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3.1 Evolução histórica do sistema financeiro brasileiro

3.1.4 Das reformas de 1964 e 1965 até os dias atuais

A última fase da evolução da intermediação financeira no Brasil inicia-se nos anos de 1964 e 1965, através da promulgação de três leis que causaram grandes alterações no sistema financeiro:

i. Lei n. 4.380, de 21/08/1964, que introduziu a correção monetária nos contratos

imobiliários, criou o Banco Nacional de Habitação - BNH e institucionalizou o Sistema Financeiro de Habitação - SFH;

ii. Lei n. 4.595, de 31/12/1964, que reestruturou o Sistema Financeiro Nacional, definindo as

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transformando a SUMOC e seu conselho no Banco Central do Brasil e no Conselho Monetário Nacional, respectivamente;

iii. Lei n. 4.728, de 14/07/1965, que disciplinou o mercado de capitais e estabeleceu medidas

para seu desenvolvimento.

De forma resumida, as mudanças ocorridas no sistema de intermediação financeira do Brasil após as reformas do biênio 1964-65 foram as seguintes: i) maior diversidade de instituições financeiras; ii) especialização operacional; iii) forte expansão do número de instituições, no período de 1964 a 1974, seguida de redução, entre os anos de 1974 a 1985 e também no período de 1993 a 2000, objetivando ganhos de escala nas operações; iv) ampliação do número de agências por instituição; v) maior participação das instituições não bancárias (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, caixas econômicas, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo, sociedades de crédito, financiamento e investimento e bancos de investimento) no total dos empréstimos concedidos; vi) expansão dos haveres financeiros não monetários (compreendem os depósitos de poupança, depósitos a prazo, letras de câmbio, letras imobiliárias e títulos da dívida pública federal, estadual e municipal fora do Banco Central) captados pelo sistema financeiro, e; vii) expansão dos empréstimos concedidos ao setor privado.

Em 1988, foram adotadas ações importantes para o sistema financeiro do país, entre as quais a implementação, por parte do Banco Central, do Plano Contábil das Instituições Financeiras - COSIF e a Resolução n. 1524/88 do Conselho Monetário Nacional, a qual alterou o processo de negociação e concessão de autorização para funcionamento de instituições financeiras e não financeiras que fazem parte do subsistema de intermediação (MASSEI, 2004).

A abertura financeira, no início da década de 1990, também levou as autoridades a promoverem medidas para adequar o Sistema Financeiro Nacional a este novo ambiente, dentre as quais, tem-se a publicação das seguintes resoluções (PUGA, 1999):

i. Resolução n. 2.099/94, a qual determinava que o país passaria a adotar a metodologia do

Acordo da Basiléia a cerca dos níveis mínimos de capital, e introduz exigência de que as instituições financeiras são obrigadas a compatibilizar seu capital com o grau de risco das operações realizadas;

ii. Resolução n. 2.212/95, que retirava a determinação de que capital mínimo exigido dos

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nacionais. Esta resolução também incentivava as atividades de aquisição, fusão e incorporação entre as instituições, visando a redução de custos por meio do aumento na escala de operações.

Com o intuito de proteger a atividade bancária, que se encontrava exposta a um crescente risco sistêmico diante do reordenamento que ocorreu no Brasil após o Plano Real, em 1995 foi instituído o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro - PROER (HAJJ, 2005).

O PROER determinava as reorganizações administrativas, operacionais e societárias de instituições financeiras, e compreendia basicamente a adoção das seguintes medidas (HAJJ, 2005):

i. Criação de linha especial de assistência financeira, vinculada a títulos ou operações de

responsabilidade do Tesouro Nacional ou de entidades da administração federal indireta;

ii. Liberação de recursos do recolhimento compulsório, sobre os depósitos à vista, para

aquisição de Certificados de Depósito Bancário - CDB de emissão de instituições participantes do PROER;

iii. Flexibilização do atendimento dos limites operacionais aplicáveis às instituições

financeiras.

Até o seu encerramento, o PROER auxiliou sete bancos nacionais, a um custo estimado de R$ 22,9 bilhões ao BACEN (HAJJ, 2005).

Dada a incapacidade dos bancos estaduais em se enquadrarem nas normas do sistema financeiro, principalmente em razão dos mesmos atuarem como “emissores de moeda”, em 1997 o BACEN implementou o Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual - PRO intermediários financeiros ES. Este programa autorizou o Governo Federal a financiar a privatização, extinção ou transformação dos bancos estaduais e, como medida mais importante, autorizou também a aquisição dos créditos de governos estaduais e de suas empresas junto a seus bancos. Desta forma, abriu-se caminho para viabilizar a privatização, liquidação ou transformação desses bancos em agências de fomento, resolvendo a questão das finanças públicas (MASSEI, 2004; LUNDBERG, 1999).

Um ação importante para expansão do crédito às pessoas físicas foi a promulgação, por parte do Governo Federal, da Medida Provisória n. 130, de 18/09/2003, a qual autorizou as instituições financeiras a descontar na folha de pagamento os valores referentes ao pagamento de

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empréstimos e financiamentos, desde que permitido pelo devedor. Este tipo de operação ficou conhecido como empréstimo consignado, e geralmente possui taxas de juros inferiores àquelas cobradas em operações cujas parcelas são debitadas da conta-corrente, em virtude do credor se deparar com uma maior probabilidade de retorno dos recursos emprestados. Em 05/2006, os empréstimos consignados representaram 48,8% do total das operações de crédito pessoal realizadas no âmbito do sistema financeiro brasileiro e 31,03% do total das concessões de crédito com recursos livres realizadas naquele mês (BACEN, 2006d).

Em 2004, o Bank for International Settlements - BIS lançou o Acordo da Basiléia II, o qual propõe medidas para reforçar o controle sobre as operações realizadas pelas instituições financeiras. O ponto principal deste acordo é a vinculação das exigências de capital mínimo das instituições aos seus riscos operacional (perdas decorrentes de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de gerenciamento e erros humanos), de crédito (devedores não honram seus compromissos) e de mercado (comportamento do preço do ativo diante das condições de mercado). No Brasil, o BACEN definiu um cronograma de implantação do novo acordo até o ano de 2011 (DUARTE JÚNIOR, 2006; PFITSCHER, 2005; CHIANAMEA, 2004).