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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 VISÕES SOBRE A GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.2.5 Visão “The Office of the e-Envoy’s UK” sobre a gestão do conhecimento

Após algumas20 iniciativas sobre GC em distintos países, os desenvolvimentos subsequentes concentraram-se em uma melhor utilização do conhecimento tácito, além de aperfeiçoar o processo de transferência de conhecimento entre instituições e departamentos do setor público.

O relatório anual do Escritório (Annual Report, 2000) apresentou um sistema de GC intragovernamental, com o foco na criação de uma Rede de Conhecimento – um sistema unificado de comunicação entre governo e infraestrutura para habilitar os colaboradores de todos os departamentos governamentais e demais instituições associadas a se comunicarem eletronicamente, uns com os outros, e, compartilharem acesso comum e seguro a bancos de dados, fóruns de discussão, web sites baseados em comunidade e "pools of knowledge". (ABC of KM, 2005, p. 10).

A partir desse sistema de GC, um novo programa foi lançado e liderado pelo Escritório conhecido como ―Knowledge Enhanced

Government (KEG)‖. A equipe KEG trabalha com os

principais departamentos do governo central do Reino Unido com o intuito de garantir com que as equipes departamentais apoiem e participem dos processos em andamento para a efetivação do KEG.

Como parte do KEG, o Escritório tem considerado o desenvolvimento de uma estrutura política de GC para fornecer uma visão sistêmica da mesma, seguida de determinadas atividades e recomendações. Algumas propostas iniciais partiram do princípio de que a estrutura poderia ser baseada em dez áreas de atuação. Quais sejam:

1. Capturar o conhecimento – políticas e processos para identificar e capturar conhecimento explícito e tácito.

20 Our Information Age (HMSO, 1998) – política nacional de informação para o Reino Unido. Open for learning, open for business (National Grid for Learning, 1998) – o estabelecimento de um compromisso com uma rede nacional de aprendizagem. Modernising government (HMSO, 1999) – governo comprometido com a modernização dos serviços públicos e empenhado para que todos sejam capazes de ter computador até 2005. E-government (Cabinet Office, 2000) – uma estrutura estratégica para serviços públicos na era da informação.

2. Transferir o conhecimento – políticas e processos para transferir o conhecimento entre suas diversas fontes e formas. 3. Reter do conhecimento – políticas e processos para reter conhecimento organizacional, especialmente durante períodos de mudança organizacional.

4. Gerenciar conteúdo – políticas e processos para administrar eficientemente a base de conhecimento organizacional.

5. Capital do conhecimento – políticas e processos para medir o desenvolvimento do capital humano e social do governo. 6. Habilitar comunidades do conhecimento – políticas e processos para promover e apoiar o trabalho em comunidades baseadas no conhecimento por meio e entre departamentos. 7. Apoiar a cultura de conhecimento – políticas e processos para criar as mudanças culturais necessárias para incorporar o espírito da gestão do conhecimento em práticas de trabalho. 8. Parcerias de conhecimento – políticas e processos para promover e apoiar parcerias de conhecimento entre o governo central e os principais parceiros como o governo local, agências de fomento, e demais organizações públicas etc.

9. Apoiar atividades de negócios – políticas e processos para apoiar atividades de negócios-chave no governo, tais como gerenciamento de projetos, processo legislativo, monitoramento de entrega etc.

10. Aferir conhecimento – políticas e processos para a análise comparativa da capacidade atual de gestão do conhecimento. Na sequência, apresenta-se uma síntese das principais características sobre a GC nas visões de Hendriks e Vriens; Bhatt; Nonaka e Takeuchi; e The Office of the e-Envoy‟s UK, e, a convergência entre as visões abordadas.

Quadro 5 – Principais características e convergência entre as visões abordadas sobre a gestão do conhecimento

Visão Principais características

Hendriks e Vriens

• Aplicação do conhecimento – inovação e criação do conhecimento.

• Aquisição do conhecimento certo, no local certo e no tempo certo.

• Memória organizacional.

• Sistemas Baseados no Conhecimento.

• Distinção entre conhecimento tácito e explícito.

Bhatt • Fases da aplicação da GC: criar, validar, apresentar, distribuir e aplicar o conhecimento. • Interações múltiplas e contínuas entre tecnologias, técnicas e

pessoas.

• Mudanças na cultura organizacional, tecnologias e técnicas. Nonaka e

Takeuchi

• O conhecimento é criado por meio de indivíduos e da interação entre o conhecimento tácito e o explícito.

• Processo SECI de conversão do conhecimento: socialização, externalização, combinação e internalização do conhecimento.

The Office of the e- Envoy‟s UK

• Desenvolvimento de estrutura política de GC para fornecer uma visão sistêmica da mesma.

• Área de atuação: captura do conhecimento; transferência do conhecimento; retenção do conhecimento; gerenciamento do conteúdo; capital do conhecimento; habilitar comunidades do conhecimento; cultura do conhecimento; parcerias do conhecimento; apoiar atividades de negócios e aferir conhecimento.

Convergência entre as visões abordadas sobre a GC. • Interação e conversão entre o conhecimento tácito e o explícito. • Conhecimento individual e conhecimento organizacional. • Sistemas Baseados no Conhecimento, processos e pessoas. • Memória organizacional/retenção do conhecimento. • Cultura organizacional, tecnologias e técnicas.

• Interações múltiplas e contínuas entre tecnologias, técnicas e pessoas. • Transferência do conhecimento

• Criação, captura, uso e compartilhamento do conhecimento. • Validação/aferição do conhecimento.

Observa-se que nas visões apresentadas sobre a GC, as principais características complementam-se entre si.

A seguir, exibe-se a distinção entre as práticas de GC aplicadas em organizações do setor público e do setor privado, e, que vão ao encontro dos objetivos da pesquisa ao analisar o processo TRP-UF-SP. 2.3 PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO APLICADAS ÀS ORGANIZAÇÕES DO SETOR PÚBLICO E SETOR PRIVADO

De acordo com o documento ―ABC of Knowledge Management”, a ―gestão do conhecimento envolve essencialmente a facilitação de processos pelos quais o conhecimento é criado, compartilhado e usado nas organizações‖. Não envolve, necessariamente, criar um novo departamento ou um novo sistema computacional, e sim adotar pequenas mudanças culturais no modo com que todos na organização executam suas atividades. (ABC of KM, 2005, p. 4).

Não é recomendado copiar práticas de GC de outra organização, pois, provavelmente, não funcionaria, até porque cada organização encara um conjunto diferente de problemas e desafios na sua utilização. A GC envolve essencialmente as pessoas – como elas criam, compartilham e usam o conhecimento –, portanto nenhuma ferramenta de GC funcionará se não for aplicada de uma maneira singular e que seja sensível à maneira como as pessoas pensam e se comportam. (ABC of KM, 2005).

Frente ao que foi apresentado parece complicado e um pouco assustador aplicar práticas de GC, seja em instituições públicas ou privadas. Segundo o ABC of KM (2005), tem-se uma vasta gama de visões, características, métodos, ferramentas e técnicas para abordar a GC. Alguns especialistas e expertises na utilização de práticas de GC apresentam alguns caminhos ou, até mesmo, interpretam-nos como conselhos anteriormente à aplicação de práticas de GC em setores ou na organização de modo geral, conforme apresentados no Quadro 6.

2.3.1 Recomendações para aplicação de práticas de gestão do