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Por email datado de 08 de maio de 2019, declarou o Porto Volei 2014, não dever o Esmoriz GC nem a atleta Lara Cordeiro, ser penalizados, “atendendo ao interesse geral dos Clubes e

DATA DO ACÓRDÃO: 09/05/2019 VOTAÇÃO: Unanimidade

E) Por email datado de 08 de maio de 2019, declarou o Porto Volei 2014, não dever o Esmoriz GC nem a atleta Lara Cordeiro, ser penalizados, “atendendo ao interesse geral dos Clubes e

ao facto de se tratar de um escalão de formação.”

§2. Factos não provados

Com relevo para a apreciação e decisão da causa, não há factos que não tenham sido dados como não provados.

§3. Motivação

Estabelece o artigo 16.º, n.º1 do RD que, na determinação da responsabilidade disciplinar e na tramitação do procedimento disciplinar é subsidiariamente aplicável o disposto no

Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores que exercem Funções Públicas com as necessárias adaptações.

De referir que, o Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores que exercem Funções Públicas (Lei n.º 58/2008, de 09 de setembro), assim designado, foi revogado pela Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas actualmente em vigor (Lei n.º 35/2014, de 20 de junho), a qual dispõe de normas referentes à tramitação do procedimento disciplinar.

Não obstante, nem o revogado Estatuto, nem a Lei Geral actualmente em vigor, dispõem de normas referentes aos critérios de apreciação da prova, em sede disciplinar.

Nestes termos, será de apurar em que normação assenta a valoração da prova pelo julgador para efeitos do processo disciplinar desportivo.

Registe-se, desde logo, o facto das normas processuais penais pela sua natureza e ainda pela íntima ligação à aplicação das sanções mais graves de cunho público derivadas do apurar do cometimento de crime com a eventualidade de aplicação de sanções privativas de liberdade, serem, como não podia deixar de ser, aquelas que mais se colocam como as mais garantísticas dos direitos de defesa dos arguidos.

De mencionar ainda que, em alguns casos e, com as necessárias adaptações, o processo penal pode e deve representar a matriz de, pelo menos, todo o direito sancionatório público (criminal, contraordenacional e disciplinar).- Vide a este respeito, JJ Gomes Canotilho e Vital Moreira, Constituição da República Portuguesa. Anotada, Coimbra, Coimbra Editora, 2007, 4ª edição revista, Volume I, p. 526 e Jorge Miranda e Rui Medeiros, Constituição da República Portuguesa anotada, 2ª edição, Tomo I, Coimbra, Coimbra Editora, 2010, pp. 740-743.

No caso vertente, para a formação da nossa convicção, foi tido em consideração todo o acervo probatório carreado para os autos, os quais foram objecto de uma análise crítica e de adequada ponderação à luz de regras da experiência comum e segundo juízos de normalidade e razoabilidade.

V – Fundamentação de direito

§1. Enquadramento jurídico-disciplinar – Fundamentos e âmbito do poder disciplinar 1. O poder disciplinar exercido no âmbito das competições organizadas pela Federação Portuguesa de Voleibol, assume natureza pública.

e 2, da Lei n.º 5/2007 de 16 de janeiro (Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto), e do artigo 1.º n.º1 do Regulamento de Disciplina.

2. A existência de um poder regulamentar justifica-se pelo dever legal – artigo 52.º, n.º 1, do Regime Jurídico das Federações Desportivas – de sancionar a violação das regras de jogo ou da competição, bem como as demais regras desportivas, nomeadamente as relativas à ética desportiva, entendendo-se por estas últimas as que visam sancionar a violência, a dopagem, a corrupção, o racismo e a xenofobia, bem como quaisquer outras manifestações de perversão do fenómeno desportivo (artigo 52.º, n.º 2, do Regime Jurídico das Federações Desportivas). 3. O poder disciplinar exerce-se sobre os clubes, dirigentes, praticantes, treinadores, técnicos, árbitros, juízes e, em geral, sobre todos os agentes desportivos que desenvolvam a sua atividade no âmbito das provas oficiais organizadas pela Federação Portuguesa de Voleibol. (artigo 3.º n.º 1 do RD).

4. Em conformidade com o artigo 6.º do RD, o regime da responsabilidade disciplinar é independente da responsabilidade civil ou penal.

5. Todo este enquadramento, representa, entre tantas consequências, que estamos perante um poder disciplinar que se impõe, em nome dos valores mencionados, a todos

os que se encontram a ele sujeito, conforme o âmbito já delineado e que, por essa razão, assenta na prossecução de finalidades que estão bem para além dos pontuais e concreto interesses desses agentes e organizações desportivas.

Das infrações disciplinares em geral

O RD encontra-se estruturado, no estabelecer das infrações disciplinares, pela qualidade do agente infrator – clubes, dirigentes, jogadores, delegados dos clubes e treinadores, demais agentes desportivos, espectadores, árbitros, árbitros assistentes, observadores de árbitros e delegados técnicos.

Para cada um destes tipos de agente o RD recorta tais infrações e respetivas sanções em obediência ao grau de gravidade dos ilícitos, qualificando assim as infrações como muito graves, graves e leves.

Das infrações disciplinares concretamente imputadas

Considera-se infração disciplinar o facto voluntário, por ação ou omissão, e ainda que meramente culposo, que viole os deveres gerais ou especiais previstos nos regulamentos desportivos e demais legislação aplicável” (n.º 1, do artigo 17.º, do RD).

E quanto ao âmbito subjetivo de aplicação, determina o n.º 1 do artigo 3.º do mesmo Regulamento que o seu regime “aplica-se a todos os clubes e agentes desportivos que, a qualquer título ou por qualquer motivo, exerçam funções ou desempenhem a sua atividade no âmbito das provas oficiais organizadas pela Federação Portuguesa de Voleibol”.

i) Dos clubes, qualificadas como :

a) Muito Graves, estando em causa a prática da infração disciplinar p. e p. pelo artigo 75.º, do RD, com a epígrafe «Inclusão Irregular de Jogadores», dispondo o n.º1,

o seguinte: « O clube que, em jogo oficial, utilize jogadores que constem no boletim de jogo e que não estejam em condições regulamentares de o representar será punido:

“a) no caso de provas por pontos, com as sanções de derrota e de subtração de pontos a fixar entre o mínimo de dois e o máximo de cinco pontos e, acessoriamente, com a sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 5 UC e o máximo de 50 UC;”.

Nos termos do n.º2 do citado normativo: “Consideram-se especialmente impedidos, os jogadores que:

b) não se encontrem devida e regulamentarmente inscritos na FPV (…).

ii) Dos jogadores, qualificadas como :

a) Graves, estando em causa a prática da infração disciplinar p. e p. pelo artigo 129.º, do RD, com a epígrafe «Atuação irregular de jogadores», dispondo o n.º1, o seguinte: “1. O jogador que, encontrando-se nas condições referidas nos n.os 1 e 2 do artigo 75.º, alinhar em jogo oficial é punido com a sanção de suspensão a fixar entre o mínimo de um e o máximo de quatro jogos e, acessoriamente, com a sanção de multa a fixar o mínimo de 5 UC e o máximo de 50 UC.”

§2. O caso concreto: subsunção ao direito aplicável

Atento o objeto do presente recurso, acima já delimitado, vejamos, então, se merece ou não acolhimento a pretensão da Recorrente no sentido da anulação da decisão disciplinar condenatória recorrida.

Como demos conta nos factos provados, a jogadora Lara Oliveira C. Cordeiro, Lic.229362, participou de forma irregular nos jogos n.ºs 1503 entre o Lousã VC e o Esmoriz GC, 1495 entre o CART e o Esmoriz GC, 1491 entre o Esmoriz GC e o Porto Volei 2014 e 1487 entre o Frei Gil VC e o Esmoriz GC, realizados, respectivamente a 23 de março de 2019, 09 de março de 2019, 02 de março de 2019 e 24 de fevereiro de 2019, jogos a contar para o Campeonato Nacional de Cadetes Femininos -Série B, porquanto se encontrava inscrita no escalão de juvenis.

Neste seguimento, invocou o Clube Recorrente que a inscrição da atleta Lara Oliveira C. Cordeiro, Lic.229362, no escalão de juvenis prendeu-se com um erro administrativo do Clube, porquanto a sua actuação se circunscreveu maioritariamente ao escalão de cadetes.

Não obstante, o Esmoriz GC, ao consultar a lista publicada no sítio da internet da Federação Portuguesa de Voleibol, facilmente constatava que a mencionada atleta se encontrava inscrita no escalão de juvenis e não no escalão de cadetes, agindo assim, com manifesta falta de cuidado e prudência em violação dos Regulamentos federativos.

Sem prejuízo, compulsados os factos, é possível verificar que o Clube Esmoriz GC, não terá retirado qualquer vantagem da utilização da atleta Lara Cordeiro na sua equipa que actua no

escalão de cadetes, porquanto esta tem, actualmente, 15 anos, idade que corresponde à da maioria dos atletas inscritos nesse escalão, estando inclusive à data, regularmente inscrita como cadete.

Por outro lado, cumpre, igualmente mencionar que, a jogadora Lara Cordeiro, poderia ter sido inscrita regulamentarmente no escalão de cadetes, por se encontrar na respectiva faixa etária, pelo que também a sua utilização nos jogos em causa, apenas é irregular por motivos administrativos e não substanciais, ou seja, a atleta reunia as condições para atuar naquele escalão desde que nele estivesse inscrita.

De destacar, ainda, o facto de alguns dos adversários intervenientes nos jogos em que a atleta irregularmente actuou, terem manifestado a sua solidariedade para com a mesma e o Clube Recorrente, mais entendendo não dever um erro administrativo, apesar de grosseiro, ser suficiente para deitar por terra o esforço e dedicação de uma equipa de escalões de formação.

Como tal, deverá ser tido em conta, o reduzido grau de censurabilidade vislumbrado no caso em concreto, o concurso dos serviços administrativos da FPV para a manutenção da

irregularidade por um período correspondente a 4 (quatro) jogos, assim como as circunstâncias excepcionais que envolvem o caso sub judice .

VI – Decisão

Nestes termos, é revogada a decisão disciplinar recorrida que, considerando uma aplicação unitária, sancionou o Esmoriz GC, no jogo n.º 1503 entre o Lousã VC e o Esmoriz GC, realizado em 23 de março de 2019, em 1 (uma) sanção de derrota, subtracção de 2 (dois) pontos e 1 (uma) multa no valor de 134,00€ e a jogadora Lara Oliveira C. Cordeiro Lic.229362, em 1 (um) jogo de suspensão.

Sem custas. ( artigo 247.º, n.º 4, a contrario do RD ).

Registe, notifique e publicite.

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Voleibol

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O Conselho de Disciplina, na sua reunião de 03 de Maio de 2019, decidiu:

AAS Mamede vs CV Oeiras (25/04/2019)- Jogo 2450 CN Seniores Masculinos – II Divisão

AAS MAMEDE

C AAS MAMEDE EUR 27,00 MULTA Artigo 99.1 RD (ex vi artigos 55.º n.º 1 alínea a) e 56.º n.º 2 do RD – Circunstância atenuante – Bom comportamento anterior - lnobservância de outros deveres – Violação do disposto no artigo 25.º do Regulamento de Provas e do ponto 2. dos termos da Organização dos jogos quanto às placas de substituição – “O jogo realizou-se sem placas de substituição.” Conforme é relatado no Relatório do Arbitro.)

Leixões SC vs Viana VC (25/04/2019)- Jogo 2521 CN Seniores Masculinos – I Divisão

LEIXÕES SC

C LEIXÕES SC EUR 96,00 MULTA Artigo 99.1RD (ex vi artigos 53.º n.º 1 alínea a) e n.º2, 56.º n.º 3 do RD – Circunstância agravante – Reincidência - Inobservância de outros deveres - Violação do disposto no artigo 37.º n.º1 do Regulamento de Provas – “Sem Speaker”. Conforme relatado no Relatório do Delegado Técnico.)

SC Caldas vs SC Espinho (25/04/2019)- Jogo 1623 CN Cadetes Masculinos

SC CALDAS

J TOMAS DAVID, Lic. 257141 EUR 18,00 MULTA Artigo 138.1RD (1.º Cartão vermelho, conforme boletim de jogo e verificação administrativa.)

SC Braga vs Vitoria SC (25/04/2019)- Jogo 1470 CN Cadetes Femininos

VITORIA SC

T RUI OLIVEIRA, Lic. 1292 EUR 27,00 MULTA Artigo 115RD (ex vi artigos 55.º n.º 1 alínea a) e 56.º n.º 2 do RD – Circunstância atenuante – Bom comportamento anterior - Inobservância de outros deveres – Cartão vermelho - Violação do disposto no artigo 19.º n.º 1 ( artigo 115.º, ex vi 142.º n.º 1 ) e do Ponto 20.2.1 das Regras Oficiais do Jogo – No decorrer do 3.º set, o treinador do Vitória SC, viu-lhe atribuído cartão vermelho, por “comportamento ofensivo.” - Conforme relatado pelo Árbitro.)

Sporting CP vs SL Benfica (25/04/2019) – Jogo n.º 2576 CN Seniores Masculinos – I Divisão

SL BENFICA

C SL BENFICA EUR 287,00 MULTA Artigo 160.1a) RD (ex vi artigos 55.º n.º 1 alínea a) e 56.º n.º 2 do RD – Circunstância atenuante – Bom comportamento anterior – Comportamento Incorrecto do Público - Violação dos deveres relativos à prevenção da violência – ex. vi. artigo 7.º al. a) e 11.º alínea c), do Regulamento de Prevenção e Punição de Manifestações de Violência no Voleibol e artigo 22.º, n.º1, alínea b) e artigo 23.º, n.º1 alíneas c) h) e l) da Lei 39/2009 de 30 de Julho, republicada em anexo à Lei 52/2013 de 25 de Julho, que estabelece o regime Jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos, de forma a possibilitar a realização dos mesmos com segurança – “No 4.º set (aos 6-8), a zona da claque do SLB arremessou para o recinto de jogo uma moeda e um isqueiro.”- Conforme relatado no Relatório do Delegado Técnico.)

SPORTING CP

C SPORTING CP EUR 230,00 MULTA Artigo 160.1a) RD (ex vi artigos 55.º n.º 1 alínea a) e 56.º n.º 2 do RD – Circunstância atenuante – Bom comportamento anterior – Comportamento Incorrecto do Público - Violação dos deveres relativos à prevenção da violência – ex. vi. artigo 7.º al. a) e 11.º alínea c), do Regulamento de Prevenção e Punição de Manifestações de Violência no Voleibol e artigo 8.º, n.º 1 alínea b) e g), artigo 22.º, n.º1, alínea b) e artigo 23.º, n.º1 alíneas c) h) e l) da Lei 39/2009 de 30 de Julho,

republicada em anexo à Lei 52/2013 de 25 de Julho, que estabelece o regime Jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos, de forma a possibilitar a realização dos mesmos com segurança – “No 4.º set (aos 6-8), a zona da claque do SCP em reacção arremessou para o recinto de jogo um batom.”- Conforme relatado no Relatório do Delegado Técnico.)

CA Madalena vs SL Benfica (27/04/2019)- Jogo 2420 CN Seniores Masculinos – II Divisão

CA MADALENA

J ANDRE FERREIRA, Lic. 123194 EUR 27,00 MULTA Artigo 138.2RD (2.º Cartão vermelho, conforme boletim de jogo e verificação administrativa.)

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