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Capítulo 1: A infecção VIH/sida e os comportamentos

1. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – SIDA

1.3. Dados do VIH/sida em Portugal

No contexto Europeu, Portugal é um dos países mais atingidos quando se considera o número de casos ajustado à população portuguesa. Segundo os registos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge pensa-se que o primeiro caso de VIH a ser detectado em Portugal foi em 1983, no Hospital Curry Cabral, num paciente masculino com sintomatologia da última fase da

Farmácia da Universidade de Lisboa. As primeiras pessoas infectadas foram homens, jovens homossexuais ou bissexuais (66.6%). Não se registaram, inicialmente, casos em toxicodependentes, mas verificaram-se alguns casos em hemofílicos. Por estas razões a garantia de protecção (contra o VIH1) dos doentes que necessitam da administração de sangue humano ou seus derivados, foi assegurada pelo despacho 12/86 de 5 de Maio, e para o VIH do tipo 2, pelo despacho 31/89 de 29 de Agosto.

A notificação dos casos de infecção pelo vírus VIH, recebidos no centro de vigilância epidemiológica das doenças transmissíveis, obedece aos critérios da OMS/CDC e são classificados como casos de SIDA (CRS) e portadores assintomáticos. Estes dados, são objecto de uma avaliação precisa, uma vez que, cada trimestre, o Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis (CVEDT) edita um boletim, dando conta da situação em Portugal. O dispositivo de vigilância teve início em 1985 e tem por base a notificação obrigatória por parte dos médicos que seguem estes doentes. Esta declaração é anónima, sendo os doentes classificados por um código que inclui o sexo, a idade, as três primeiras consoantes do apelido e as duas do primeiro nome (Association de Recherche, de Communication et d’Action pour l’accès aux Traitments (ARCAT- SIDA, 1997).

Após os anos 1999-2000, verificaram-se aumentos significativos de indivíduos portadores de VIH pertencentes aos grupos etários acima dos 45 anos de idade (superiores). Verificou-se também um aumento proporcional do número de casos de transmissão heterossexual e diminuição proporcional dos casos associados à toxicodependência.

Relativamente aos casos notificados até 31 de Dezembro de 2005, o número total casos de infecção foi de 28 370 casos, atribuindo-se a Portugal a maior taxa de novos diagnósticos de infecção VIH da Europa. No entanto, até à data referida, viriam a falecer 7 399 pessoas com infecção VIH. De acordo com os índices de infecção, segundo a via de transmissão, verificaram-se: 46.1% em utilizadores de drogas por via endovenosa; 36.3% por transmissão heterossexual; 11.7% por transmissão homossexual masculina e 5.9% por restantes formas de transmissão.

Em 2005, os portadores assintomáticos da infecção VIH em Portugal eram predominantemente jovens com mais de 20 anos e indivíduos até aos 39 anos, pertencendo 45.3% à categoria de "toxicodependentes" e 39.3% à categoria de "heterossexuais".

De acordo com os dados, a transmissão heterossexual tem apresentado uma tendência evolutiva crescente. Registados, só no 2º semestre de 2005, relativo a esta forma de transmissão, verificaram-se 52.7% do número total dos casos notificados.

Em 2007, o Instituto volta a lançar dados e afirma que, a 30 de Junho, encontram-se notificados 31 677 casos de infecção VIH/sida nos diferentes estádios de infecção: Portadores assintomáticos (PA) e sintomáticos não-SIDA (ARC) e SIDA. Conclui-se que, o maior número de casos notificados (“casos acumulados”) correspondia a infecção por uso de drogas por via endovenosa, constituindo 44.4% (14 061 / 31 677) de todas as notificações. O número de casos associados à infecção por transmissão sexual (heterossexual) representava assim o segundo grupo, com 38.3% dos registos, ao passo que a transmissão sexual (homossexual masculina) apresentou 11.9% dos casos. 5.3% do total dos casos relatados correspondiam às restantes formas de transmissão.

Tal como em 2005, voltam a verificar-se casos notificados de infecção VIH/sida, que referem como forma provável de infecção a transmissão sexual (heterossexual), apresentando uma tendência evolutiva importante. Registam-se, no 1º semestre de 2007, 54.7% dos casos notificados são PA, Sintomáticos não-SIDA e SIDA.

Segundo o relatório, a 30 de Junho de 2007, o total acumulado de casos de SIDA era de 13 935, dos quais 457 causados pelo vírus VIH2 e 190 casos que referem infecção associada aos vírus VIH1 e VIH2.

Em 2007, verifica-se um aumento (proporcional) do número de casos de transmissão heterossexual. No entanto, desde 2005 e considerando a transmissão “homo/bissexual”, verificou-se uma tendência temporal crescente. Entretanto o número de casos de infecção associada às drogas endovenosas registou uma diminuição.

Dos 75.8% de “Portadores assintomáticos” notificados, o maior número era, predominantemente, de jovens com mais de 15 anos, e de indivíduos até aos 39 anos. Estes dados estavam associados a duas categorias principais: “toxicodependentes”, representando 42.6% do total de portadores assintomáticos notificados e “heterossexuais” com 41.7%. Os “Casos sintomáticos não-SIDA” constituíam um grupo com menor número de casos: 38.9%, correspondendo a indivíduos “toxicodependentes” e 40.0% a casos de transmissão heterossexual.

Óbitos em Portugal

Os dados estatísticos aqui apresentados são dados fornecidos por um estudo do Instituto Nacional de Estatística [INE] realizado entre 1988 e 2003, e intitulado “A mortalidade por VIH/sida em Portugal: alterações da estrutura etária”.

Em Portugal, assistiu-se a uma tendência de crescimento acentuado do número de óbitos por VIH, entre 1988 e 1996, apresentando nos anos posteriores algumas oscilações, não atingindo, contudo, os valores máximos referentes a 1996.

Ao longo do período em análise, constata-se que o maior número de óbitos por VIH/sida ocorre em indivíduos com idades compreendidas entre os 25 e os 44 anos; contudo, nestes grupos etários, alguns apresentam tendências contrárias ao longo do período. Os óbitos ocorridos no grupo etário dos 25 aos 29 anos, em 1988, representava cerca de 16% dos óbitos totais, baixando para cerca de 12%, em 2003. O grupo etário dos 30 aos 34 anos apresenta uma tendência contrária à do grupo anterior, registando, em 1988, cerca de 16% e em 2003, 20.2% .

Um aspecto relevante a reter é o do aumento deste tipo de óbitos nas idades mais avançadas, ao longo do período 1988-2003, registando-se em todos os grupos etários posteriores aos dos 45 anos, um aumento significativo, principalmente nas idades acima dos 65 anos.

Estes dados revelam que as taxas de mortalidade por VIH/sida na população idosa apresentam uma tendência de crescimento gradual, podendo daí inferir-se que cada vez se morre mais tarde com VIH/sida

Como forma de combater esta pandemia, os estabelecimentos de ensino devem desempenhar um papel primordial, pois visam a formação dos jovens estudantes.