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Dalila – quatro anos e oito meses de idade 1 Casuística

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RESULTADOS Dados epidemiológicos

5. Dalila – quatro anos e oito meses de idade 1 Casuística

5.1.1. Queixa principal: perda de cabelo há aproximadamente um ano.

5.1.2. Outras queixas: muito apegada ao pai desde o nascimento. Medo de lavar o cabelo, diz que lavar faz cair. Cobra carinho dos pais, pergunta para eles se a amam constantemente. Muito cume dos pais, principalmente do pai, quando ele está em casa dorme no berço, quando não está dorme com a mãe. Ansiedade. Alimentação irregular (às vezes come, às vezes não). Agressiva com a irmã mais velha (ciúme), com as outras pessoas não. Muito sensível, chora com facilidade.

5.1.3. Hipótese diagnostica psicopatológica: Alopecia - Transtorno emocional com início especificamente na infância (F 93).

5.1.4. Hipótese psicodinâmica: Alopecia - quadro psicossomático 5.2. Atendimento

5.2.1. Anamnese: pais se conheceram perto da casa da avó, namoraram e noivaram rápido. Após 15 dias mãe engravidou da filha mais velha (atualmente com 12 anos).

Depois de três meses que a filha nasceu, mãe engravidou de trigêmeos, não planejado também. Teve aborto espontâneo com quatro meses e quinze dias. Mãe se diz nervosa, morava com sogra, fumava e tomava café. Dalila foi planejada, mãe engravidou seis anos após os abortos porque a filha mais velha pediu. Marido também queria. Gravidez tranqüila, teve um pouco de enjôo. Trabalhou a gravidez toda, parou com oito meses (férias). Parto normal, a termo, fez pré natal, marido acompanhou. Nasceu pequena mais saudável, mãe associa com o fato de ser fumante, embora tenha fumado menos na gravidez dela. Mamou quatro meses porque mãe voltou a trabalhar (mamou três meses no peito e um leite materno na mamadeira). Ficava com irmã do pai, depois com a vizinha. Bem cuidada pela vizinha, depois ela começou a judiar (menina concorda com a mãe e olha para ela enquanto ela fala). Mãe parou de trabalhar e começou a ficar com as filhas. Pai sempre foi muito ausente, trabalha a noite de segurança e durante o dia como pedreiro. Filhas ficaram bem. D. andou e falou com aproximadamente um ano de idade, deixou a fralda com dois anos. O sono sempre foi tranqüilo e sempre foi muito ciumenta. Até três anos seu desenvolvimento foi tranqüilo. O avô paterno ficou doente quando D. tinha três anos e cinco meses. Mãe foi visitá-lo em Pernambuco, durante 30 dias com as filhas. Pai ficou aqui. D. ficou com febre no segundo dia de viagem, queria que o pai fosse junto. Pais explicaram a impossibilidade porque pai precisava trabalhar. D. sentia muito medo e tomar banho frio em Pernambuco. Pais mentiam quando D. ficava angustiada, dizia que o pai talvez fosse para lá. Volta de viagem tranqüila, D ficou muito feliz quando voltou. Depois de um mês começou a ter queda de cabelo, foi ao dermatologista e este disse que era emocional. Começou escola este ano, está indo bem, faz amizade fácil.

5.2.2. As consultas terapêuticas / Observações da criança:

1º atendimento – mãe e filha. Mãe traz queixas: filha muito apegada ao pai desde o nascimento. Mãe e filha fizeram viagem ao nordeste em 2005, ficaram 30 dias e após retorno a filha começou a perder cabelo. Deixou de se relacionar com amigos. Medo de lavar o cabelo, diz que lavar faz cair. Cobra carinho dos pais, pergunta para eles se a amam. Na escola está tudo bem, desde que ninguém se aproxime dos pais dela, muito ciumenta. Ansiedade. Alimentação irregular (às vezes come, às vezes não). Sono tranqüilo. Muito ciúme do pai, quando ele está em casa dorme no berço, quando não está dorme com a mãe. Agressiva com a irmã mais velha (ciúme), com as outras pessoas

não. Sensível, chora com facilidade. Inicia-se anamnese, filha fica atenta a sua história e concorda balançando a cabeça afirmativamente para a mãe diversas vezes.

2º atendimento – mãe e filha. Cabelo continua caindo bastante. Continuação da anamnese. Oriento mãe a ser sincera com a filha. Acolho.

3º atendimento – mãe e filha. D. brincou bastante. O cabelo continua caindo. Mãe continua mentindo para sair. Oriento ser sincera sempre, mesmo que a filha chore quando eles saiam. Mãe diz que fará, aponto para D. o que a mãe falou. D. fala bem, pergunta bastante coisas para a mãe, mãe responde. Pai distante, trabalhando muito. Peço para mãe brincar com filha. Mãe diz ter dificuldade, diz que não brincava na infância, não tinha brinquedo. Peço para mãe se sentar à mesa pequena para ficar mais fácil brincar com a filha. Filha sorri. Brincam juntas, filha canta baixinho (organizando casinha). Peço para mãe brincar com ela em casa também.

4º atendimento – mãe e filha. D. não está mais fazendo birra quando a mãe sai. Mãe conversando mais, mas um pouco confusa, às vezes faz chantagem, aponto. Sobrancelha caindo também. D. diz que um cai pra outro nascer. Digo que podem viver juntos, ela diz que entendeu, eles também. Falo pra mãe não fazer chantagem. D. monta casa com parque ao lado. Fala bastante. Peço para mãe ser sincera, falar, perguntar se agüenta a angustia da filha no início, ela sorri e diz que sim. Brincam juntas. D. divide as peças da casinha para ela e para a mãe. Mãe fala em mudanças de idéia, ora si, ora não, às vezes sente raiva, Às vezes dó. Falo sobre mãe ser assim. A oriento e acolho.

5º atendimento – mãe e filha. Cabelo caindo menos. Pai está doente, ontem ficaram no hospital. Dalila ficou com a vizinha, fingiu que estava dormindo quando a mãe foi buscá-la para ficar lá, e ficou. Ela está falando bem e bastante, parece mais independente, está tomando banho e se trocando sozinha. Não tem mais medo de lavar o cabelo, está se cuidando, chegando a lembrar a mãe que precisa lavar o cabelo, de passar óleo no corpo, remédio no cabelo... Mãe mais sincera. Falamos sobra a independência da filha. Mãe sentindo-se incompreendida pelo marido (desconta nas filhas), percebe isso. Constroem casa (filha ajuda a mãe).

6º atendimento – mãe e filha. Cabelo caindo menos, mas ainda além do normal. Filha está bem, brincando bastante. Brigando com a irmã às vezes. Mais independente, falando mais. Dalila estuda de manhã. Brinca com os animais, com a mãe, faz cercados,

cria recursos e soluciona problemas. Mãe brinca mais à vontade. (D. tira os bonecos que são pais na brincadeira). Na brincadeira a mãe se atrasa.

7º atendimento – mãe e filha. Cabelo parou de cair, mãe e filha estão muito contentes. D. traz boneca de casa para mostrar. Ambas mais seguras. Mãe percebe que esta fazendo mais o que tem vontade (comportamento coerente com o que sente). Falo sobre o feriado, ela parece entender. Sem queixa. Observar daqui a 15 dias (devido ao feriado). Mãe percebe que auxiliou na melhora das filhas. Esta falando mais. Sobrancelha começou a crescer.

8º atendimento – mãe e filha. Cabelo continua sem cair, mas ela diz que caiu (feriado? Medo de deixar de vir?). Mãe e filha parecem bem. Passou no dermatologista que manteve o medicamento e pediu retorno para seis meses. Cabelo nascendo onde estava caindo. Mostro o telefone do ASMI, a oriento a me ligar se precisar. Questiona sobre brinquedos, os acha e fica mais tranqüila (deixa de testar, parece ficar mais à vontade). Mostro o telefone e ela sorri. Parece bem. Brinca com a casinha, mostra organização, brincar adequado. Sem queixa.

9º atendimento – mãe e filha. Falo que sei que ligou para mim, que recebi o recado, ela se mostra envergonhada. Cabelo não cai mais e estão nascendo novos. Brinca de casinha, sempre em família, mostrando bom relacionamento. Tira a boneca careca da brincadeira, brinca com as outras.

10º atendimento – sem queixas. Falo em quinzenalmente. Fica triste. Prorrogo mais uma semana. Mãe fala de frustrações, dificuldades com a filha mais velha (que também passa por atendimento psicológico), muita culpa. Falamos sobre D. representar uma segunda chance para consertar o que não deu certo com a mais velha. Mãe confusa, aponto, oriento diálogo. Mãe desabafa. Brincam juntas. Dalila se mostra brava inicialmente mas resolve brincar (animais e pessoas). Acolho ambas.

11º atendimento – mãe e filha. Continuam bem e sem queixas. Boa interação com a mãe, mãe mais bonita, fez cabelo, maquiada, mais atenta à filha, ela bem, brinca adequadamente, monta quebra-cabeça com mãe. Aceita retorno em 15 dias.

12º atendimento – mãe e paciente. Falo sobre minhas férias e alta. Sem sintomas. Mãe diz que filha é ciumenta com o primo, mas se expressando bem. Mãe parece entender e agir adequadamente. Ficou sozinha neste final de semana e não teve problemas. Marquei mais um retorno para quinze dias, depois alta.

13º atendimento – mãe e Dalila estão bem falamos sobre alta, novamente, elas concordam.

5.2.3. Histórico e evolução da queixa: desde o nascimento sempre foi muito apegada ao pai, muito ansiosa, medo de ser abandonada pelos pais, que não sabiam como lidar com a cobrança da filha. Não suportando a angústia, a criança após uma viagem longa, apresentou alopécia. Conforme consegue expressar sua angústia de maneira adequada, elegendo objetos transicionais e melhorando o relacionamento com os pais, os sintomas se extinguem.

5.3. Análise do caso

A alopecia revela dificuldades com a figura paterna. O pai da mãe adoece, ela não consegue lidar com o fato e a filha não consegue ficar triste com isso, por não sentir que a mãe tem estrutura para suportar os fatos, ou seja, aparece o fenômeno transgeracional. O pai é ausente e a mãe não é confiável, por não ter suporte e mentir.a problemática da paciente relaciona-se a morte, conforme a mãe sente-se mais segura, deixa de mentir para a filha. A relação entre as duas melhora, mãe começa a brincar, ou seja, vincular-se com ela. A criança passa a utilizar objetos transicionais para lidar com as situações onde sentia insegurança, a mãe auxilia neste processo. A criança passa a lidar melhor com a ansiedade. Mãe e filha passam a construir casa juntas, ou seja, internalizam a figura do pai, tornam-se mais independentes e os sintomas cessam.

6. Lázaro – quatro anos e dez meses de idade

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