• Nenhum resultado encontrado

A definição do número de casos seguiu a linha de pensamento de Yin (2005), que diz que não deve ser utilizada uma lógica de amostragem. Por isso, os critérios típicos adotados em relação ao tamanho da amostra também se tornam irrelevantes. Uma sugestão é que o pesquisador pense no número de replicações de caso que gostaria que sua pesquisa tivesse.

A esse respeito, Gil (2006) também diz que a definição do número de casos não pode ser feita a priori, a não ser quando o caso é intrínseco. O procedimento mais adequado para esse fim consiste no adicionamento progressivo de novos casos, até quando o incremento de novas observações não conduza a um aumento significativo de informações.

Para esta pesquisa, foram definidos inicialmente como objetos de estudo dois ETLT/NITs com o acréscimo posterior de outras duas estruturas de interface buscando complementar a análise. A seleção dos quatro ETLT/NITs foi feita a partir da lista dos participantes do Fórum Nacional dos Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia – FORTEC (www.fortec-br.org.br).

O FORTEC, criado em 1º de maio de 2006, é um órgão de representação dos responsáveis nas universidades e institutos de pesquisa pelo gerenciamento das políticas de inovação e das atividades relacionadas à propriedade intelectual e à transferência de tecnologia, incluindo-se, nesse conceito, os núcleos, agências, escritórios e congêneres. Ele agrega atualmente 140 ETLT/NITs e busca constituir uma instância legítima e representativa dos interesses dessas entidades além de permitir a capacitação de profissionais e a troca de experiências nessa área específica, de modo permanente e organizado.

Os critérios de seleção adotados foram: aderência das entidades ao conceito de ETLT/NITs, data de criação e acessibilidade. A data de criação foi considerada, pois como a Lei de Inovação é recente, muitos dos ETLT/NITs no Brasil são tão novos que ainda não possuem uma atuação e equipe formalizada, o que inviabilizaria a realização da etapa de entrevistas.

Sendo assim, foram escolhidos para este estudo a Agência Inova da Unicamp, a Agência USP de Inovação, a Agência de Inovação da UFSCar e o Núcleo de Inovação Tecnológica da Unesp. A Tabela 1 apresenta a data de criação e o tamanho da equipe dos quatro ETLT/NITs escolhidos.

Tabela 1 – Identificação dos ETLT/NITs

Nome do ETLT/NIT Universidade Data da criação No. de integrantes da equipe

Agência Inova Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Jul. 03 56 Agência USP de Inovação Universidade de São Paulo - USP Fev. 05

25 17 (Pólo Capital) 8 (Pólos Interior-SP) Agência de Inovação da

UFSCar Universidade Federal de São Carlos - UFSCar Dez. 07 9 NIT Unesp Universidade Estadual Paulista “Júlia de Mesquita Filho” -

Unesp Jul. 07 5

Fonte: Elaborado pela autora.

Segue abaixo um breve descritivo dessas estruturas de interface.

4.3.1 Agência Inova da Unicamp

A Unicamp forma anualmente 1.700 alunos de graduação, 1.200 em nível de mestrado e 700 em nível de doutorado. Possui um corpo docente de 1.800 professores dos quais 87% são doutores em regime de dedicação exclusiva. A tradição da Unicamp na pesquisa científica e no desenvolvimento de tecnologias se deve à condição de universidade brasileira que maiores vínculos mantêm com os setores de produção de bens e serviços. Em relação à propriedade intelectual, a Unicamp é a universidade brasileira que detém o maior número de patentes requeridas, um total de 345 até o final de 2004, das quais 46 já concedidas (RELATÓRIO ANUAL, 2005).

O papel da Unicamp como instituição geradora de conhecimento científico e formadora de pessoal qualificado atraiu para seu entorno, nos últimos 35 anos, um complexo de outros centros de pesquisa vinculados ao governo federal ou estadual, além de um importante parque empresarial nas áreas de telecomunicações, de tecnologia da informação e de biotecnologia. Muitas dessas empresas – quase uma centena somente na região de Campinas - nasceram da própria Unicamp, fruto da capacidade empreendedora de seus ex- alunos e professores (RELATÓRIO ANUAL, 2005).

Ao mesmo tempo, a Unicamp tem tido uma forte atuação no campo das políticas públicas por meio das suas pesquisas no campo das ciências sociais e políticas, da economia, da educação, da história, das letras e das artes. A maioria dessas pesquisas não só está voltada para o exame da realidade brasileira, como, muitas vezes, tem se convertido em benefício social imediato. Visando a facilitar ainda mais essa interação e elevá-la a um novo patamar, a Unicamp lançou a sua Agência de Inovação (RELATÓRIO ANUAL, 2005).

A Agência de Inovação Inova Unicamp foi criada, no segundo semestre de 2003, antes da criação da Lei de Inovação, já com a missão de fortalecer as parcerias da universidade com empresas, órgãos de governo e demais organizações da sociedade, a fim de criar oportunidades para que as atividades de ensino e de pesquisa se beneficiassem dessas interações e contribuíssem para o desenvolvimento econômico e social do país. Em 2003, no momento da criação, a Unicamp tinha 276 patentes depositadas e 49 concedidas, as mais antigas de 1989. Em 2004, depois de nove meses de funcionamento, a agência já havia fechado nove contratos de licenciamento envolvendo 22 patentes (RELATÓRIO ANUAL, 2005).

Em julho de 2007, a Inova criou o projeto InovaNIT com o foco em ações de capacitação de profissionais e cooperação para a estruturação e institucionalização dos NITs no Brasil. O projeto InovaNIT surgiu a partir da identificação da necessidade de mecanismos de apoio às ICTs no cumprimento da exigência prevista na Lei de Inovação (10.973/04). Essa iniciativa partiu do Ministério da Ciência e Tecnologia, que percebeu uma certa dificuldade de as ICTs estruturarem seus núcleos e, com isso, solicitou à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) que encomendasse à Agência Inova um programa de auxílio às ICTs no processo de criação e implantação do NIT (RELATÓRIO INOVANIT, 2007).

Dessa forma, a Inova ficou responsável pela execução do projeto, que tem previsão de término em julho de 2009. A principal finalidade é difundir a experiência da Inova Unicamp e consolidar práticas bem-sucedidas de atuação na transferência de tecnologia, gestão de propriedade intelectual e de cooperação da universidade com organizações e empresas no processo de inovação. O projeto envolve a capacitação e o suporte teórico e prático de pessoal para atuação em Núcleos de Inovação Tecnológica, além do incentivo e fortalecimento das redes de relacionamento entre os NITs (RELATÓRIO INOVANIT, 2007).

4.3.2 Agência USP de Inovação

A USP é uma das mais renomadas universidades brasileiras. Fundada em 1934, ela possui uma graduação formada por 229 cursos, dedicados a todas as áreas do conhecimento, distribuídos em 40 unidades e oferecidos a quase 56 mil alunos. Além disso, é responsável atualmente 28% da produção científica brasileira possuindo 230 programas de pós-gradução com 22 mil alunos. A cada ano são formados 2 mil doutores pela USP, 25% do total nacional (USP, 2009).

A Agência USP de Inovação é o Núcleo de Inovação Tecnológica da USP cuja finalidade é gerir sua política de inovação, de modo a promover a utilização do conhecimento científico, tecnológico e cultural produzido pela USP na sociedade (AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO, 2009).

É um dos primeiros NITs criados após a Lei de Inovação, em fevereiro de 2005. O NIT USP busca estabelecer estratégias de relacionamento entre a USP, os poderes públicos e a sociedade. Ele dá suporte à criação, ao intercâmbio, à evolução e às aplicações de novas idéias em produtos e serviços, em prol do desenvolvimento socioeconômico estadual e nacional (AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO, 2009).

Esta agência atua como um escritório de transferência de tecnologia da USP, sendo responsável pela proteção do patrimônio intelectual e pelos estudos de viabilidade técnica e econômica das inovações criadas na USP, na medida em que cuida de todos os processos relacionados à transferência tecnológica para os setores empresariais, através da promoção de licenciamentos e da criação de empresas nascentes. Além disso, ela trabalha diretamente na intermediação da cooperação USP - empresa, oferecendo apoio aos seus docentes, alunos e funcionários na elaboração de projetos em parceria para melhor gerenciar as relações com os setores empresariais, bem como comunicar para a sociedade em geral o impacto e os benefícios das inovações guiadas pela ciência desenvolvida pelos pesquisadores da USP. Sua organização, assim como da Inova, inclui também uma coordenação geral das atividades e gestores específicos para cada uma das funções (AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO, 2009).

Dentre outras atividades, realiza também a promoção do empreendedorismo universitário ao oferecer suporte técnico, gerencial e formação complementar ao empreendedor, bem como o estímulo ao desenvolvimento e aos novos habitats de inovação, ou seja, incubadoras de empresas e parques tecnológicos, em associação com os interesses

específicos das pesquisas desenvolvidas em seus vários campi (AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO, 2009).

Além disso, ela possui uma parceria com o Sebrae, com o seu Programa Disque- Tecnologia. Esse programa foi uma iniciativa pioneira da USP, criado em 1991, como um elemento do Programa de Cooperação Universidade Empresa, para atender à consulta de empresários que visavam a solucionar problemas não só de natureza tecnológica, mas também administrativa, mercadológica, entre outras (BARBOSA; BUFFOLO, 1991). É um serviço de

help-desk tecnológico que atende, constrói e disponibiliza respostas técnicas demandadas por

microempresários atuantes em todos os setores industriais e de serviços (AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO, 2009).

4.3.3 A Agência de Inovação da UFSCar

A UFSCar teve suas atividades iniciadas em 1968. Única instituição federal de ensino superior localizada no interior do Estado de São Paulo, ela se destaca pelo alto nível de qualificação de seu corpo docente: 98,92% são doutores ou mestres. Atualmente a UFSCar oferece 34 cursos de pós-graduação, divididos em 20 programas, sendo 20 cursos de mestrado e 15 cursos de doutorado (UFSCar, 2009).

No final da década de 90 começaram na UFSCar as discussões acerca do tema propriedade intelectual e em 2002, a Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FAI·UFSCar) criou o Setor de Projetos, responsável pelas atividades relativas ao gerenciamento das patentes da universidade (AGÊNCIA INOVAÇÃO DA UFSCar, 2009).

Em 2006, a Universidade submeteu seu plano de trabalho “Criação e Implementação do Núcleo de Gestão Tecnológica da UFSCar” à chamada pública (Ação Transversal – TIB 02/2006) do Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O projeto foi aprovado e, atendendo às exigências previstas na Lei de Inovação, instituiu-se a Agência de Inovação da UFSCar, aprovada pelo Conselho Universitário da Instituição, em dezembro de 2007 e publicada em janeiro de 2008 (AGÊNCIA INOVAÇÃO DA UFSCar, 2009).

A Agência de Inovação da UFSCar visa a gerir a política de inovação e dar continuidade à tramitação de procedimentos e iniciativas que visem à inovação tecnológica, à proteção da propriedade intelectual e à transferência de tecnologia no âmbito da universidade Ela possui uma equipe enxuta, com apenas nove colaboradores (AGÊNCIA INOVAÇÃO DA UFSCar, 2009).

4.3.4 NIT Unesp

A Unesp, fundada em 1976, se distingue das outras entidades de ensino superior gratuitas do Brasil por estar presente em 23 cidades, das quais 21 estão localizadas no interior. O ensino oferecido, considerado um dos melhores do país, atinge mais de 46 mil alunos de praticamente todo o território paulista. Ela possui 32 faculdades e institutos, totalizando 168 opções de cursos de graduação, além de 109 programas de pós-graduação, cursados por mais de 12 mil alunos no lato e stricto sensu (UNESP, 2009).

O NIT Unesp foi criado em julho de 2007 com o propósito de atender à Lei de Inovação e gerir a política de proteção e inovação das criações intelectuais de titularidade da Unesp. Este núcleo propõe-se a atender à demanda de solicitações de proteção ao conhecimento em todas as suas modalidades, bem como de sua efetiva exploração econômica (NIT UNESP, 2009).

Entre suas atividades estão o depósito dos pedidos de proteção intelectual dos resultados de pesquisa produzidos na universidade, o direcionamento de sua política de inovação, a gestão da transferência de tecnologia para as empresas e a facilitação do diálogo entre pesquisadores e o setor empresarial. A equipe do NIT Unesp também é enxuta, contando com apenas cinco colaboradores (NIT UNESP, 2009).

4.4 Coleta de Dados