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4.5 Análise dos dados

5.1.1 Os instrumentos de cooperação U-E

Este tópico apresenta os tipos de instrumentos de cooperação intermediados pelos ETLT/NITs. O quadro 8 apresenta a síntese das principais conclusões referente a esse tema.

Quadro 8 – Resumo da análise sobre instrumentos de cooperação U-E

Instrumentos de cooperação U-E

Os instrumentos de cooperação intermediados pelos ETLT/NITs são principalmente aqueles que envolvem propriedade intelectual: contratos de licenciamento e transferência de tecnologias e parcerias na

P&D (convênios).

Apesar de algumas vezes os ETLT/NITs intermediarem ou terem intermediado pesquisas contratadas e treinamentos, o foco está nos instrumentos mencionados acima.

Somente dois dos casos analisados trabalham com os chamados acordos guarda-chuva.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os instrumentos de cooperação comumente intermediados pelos ETLT/NITs são os chamados acordos formais de Bonaccorsi e Piccaluga (1994), com um foco nos projetos de pesquisa cooperativa, pois esses envolvem aspectos referentes à propriedade intelectual. Conforme mencionado no referencial teórico, os projetos de pesquisa cooperativa de Bonaccorsi e Piccaluga (1994) correspondem aos contratos de transferência e licenciamento de tecnologias e as parcerias na P&D (convênios) de Lotufo, Santos e Toledo (2009). Segue o comentário do entrevistado (E2) da Agência Inova sobre os instrumentos intermediados por eles:

Nos contratos de licenciamentos, somos exclusivos e apenas a Inova pode negociar e fazer os acordos, sempre aprovados pela procuradoria da Unicamp. Ajudamos a fazer alguns convênios de projetos colaborativos de pesquisa com empresas.

Os instrumentos que envolvem propriedade intelectual têm destaque, pois as responsabilidades dos ETLT/NITs definidas pela Lei de Inovação (BRASIL, 2007a) estão estreitamente ligadas a esse tema. Em todos os casos, é clara a necessidade de atuação dos ETLT/NIT nesse tipo de relação. Como explicam os entrevistados:

[...] os licenciamentos até pela estrutura normativa, legal, eles têm que passar aqui pela Inova. É a primeira coisa. Segundo, todo contrato, convênio de qualquer natureza, da universidade, que tenha cláusula relativa à propriedade intelectual, obrigatoriamente, sempre passa por um parecer da agência, tanto de assinatura do reitor. Todo contrato que tenha, desde que seja uma previsão de uma potencialidade de propriedade intelectual, passa, obrigatoriamente, pela Inova (E1, AGÊNCIA INOVA).

[...] na Agência são só as atividades que possam ter cláusula de propriedade intelectual. Então, por exemplo, uma mera prestação de serviço [...] não faz sentido passar pela Agência. Existem alguns serviços que exigem contrato, que exigem cláusula, e esses casos são mais raros (E8, AGÊNCIA DE INOVAÇÃO DA UFSCAR).

Convênios também, quando os convênios têm cláusula de propriedade intelectual. Porque quem cuida realmente do convênio dentro da universidade é a Arex, que é a pessoa de relações públicas [....] pela lei, a competência dos NIT’s das agências, são para dar parecer acerca das cláusulas de propriedade intelectual [...] Sempre acordos que envolvem propriedade intelectual. Quando envolver propriedade intelectual, o NIT está atuando (E10, NIT UNESP).

As pesquisas contratadas (prestação de serviços) e treinamentos elencados por Bonaccorsi e Piccaluga (1994) às vezes passam ou já passaram pela intermediação dos ETLT/NITs, porém estes não são o foco de atuação e acontecem, muitas vezes, independentemente das estruturas de interface analisadas neste trabalho. De acordo com o entrevistado (E4), na Agência USP de Inovação: "[...] tem convênio, tem contrato de licenciamento e tem contrato de prestação de serviços. [...] Muito mais em convênios e licenciamentos do que em prestação de serviços, que é diretamente feito nas próprias unidades normalmente”. Seguem outras opiniões relevantes sobre isto:

Prestação de serviço, em geral, em princípio está fora. Porque, normalmente, não sabemos que existe uma cláusula de propriedade intelectual. Aí depende muito da natureza do serviço. Então, daí, depende de cada contrato, como é o caso dos ensaios clínicos. Normalmente eles não contêm cláusula de propriedade intelectual (E1, AGÊNCIA INOVA).

Os laboratórios de uma maneira geral, eles já estão habituados a prestar serviços na área de testes e análises, né? E eles fazem isso rotineiramente e a negociação é meio simples: “-Você me paga, eu faço”. É um processo de compra e venda. Então, a gente não tem feito isso muito. A parte de educação e treinamento também a universidade tem as fundações, a parte de curso de extensão universitária, que isso já acontecia mesmo antes da agência. Então, a gente também tem um papel menos importante. [...] "Se alguma empresa nos procurar [..]. A gente, como já fez no passado, a gente vai fazer, mas a gente não tem gasto tanta energia nisso porque isso já é um pouco o que acontece independente da nossa ação ou não (E3, AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO).

Sobre as demais interações mencionadas por Bonaccorsi e Piccaluga (1994), pode-se dizer que as relações pessoais formais não foram identificadas pelos ETLT/NITs como passíveis de serem intermediadas enquanto as relações pessoais informais acontecem naturalmente. O próximo tópico apresenta uma análise detalhada sobre os relacionamentos informais.

Em relação aos acordos formais sem alvo definido, somente a Agência Inova e o NIT Unesp fazem a intermediação de acordos guarda-chuva.

A USP não trabalha mais com guarda-chuva. Desde a década de 2001 não é mais permitido. Então, todo convênio tem começo, meio e fim. Ele tem um projeto, com o trabalho, com um plano de trabalho em anexo, ele tem um objeto, tem metas e ele é no máximo por cinco anos que você pode renovar. Então, não se trabalha mais (E4, AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO).

Todos os casos analisados apresentam alguma relação com a criação de estruturas focalizadas, principalmente com centros de incubação-inovação e parques tecnológicos. Nesses casos, não acontece uma intermediação por parte dos ETLT/NITs, mas sim a participação deles na criação dessas estruturas focalizadas.

O relatório anual de 2007 da Inova (RELATÓRIO ANUAL, 2007) menciona inclusive a existência em sua estrutura organizacional de uma Diretoria de Parques Tecnológicos e Incubadoras com a missão de:

[...] estimular a criação de empresas tecnológicas e oferecer ambientes facilitadores de pré-incubação, incubação e pós-incubação, ampliando as atividades em parceria com as unidades e órgãos da Unicamp (RELATÓRIO ANUAL, 2007, p. 23).

Além dos instrumentos identificados por Bonaccorsi e Piccaluga (1994), Plonski (1999) abordou a participação de docentes em conselhos empresariais ou de executivos em conselhos acadêmicos. Entretanto, esse tipo de instrumento não foi destacado pelos entrevistados como passível de intermediação.