens resultam de um conjunto de fatores que, combinados, podem potencializá-las, especialmente em relação à infecção pelo HIV/aids. De acordo com UNFPA (2008):

“um conjunto de fatores podem reduzir a capacidade dos indivíduos e das comunidades de evitar a infecção pelo HIV. Estes podem incluir: fatores pessoais como a falta das aptidões e dos conhecimentos necessários para que o indivíduo proteja a si próprio e aos outros; fatores relacionados com a qualidade e a cobertura dos serviços, como a inacessibilidade dos mesmos devido à distância, ao custo e a outros aspectos; fatores sociais como as normas sociais e culturais, as práticas, as crenças e as leis que estigmatizam e incapacitam determinadas populações e funcionam como barreiras contra as mensagens essenciais da prevenção do HIV”.

Apesar de ser uma fase marcada por vulnerabilidades, a adolescência pode e precisa ser vista como uma “janela de oportunidade” para o desenvolvimento salutar de adultos, mais preparados para as adversidades da vida e mais felizes consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. De acordo com Papalia e Feldman (2013), a adolescência “oferece oportunidades para o crescimento não só em termos de dimensões físicas, mas também em competência cognitiva e social, autonomia, autoestima e intimidade”.

Quando certas características são desenvolvidas e estimuladas de maneira positiva, servem de proteção para desequilíbrios físicos e psicológicos, preparando melhor os adolescentes para as adversidades da vida e para escolhas mais acertadas, evitando assim, por exemplo, os conflitos interpessoais, o uso de drogas e o comportamento sexual que podem denotar risco, como a iniciação sexual precoce e o sexo desprotegido. Dentre essas características psicossociais, este estudo destaca a autoestima e as habilidades sociais. Desta forma, torna-se imprescindível investigar se há a associação dessas variáveis psicossociais e a iniciação sexual.

A autoestima é compreendida como um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em uma atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo (ROSENBERG, 1965). Alguns autores destacam que o ponto fundamental da autoestima é seu aspecto valorativo, influenciando no modo como o indivíduo define suas metas, aceita a si mesmo, valoriza o outro e projeta suas expectativas para o futuro (BEDNAR; PETERSON, 1995).

(22)

(TRZESNIEWSKI; DONNELLAN; ROBINS, 2003). Além disso, tem sido vista como um importante indicador de saúde mental, dada sua relação com o ajustamento psicossocial (MRUK, 1995).

Na adolescência, a noção do autovalor torna-se um aspecto central, porque os indivíduos desenvolvem capacidades cognitivas que lhes permitem realizar abstrações a respeito de si mesmo (SBICIGO; BANDEIRA; DELL’AGLIO, 2010). Nesse período, passa também a atribuir maior importância à percepção que os outros têm sobre ele, o que pode interferir no desenvolvimento de sua autoestima. Pesquisas apontam que a preocupação com a opinião dos outros pode levar à redução dos níveis de autoestima na adolescência (CLAY; VIGNOLES; DITTMAR, 2005; HEAVEN; CIARROCHI, 2008).

Na literatura nacional, entretanto, o construto autoestima tem sido pouco investigado (AVANCI et al., 2007). Dentre as pesquisas nacionais encontradas, algumas apontam relações entre autoestima e gênero na adolescência, indicando escores ligeiramente superiores em jovens do sexo masculino (ROMANO; NEGREIROS; MARTINS, 2007; SANTOS; MAIA, 2003).

Outro fator psicossocial que pode interferir na iniciação sexual dos adolescentes apontado neste estudo é o repertório de habilidades sociais. Habilidades sociais é a designação utilizada para um conjunto de diferentes classes de comportamentos sociais, presentes no repertório de um indivíduo, que contribuem para a qualidade e a efetividade das interações interpessoais (DEL PRETTE, 2001). Tais habilidades contribuem para a competência social do mesmo, entendida como a capacidade de articular pensamentos, sentimentos e ações em função de objetivos pessoais e demandas culturais, gerando sentimento positivo (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

As habilidades sociais dizem respeito a comportamentos necessários a uma relação interpessoal bem-sucedida, conforme parâmetros típicos de cada contexto e cultura. De acordo com Murta (2005), pode incluir os comportamentos de iniciar, manter e finalizar conversas; pedir ajuda; fazer e responder a perguntas; fazer e recusar pedidos; defender-se; expressar sentimentos, agrado e desagrado; pedir mudança no comportamento do outro; lidar com críticas e elogios; admitir erro, pedir desculpas e escutar empaticamente, dentre outros.

(23)

adolescência, é ampliar a capacidade do indivíduo em lidar melhor com situações adversas e estressantes, bem como estimular seu senso de humor, empatia, de resolução de problemas e autonomia, contribuindo assim para escolhas mais acertadas diante dos desafios.

Um repertório bem elaborado dessas habilidades contribui, de maneira decisiva, para o estabelecimento de relações harmoniosas com seus pares e adultos, tendo em vista que habilidades de comunicação, expressividade e desenvoltura nas interações sociais podem ser transformadas em amizade, respeito, status no grupo ou mesmo em convivência mais agradável (DEL PRETTE et al., 2009). As habilidades sociais consideradas mais relevantes para o desenvolvimento salutar dos adolescentes, segundo Del Prette e Del Prette (2009), estão expressas no Quadro 1.

De acordo com Feitosa (2013), o déficit em HS tende a estar associado ao sofrimento psíquico dos indivíduos. A falta ou o déficit dessas habilidades pode comprometer a autonomia, a assertividade e autoestima dos adolescentes, contribuindo para a dificuldade em negociar ou dizer não, como por exemplo, no momento de negociar o uso do preservativo e/ou negar-se a aceitar o sexo sem proteção, como prova de confiança no parceiro.

Não obstante a esta realidade, o MS destaca que há um grande desafio para controle da epidemia da aids: estimular, especialmente entre o sexo feminino, a negociação do uso do preservativo diante da falsa percepção de segurança em relação ao parceiro e a negação do sexo desprotegido como prova de amor (BRASIL, 2014a).

Não foi encontrado na literatura nenhum artigo que associasse iniciação sexual e habilidades sociais. No entanto, estudos evidenciam a conexão de alguns comportamentos de risco, seja como causa ou consequência, ao déficit em habilidades sociais em adolescentes e jovens, como o uso e abuso do tabaco (PINHO; OLIVA, 2007), maconha e outras drogas (WAGNER; OLIVEIRA, 2009). Em outro estudo, concluiu-se que a construção de habilidades de resistência ao oferecimento de drogas, a autoeficácia e o estímulo à capacidade de tomada de decisões pode reduzir o uso de substâncias psicoativas (WAGNER; OLIVEIRA, 2009).

(24)

Quadro 1: Descrição resumida das classes e subclasses de HS relevantes para a adolescência. Natal, RN, 2014. CLASSES DAS HS EM ADOLESCENTES DESCRIÇÃO

AUTOCONTROLE E EXPRESSIVIDADE

EMOCIONAL

Reconhecer e nomear as emoções próprias e dos

outros, controlar a ansiedade, falar sobre emoções e

sentimentos, acalmar-se, lidar com os próprios

sentimentos, controlar o humor, tolerar frustrações,

mostrar espírito esportivo, expressar emoções

positivas e negativas.

CIVILIDADE

Cumprimentar pessoas, despedir-se, usar expressões

como: por favor, obrigado, desculpe, com licença,

aguardar a vez para falar, fazer e aceitar elogios,

seguir regras, dentre outros.

EMPATIA Prestar atenção, ouvir e demonstrar interesse pelo

outro, reconhecer/inferir sentimentos do interlocutor,

compreender a situação, demonstrar respeito as

diferenças, expressar compreensão pelo sentimento ou

experiência do outro, oferecer ajuda, compartilhar.

ASSERTIVIDADE

Expressar sentimentos negativos (raiva e desagrado),

falar sobre as próprias qualidades ou defeitos,

concordar ou discordar de opiniões, fazer e recusar

pedidos, lidar com críticas e gozações, pedir mudança

de comportamento, negociar interesses conflitantes,

defender os próprios direitos, resistir à pressão de

colegas.

FAZER AMIZADES

Fazer perguntas pessoais, responder perguntas,

oferecendo informação livre (auto-revelação), sugerir

atividade, cumprimentar,apresentar-se, elogiar, aceitar

elogios, oferecer ajuda, cooperar, iniciar e manter

conversação (enturmar-se).

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS INTERPESSOAIS

Acalmar-se diante de uma situação problema, pensar

antes de tomar decisões, identificar e avaliar possíveis

alternativas de solução, escolher, implementar e

avaliar uma alternativa, avaliar o processo de tomada

de decisão.

Fonte: Manual de aplicação, apuração e interpretação do IHSA (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

(25)

reprodutivos (MURTA et al., 2012). Dentre outros, tal programa teve por objetivo promover melhoria nas relações interpessoais, estimular a empatia, identificar comportamentos de risco para a violência no namoro e recursos comunitários para proteção à violência contra a mulher e o adolescente. De acordo com a pesquisadora, o programa teve boa aceitação pelos adolescentes, que o avaliaram como um instrumento eficaz para o desenvolvimento saudável da sexualidade.

(26)

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Identificar a ocorrência da iniciação sexual entre adolescentes escolares e investigar sua associação com o perfil sociodemográfico e biopsicossocial – autoestima e habilidades sociais – dos mesmos, bem como com seus conhecimentos acerca das formas de transmissão do HIV/aids.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar a associação entre o perfil sociodemográfico e a iniciação sexual;

 Descrever os conhecimentos, atitudes e práticas dos sujeitos nos moldes da PCAP (Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira);

 Relacionar o indicador de conhecimento das formas de transmissão do HIV/aids e a iniciação sexual;

Avaliar a autoestima e o repertório de habilidades sociais dos estudantes;

(27)

4 METODOLOGIA

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo de corte transversal realizado com adolescentes estudantes do ensino médio técnico integrado, de 16 a 19 anos, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) - Campus Natal Central.

4.2 PARTICIPANTES

O recorte etário da população estudada baseou-se na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera adolescentes os indivíduos que possuem entre 10 e 19 anos, dividindo-os na fase da pré-adolescência (10 a 14 anos) e na fase da adolescência propriamente dita (15 a 19 anos).

Seguindo esta classificação, a presente pesquisa contemplou adolescentes dos 16 aos 19 anos, estudantes do ensino médio técnico-profissionalizante do IFRN – Campus Natal Central, considerando que por estarem dentro da fase da adolescência propriamente dita, teriam tido mais oportunidades de se iniciarem sexualmente, possibilitando assim a investigação mais adequada de seu desfecho. Além disso, considerando o número total de escolares do ensino médio, observou-se serem poucos os alunos com 15 anos, representando apenas cerca de 10% dos alunos matriculados nessa modalidade de ensino.

Diferentemente do perfil das escolas privadas e de outras escolas públicas, os Institutos Federais destacam-se no cenário da educação do país por oferecerem aos alunos não somente o ensino médio, mas também o ensino técnico-profissionalizante. Por meio de um projeto político-pedagógico voltado para preparação de jovens profissionais técnicos para o mercado de trabalho, proporciona aos alunos experiências com projetos de pesquisa e extensão, bem como experiência profissional através dos estágios. Tais características parecem ampliar as experiências de vida dos estudantes e seus projetos para o futuro.

(28)

obteve-se como tamanho da amostra 166 sujeitos, sendo o nível de significância de 5%. Em função das possíveis perdas na coleta de dados, a amostra foi elevada em 20%, passando assim a uma amostra final aproximada de 200 sujeitos.

A amostra foi selecionada através do recurso estatístico da amostragem aleatória sistemática, objetivando o sorteio periódico de sujeitos a partir de uma população ordenada. Assim, a partir do banco de dados por ordem alfabética de todos os adolescentes na faixa etária pretendida, procedeu-se o sorteio dos participantes. Uma vez definidos, os alunos eram convidados, por meio das pedagogas e de informativo impresso, a comparecer à sala de aplicação, no dia e horário conveniente para os mesmos. Por fim, já desconsiderando as perdas, a amostra final foi constituída por 200 sujeitos, dos 16 aos 19 anos, estudantes do 2º, 3º e 4º anos, dos cursos de Geologia, Construção Civil, Administração, Edificações, Controle Ambiental, dentre outros, conforme anuência da Diretora de Ensino do IFRN.

Como critério de inclusão, o adolescente precisava ter entre 16 e 19 anos e estar matriculado em um dos cursos técnicos integrados do IFRN – Campus Natal Central. Não houve critério de exclusão.

4.3 INSTRUMENTOS

A coleta de dados ocorreu em grupo, mediante a aplicação de quatro instrumentos, sendo todos eles de auto-aplicação, de forma anônima, de modo a encorajar os adolescentes a serem mais fidedignos aos seus reais comportamentos e sentimentos.

Após responder aos instrumentos, os mesmos eram depositados pelo aluno em uma urna, conferindo assim total sigilo das informações. Os instrumentos foram organizados em blocos e os alunos recebiam orientações pertinentes a cada um deles.

(29)

4.3.1 Escala de autoestima de Rosenberg - EAR

O segundo bloco contemplou a versão brasileira da Escala de Autoestima de Rosenberg – EAR (ROSENBERG, 1965). Tal escala tem sido mundialmente utilizada para a mensuração da autoestima, classificando o nível de autoestima em baixo, médio e alto.

A baixa autoestima se expressa pelo sentimento de incompetência, inadequação e incapacidade de enfrentar os desafios; a média é caracterizada pela oscilação do indivíduo entre o sentimento de aprovação e rejeição de si mesmo; e a alta consiste no autojulgamento de valor, confiança e competência (ROSENBERG, 1965).

A escala original foi desenvolvida para adolescentes e possui dez sentenças fechadas, sendo cinco referentes à atitude positiva de si mesmo (autoimagem positiva/autovalor) e cinco referentes à atitude negativa de si mesmo (autoimagem negativa/autodepreciação). As sentenças são dispostas no formato Likert de quatro pontos, variando entre “concordo totalmente” e “discordo totalmente”.

Vários estudos já verificaram que a EAR apresenta qualidades psicométricas satisfatórias, mostrando-se um instrumento confiável para medir autoestima em adolescentes brasileiros e na população brasileira de forma geral (SBICIGO; BANDEIRA; DELL’AGLIO, 2010; AVANCI et al., 2007).

4.3.2 Inventário de habilidades sociais para adolescentes - IHSA

O bloco C foi reservado ao Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes – IHSA (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009) que é destinado à população adolescente de 12 a 17 anos, sendo oportuno para este estudo já que a média de idade dos participantes foi de 17 anos. Trata-se de um instrumento brasileiro, de auto-relato, que permite avaliar o repertório de habilidades sociais de adolescentes em um conjunto de situações interpessoais cotidianas através de dois indicadores: a frequência e a dificuldade com que reagem às diferentes demandas de interação social.

(30)

essa mesma reação, por meio de uma escala tipo Likert de cinco pontos (nenhuma, pouca, média, muita e total).

Tal instrumento foi elaborado para contemplar, junto a diferentes interlocutores e contextos, as principais classes1 de habilidades sociais requeridas na adolescência. No que diz respeito aos contextos, os itens do inventário incluem demandas próprias das relações familiares e escolares, de amizade, afetivo-sexuais, de lazer e de trabalho, particularmente críticas nessa fase do desenvolvimento. Já em termos de interlocutores, os itens representam demandas para habilidades requeridas na relação com os pais, irmãos, amigos, parceiros afetivo-sexuais, pessoas de autoridade e desconhecidos.

A interpretação do escore total do IHSA permite classificar o repertório de habilidades sociais do adolescente em função de sua frequência e dificuldade (Quadro 2).

Quadro 2 - Descrição resumida da interpretação do IHSA conforme posição percentil dos escores (total e

subescalas). Natal, RN, 2014.

Percentil Interpretação

FREQUENCIA

Interpretação

DIFICULDADE

76 – 100 Repertório altamente elaborado de HS.

Indicativo de recursos interpessoais altamente

satisfatórios. Alto custo de

respostas ou ansiedade

na emissão das

habilidades.

66 – 75 Repertório elaborado de HS.

Indicativo de recursos interpessoais bastante

satisfatórios.

36 – 65 Bom repertório de HS, com resultados dentro da

média ou equilíbrio entre recursos e déficits nesses

itens e subescalas.

Médio custo de resposta ou

ansiedade na emissão das

habilidades.

26 – 35 Repertório médio inferior de HS.

Indicativo de necessidade de Treinamento de HS. Baixo custo de resposta ou ansiedade na emissão das

habilidades.

01 – 25 Repertório abaixo da média inferior de HS.

Indicativo de necessidade de Treinamento de HS.

Fonte: Manual de aplicação, apuração e interpretação do IHSA (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2009).

O IHSA permite também a obtenção dos escores para cada uma das seis subescalas: empatia, autocontrole, civilidade, assertividade, abordagem afetiva e desenvoltura social. As subescalas representam a especificidade situacional das habilidades sociais na medida em que

1

(31)

agrupam demandas associadas a determinados conjuntos de comportamentos, contextos e interlocutores.

4.3.3 Pesquisa de conhecimentos, atitudes e práticas na população brasileira

Os últimos blocos foram retirados da PCAP – Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira. Pesquisa nacional realizada em 2008, como uma das ações do sistema de monitoramento de indicadores do DST/Aids, o MONITORAIDS, que é o sistema utilizado para o monitoramento dos principais indicadores de produtos, de resultados e de impactos relacionados à epidemia de HIV/aids e outras DST. Foi desenvolvida pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DST/Aids/HV), da Secretaria de Vigilância em Saúde - Ministério da Saúde do Brasil, através de inquérito domiciliar com uma amostra de 8.000 indivíduos de 15 a 64 anos (BRASIL, 2011).

A PCAP ocorre em periodicidade trienal, tendo sido o primeiro inquérito realizado em 2004 e tem por objetivo coletar dados que possibilitem a construção de indicadores para monitoramento da epidemia de DST/aids, no que se refere às medidas de prevenção e de controle das infecções sexualmente transmissíveis. Trata-se de uma pesquisa de extrema importância para o monitoramento da epidemia e para o controle das DST/Aids e hepatites virais, pois subsidiou as principais campanhas de grande mídia e ações de prevenção nos últimos anos no país. Possibilitou, ainda, o cálculo de estimativas confiáveis quanto ao tamanho de algumas populações sob maior risco para o HIV, fundamentais para o adequado monitoramento da epidemia de aids no Brasil, a saber: homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas injetáveis e mulheres profissionais do sexo (BRASIL, 2011).

Tendo em vista o uso oportuno para a faixa etária dos 16 aos 19 anos, alguns módulos da PCAP pertinentes ao objetivo desta pesquisa foram utilizados, contemplando as seguintes seções: conhecimento sobre transmissão do HIV e outras DST; prevenção e controle de DST; testagem de HIV; uso de drogas lícitas e ilícitas e práticas sexuais. Através desses módulos foi possível investigar a idade da iniciação sexual dos adolescentes, bem como alguns dos fatores associados. Por conter questões íntimas como o uso de drogas e as práticas sexuais, utilizou-se o autopreenchimento como forma de coleta de dados, tanto para os módulos do PCAP, como para os demais instrumentos.

(32)

achar que ter parceiro fiel e não infectado reduz o risco de transmissão do HIV; saber que o uso de preservativo é a melhor maneira de evitar a infecção pelo HIV; saber que não pode ser infectado por picada de inseto e saber que não pode ser infectado pelo compartilhamento de talheres. Esses mesmos critérios foram utilizados nesta pesquisa para classificar o conhecimento correto dos adolescentes acerca das formas de transmissão do HIV e outras DST.

4.4 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Para a tabulação adequada dos dados foi construído um banco de dados através do programa Statistical Package of Social Sciences (SPSS, IBM, São Francisco, CA, USA), versão 20.0. Com o banco já construído, realizou-se a análise descritiva dos dados para que fosse possível caracterizar a amostra quanto suas características sociodemográficas, dentre outras.

Realizou-se também a análise inferencial (Quadro 3) com o teste estatístico correspondente à natureza da distribuição dos dados, tornando possível assim responder às perguntas deste estudo.

Quadro 3: Planejamento da análise estatística de acordo com a distribuição dos dados.

Associação Não Normal

Qui-quadrado

Exato de Fisher

(Caselas com contagem

esperada <5 e tabelas 2x2)

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

4.5 ASPECTOS ÉTICOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP UFRN) através do

(33)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para melhor apresentação dos resultados, os dados foram sistematizados em quatro subitens:

5.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Da amostra total de 200 adolescentes, verificou-se que a maioria dos sujeitos era do sexo masculino e consideravam-se solteiros (as), sendo a idade média de 17,33 anos. Em relação à cor ou raça, a maioria diz ter cor parda. Quanto ao tipo de escola onde cursaram o nível fundamental, houve pequena prevalência de alunos provenientes da rede pública de ensino.

No que diz respeito à religião, 70% dos sujeitos relataram ter alguma religião. A maioria afirma ser católico ou evangélico, e uma parcela significativa (30%) diz não possuir nenhuma religião. Quanto ao convívio familiar, a maior parte deles reside com os pais ou com os pais e irmãos e os demais não se enquadram no modelo de núcleo familiar/tradicional, residindo com pais, irmãos e outros parentes (avós, primos, tios, dentre outros). Apenas 1% reside com o cônjuge. Já em relação à renda familiar dos estudantes, a maioria afirma possuir de dois a três salários mínimos. Tais dados podem ser melhor visualizados na Tabela 1.

No que se refere ao nível de escolaridade dos pais, verificou-se um bom nível de escolaridade tanto materna quanto paterna, com mais de 70% com ensino médio completo ou superior completo ou incompleto. Em relação ao início da vida sexual, observa-se que 42,6% já se iniciaram sexualmente (Tabela 1).

No que tange à associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual dos adolescentes, encontrou-se associação entre o desfecho e as seguintes variáveis: idade, sexo, situação conjugal, religião e renda familiar (Tabela 2).

(34)

Tabela 1: Caracterizaçãoda amostra quanto aos dados sociodemográficos e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014.

N %

Sexo

Masculino 125 62,5

Feminino 75 37,5

Situação conjugal

Solteiro 137 68,8

Namorando sério 59 29,6

Vive com companheiro(a) 3 1,5

Ensino fundamental

Escola pública 102 51,5

Escola privada 96 48,5

Cor da pele

Parda 97 49,2

Branca 71 36

Preta 18 9,1

Outras 11 5.6

Religião

Possui 140 70

Não possui 60 30

Considera-se uma pessoa religiosa

Sim 85 42,5

Não 85 42,5

Não sei 30 15

Com quem reside

Família tradicional/núcleo familiar 152 76,4

Família não tradicional 47 23,6

Renda familiar

Até 1 SM 36 18,3

2 a 3 SM 88 44,7

Mais de 4 SM 73 37,1

Escolaridade do mãe

Ensino fundamental incompleto/completo 28 14,1

Ensino médio incompleto/completo 84 42,4

Ensino superior incompleto/completo 86 43,4

Escolaridade do pai

Ensino fundamental incompleto/completo 39 20

Ensino médio incompleto/completo 73 37,4

Ensino superior incompleto/completo 83 42,6

(35)

Sim 83 42,6

Não 112 57,4

Fonte: Pesquisa de campo, 2014

No que diz respeito ao sexo, verificou-se que quase metade (49,6%) dos adolescentes do sexo masculino já haviam se iniciado sexualmente, enquanto que do sexo feminino apenas 30,6%. Em relação ao total dos adolescentes que se iniciaram sexualmente (42,6%), os do sexo masculino representam a maior parte deles, corroborando assim o que tem evidenciado a literatura. A associação entre o sexo masculino e a iniciação sexual tem sido constante em diversos estudos (CRUZEIRO, 2008; BRETAS 2011; VONK; BONAN; SILVA, 2013), pois reflete as influências socioculturais na expressão da sexualidade, especialmente na adolescência e juventude. Desde cedo os meninos são encorajados e cobrados a terem sua primeira relação sexual como uma forma de reafirmar sua masculinidade, enquanto as meninas, mesmo com toda a revolução sexual feminina dos últimos tempos, ainda são impelidas a se manterem virgens por mais tempo, como forma de se conservarem puras e dignas.

Possuir um namoro sério mostrou-se estar associado ao início da vida sexual, o que parece ocorrer devido a maior sensação de segurança e confiança ao se ter um parceiro fixo, numa relação afetiva mais estável, segundo evidencia outras pesquisas (BORGES, 2007). Nesta perspectiva, estudo realizado com adolescentes aponta que morar com companheiro (a) está relacionado ao início da vida sexual precoce (HUGO, 2011). Vale ressaltar que apenas 1,5% dos sujeitos desta pesquisa afirmaram morar com companheiro (a), esta variável foi recategorizada passando a ser contemplada na categoria “namorando sério” (Tabela 2).

(36)

Tabela 2: Associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014.

Já teve relações sexuais

p Sim (%) Não (%)

Sexo

Masculino 61 (49,6) 62 (50,4)

0,009

Feminino 22 (30,6) 50 (69,4)

Idade

16 a 17 anos 33 (27,7) 86 (72,3)

<0,001

18 a 19 anos 50 (65,8) 26 (34,2)

Situação conjugal

Solteiro 43 (32,1) 91 (67,9)

<0,001

Namorando sério 40 (65,6) 21 (34,4)

Ensino fundamental

Escola pública 35 (35,7) 63 (64,3)

0,053

Escola privada 47 (49,5) 48 (50,5)

Religião

Possui 53 (38,7) 84 (61,3)

0,127

Não possui 30 (51,7) 28 (48,3)

Considera-se uma pessoa religiosa

Sim 32 (38,1) 52 (61,9)

0,327

Não 40 (48,8) 42 (51,2)

Não sei 11 (37,9) 18 (62,1)

Renda familiar

Até 1 SM 12 (35,3) 22 (64,7)

2 a 3 SM 29 (33,7) 57 (66,3) 0,015

Mais de 4 SM 40 (55,6) 32 (44,4)

Cor da pele

Parda 36 (37,9) 59 (62,1)

0,193

Branca 30 (42,9) 40 (57,1)

Outras 16 (57,1) 12 (42,9)

Escolaridade da mãe

Ensino fundamental incompleto/completo 20 (45,5) 24 (54,5)

0,833

Ensino médio completo 30 (40) 45 (60)

Ensino superior incompleto/completo 32 (43,2) 42 (56,8) Escolaridade do pai

Ensino fundamental incompleto/completo 18 (37,5) 30 (62,5)

0,494

Ensino médio completo 34 (47,9) 37 (52,1)

(37)

Família tradicional 58 (39,5) 89 (60,5)

0,218

Família não tradicional 24 (51,1) 23 (48,9)

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

No que diz respeito à renda familiar, verificou-se associação entre maior renda (acima de 4 salários mínimos) e iniciação sexual (Tabela 2). No entanto, várias pesquisas apontam relação entre baixa renda familiar e a iniciação sexual (LEITE; RODRIGUES FONSECA, 2004; HUGO et al., 2011), bem como com a iniciação sexual precoce (HUGO et al., 2011). Verifica-se, portanto, que o início da vida sexual, pode não estar atrelado especialmente à baixa renda e, portanto, à falta de oportunidades. A vivência da sexualidade é da natureza humana, sendo perpassada por várias questões, dentre elas a necessidade de autoafirmação e pertencimento ao grupo, sensações que a primeira vez pode conferir ao adolescente.

A associação entre iniciação sexual e o tipo de escola onde os sujeitos cursaram o ensino fundamental quase foi estabelecida (p = 0,053), o que demonstra que com o aumento da amostra possivelmente se encontraria significância na associação entre escola privada e o início da vida sexual (Tabela 2). Para as variáveis, raça e escolaridade dos pais, não foi identificada associação significativa, conforme verifica-se na tabela 2.

5.2 DADOS DO QUESTIONÁRIO PCAP

Alguns módulos do questionário da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (2008) foram contemplados conforme suas temáticas (secções) mais relevantes para alcance dos objetivos deste trabalho.

(38)

Na Tabela 3, observa-se o indicador de conhecimento e sua relação com a iniciação sexual. Apesar de não se ter obtido uma associação significativa, é importante observar que dos adolescentes que se iniciaram sexualmente, somente 10,8% apresentaram o conhecimento correto, o que denota um grande risco à saúde dos mesmos. Por outro lado, os dados apontam que a maioria dos alunos (57,1%) que possuíam o conhecimento correto não se iniciou sexualmente, o que pode denotar que o acesso à informação está contribuindo para o adiamento da primeira relação sexual.

Tabela 3: Associação entre o indicador de conhecimento e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014.

Já teve relações sexuais

p Sim (%) Não (%)

Indicador de conhecimento

Conhecimento incorreto 74 (42,5) 100 (57,5)

0,977

Conhecimento correto 9 (42,9) 12 (57,1)

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Observou-se também que entre as cinco questões que correspondem ao indicador de conhecimento correto sobre a transmissão do HIV, as que obtiveram maior número de respostas erradas, inclusive para aqueles que já se iniciaram sexualmente, foram: desconhecer que “ter parceiro sexual fiel diminui risco de infectar-se com HIV” e que “compartilhar talheres e copos pode transmitir o HIV”. De acordo com a PCAP (2008), essas também foram as duas questões com maior porcentagem de erro na população em geral.

Dos que se iniciaram sexualmente, apenas pouco mais de 12% discordaram que ter parceiro fiel e não infectado diminui o risco de contaminação pelo HIV, o que parece estar relacionado com a associação significativa entre iniciação sexual e “namorando sério”, como foi observado nesta pesquisa.

O percentual de desconhecimento de outras questões acerca da transmissão do HIV também chamou a atenção neste estudo, assim como revela a pesquisa PCAP (2008). Uma parcela significativa dos adolescentes, assim como a população em geral, ainda acredita que através do uso do banheiro público é possível contaminar-se com o HIV e desconhecem, de forma mais expressiva, que “o tratamento durante a gravidez diminui o risco de infecção para o bebê no parto” – 26,34% dizem não saber e 2,4% não concordam com a afirmação.

(39)

três anos e, o mais preocupante, a maioria delas, 49,3% referem nunca ter realizado, 10,1% realizou quatro a cinco anos atrás e 7,2% diz não saber quando realizou seu último exame. Das adolescentes que referiram ter realizado exame ginecológico nos últimos três anos, apenas 10% diz ter realizado o papanicolau, exame preventivo de câncer, enquanto que as demais não o realizaram ou a maioria não sabe se realizou (16,7%).

Do total de adolescentes, apenas 26% referiram algum problema que pode estar associado à infecção por DST, como corrimento, verrugas e bolhas nos órgãos sexuais, sendo mais frequente no sexo feminino. Desses alunos, quase todos (23,4%) afirmam ter realizado algum tipo de tratamento. No entanto, a maioria refere que a primeira pessoa que procurou foi “outra pessoa” que não o médico (16,7%) ou o farmacêutico (4,8%). Daqueles que realizaram algum tratamento na última incidência do problema, somente 39,1% afirmam ter recebido orientações sobre o uso regular de preservativo, sobre a necessidade de informar ao parceiro (28,6%), sobre fazer o teste HIV (17,4%) e realizar o teste de sífilis (9,1%).

Por meio do bloco G (acesso a preservativos), verificou-se que 44% dos sujeitos receberam ou pegaram camisinha gratuitamente na escola, 36% no serviço de saúde e somente 7% em uma ONG (organização não governamental). Quanto ao preservativo feminino, 95% dizem que o conhecem mesmo só de ouvir falar.

Já a secção testagem de HIV, contemplada no Bloco F (Teste de HIV), revelou que 88% dos sujeitos nunca realizaram o teste para HIV. Daqueles que realizaram, 70% o fizeram nos últimos 12 meses, sendo que 61% o realizou apenas uma vez. Em relação ao teste rápido de HIV, cujo resultado é emitido na hora, somente 11,8% já o realizaram. O principal motivo para a realização do último teste para HIV foi atribuído à doação de sangue e apenas um adolescente foi motivado por algum comportamento de risco. Dos adolescentes que fizeram o teste para HIV, todos dizem ter obtido resultado negativo, com exceção de um que não quis informar o resultado. Quanto à doação de sangue, a maioria, 91% nunca doou. Apenas 30% do total dos participantes sabem de algum serviço de saúde onde o teste de aids é feito gratuitamente.

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A literatura aponta que a média para a primeira relação sexual tem sido de 15 anos para ambos os sexos (BORGES; SCHOR, 2005; HUGO et al., 2011) e outros apontam para a média de 14 anos (CRUZEIRO et al., 2008; PAIVA et al., 2008). Entretanto, corroborando os dados encontrados, a maioria das pesquisas assinalam diferenças entre os sexos e apontam que os meninos se iniciam sexualmente mais cedo, geralmente antes dos 15 (GUBERT; MADUREIRA, 2008) e as meninas a partir dos 15 anos (VONK; BONAN; SILVA, 2013). Percebe-se, portanto, prevalência das influências culturais sobre a iniciação sexual masculina, mesmo em regiões do Sul e Sudeste do Brasil, onde ocorre a maioria desses estudos, contrariando a ideia de que o machismo na região Nordeste se sobrepõe às demais.

Quanto ao sexo seguro, mais da metade, 63,9%, refere ter feito uso da camisinha na primeira vez. Outros estudos evidenciam que na primeira vez o uso do preservativo tem sido mais frequente (GUBERT; MADUREIRA, 2008; PAIVA et al., 2008). Entretanto, verifica-se que quase 40% dos adolescentes participantes desta pesquisa apresentaram comportamento sexual de risco, ou seja, não praticou sexo seguro.

Quanto ao número de parceiros sexuais, 54,2% disseram já terem tido mais de um parceiro sexual e 17,8% mais de 10 parceiros. Apenas 14,6% referem já ter tido relação com pessoas do mesmo sexo. Desse percentual, apenas 3 adolescentes afirmam manter relações sexuais atualmente com homens e mulheres e 5 deles dizem manter apenas com o mesmo sexo.

No que se refere às experiências sexuais nos últimos doze meses, quase a totalidade (98,8%) manteve relações sexuais nesse período. Na última relação sexual, 63,7% dizem ter usado a camisinha. Nota-se, portanto, que não houve diferença significativa entre a porcentagem do uso de camisinha na primeira e na última relação, o que parece confirmar a literatura (TEXEIRA et al., 2006), quando evidencia que os comportamentos associados à primeira vez tendem a refletir o comportamento sexual ao longo da vida. De acordo com Paiva et al. (2008), é relevante e significativo o incremento no uso de preservativo na primeira relação sexual para diminuição da vulnerabilidade ao HIV, já que em sua pesquisa constatou que jovens que não usaram camisinha na última relação sexual apresentaram iniciação sexual mais cedo.

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Tabela 1: Caracterização da amostra quanto aos dados sociodemográficos e a iniciação sexual
Tabela 2: Associação entre as variáveis sociodemográficas e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014
Tabela 3: Associação entre o indicador de conhecimento e a iniciação sexual. Natal, RN, 2014
Tabela  4:  Resultados  para  o  repertório  de  habilidades  sociais  de  acordo  com  a  classificação  e
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