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O caso concreto: subsunção ao direito aplicável

DATA: 26/04/2019 VOTAÇÃO: Unanimidade

D. O caso concreto: subsunção ao direito aplicável

i) Jogo n.º 2360, realizado a 10 de março de 2019, entre o GCST e o Esmoriz GC, a contar para o Campeonato Nacional de Seniores Femininos – II Divisão

1. Por decisão sumária proferida pelos membros do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Voleibol no dia 14 de março de 2019, publicitada através da Circular n.º 36, foi

o Ginásio Clube de Santo Tirso (doravante GCST), sancionado com derrota, subtracção de 2 (dois) pontos e multa no valor de 134,00€ nos termos do artigo 75.º, n.º1 alínea a) e n.º2, alínea b) do Regulamento de Disciplina (doravante RD) e a jogadora Inês Oliveira Soares, Lic.115264, em 1 (um) jogo de suspensão e multa no valor de 134,00€ nos termos do artigo 129.º, n.º3 do RD, por factos ocorridos no jogo n.º 2360 entre o GCST e o Esmoriz GC, realizado no dia 10 de março de 2019, a contar para o Campeonato Nacional de Seniores Femininos – II Divisão. 2. Por requerimento dirigido ao Pleno da Secção Disciplinar, enviado em 18 de março de 2019, interpôs o GCST recurso, tendo por objeto a decisão sumária proferida pelos membros do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa, nos moldes atrás referidos, alegando em suma que:

“A. A atleta em questão tinha, efectivamente, EMD válido e, portanto, a sua situação médica regularizada à data do jogo.

B. Por um lapso dos nossos serviços administrativos, o EMD original, não seguiu junto com os restantes, tendo ficado retido nos processos em curso.

C. Notificados pelos serviços administrativos da FPV da falta do original do exame médico desportivo da atleta Inês Oliveira Soares, de imediato se remeteu o mesmo à FPV, para junção ao processo de inscrição.”

3. Por decisão do Conselho de Disciplina de 20 de março de 2019, foi revogada a decisão disciplinar, que havia aplicado ao GCST, sanção de derrota, subtracção de 2 (dois) pontos e multa no valor de 134,00€ e à jogadora Inês Oliveira Soares, Lic.115264, 1 (um) jogo de suspensão e multa no valor de 134,00€ e, consequentemente absolvido o GCST da prática da infração p. e p. pelo artigo 75.º, n.º1 alínea a) e n.º2, alínea b) do Regulamento de Disciplina e a jogadora Inês Oliveira Soares, Lic.115264, da prática da infração p. e p. pelo artigo 129.º, n.º3 do RD, por resultar da prova produzida que à data da realização do jogo acima melhor identificado, a jogadora Inês Oliveira Soares, Lic.115264, tinha a sua situação médica regularizada.

4. Resulta dos autos que, a jogadora Inês Oliveira Soares, viu o seu exame médico desportivo caducado a 19 de fevereiro de 2019 e que procedeu à sua renovação a 21 de fevereiro de 2019 (cf. fls. 39 a 48 e 65 dos autos).

5. Resulta, igualmente dos autos que, a decisão sumária de 14 de março de 2019, através da qual se sancionou o GCST e a jogadora Inês Oliveira Soares, conforme supracitado, teve por fundamento o não envio do documento original relativo à renovação do exame médico desportivo desta (cf. fls 23 a 38 e 39 a 48 dos autos).

6. Aliás, das alegações de recurso do GCST, resulta inequivocamente que, “Notificados pelos serviços administrativos da FPV da falta do original do exame médico desportivo da atleta Inês Oliveira Soares, de imediato se remeteu o mesmo à FPV, para junção ao processo de inscrição.” porquanto o mesmo já havia sido enviado em formato PDF por email (cf. fls 66 dos autos).

7. Mais se refira que, a decisão que deu provimento ao recurso interposto pelo GCST, sempre seria passível de recurso.

8. Não obstante, por todo o exposto, sempre inexistiria, em nosso entendimento, qualquer razão para alterar a decisão proferida por este Conselho em processo sumário, atenta a

impossibilidade de qualquer agente desportivo ser sancionado nos termos da concreta norma que se tiver por não preenchida.

ii) Da veracidade do exame médico da jogadora Inês Oliveira Soares, datado de 21 de fevereiro de 2019

Alegou o Club Sport Marítimo da Madeira, poderem existir dúvidas acerca da veracidade do exame médico desportivo da jogadora Inês Oliveira Soares.

Cumpre mencionar que, o exame médico da jogadora Inês Oliveira Soares, encontra-se regularmente assinado pelo médico, Dr. Davide Carvalho, com a Cédula Profissional n.º 17089, tendo sido colocado no referido documento a vinheta do médico. O referido exame tem também a identificação correcta da mencionada jogadora, nomeadamente o seu nome completo e data de nascimento. O documento apresenta igualmente o nome do Clube e respectivo escalão. Esclarecer, igualmente que, aquele documento segue o formato e as exigências legais do Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P., para a inscrição regular de um jogador.

iii) Da eventual actuação irregular da jogadora Inês Oliveira Soares, no jogo n.º 490 realizado a 23 de fevereiro de 2019, que opôs as equipas do GCST ao CSM e no jogo n.º 495 realizado a 24 de fevereiro de 2019, que opôs as equipas do CD Aves ao GCST Por todo o exposto e, tendo a jogadora Inês Oliveira Soares, exame médico válido com data de 21 de fevereiro de 2019, também não se coloca a questão da eventual irregularidade da sua participação no jogo n.º 490 realizado a 23 de fevereiro de 2019, que opôs as equipas do GCST ao CSM e no jogo n.º 495 realizado a 24 de fevereiro de 2019, que opôs as equipas do CD Aves ao GCST, jogos estes a contar para o Campeonato Nacional de Seniores Femininos, porquanto os mesmos foram realizados em data posterior à data da renovação do respectivo exame médico desportivo.

Tomando em consideração que, à data dos supracitados jogos, o original do exame médico desportivo, não tivesse sido enviado para os serviços federativos, a sua entrega sanaria uma eventual irregularidade, porquanto a jogadora, efectivamente, tinha a sua situação médica regularizada aquando da realização dos mesmos, inexistindo fundamento para qualquer punição disciplinar.

iv) Da eventual diferença de tratamento injustificado, por parte da FPV, face a outros Clubes e Jogadores

Alegou o Club Sport Marítimo da Madeira, existir uma diferença de tratamento injustificado, por parte da FPV, face a outros Clubes e Jogadores, nomeadamente para com o CD Fiães, no jogo n.º499, de 06 de outubro de 2018 e ao seu atleta , alegadamente em situação similar à que aqui se analisa.

Não obstante, e ainda que se comprove a existência de situações análogas, o tratamento diverso que lhes é dado não configura, inelutavelmente, uma violação do princípio da igualdade, antes impondo, nos termos do art.º 152.º, n.º 1, alínea d), do CPA, um dever de fundamentação.

Analisada a decisão sumária, proferida pelos membros do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Voleibol, no dia 11 de outubro de 2018, publicitada através da Circular n.º 12, mediante a qual foi o CD Fiães, sancionado com derrota, subtracção de 2 (dois) pontos e multa no valor de 134,00€ nos termos do artigo 75.º, n.º1 alínea a) e n.º2, alínea b) do Regulamento de Disciplina, por factos ocorridos no jogo n.º 499 entre o CV Espinho e o CD Fiães, realizado no dia 06 de outubro de 2018, a contar para o Campeonato Nacional de Seniores Masculinos – II Divisão, constata-se que, tal como consta da própria fundamentação, à data do sobredito jogo, o atleta João Pedro Gomes Pinto, nem sequer se encontrava inscrito na FPV.

Nestes termos, não nos resta senão concluir pela ausência de similitude entre as situações acima descritas, as quais podem motivar, por isso, um tratamento distinto.

Atento o exposto e, apreciando e valorando a prova produzida durante a instrução deste processo de inquérito, podemos concluir que, (i) não concordando o Club Sport Maritimo da Madeira da decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Voleibol, mediante a qual se deu provimento ao recurso interposto pelo GCST, por factos ocorridos no jogo n.º 2360 entre o Ginásio Clube de Santo Tirso e o Esmoriz GC, realizado no dia 10 de março de 2019, a contar para o Campeonato Nacional de Seniores Femininos – II Divisão, sempre poderia aquele ter recorrido, o que efectivamente não aconteceu, não obstante, inexistir, em nosso entendimento, qualquer razão para alterar a decisão proferida por este Conselho em processo sumário; ii) à data dos jogos nº 490 e 495, realizados respectivamente, a 23 e 24 de fevereiro de 2019, a jogadora Inês Oliveira Soares, tinha exame médico desportivo válido, porquanto datado de 21 de fevereiro de 2019, inexistindo assim fundamento para a instauração de um processo disciplinar e consequente punição disciplinar.

Por todo o exposto, afigura-se-nos, que outro não poderá ser o destino deste processo de inquérito que não seja o respectivo arquivamento.

IV – Decisão

Nestes termos e com os fundamentos expostos é decidido, ordenar o Arquivamento deste Processo de Inquérito.

Sem custas. ( artigo 247.º, n.º 4, a contrario do RD ).

Registe, notifique e publicite. O Relator

O Conselho de Disciplina, na sua reunião de 24 de Abril de 2019, decidiu:

ANULAÇÃO

GDC Gueifães vs Clube Condeixa (14/04/2019)- Jogo 1354 CN Seniores Masculinos – III Divisão

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