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4. METALLICA SOB A PERSPECTIVA DOS FÃS BRASILEIROS

4.3 Análise das críticas dos fãs brasileiros

4.3.2 St Anger

Figura 3 – Capa do álbum St. Anger

St. Anger (2003) é o oitavo álbum de músicas inéditas da carreira do Metallica.

A formação de integrantes é composta por James Hetfield (vocal e guitarra), Kirk Hammett (guitarra), Robert Trujillo (baixo) e Lars Ulrich (bateria). O álbum é composto por onze faixas, sendo elas: Frantic (5:51), St. Anger (7:21), Some Kind of

Monster (8:26), Dirty Window (5:24), Invisible Kid (8:31), My World (5:45), Shoot me Again (7:10), Sweet Amber (5:27), The Unnamed Feeling (7:10), Purify (5:14) e All Within my Hands (8:49). Num momento especialmente difícil para o Metallica, tal

como sugere o nome do álbum, as letras das músicas expressam a raiva contida dentro das personalidades dos integrantes. Além do CD, o álbum vem acompanhado com DVD no qual a banda toca todas as músicas na íntegra.

As resenhas do álbum St. Anger aqui utilizadas são de autoria de Aluisio Maia (10 114 acessos)63, André Prado (3 847 acessos)64, Caio Marcelo (15 649 acessos)65, Thiago Sarkis (4 646 acessos)66, Rafael Carnovale (3 842 acessos)67 e Eduardo Lauer Gonçalves (5 958 acessos)68.69

Para tratar de St. Anger, seria inevitável não citar a fase turbulenta em que a banda passava – o pós-Napster, a saída do baixista Jason Newsted antes do Metallica entrar em estúdio para gravar este álbum e, consecutivamente, a falta de baixista e o recrutamento de Bob Rock para o cargo até que o novo baixista fosse escolhido, a reabilitação do vocalista James Hetfield durante as gravações do álbum e a frágil relação dos membros da banda neste período.

Diante dos acontecimentos deste período, Aluisio Maia defende o álbum por retratar “o verdadeiro espírito do Metallica”, levando em consideração o significado de St. Anger na história da banda. Segundo Maia, “uma banda deve representar o que ela realmente é, deve ter culhões para seguir os seus preceitos e imprimir

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Metallica: mais odiado e incompreendido da banda, 22 out 2012. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/165938-metallica.html#ixzz3aEmSZgR8>. Acesso em: 15 mai. 2015.

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Metallica: Senso admirável de chutar a porta da opinião, 04 set 2012. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/162410-metallica.html#ixzz3aEnQtmFA>. Acesso em: 15 mai. 2015.

65

Metallica: O disco que serviu de base para o Death Magnetic, 09 mar 2011. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/126146-metallica.html#ixzz3aEnpPEj2>. Acesso em: 15 mai. 2015.

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Resenha - St. Anger – Metallica, 19 jul 2003. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/003041-metallica.html#ixzz3aEo7hiUt>. Acesso em: 15 mai. 2015.

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Resenha - St. Anger – Metallica, 08 jun 2003. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/002987-metallica.html#ixzz3aEoIR9K1>. Acesso em: 15 mai. 2015.

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Suicídio Comercial – 30 dez 2003. Disponível em <http://whiplash.net/materias/cds/003349- metallica.html#ixzz3aEoYo53m>. Acesso em: 15 mai. 2015.

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autenticidade a quem quer que seja”, deste modo, “o Metallica à época de Saint Anger era puro, sublime e verdadeiro, diante de todos os fatos que ocorreram naquele tempo.”. E complementa que “nunca antes o Metallica foi tão democrático em suas criações, retratando exatamente o sentimento coletivo.”. Maia conclui:

Tenho esse álbum, admiro esse álbum e vejo nele um marco zero de uma nova era do Metallica. Esse álbum representa o sacrifício e o renascimento, o corte na própria carne e a sua cauterização imediata. Dessa forma, não podia ser diferente. Aliás, tinha que ser diferente. Diferente do que queremos e projetamos, egoisticamente, para uma banda que amamos. Sempre me delicio com a voz vociferada de James e a bateria de Lars batendo como uma marreta em nosso juízo, incomodando e nos enchendo de sentimento e poder. O poder humano da adaptação.

André Prado analisa o álbum após nove anos de seu lançamento. Após ouvir uma coletânea do Metallica com músicas de álbuns como o The Black Album (1991) e Master of puppets (1986) e ter virado fã da banda, adquire seu primeiro álbum, o

St. Anger, e o que sente é decepção, tanto que se desfaz do álbum. Após crescer e

amadurecer resolve escutá-lo novamente e ter uma opinião realmente embasada. Em primeiro lugar, o que Prado sugere é: “vamos nos desligar do nome ‘Metallica’, ele é como uma maldição.”. Assim, “as primeiras impressões de ‘St. Anger’ são de que o álbum não é ruim, somente é muito mal produzido.”. Assim como Maia, vê a fase vivida pelo Metallica retratada no álbum, mas retrata a “fúria e a bagunça” desta época como fatores refletidos em St. Anger.

Mal produzido é a primeira palavra que vem a cabeça, e não é só a bateria de lata de Lars Ulrich, mas as guitarras abafadas, um Kirk Hammett descaracterizado sem fazer um só solo, e um James Hetfield mostrando preguiça em muitos momentos. [...] “St. Anger” tem músicas boas sim, mas que sofrem muito detrás dessa má produção [...]. (PRADO, 2012)

Caio Marcelo também atribui a má produção do disco como principal defeito: “tentando fazer com que o som tivesse uma pitada mais ‘crua’, Bob Rock deixou o mesmo abafado, como se tivesse saído de uma garagem. Usaram microfones de péssima qualidade, e a bateria mais pareciam latões (mesmo sendo bem tocada) do que uma bateria tocada por Lars.”. Esta, aliás, parece ser uma opinião quase unânime dos fãs sobre as principais causas do álbum ser considerado ruim: a má produção, o instrumentos de má qualidade, o som de garagem e a bateria de Ulrich.

Além disso, Marcelo faz um paralelo com outros álbuns anteriores da banda para demonstrar a perda de força e agressividade nas músicas do Metallica nos

últimos anos; Load (1996) e Reload (1997) foram além do que os fãs puderam aguentar, com discos cheios de baladas e músicas sem peso, “guitarras e baterias calmas e vocal puro, nada rasgado ou agressivo como era antes de 91 e do ‘Black Album’ (ou simplesmente ‘Metallica’).”. Após seis anos sem lançar um álbum de músicas inéditas, muito foi especulado sobre o que viria a ser St. Anger; espera que virou frequente desde 1991. Caio Marcelo o define como “um CD que serviu para a base de ‘Death Magnetic’ [2008], voltando às raízes mais pesadas do Metallica [...]. Foi mais uma chamada para fãs teens de New Metal do que uma chamada para os antigos fãs de Trash (sic) do Metallica.”. Concluindo, para Marcelo, St. Anger é

o disco mais criticado do Metallica e mais odiado pela maioria dos fãs. Mesmo assim, esse disco carrega algumas pérolas [...]. Não é um “Master of Puppets” ou “...And Justice For All”, mas já é a base da volta às raízes. Certamente o disco seria melhor se Bob Rock fosse logo expulso, se Robert Trujillo tocasse seu baixo e se os equipamentos não fossem tão ruins.

Thiago Sarkis é outro fã que concorda com a má produção e exalta outros fatores para que o álbum pudesse ser considerado como “nota dez”: se não tivesse a participação do produtor Bob Rock, se Robert Trujillo tivesse gravado o baixo para o álbum, se houvessem solos de guitarra, se as músicas “não durassem sempre dois minutos e meio a mais do que deveriam” e se a bateria de Ulrich não fosse “de lata”. O que há de interessante no álbum é que “não é verdade que eles voltaram a tocar metal. Contudo, é fato, soa mais pesado que em discos ignóbeis precedentes [Load e Reload].”. Para Rafael Carnovale, é este o elemento que define o álbum e o “novo Metallica”, o peso. Porém, faz uma ressalva:

Falar que “St. Anger” é o cd mais pesado da carreira do Metallica é um erro grosseiro, já que ele não pode ser comparado aos demais cd’s da banda, pela diferença de estilos. Mas que é pesadíssimo, brutal e agressivo isso é (sic). Novamente o Metallica dá uma guinada em sua carreira e se re- inventa (sic), pelo menos desta vez com um som bem mais pesado e agressivo. Vale a pena comprar. Mas não é um cd de audição fácil... você vai precisar ouvi-lo uma dezena de vezes para dizer se gosta ou odeia.

E também reforça a ideia da produção do álbum, a caracterizando como “estranha”, da gravação que parece ter sido em “uma garagem”, do som abafado e as guitarras baixas.

Eduardo Lauer Gonçalves também reforça a ideia da má produção, porém, apesar de citar St. Anger como “um álbum de difícil absorção”, analisa através de outra perspectiva:

“St. Anger” pode (mesmo) não agradar a muitos dos mais ardorosos fãs, principalmente se escutado uma ou duas vezes. Mas se você conseguir suportar a péssima produção (o que não é pouca coisa) verá que há canções que lembram bastante o antigo som do Metallica, trazendo de volta elementos como a agressividade e o peso, tão ausentes nos últimos trabalhos.

E, a respeito das músicas,

o álbum mostra uma nova faceta da banda que conseguiu renovar seu próprio estilo, mostrando músicas criativas e realmente rápidas, juntamente com variações extremamente bruscas em todas faixas, e quer saber?? Valeu a pena. Se não foi uma volta às raízes, ao menos “St. Anger” é bem melhor que “Load” e “Reload”. [...] O disco mostra toda a raiva do Metallica em uma experimentação nunca vista no metal que certamente influenciará as bandas seguintes!!

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