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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

3. Data Envelopment Analysis

3.3. DEA: Banca

Como já havia sido ventilado no primeiro capítulo, a análise da eficiência das instituições financeiras, e em particular das suas agências bancárias, na variante B2C do negócio, tem captado o interesse da academia no que concerne ao estudo aplicado do DEA, o que fica patente na circunstância de terem sido publicados, desde 1978 até ao final de 2007, 135 artigos sobre este sector (Emrouznejad, Parker e Tavares 2007). Anteriormente, os bancos socorriam-se de medidas de rendibilidade para avaliar a produtividade, recorrendo a uma bateria de rácios que, todavia, não era eficaz na

30 Pedraja-Chaparro, Salinas-Jiménez e Smith (1997) propuseram restrições proporcionais aos inputs e outputs virtuais. Ii vi xij ≤ ∑ i vi xij Si

definição de políticas de benchmarking nem na avaliação de desempenho global (Yang 2009). A introdução de análises de fronteira de eficiência veio possibilitar a identificação das melhores práticas, num ambiente operacional complexo, destacando-se a abordagem DEA por organizar e examinar melhor os dados do que as outras31 (Golany e Storbeck 1999; Yang 2009), permitindo que a eficiência se altere com o decorrer do tempo sem requerer qualquer assunção para especificar a fronteira da melhor prática (Yang 2009). Na medida em que compara as práticas das unidades de uma organização através de técnicas de programação matemática linear, está particularmente bem adaptada a negócios suportados numa rede de distribuição, como o da banca comercial (Hubrecht, Dietsch e Guerra 2005), facto demonstrado em trabalhos pioneiros de:

ƒ Sherman e Gold (1985), para distinguir as unidades eficientes das ineficientes;

ƒ Sherman e Ladino (1995), para contribuir para uma gestão mais efectiva dos recursos humanos e da qualidade de serviço.

Um dos pontos críticos da construção do modelo reside na questão sensível da escolha dos inputs e dos outputs que o vão integrar (Camanho e Dyson 2006). A selecção deve obedecer a requisitos de vária ordem, nomeadamente (Charnes, Cooper e Rhodes 1981; Cooper, Seiford e Tone 2007; Luo 2004; Rickards 2003):

ƒ Os outputs devem emanar dos objectivos estratégicos da organização, o que está em sintonia com o pensamento de Kaplan e Norton (1992);

ƒ Os inputs devem ser os que possibilitam a obtenção desses outputs;

ƒ Devem incluir-se todas as variáveis explicativas da eficiência das UDH em avaliação; ƒ O número de variáveis deverá respeitar a regra heurística: S ≥ Max [(m × s, 3 (m + s)]; ƒ Os dados relevantes devem estar disponíveis e ser fiáveis.

31 Nomeadamente, Free Disposal Hull, Stochastic Frontier Approach (Econometric Frontier Approach), Thick Frontier Approach e Distribution Frontier Approach (Yang 2009).

A escolha dos inputs e dos outputs de um modelo é comandada pela perspectiva abraçada para avaliar a eficiência das agências bancárias (Camanho e Dyson 2006). Na literatura existente, há, tipicamente, duas abordagens principais:

ƒ A abordagem da produção – concentra-se no desempenho operacional das agências, isto é, na capacidade de as agências produzirem depósitos e empréstimos recorrendo a trabalho, capital, equipamentos e espaço (Camanho e Dyson 2006; Thanassoulis 1999). Os inputs considerados são, consequentemente, os vários tipos de funções dos colaboradores, o espaço físico (localização e área) e os equipamentos usados; e os

outputs escolhidos são o crédito, os depósitos e as contas abertas (Cook e Hababou

2001).

O primeiro trabalho apresentado nesta perspectiva é o de Sherman e Gold (1985); ƒ A abordagem da intermediação – foca-se na eficiência de mercado das agências

(Athanassopoulos 1995), isto é, na capacidade de as agências gerarem um resultado proveniente de duas fontes: do processo de transformação de depósitos em empréstimos, procedente da intermediação financeira arbitrada entre aforradores e consumidores de capital; e do comissionamento originado pela prestação de serviços financeiros (Cook, Hababou e Tuenter 2000). Os inputs ponderados são os custos operacionais e de intermediação; e os outputs utilizados são as comissões e os juros cobrados e a rendibilidade do crédito (Camanho e Dyson 2006).

O primeiro trabalho apresentado nesta perspectiva é o de Berger, Leusner e Mingo (1997).

No entanto, a escolha dos inputs e dos outputs apropriados para medir a eficiência de agências bancárias, à luz destas abordagens, permanece mergulhada numa acesa controvérsia académica (Camanho e Dyson 2006). Facto agravado pela circunstância de, subsidiariamente, diferentes combinações de inputs e outputs conduzirem a diferentes resultados (Cooper, Seiford e Tone 2007; Serrano-Cinca, Fuertes-Callen e Mar-Molinero 2005). Por conseguinte, como os inputs e outputs utilizados na literatura sobre agências bancárias se restringem ao negócio B2C e, adicionalmente, o BSC pode medir o desempenho de uma unidade de decisão através de quatro perspectivas sintéticas mas abrangentes (Braam e Nijssen 2004) e providenciar os inputs e outputs adequados ao DEA (Chiang e Lin 2009), utilizar-se-ão neste trabalho as tabelas desenvolvidas na secção 2.3 deste capítulo.

A aplicação do DEA à análise da eficiência de agências bancárias portuguesas tem captado, igualmente, a atenção da academia, estando publicados os seguintes artigos científicos:

ƒ Efficiency, Size, Benchmarks and Targets for Bank Branches: an Application of Data

Envelopment Analysis. Neste artigo, Camanho e Dyson (1999) apontam a forma como

o DEA pode complementar as ferramentas usadas pelos bancos para medir a rendibilidade das suas agências;

ƒ Negative Data in DEA: a Directional Distance Approach Applied to Bank Branches. Neste artigo, Portela, Thanassoulis e Simpson (2004) elaboram sobre o uso do DEA na gestão de agências bancárias recorrendo a variáveis com valores positivos e negativos;

ƒ Cost Efficiency Measurement with Price Uncertainty: a DEA Application to Bank

Branch Assessments. Neste artigo, Camanho e Dyson (2005a) apresentam um método

para identificar os limites superior e inferior do custo de eficiência de agências bancárias, havendo incerteza de preços;

ƒ Cost Efficiency, Production and Value-added Models in the Analysis of Bank Branch

Performance. Neste artigo, Camanho e Dyson (2005b) constroem um modelo para

avaliar a eficiência de uma rede de agências;

ƒ Comparative Efficiency Analysis of Portuguese Bank Branches. Neste artigo, Portela e Thanassoulis (2007) avaliam a eficiência de agências bancárias na promoção do uso de novos canais, no incremento da captação de clientes e das vendas e na geração de lucros.

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