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4. METALLICA SOB A PERSPECTIVA DOS FÃS BRASILEIROS

4.3 Análise das críticas dos fãs brasileiros

4.3.3 Death Magnetic

Figura 4 – Capa do álbum Death Magnetic

Fonte: www.metallica.com (jun. 2015)

Death Magnetic (2008) é o nono álbum de músicas inéditas da carreira do

Metallica. A formação dos integrantes é composta por James Hetfield (vocal e guitarra), Kirk Hammett (guitarra), Robert Trujillo (baixo) e Lars Ulrich (bateria). O álbum é composto por dez faixas, sendo elas: The Was Just Your Life (7:08), The

End of the Line (7:52), Broken, Beat & Scarred (6:25), The Day that Never Comes

Judas Kiss (8:01), Suicide & Redemption (9:58) e My Apocalypse (5:01). Após a

raiva expressa nas letras e melodias de St. Anger, o que o Metallica traz em Death

Magnetic são letras que abordam, em sua maioria, a morte.

As resenhas do álbum Death Magnetic aqui utilizadas são de autoria de Rodrigo Noé de Souza (7.497 acessos)70, Pedro Zambarda de Araújo (6.454 acessos)71, Thiago El Cid Cardim (11.629 acessos)72, Chico Buarque (7.691 acessos)73, Ronaldo Costa (11.910 acessos)74 e Lucas Dantas (22.545 acessos)75.76

Death Magnetic foi lançado após um período de cinco anos sem álbuns de

músicas inéditas do Metallica. Após o complicado St. Anger, os fãs queriam saber o que viria agora. Rodrigo Noé de Souza classifica o período de desde 1991 (The

Black Album) como um “apagão do bom e velho Metallica”. Além de citar os

problemas já citados da banda nos anos 2000, afirma que “todas as turbulências que rondaram a cabeça dos integrantes foram passadas para trás.”. E comemora: “Death Magnetic é, sem sombra de dúvida, o melhor álbum [do Metallica] gravado em anos.”. E a inevitável comparação com álbuns anteriores da banda aparece quando Souza diz: “Não é um disco clássico como Master of Puppets [1986], mas tá valendo.”. A escolha do produtor Rick Rubin também não passa despercebida e é uma vitória para os fãs.

Pedro Zambarda de Araújo compara este álbum com o anterior e é enfático: o Metallica morreu em 2003. E continua, dizendo que St. Anger “matou a essência deles assim que começou a rodar em público. Você pode dizer que esse trabalho ‘não foi tão ruim assim’, que ‘apesar da ausência dos solos de guitarra, ele ainda é rock’. Não adianta. Soa e parece algum industrialmente produzido, não o trabalho conjunto de pessoas que tocam aquela guitarra, aquele baixo e aquela bateria.”. Além da comparação com este, ainda são citados Load (1996) e Reload (1997), que

70

Metallica: Depois de três pisadas na bola, chamaram Rubin, 11 mai 2012. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/154449-metallica.html#ixzz3aEozLr7U>. Acesso em: 15 mai. 2015.

71

Metallica: suicídio e redenção é o que eles precisavam, 08 jan 2009. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/082259-metallica.html#ixzz3aEpDqJh7>. Acesso: em 15 mai. 2015.

72

Resenha – Death Magnetic – Metallica, 11 out 2008. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/078644-metallica.html#ixzz3aEpMZyBQ>. Acesso em: 15 mai. 2015.

73

Metallica: da estranha veneração ao suntuoso apedrejamento, 29 set 2008. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/078171-metallica.html#ixzz3aEpedcQ2>. Acesso em: 15 mai. 2015.

74 Metallica: Sim, a banda está viva com “Death Magnetic”, 22 set 2008. Disponível em

<http://whiplash.net/materias/cds/077878-metallica.html#ixzz3aEq3sVw0>. Acesso em: 15 mai. 2015.

75

Resenha – Death Magnetic – Metallica, 05 set 2008. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/077197-metallica.html#ixzz3aEqHo6JF>. Acesso em: 15 mai. 2015.

76

eram “tentativas da banda de rumar por trilhas diferentes de ‘Master of Puppets’ [1986]”, assim, St. Anger (2003) “não parecia nem uma coisa nem outra. Eram caras simplesmente posando de malvados e, literalmente, sustentados pela excelente carreira que tiveram anteriormente.”. Death Magnetic seria então, o resultado da revisão que foram obrigados a fazer após este álbum que gerou repulsa dos fãs, não da crítica: “’Death Magnetic’ é o resultado dessa tarefa do lar: um álbum melhor produzido, com músicos com espírito para tocar e compor. Não traz novidades, é verdade, mas resgata o que há de melhor. ‘Um’ Metallica morreu (ou suicidou-se?) em St. Anger. ‘Outro’ está presente nesse, apesar dos clichês.”.

Thiago El Cid Cardim também associa este álbum com o anterior e o que aguardar deste.

Rapaz, missão complicada esta do Metallica. Cinco anos depois de “St. Anger” ser massacrado pela crítica e execrado pela maior parte dos fãs, os caras resolvem lançar um disco novo. Como eles conseguiriam contentar um grupo tão heterogêneo de fanáticos, trazendo novas faixas que agradassem ao mesmo tempo aqueles que sentem falta do peso do Metallica das antigas e aqueles que preferem a faceta mais pop pós-“Black Album”? Seria possível misturar “Master of Puppets” e as experimentações de “Load” e “Reload”? Esqueça. “Death Magnetic” não tira nenhuma destas dúvidas. O álbum está longe de ser genial. Mas que ele pode ser considerado um passo importante na trajetória do grupo ao tentar reencontrar sua identidade musical depois do escorregão de “St. Anger”, isso pode.

Ainda que Death Magnetic não seja o melhor disco da banda, é uma vitória para os fãs, segundo Cardim: “Em ‘Death Magnetic’ o que temos é um Metallica amadurecido e ao mesmo tempo revigorado, que foi buscar um pouco da energia de seus primeiros discos, mas sem se apoiar neles como uma muleta.”. E completa: “O resultado pode não ser ideal. Mas mostra toda a potência de uma banda que, diferente do que pode ser visto no documentário ‘Some Kind of Monster’, parece ter reencontrado o tesão de fazer música junta. Começando por aí, o Metallica só tem a acertar. Vejamos o que o futuro reserva para eles... e para nós.”.

Além de analisar tecnicamente as faixas de Death Magnetic, Chico Buarque defende a trajetória musical da banda afirmando que “tudo por que passou esse grupo foi absolutamente proveitoso. Tudo isso vai permitir a esses músicos um som muito particular no futuro. Um pouco disso está em DM [Death Magnetic]”. Buarque também elogia o Metallica por sua criatividade e faz uma ligação entre todos os álbuns da banda:

Essa banda é uma das poucas que pode se gabar de ser absolutamente variada, assuntando que KEA [Kill ‘em All (1983)] se parece com RTL [Ride

the Lightning (1984)], que se parece pouco com MoP [Master of Puppets

(1986)], que nada tem a ver com AJFA [...And Justice for All (1988)], que nada tem a ver com BA [Black Album (1991)] e que nada tem a ver com Load [1996]/Reload [1997]. E quem aprecia música sabe o quão valoroso isso é. Todo grupo de relevância costuma apresentar ciclos criativos em sua carreira. O Metallica teve um primeiro que se iniciou em Kill’Em All e findou- se em Justice [...And Justice for All]. O segundo ciclo começou no álbum homônimo e terminou no Reload. DM [Death Magnetic] dá início a um novo ciclo. Que esse ciclo desenrole e não vire um CÍRCULO repetitivo, sisudo, chato.

Ronaldo Costa cita as diferentes formas e as dificuldades de se analisar um álbum e, “se a crítica é sobre um disco de inéditas do Metallica, mais complicado ainda, pois é tanta polêmica envolvida, além de sentimentos tão extremos, que é preciso até modificar um pouco a forma habitual de se escrever uma resenha para que se possa entender bem.”.

Sem entrar no mérito de qual disco é melhor ou pior, é fato que, gostando ou não dos últimos 12 anos da banda, vários fatores ocorridos nesse período podem influenciar na análise de qualquer coisa lançada por eles. Ora, depois de anos de reclamações sobre a falta de peso, qualquer coisa mais pesada poderia ser considerada como ‘volta às raízes’ ou ‘excepcional’. Após mais de uma década sem ouvir um solo de Kirk Hammett num álbum de inéditas, há o risco de se achar que qualquer solo criado por ele agora seja uma coisa ‘épica’. Com a lembrança recente de “St. Anger”, algo com produção decente correria o risco de ser visto como o material mais bem produzido de todos. Por outro lado, ao se acostumar a falar mal da banda, outros tantos poderiam fazer ‘vista grossa’ para um bom trabalho, apenas por achar que os caras já eram. Em resumo, para muitos, mesmo de forma inconsciente, a comparação com o som mais recente da banda poderá dar a impressão de que “Death Magnetic” é melhor do que realmente o é e para outros a falta de esperança pode gerar uma avaliação descuidada sobre a real qualidade do disco. (COSTA, 2008)

Outro fator citado por Costa, é que o Metallica afirma frequentemente que

não fazem músicas pensando no que os fãs gostariam de ouvir. No entanto, a primeira impressão que se tem ao ouvir o álbum é de que ocorreu exatamente o oposto, que estamos diante de uma banda que, dada a avalanche de críticas geradas com seus últimos trabalhos e atitudes, considerou em algum momento que necessitava de sua base de fãs para sobreviver e que, então, era preciso fazer algo que restaurasse sua credibilidade. Com isso, pareceu buscar em todos os seus discos anteriores aquilo que cada um possuía e que mais poderia agradar à massa de admiradores, tentando juntar isso num trabalho só, cercando-se de um cuidado extremo para que tudo saísse da forma certa. Assim, somos colocados frente a uma colcha de retalhos onde novos e antigos clichês da banda revezam a todo momento, entremeados por alguns trechos que apostam num som mais moderno, o que acabou comprometendo a unidade do trabalho e em certas partes o fez soar como algo sem uma identidade própria. Mas o que importa é que queremos ouvir boa música e, nesse quesito, o que o Metallica entrega ao mundo é um trabalho muito bom.

Após uma análise das faixas do álbum, Costa conclui:

“Death Magnetic” não é a obra-prima atemporal que alguns podem imaginar na hora da empolgação. Também não é um trabalho fraco e descartável, como outros podem considerar. Deverá angariar vários novos fãs para o heavy metal, afinal, é um disco de heavy metal do Metallica. Só que não se trata de nenhuma revolução no estilo, tampouco estabelece algum novo paradigma. Alguns se decepcionarão com o material, principalmente aqueles que sonham com um novo “Master of Puppets”. Acontece que o Metallica já gravou um “Master of Puppets”. No entanto, tudo o que a imensa legião de fãs de James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich desejava é que esses caras trouxessem ao mundo um álbum de qualidade e que fosse digno do nome Metallica e de tudo o que ele representa. E isso, um bom disco de metal, eles fizeram. Sim, o Metallica está vivo.

Sobre o Metallica não conseguir agradar a todos, Lucas Dantas atribui esta culpa à banda e a “quatro discos espetaculares [do início da carreira]”. Para ele, o “grande problema do Metallica é que eles não são como as bandas-espelho Iron Maiden, Ramones e Ac/DC, evitando se repetir em cada lançamento.”.

Com os anos de estrada, os caras ganharam conhecimentos, amadureceram e resolveram testar outros sons. Outras bandas se mantiveram fiéis ao som, fãs e mercado. Não condeno nenhuma das duas atitudes, não sou o dono das músicas, mas ambas estão sujeitas a críticas. O modelo Metallica, entretanto, é o mais arriscado e vai de encontro ao ditado “em time que tá ganhando não se mexe”. O Metallica mexeu e sofreu. O mundo não gostou de suas aventuras e os shows só lotavam por causa das antigas [músicas]. (DANTAS, 2008)

Dantas também faz as comparações com álbuns anteriores:

[...] hoje, 03 de setembro, eu ouvi o novo cd quatro vezes na íntegra. Queria pegar bem o espírito da coisa, ouvir os detalhes das músicas, distorção, afinação, voz e as passagens. O resultado é que o Metallica lançou o sucessor do Black Album, sendo seu 6º disco da carreira. “Load” (lixo), “Reload” (relixo) (sic) e “St. Anger” (santo lixo) são discos de outra banda. Talvez possamos chamar de Countryallica, Newmetallica, ou qualquer coisa do gênero. Eu gosto do “Load” (bastante) como um álbum de hardrock, mas não como um do Metallica. E odeio o “Reload”. O “St. Anger” eu nem consegui ouvir até o fim. Por esses motivos, considero o “Death Magnetic” o primeiro álbum de inéditas da banda desde o disco preto.

E, sobre o álbum, conclui: “[...] tudo o que posso dizer é que o Metallica lançou um novo disco. Não é nem de longe um volta às raízes e está (bem) atrás dos clássicos. Mas finalmente podemos dizer que um novo disco do Metallica foi lançado.

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