• Nenhum resultado encontrado

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 VISÕES SOBRE A GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.2.1 Definições e características sobre a gestão do conhecimento Para auxiliar na compreensão sobre o significado de GC, seguem,

de maneira resumida, no Quadro 4, algumas definições de autoria dos principais estudiosos da área. Na sequênica, traz-se as definições utilizadas por institucões como a SERPRO e OCDE, e, apresenta-se também as primcipais características sobre modelos de GC.

Quadro 4 – Gestão ―histórica‖ do conhecimento e suas principais definições

Gestão “histórica” do Conhecimento e suas principais definições

Autoria Ano Definição

Michael Polanyi 1966 Apresentou a primeira classificação do conhecimento: conhecimento tácito e conhecimento explícito.

Karl M. Wiig 1997 A GC concentra-se em facilitar e gerir atividades relativas ao conhecimento, como a criação, a captura, a transformação e o uso.

Nicolas Henry 1974 Política pública para a produção, a disseminação, a acessibilidade e o uso de informação.

Gordon Petrash 1996 Disponibilização do conhecimento certo para as pessoas certas, no momento certo, de modo que estas possam tomar as melhores decisões para a organização.

Betty-Ann

Mackintosh 1996 Desenvolver, transferir, aplicar, atualizar, avaliar, preservar e transformar o conhecimento.

Nonaka e

Takeuchi

1997 Modelo de criação de conhecimento baseado no círculo virtuoso da interação entre conhecimento tácito e explícito. Identificaram quatro modos de

conversão entre conhecimento tácito e explícito: socialização, externalização, combinação e internalização.

Bair e Stear 1997 Abordagem integrada para: identificar, capturar, recuperar e avaliar os ativos informacionais da empresa. Esses ativos de informação podem incluir bancos de dados, documentos, políticas, procedimentos, bem como o conhecimento não capturado, tácito e próprio de cada empregado. J. Hibbard 1997 Processo de busca e organização da expertise

coletiva da organização, em qualquer lugar em que se encontre, e de sua distribuição para onde houver o maior retorno.

Verna Allee 1997 A facilitação do processo em priorizar, organizar, mapear, usar, indexar, comunicar, compartilhar, renovar, adquirir, aplicar, distribuir, armazenar, codificar e criar conhecimento para melhorar o desempenho organizacional.

Karl-Erik Sveiby 1998 A GC não é mais uma moda de eficiência operacional. Faz parte da estratégia empresarial. A GC é arte de criar valor a partir dos bens intangíveis de uma organização.

Davenport e

Prusak 1998 Experiências, valores, informação e opiniões de especialistas que permitem a avaliação e incorporação de novas experiência e informação. Nas organizações, muitas vezes, não está contido apenas nos documentos e repositórios, mas também nas rotinas organizacionais, processos, práticas e normas.

Rudy Ruggles 1998 A GC baseia-se em quatro processos centrais: a geração, a utilização, o compartilhamento e a preservação do conhecimento. Portanto, um projeto de GC efetivo deve basear-se na gestão desses quatro processos.

Peter Drucker 1999 Aquisição sistemática e objetiva de informação e sua aplicação, como o novo fundamento para o trabalho, a produtividade e desenvolvimento mundial. É o dado revestido de relevância e propósito.

É o requisito necessário para a transformação de dados em informação.

Os grandes ganhos de produtividade, daqui para frente, advirão das melhorias na gestão do conhecimento.

Vriens podem: reter o conhecimento de um especialista, mesmo após seu desligamento da organização; ser utilizados em programas de capacitação no local de trabalho; solicitar melhoria e consistência em tomadas de decisões organizacionais; melhorar a disponibilidade de expertise dos colaboradores; alicerçar na ―memória organizacional‖; podem, ainda, promover o ―compartilhamento de conhecimento‖, entre outras ações.

Timothy Powell 2001 Forma integrada e estruturada de gerenciar o capital intelectual da uma organização.

Ganesh D. Bhatt 2001 A GC é vista e apresentada como um ―[...] processo de criação, validação, apresentação, distribuição e aplicação do conhecimento.‖ Tom Wilson 2005 Aplicação de princípios administrativos à

aquisição, organização, controle, disseminação e uso da informação.

José Cláudio

Cyrineu Terra 2005 A GC é como um foco gerencial deliberado, sistemático e organizado nos ativos intangíveis da organização, e, principalmente, na produtividade geral do trabalhador do conhecimento e no desenvolvimento de métodos e ferramentas focadas no conhecimento estratégico e no ciclo do conhecimento organizacional que envolve atividades relacionadas à inovação, à codificação, à organização, ao compartilhamento, à disseminação e proteção do conhecimento. Maggie Haines,

(Director of KM) 2005-ABC

of KM

A GC é um processo que enfatiza a geração, a captura e o compartilhamento da informação,

know-how e a integração desses em práticas empresariais e tomadas de decisões para benefício organizacional. Abell A. e Oxbrow N. (2001) 2005- ABC of KM

A GC é a criação e subsequente administração de um ambiente, o qual encoraja que o conhecimento seja criado, compartilhado, aprendido, melhorado, organizado e utilizado para o benefício da organização e seus clientes.

David J. Skyrme (1997) 2005-ABC

of KM

A GC é a administração explícita e sistemática do conhecimento vital e seus processos associados à criação, à coleta, à organização, à difusão, ao uso e à exploração do conhecimento.

A GC requer que o conhecimento das pessoas se torne conhecimento corporativo, que possa ser amplamente compartilhado através da organização e apropriadamente aplicado.

Definições institucionais sobre Gestão do Conhecimento

SERPRO 2001 A GC não é uma disciplina pronta e acabada, de forma que não existe receita única para aplicação em organizações diferentes. Ainda que seja sempre possível tirar bom proveito da experiência alheia, cada organização deve criar seu modelo sob medida, pois cada contexto tem suas peculiaridades e, portanto, exige intervenção tópica. Por haver uma forte dependência dos valores, costumes e, em geral, dos sistemas associativo e ideológico do grupo social, ao mesmo tempo em que, trabalhamos na sua implantação, aprendemos como realizá-la e como corrigir os desvios percebidos.

A GC resulta de um processo de mudança cultural das organizações, que por sua vez envolve muito planejamento, amadurecimento, dedicação e tempo.

Gartner Group 2002 É uma disciplina que promove, com visão integrada, o gerenciamento e o compartilhamento de todo o ativo de informação possuído pela empresa. Esta informação pode estar em banco de dados, documentos, procedimentos, bem como em pessoas, através de suas experiências e habilidades.

OCDE. Ministério da Indústria do Canadá.

2003 GC inclui qualquer atividade relacionada com a captura, o uso e o compartilhamento do conhecimento pela organização. Exemplos: Circulação de informação entre as unidades da organização, alocação de recursos para obter conhecimento externo, estímulo a trabalhadores experientes para que eles transfiram seu conhecimento para trabalhadores novos ou com menos experiência; preparação e documentação escrita, tais como lições aprendidas, manuais de treinamento, boas práticas de trabalho, artigos para publicação etc. (OCDE, 2003, p. 206). IPEA - Instituto

de Pesquisa Aplicada

2003 A GC é um processo adotado pela organização para gerenciar seus ativos intelectuais. A GC implica na adoção de um enfoque integrado para gerenciar: os processos de criação, absorção, organização, acesso e uso da informação codificada e do conhecimento tácito; o conteúdo das informações organizacionais de diversas fontes internas e externas, como documentos,

bancos de dados, normas, procedimentos etc. A base tecnológica e funcional serve de suporte aos itens acima.

IBM 2005

ABC

of KM

A GC não é sobre dados, mas sim, como conseguir a informação certa para as pessoas

certas no tempo certo, para que elas possam

fixar o ponto de partida.

Office of thee-

Envoy (2002) 2005 -ABC

of KM

A GC é uma disciplina corporativa relativamente nova e uma nova abordagem para a identificação, o aproveitamento e a exploração da informação, dos talentos, das especialidades e do know-how do coletivo organizacional. Comitê Executivo do Governo Eletrônico apud BATISTA et al.)

2005 GC é um conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores públicos em criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos estratégicos que podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para inclusão do cidadão como produtor de conhecimento coletivo. Petrobrás PROCESSOS de GC. Diretrizes e objetivos

estratégicos do conhecimento: 1) identificação/criação do conhecimento; 2) disseminação/compartilhamento do conhecimento; 3) registro/armazenamento do conhecimento; 4) utilização do conhecimento; 5) proteção do conhecimento.

* As TIC são utilizadas como ferramenta à aplicação da GC.

Modelos para a Gestão do Conhecimento

APO - Asian Productivity Organization

2010 A APO apresenta um modelo de GC construído para pequenas e médias empresas privadas. O modelo de GC da APO preocupa-se com cinco passos essenciais: 1. identificar o conhecimento; 2. criar o conhecimento; 3. armazenar o conhecimento; 4. compartilhar conhecimentos; 5. aplicar o conhecimento. OKA - Organizational Knowledge Assenment. 2006 - DC: World Bank,

Visando diagnosticar a situação da GC nas organizações, o World Bank Institute

(WBI) desenvolveu o método – OKA. Esse

método possibilita a coleta de dados sobre os vários aspectos da GC em uma organização.

Segundo o método OKA, a GC depende dos três elementos que compõem uma organização: Pessoas, Processos e Sistemas. Assim, uma organização deve esforçar-se para quantificar sua capacidade para identificar informação, conhecimento, experiência e intuição por meio das Pessoas, Processos e Sistemas para alcançar seus objetivos e gerar valor. (Ver FONSECA, 2006a, p. 3; PAPA, 2008).

Fonte: Elaborado com base em ALVARES (?); STEIL (2007); ABC of KM (2005, p. 5 – tradução livre pela autora), e outros ―materiais didáticos‖.

As discussões sobre a GC em si, por ser uma ―disciplina‖ ainda muito jovem e multidisciplinar, apresentam diferentes visões, sistemas, características, modelos, técnicas e práticas de GC. Observa-se, com base nos distintos conceitos apresentados acima, que há uma busca teórica e prática, por parte de pessoas e organizações públicas e privadas em utilizar o conhecimento – ativo intangível – de maneira a facilitar e dinamizar a GC nas organizações.

Dito isto, e tendo em vista que, o foco da tese envolve instituição pública (universidade federal) e instituição privada (setor produtivo) cabe destacar a importância da GC em ambos os setores. Que por sua vez, pode ser considerada mais um paradoxo desse processo de TRP- UFSP.

Em ambos os setores público e privado, muitas organizações estão começando a assumir a responsabilidade pela GC como um meio para criar valor. Mas o que significa valor no contexto do setor público? Normalmente, as organizações do setor público não estão procurando uma vantagem competitiva, então por que se preocupar com a GC? A definição de conhecimento adotada pelo ABC of KM, (2005, p. 10) está diretamente relacionada à ―capacidade de uma ação eficaz‖ isso, provavelmente descreve melhor as expectativas do governo e serviços públicos. O escopo de todo serviço público envolve uma ampla gama de relações entre os decisores políticos, prestadores de serviços, autoridades locais, setor produtivo, ou seja, a sociedade de modo geral. Ao pensar sobre as interações dentro e entre estes diferentes segmentos, seus impactos sobre a política e a prestação de serviços, então poder-se- á observar, sem qualquer dúvida, as possibilidades de GC no setor público (ver, por exemplo: BATISTA et al., 2005, FRESNEDA; GOULART, 2007; CAMÕES, 2010 e BATISTA, 2012).

Há, sobretudo, um avanço indiscutível na maneira de compreender todas as mudanças ocasionadas na então sociedade e economia do conhecimento, nas organizações (públicas ou privadas) e nos trabalhadores do conhecimento.

A partir do resumo sobre os principais conceitos e discussões apresentados no Quadro 4, é possível observar que a GC ainda não é unanimidade entre os teóricos, que não há estudos infalíveis e que não há aplicação de GC que reflita em resultados somente positivos ou negativos. Por outro lado, para esta pesquisa, considera-se relevante especificar a visão de distintos autores e instituições, sendo necessário, no entanto, delimitar algumas dessas visões para que a discussão aconteça. O objetivo deste estudo não é esgotar a discussão filosófica e epistemológica sobre a GC, e sim a sua aplicação em um contexto específico. Isso posto, apresenta-se a seguir e com mais detalhes, a visão e características da GC segundo Hendriks e Vriens (1999), por defender que a criação e a aplicação do conhecimento são o núcleo da existência de uma organização e sobre os Sistemas Baseados em Conhecimento (SBC). A visão Bhatt (2001) por interagir a tecnologia, técnicas e pessoas e por entender a GC como um ―[...] processo de criação, validação, apresentação, distribuição e aplicação do conhecimento.‖ A visão de Nonaka e Takeuchi (1997) sobre o Modelo Dinâmico de Criação do Conhecimento, isto é: o modelo de criação de conhecimento baseado no círculo virtuoso da interação entre conhecimento tácito e explícito. E, por fim, a visão do “The Office of the e-Envoy‟s UK” sobre a utilização do conhecimento tácito e a melhoria do processo de transferência de conhecimento entre instituições e departamentos do setor público.

2.2.2 Visão de Hendriks e Vriens sobre a gestão do conhecimento