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A fundamentação teórica da presente tese foi edificada a partir da incorporação do pensamento científico relativo à análise de correntes que trabalham modelos e estratégias empresariais de fomento sustentado da atividade turística, enquanto alternativa complementar à geração de trabalho e renda e ócio de segmentos do tecido social. Este encadeamento teórico implicou no uso freqüente de alguns termos, no corpo do trabalho, com destaques para: atividade economicamente sustentada, atores sociais, cadeia produtiva, cama quente,

cluster, competitividade, diamante de competitividade, habitabilidade,

investibilidade, ócio conspícuo e visitabilidade, apresentados a título de compreensão e apoio ao leitor, cuja interpretação e análise teórica aprofundada realizar-se-á no capítulo relativo a revisão bibliográfica.

• Atividade economicamente sustentada - Entende-se por atividade turística economicamente sustentável no espaço, a oferta de equipamentos e serviços em harmonia com os limites naturais, bem como através da mobilização de insumos disponíveis na cadeia produtiva local, preferencialmente, e reinvestimento dos resultados advindos do processo no entorno para geração de trabalho e renda aos residentes e melhoria da vida de vida associada.

• Atores sociais - As pessoas cumprem papéis no contexto e representam as organizações nas inter-relações sociais, econômicas e de natureza política, assumindo a condição de ator social (HODGE, ANTHONY e GALES, 1998).

• Cadeia produtiva - A cadeia produtiva da atividade turística traspassa a economia como um todo, na medida que a oferta de bens e serviços de uso turístico requer insumos diretos e indiretos dos setores primário, secundário e terciário, bem como a oferta de equipamentos e serviços de natureza pública.

• Cama quente - No processo de comercialização entre empresas de hospedagem e operadores de turismo de porte local ou não, a cama quente representa, exclusivamente, a unidade física que está sendo ofertada e caracteriza a ausência de outros equipamentos ou serviços de apoio ao turista.

Cluster - Os cluster podem ser entendidos como resultantes do aglomerado de atividades produtivas afins, situadas em determinado espaço geográfico, as quais mantêm autonomia financeira e gerencial, independentemente do porte (pequeno, médio e grande), com forte articulação e sinergia, em ambiente comercial marcado por relações de recíproca confiança entre as diferentes partes envolvidas. O agrupamento de empresas líderes, em diversas áreas de produção, em espaço geográfico limitado, com foco totalmente voltado para o mercado ao longo de toda a cadeia produtiva e vínculos estreitos entre os segmentos envolvidos, expressos em cooperação e competição paralelamente, caracterizam a formação de cluster (PORTER, 1989).

• Competitividade - A competitividade é atributo dos entes de produção e, no âmbito da atividade turística, requer a incorporação de elementos de natureza quantitativa e qualitativa, paralelamente, estabelecendo comparação com entes similares instalados no mesmo espaço ou não, através de parâmetros como:

a) estrutura organizacional delineada e operada de modo a oferecer experiências de sucesso para os usuários, flexibilidade, adaptabilidade, criatividade e mobilidade (MOLINA, 1998);

b) uso sustentado das bases de recursos naturais e culturais presentes ao entorno (MORENO e SEGURA, 1998);

c) operação com baixos custos sociais e ambientais, inovação continuada no processo de prestação de serviços, incremento da produtividade, rentabilidade dos capitais financeiros investidos, manutenção e melhoria continuada dos padrões de qualidade;

d) maior grau de conforto nos equipamentos e espaços disponíveis aos clientes, redução de custos administrativos, reestruturação organizacional, incorporação da cultura de organização de aprendizagem, manutenção de pontualidade, incremento na oferta de alternativas de consumo, operação embasada no conceito de cadeia de negócios, sistema de reservas, serviços de bordo, aplicadas na Scandinavian Airlines Systema (SAS) em 1988, por Jan Carlzon (MINTZBERG, 1999). A fidelização dos clientes, a imagem de excelência reconhecida nos âmbitos nacional e/ou internacional, a taxa média sustentada de economia regular durante o ano superando a média dos similares presentes nos mercados interno e externo, o indicativo de atratividade apontado em matérias não pagas em periódicos especializados da área, resultantes na longevidade organizacional, também são considerados indicativos de competitividade empresarial no âmbito da atividade turística.

• Diamante de competitividade - A competitividade empresarial é expressão da disponibilidade de recursos naturais e projetados, relacionados à dinâmica dos segmentos direta e indiretamente envolvidos na cadeia produtiva, a rivalidade existente, as estruturas, estratégias eleitas, adotadas e o grau de flexibilidade das mesmas, bem como o papel do governo no processo, enquanto agente facilitador ou não à consolidação do tecido empresarial de modo a atender as condições da demanda. A inter-relação sistêmica destas variáveis é denominada por Porter (1989) como Diamante de Competitividade.

• Habitabilidade - Expressa indicadores de natureza qualitativa e quantitativa, relacionadas às condições existentes no espaço - oferta de equipamentos de serviços de consumo coletivos, acessíveis aos residentes e visitantes: Coleta, tratamento e distribuição de água

tratada, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) a todos os domicílios, unidades comerciais e industriais instaladas no espaço; Oferta de matrículas públicas para o ensino básico e fundamental a todas as crianças em idade escolar; Oferta de leitos hospitalares em número proporcional aos residentes e expectativa média de vida; ruas, avenidas e logradouros ocupados e servidos por serviços públicos de apoio, bem como dotados de pavimentação; Índices médios de criminalidade.

• Investibilidade - Expressa a alocação de recursos financeiros e patrimoniais para implantação e manutenção de investimentos, com vistas à expansão econômica. Ao decidir alocar recursos no espaço, os segmentos empresariais, independentes da área de atuação, avaliarão a disponibilidade e atratividade de elementos relativos a habitabilidade e visitabilidade como ameaça ou potencialização, para rentabilização dos capitais investidos.

• Ócio conspícuo - O ócio expressa o tempo experimentado pelo homem, desprovido de qualquer trabalho ou ocupação funcional, dispondo de autonomia e liberdade em sua agenda. Exercício de atividades não laborais, restrita a segmentos específicos da sociedade (VEBLEN, 1980).

• Visitabilidade - A visitabilidade de um sítio está condicionada a oferta simultânea de atrativos, equipamentos, serviços públicos básicos e turísticos, comunidade pró-ativa e receptiva, manifestação de indicadores qualitativos de habitabilidade, sistemas de informações e comercialização do espaço, junto aos mercados consumidores potenciais e efetivos. Na dimensão quantitativa de análise e interpretação do processo turístico no espaço, exclusivamente, a visitabilidade é expressa por índices e número estabelecido sob a premissa de economias de escala, ou, maior fluxo indica melhores resultados econômicos.